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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO 1º JUIZADO

ESPECIAL FAZENDÁ RIO DA COMARCA DA CAPITAL RJ

PROCESSO Nº 0225457-76.2022.8.19.0001
MÁ RCIO JOSÉ MOREIRA GLIOCHE, já qualificado nos autos em epígrafe, por sua
advogada infra-assinada, vem muito respeitosamente à presença de Vossa
Excelência apresentar RÉ PLICA Á CONTESTAÇÃ O;
Em que pese todo o esforço embutido na contestaçã o apresentada, a mesma nã o
merece prosperar, primeiro, por ter deixado de contestar a toda a exordial, senã o
vejamos;
Assim, cabe pontuar o já salientado em exordial, inciso II do Pará grafo 1º do Artigo
261 do CTB , preconiza que, o prazo para aplicaçã o da penalidade de suspensã o do
direito de dirigir, ou seja, para instaurar o processo administrativo de suspensã o, é
de 2 a 8 meses, e em caso de reincidência no período de 12 meses, é de 8 a 18
meses.
"Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será imposta nos seguintes casos: (Redação
dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
II - por transgressão às normas estabelecidas neste Código, cujas infrações preveem, de forma
específica, a penalidade de suspensão do direito de dirigir. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
(Vigência)
§ 1º Os prazos para aplicação da penalidade de suspensão do direito de dirigir são os seguintes:
(Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
II - no caso do inciso II do caput: de 2 (dois) a 8 (oito) meses, exceto para as infrações com prazo descrito
no dispositivo infracional, e, no caso de reincidência no período de 12 (doze) meses, de 8 (oito) a 18
(dezoito) meses , respeitado o disposto no inciso II do art. 263. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
(Vigência)"

Dito isso, ainda que houvesse, direito de punir, o que nã o há , vale salientar o
entendimento recente da 11a Câ mara de Direito Pú blico do Tribunal de Justiça de
Sã o Paulo, que anulou a multa de recusa bafô metro, sob o PRUDENTE PRINCIPIO
DO in dubio pro reo, vejamos:
O relator do acó rdã o, desembargador Ricardo Dip, vislumbrou no caso a existência
de conflito entre o § 3º do artigo 277 do CTB, e o artigo 186 do CPP.
"Por força do sistema penal, que é unitá rio, nã o se pode compungir um condutor
de veículo a submeter-se a procedimento de aferiçã o de eventual e atualizada
influência de á lcool em seu organismo, porquanto isto importaria em admitir a
compulsã o de produzir prova (fortuitamente) contra o pró prio compelido",
afirmou.
Para o relator, o critério in dubio pro reo nã o somente consagra a exigência de
certeza para condenar, mas também corresponde à ideia de que a acusaçã o têm o
ô nus de provar a culpa: "Ou seja, a certeza suficiente para a condenaçã o, o que se
tem entendido como probabilidade confirmató ria da culpa quanto a um fato
singular e concreto imputado ao réu, é a que guarda correspondência com a prova
da imputaçã o, prova que onera quem acusa".
É neste quadro, em que atua o consequente do status da dú vida, que se deve
considerar o papel do silêncio dos arguidos, afirmou Dip. "Poderia até mesmo
dizer-se, com uma reserva de provisoriedade, o papel do silêncio dos inocentes ou
talvez melhor, dos nã o ainda convencidamente culpados. Porque é um dado
universal a presunçã o de inocência ou mais adequadamente o status de nã o
culpabilidade", completou.
Dessa maneira, prosseguiu o desembargador, o non liquet probató rio nã o pode ser
superado por meio de uma compulsã o de prova produzida pelo pró prio imputado,
"nem de seu silêncio, é dizer, da recusa lícita de produzir esta prova, extrair-se a
confirmaçã o presumida da culpa".
A conclusã o de Dip. foi no sentido de que, se o arguido, pelo pró prio sistema penal,
nã o é obrigado a produzir prova contra si pró prio, conforme o artigo 186 do CPP,
nã o é possível harmonizar tal entendimento com o § 3º do artigo 277 do CTB.
"Assim, pois, o quadro dos autos é o de um confronto de normas
subconstitucionais, sem produzir-se uma crise de constitucionalidade. Nesta
situaçã o conflitiva, há de prevalecer a regra do Có digo de Processo Penal (artigo
186), já por mais benigna, já por sua proximidade do critério in dubio pro reo, já
por exigir, prudentemente, a prova por quem acusa", pontuou Dip.
"POSTO ISSO, meu voto dá provimento ao recurso de Marcos Martins da Cunha, para o fim de anular o
auto de infração 1N986239-3, declarando inexigível o valor da multa e possibilitando o licenciamento do
veículo (autos de origem 1056133-85.2020 da 2a Vara da Fazenda Pública da Comarca de São Paulo).
Eventual inconformismo em relação ao decidido será objeto de julgamento virtual, cabendo às partes,
no caso de objeção quanto a esta modalidade de julgamento, manifestar sua discordância por petição
autônoma oportuna. É como voto. Des. RICARDO DIP relator designado (assinado eletronicamente) Voto
nº 13.459 Apelação Cível nº 1056133-85.2020.8.26.0053 Comarca: São Paulo Apelante: Marcos Martins
da Cunha Apelados: Detran - Departamento Estadual de Trânsito - São Paulo e Departamento de
Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo - Der Interessado: Superintendente do Departamento de
Estradas de Rodagem - Der"

Ante todo, o aduzido em exordial, e frisado acima, pugna pela PROCEDÊ NCIA DO
PROCESSO, por ser medida de JUSTIÇA!
Termos em que,
Pede deferimento.
Rio de janeiro, 06 de agosto de 2023

Maristela Tavares
90381 OAB/RJ

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