O documento descreve uma ação judicial entre um banco e devedores. O banco recorre da sentença homologatória de acordo extrajudicial por ver contradição, já que a sentença extinguiu o processo ao invés de suspendê-lo como previsto no acordo. O banco pede que a sentença seja corrigida para suspender o processo até quitação total da dívida.
O documento descreve uma ação judicial entre um banco e devedores. O banco recorre da sentença homologatória de acordo extrajudicial por ver contradição, já que a sentença extinguiu o processo ao invés de suspendê-lo como previsto no acordo. O banco pede que a sentença seja corrigida para suspender o processo até quitação total da dívida.
O documento descreve uma ação judicial entre um banco e devedores. O banco recorre da sentença homologatória de acordo extrajudicial por ver contradição, já que a sentença extinguiu o processo ao invés de suspendê-lo como previsto no acordo. O banco pede que a sentença seja corrigida para suspender o processo até quitação total da dívida.
Juiz de Direito da 2ª Vara dos Feitos Relativos às Relações
de Consumo, Cíveis e Comerciais da Comarca de Luís Eduardo Magalhães – Bahia.
Autos n° 8003597-87.2016.8.05.0154
BANCO BRADESCO S.A., devidamente qualificado nos
autos supra, alusivos à Ação de Execução Extrajudicial que move contra DENISE PROCKSCH e outro, igualmente qualificados, vem, por seu advogado signatário, à presença de Vossa Excelência, em face ao teor da sentença prolatada, opor, tempestivamente, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, com fundamento no artigo 1.022, inciso I, do Código de Processo Civil, Lei nº 13.105/2015, aduzindo, para tanto, as seguintes razões:
Inicialmente, cumpre salientar que a Sentença
Homologatória foi disponibilizada via DJE em 16.08.2017, desta forma, considerando-se o prazo de 05 (cinco) dias úteis, a contagem se iniciou em 17.08.2017 e terminará em 24.08.2017, sendo, portanto, tempestivos os presentes Embargos de Declaração.
I. DA SENTENÇA EMBARGADA.
Trata-se, no presente caso, de Sentença Homologatória
de acordo extrajudicial, que julgou extinto o feito, com resolução de mérito, nos seguintes termos:
“(...) Ante o exposto, HOMOLOGO, por sentença, o
acordo firmado entre as partes, em todos seus termos, para que produza seus efeitos jurídicos.
Julgo extinta a presente execução com fulcro nos
artigos 487 inciso, III, alínea, b, c/c artigo 924, II do CPC. (...)”. No entanto, como restará demonstrado a r. Sentença Homologatória, ora embargada, há necessidade de ser corrigida, em razão de contradição existente em seu dispositivo.
II. DA ADMISSIBILIDADE DOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO.
No caso sob analise, os presentes Embargos de
Declaração devem ser conhecidos e posteriormente acolhidos, haja vista, data vênia, a existência de contradição na r. Sentença Homologatória embargada.
Neste sentido, é a prescrição legal do artigo 1.022 do
Código de Processo Civil, in verbis:
“Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra
qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o
qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.”
Demonstrado o cabimento, os requisitos para sua
admissibilidade vêm descritos no artigo 1.023 do CPC, vejamos:
“Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo
de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.”
Sendo, portanto, tempestivos, e por versar sobre
omissão existente na Sentença Homologatória prolatada é cabível os presentes Embargos de Declaração, devendo ser recebidos, pois presente os pressupostos de admissibilidade.
III. DO EXAME DO MÉRITO: DA EXISTÊNCIA DE
OMISSÃO NA SENTEÇA PROLATADA.
A r. Sentença Homologatória foi prolatada após ter o
juízo verificado a formalização de acordo extrajudicial entre as partes, observado o preenchimento dos requisitos necessários para sua homologação.
O referido acordo juntado aos autos (ID 4360270),
versa sobre a liquidação da dívida pela importância de R$574.000,00 (quinhentos e setenta e quatro mil reais), a serem pagos em 05 (cinco) parcelas anuais e consecutivas, sendo as 04 (quatro) primeiras no valor de R$152.252,82 (cento e cinquenta e dois mil, duzentos e cinquenta e dois reais e oitenta e dois centavos) e a derradeira no valor de R$152.252,80 (cento e cinquenta e dois mil, duzentos e cinquenta e dois reais e oitenta centavos), vencendo-se a primeira em 30/05/2017 e, as demais, na mesma data, nos anos subsequentes.
Em razão de se tratar de acordo com a fixação de
obrigação de trato sucessivo cuja parcela tem vencimento anual, sendo a última datada de 30/05/2021, estando expresso no item 7 (sete) do competente instrumento que o inadimplemento ensejará a imediata exigibilidade do total da dívida, com imediato prosseguimento da presente Ação de Execução.
Ademais, está expressamente anuído que não se trata
de novação, conforme entabulado no ponto 8 (oito), razão pela qual a transação não tem o condão de extinguir a dívida do título em que se embasou.
Assim, em razão dos termos convencionados, as partes
ao final requereram a SUSPENSÃO da presente ação, sendo que tal extinção do processo só poderia ocorrer no caso dos Executados virem a quitar a referida dívida, nos termos do acordo entabulado.
Todavia, a r. sentença extinguiu o feito, na forma do
art. 487, III, b do Novo Código de Processo Civil. Agindo assim o magistrado sentenciou não nos termos do acordo, mas além do quanto pedido pelas partes.
O quanto acordado encontra amparo legal, conforme o
art. 922 do CPC que prevê a suspensão dos processos de Execução nos casos em que for concedido, pelo exequente, prazo para cumprimento da obrigação. Vejamos:
“Art. 922. Convindo as partes, o juiz declarará
suspensa a execução durante o prazo concedido pelo exequente para que o executado cumpra voluntariamente a obrigação. Parágrafo único. Findo o prazo sem cumprimento da obrigação, o processo retomará o seu curso.”
Nesta diapasão, vemos diversos julgados no mesmo
sentido:
“APELAÇÃO CÍVEL - EXECUÇÃO DE TÍTULO
EXTRAJUDICIAL. ACORDO HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL. SUSPENSÃO DO FEITO. A celebração de acordo entre as partes no processo de execução, sem a intenção de novar, enseja a suspensão do feito pelo prazo convencionado, nos termos do art. 792, do CPC”. (TJ-MG, Relator: Marco Aurelio Ferenzini, Data de Julgamento: 28/04/2015, Câmaras Cíveis / 14ª CÂMARA CÍVEL). (Grifos nossos)
“APELAÇÃO CIVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS
BANCÁRIOS. EXECUÇÃO. HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO. PARCELAMENTO DO DÉBITO. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO. CABIMENTO. A celebração de acordo para pagamento parcelado do débito, no curso da ação executiva, acarreta a suspensão do feito, nos termos do artigo 792 do CPC, e não a sua extinção. Aplicação do princípio da economia processual. APELAÇÃO PROVIDA. UNÂNIME”. (TJ-RS - AC: 70057345175 RS , Relator: Elaine Maria Canto da Fonseca, Data de Julgamento: 12/12/2013, Décima Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 17/12/2013). (Grifos nossos)
Ademais, observa-se que a sentença homologatória ora
recorrida se embasou no art. 924, II do CPC, o qual prevê a extinção da mesma quando a obrigação for satisfeita. Acontece que, conforme já narrado, a obrigação pactuada entre as partes só se dará por satisfeita quando do adimplemento da última parcela do acordo firmado em 30.05.2021.
Portanto, data vênia, resta evidenciada a contradição
da r. Sentença Homologatória, pois embora tenha homologado o acordo em seus termos, extinguiu o feito, considerando a satisfação do crédito, sem que a extinção fosse requerida ou que fosse, de fato, satisfeita a obrigação. Agindo assim inovou em relação às cláusulas entabuladas pelas partes, razão pela qual deve ser sanada tal contradição.
Por fim, caso não entenda pela suspensão do feito,
requer seja determinado o arquivamento do mesmo, extinguindo-o exclusivamente com fulcro exclusivamente no art. 487, inciso III, b do CPC, fazendo constar na sentença a possibilidade de prosseguimento da fase executória, com o desarquivamento do feito com vistas à dar início ao cumprimento de sentença.
Desta forma, requer se digne Vossa Excelência receber
os presentes Embargos de Declaração, deles conhecendo, para ao final, julgá-los procedentes, a fim de corrigir a omissão apontada, declarando a suspensão da presente ação, nos termos requeridos.
IV. DA CONCLUSÃO:
Em face do exposto, fica evidente a existência de
contradições na r. sentença homologatória, razão pela qual o Banco Embargante requer que Vossa Excelência se digne CONHECER DOS PRESENTES EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e, no mérito, DAR-LHES PROVIMENTO, para SANAR A CONTRADIÇÃO APONTADA, o que só poderá ser feito na medida em que homologar o acordo juntado aos autos, em seus exatos termos, por ser esta uma questão mais afinada com o Direito e com a Justiça!