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AO JUÍZO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE CAMPOS GERAIS, MG

PROCESSO Nº: 5000104-41.2022.8.13.0116

DENILSON JOSÉ DE ARAÚJO, já qualificado nos autos em epígrafe, vem


manifestar e requerer o que se segue.

1. DOS FATOS

Na Decisão sob id 7303180141 o Juízo determinou, no item Nº 3, subitem 1,


que os autos fossem remetidos ao CEJUSC para designação e realização de audiência de
conciliação. Vejamos:

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Fragmento do Despacho id 8014173031 o Juízo determinou que os autos fossem remetidos ao CEJUSC para
designação e realização de audiência de conciliação.
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Tal audiência foi designada para 31/03/2022 às 15:00, sendo o Autor intimado
sob id 8223218040. Passamos a colação do fragmento que é pertinente na referida
intimação:

Em 15 de março de 2022, a parte demandada atravessou petição (id


8871773041) onde requereu a redesignação da audiência de conciliação, vez que houve
conflito na pauta da procuradora, Dra. Amanda Mesquita de Oliveira. Vejamos trecho de tal
petição juntada pela parte requerida:

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Fragmento da Intimação id 8223218040 onde comprova que tal audiência foi designada para o dia 31/03/22 às
15:00.
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Fragmento da Petição id 8871773041 onde a Requerida rogou pela redesignação da audiência de conciliação.
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Tal pedido foi deferido em Despacho sob id 9073733020, onde foi cancelada
tal audiência, determinando o retorno dos autos ao CEJUSC para redesignação. Vejamos:

CONTUDO ATÉ O PRESENTE MOMENTO NÃO OCORREU A


REDESIGNAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO PELO CEJUSC. OU SEJA, NÃO
FOI CUMPRIDO O DETERMINADO PELO JUÍZO NO DESPACHO SOB ID 9073733020.

Em que pese a parte Requerida tenha juntado Contestação sob id


9444815955, pressupondo a desejo de litigar, tal juntada se deu extemporaneamente, antes
da realização da audiência de conciliação.

Derradeiramente, o Juízo proferiu em 02 de maio de 2022, o Despacho sob id


9445701008. Tal pronunciamento determinou que a parte Autora promovesse a
impugnação à contestação.

Em síntese, houve a supressão da realização de audiência de


conciliação num procedimento especial (ALIMENTOS), supletivamente regulado pelo
CPC, onde há expressa obrigatoriedade da audiência de conciliação.

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Fragmento do Despacho id 9073733020 no qual o Juízo determinou que os autos fossem remetidos ao CEJUSC para
redesignação e realização de audiência de conciliação.
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2. DO DIREITO

Em que pese, o presente feito verse sobre alimentos, a Lei 5.478/68, em seu
Art. 27 deixou expresso que se aplicam supletivamente nas ações de alimentos as
disposições do Código de Processo Civil. Vejamos:

Art. 27. Aplicam-se supletivamente nos processos


regulados por esta lei as disposições do Código de
Processo Civil.

O novel CPC por sua vez, mais especificamente no parágrafo único do Art.
693, previu que a aplicação subsidiária do Capítulo X nas ações de alimento. Vejamos tal
dispositivo processual civil:

Art. 693. As normas deste Capítulo aplicam-se aos


processos contenciosos de divórcio, separação,
reconhecimento e extinção de união estável, guarda,
visitação e filiação.

Parágrafo único. A ação de alimentos e a que versar sobre


interesse de criança ou de adolescente observarão o
procedimento previsto em legislação específica, aplicando-
se, no que couber, as disposições deste Capítulo.

Cumpre trazer à baila o Enunciado Nº 72 do Fórum Permanente de


Processualistas Civis. Tais Fórum promovem diálogos com a comunidade jurídica, em
especial dos processualistas civis, sobre a aplicação do CPC. Tal Enunciado assim se
encontra publicado:

O rol do art. 693 não é exaustivo, sendo aplicáveis os


dispositivos previstos no Capítulo X a outras ações de
caráter contencioso envolvendo o Direito de Família.

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Embora os Enunciados não se tratem de jurisprudência, pois possuem um
caráter doutrinário, acabam sendo utilizados de maneira recorrente em petições, sentenças
e acórdãos como se fossem, vez que para a formulação de um Enunciado ocorrem ricos
debates sobre a prática jurídica processual.

Logo, é pertinente a aplicação subsidiária do disposto no Capítulo X do


CPC no presente feito.

Feitos esses esclarecimentos iniciais, a questão que se coloca é saber se a


audiência do Art. 695 do CPC seria obrigatória ou se poderia ser afastada de ofício pelo
Juízo ou pela celebração de Negócio Jurídico Processual entre as partes, com vistas à
alteração das regras procedimentais -, à semelhança do que ocorre com a audiência
prevista no Art. 334 do mesmo diploma legal.

Por tais motivos a doutrina defende que a principal especificidade do


procedimento especial para as ações de família, que subsidiariamente é aplicado nas
ações de alimentos (Art. 27 da Lei 5.478/68), consiste, justamente, no fato de ser
obrigatória a audiência de mediação, que não pode ser dispensada pelo Juiz ou por
convenção das partes.

Conclui-se, portanto, que a audiência de mediação é obrigatória nas


ações de família, INCLUSIVE NAS AÇÕES DE ALIMENTOS QUE CORREM SOB A LUZ
DA LEI 5.478/68.

Tal obrigatoriedade implica que a designação da audiência nem seja uma


faculdade do Juiz e nem possa ser afastada por convenção das partes.

Assim, é imperioso nas audiências de família, incluindo as ações de


alimentos, a realização da audiência de conciliação, sob pena de ferir o rito especial de tais
demandas.

No caso em tela, visto que houve o CANCELAMENTO DA AUDIÊNCIA DE


CONCILIAÇÃO, SE FAZ NECESSÁRIO A REDESIGNAÇÃO DE TAL AUDIÊNCIA.

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3. DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer O CHAMAMENTO DO FEITO A ORDEM,


CONFORME ART. 139, IX DO CPC, PARA AS SEGUINTES PROVIDÊNCIAS:

a) Que o Despacho id 9445701008, que determinou a abertura de prazo para a


impugnação à contestação pelo Autor seja, por ora, REVOGADO, visto que suprimiu
a possibilidade de conciliação entre as partes;
b) Que os autos sejam remetidos ao CEJUSC para redesignação de Audiência de
Conciliação, conforme já determinado no Despacho id 9073733020;
c) Que após a realização da audiência de conciliação seja aberto o prazo de 15 (quinze)
dias para impugnação à contestação, caso não seja pacificado o conflito social na
referida audiência;

N.T.P.D.

Campos Gerais, data da assinatura eletrônica.

Thiago Sáez de O. Coelho

OAB/MG 184.555

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