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APELAÇÃO CÍVEL Nº 0005448-66.2018.8.16.

0174, DA COMARCA
DE UNIÃO DA VITÓRIA – 1ª VARA CÍVEL.
APELANTE: ADRIANE MALTAURO.
APELADO: ABBAS EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA
RELATOR: LAURI CAETANO DA SILVA

AÇÃO DE COBRANÇA. COMISSÃO DE CORRETAGEM. PEDIDO JULGADO


PROCEDENTE. RECURSO DE APELAÇÃO DA REQUERIDA: COMISSÃO DE
CORRETAGEM. CLÁUSULA DE EXCLUSIVIDADE. AUSÊNCIA DE
ABUSIVIDADE. VENDA DIRETA PELO PROPRIETÁRIO. INCIDÊNCIA
DO ART. 726 DO CÓDIGO CIVIL. INÉRCIA E OCIOSIDADE. NÃO
DEMONSTRADAS. COMISSÃO DE CORRETAGEM DEVIDA. SENTENÇA
MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
“De acordo com aa norma inscrita no artigo 726 do Código
Civil, ainda que não tenha havido participação direta na
venda dos imóveis, a comissão de corretagem é devida ao
corretor quando convencionada cláusula de exclusividade no
contrato firmado entre as partes, exceto se o contratante
demonstrar que a atuação dele foi inerte ou ociosa” (TJ/DFT,
Acórdão n.923321, 20130110179093APC, Relator: LEILA ARLANCH,
Revisor: GISLENE PINHEIRO, 2ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento:
24/02/2016, Publicado no DJE: 03/03/2016. Pág.: Sem Página
Cadastrada).

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação


Cível nº 0005448-66.2018.8.16.0174, da 1ª Vara Cível da Comarca de
União da Vitória, em que é apelante Adriane Maltauro e é apelada
Abbas Empreendimentos Imobiliários Limitada.

ACORDAM os Desembargadores integrantes da 17ª Câmara


Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de
votos, em negar provimento ao recurso de apelação.

I- RELATÓRIO

1. Cuida-se de ação de cobrança de comissão de


corretagem (nº 0005448-66.2018.8.16.0174) proposta por Abbas
Empreendimentos Imobiliários Limitada em face de Adriane Maltauro,
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alegando que (i) em 18 de setembro de 2017, celebrou com a ré contrato de


corretagem, com prazo de validade de 180 dias, tendo por objeto a venda de
um terreno localizado na Praça Paraná, nº 282, Centro, em Porto União – SC,
com opção de exclusividade na venda e campanha publicitária ed que estava
avaliado em R$1.800.000,00; (ii) a comissão pela venda do imóvel foi
ajustada em 6% do valor do negócio; (iii) a ré realizou a venda do imóvel
por conta própria, no dia 17 de janeiro de 2018, para Ricardo Kryzanowski
(dentro da validade do contrato de corretagem), deixando de lhe pagar o
valor da comissão de corretagem; (iv) o valor ajustado pelo imóvel no
contrato de compra e venda foi de R$1.200.000,00. Nesses termos, postulou a
condenação da requerida ao pagamento do valor devido a título de comissão de
corretagem.

2. A ré Adriane Maltauro ofereceu resposta em sede de


contestação (mov. 43.1) alegando, em síntese, que (i) a cláusula de
exclusividade constante do contrato é apenas um “x” marcado em contrato de
adesão, e, portanto, deve ser adotada a interpretação mais favorável ao
aderente; (ii) não há qualquer previsão no contrato que lhe impeça de
realizar a venda do bem por conta própria; (iii) em razão da aleatoriedade
do contrato, a comissão só seria devida se houvesse a intermediação do
corretor, o que não ocorreu; (iv) nenhum trabalho foi feito pela autora na
efetivação da venda levada a cabo. Assim, requereu a aplicação do Código de
Defesa do Consumidor, com a consequente inversão do ônus da prova. Ao
final, diante da inexistência de intermediação de venda, pediu a
improcedência do pedido inicial. Na oportunidade, apresentou
reconvenção, postulando a redução do percentual da comissão de
corretagem, fixando-a em 1%, calculados sobre o valor da venda
efetivada (R$1.200.000,00).

3. O magistrado de 1º grau deferiu a produção de prova


testemunhal (mov. 59.1). Na audiência de instrução, foi tomado o
depoimento pessoal da parte autora e ouvido um informante (mov.
82.1).

4. O MM. Dr. Juiz a quo proferiu sentença (mov. 92.1),


pela qual (i) julgou procedente o pedido inicial, para condenar a ré
ao pagamento de R$72.000,00 (6% do valor do contrato) à autora, a
título de comissão de corretagem, nos termos do contrato de
intermediação firmado entre as partes. Destacou que sobre o valor
deverão incidir juros de mora de 1% ao mês desde a citação e
correção monetária desde a data da venda do imóvel, pela média do
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INPC/IGP-DI a partir do efetivo prejuízo; (ii) julgou improcedente o


pedido reconvencional. Diante da sucumbência, condenou a parte ré ao
pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios,
fixados em 10% sobre o valor atualizado da condenação, nos termos do
artigo 85, §2º do Código de Processo Civil.

5. A requerida Adriane Maltauro interpôs recurso de


apelação (mov. 99.1), postulando a reforma da sentença, para afastar
a sua condenação ao pagamento da comissão de corretagem em favor da
autora. Salienta que realizou o contrato de compra e venda com o Sr.
Ricardo por conta própria, não tendo a requerente efetuado nenhum
ato de aproximação entre as partes. Sustenta, com base no Código de
Defesa do Consumidor, a nulidade da cláusula de exclusividade, já
que “é apenas um “x” marcado em contrato de adesão”. Ressalta que
não havia nenhuma cláusula contratual que lhe impedisse de realizar
a venda do imóvel por conta própria. Subsidiariamente, diante da não
participação da autora na concretização do negócio, requereu a
redução do valor da comissão de corretagem. Ao final, pugnou a
inversão do ônus da sucumbência.

Contrarrazões de apelação (mov. 102.1).

É o relatório.

II- VOTO

Presentes os pressupostos recursais de


admissibilidade, intrínsecos e extrínsecos, conheço do recurso de
apelação.

6. Do cotejo dos autos, observa-se que:

6.1. Em 18 de setembro de 2017, a autora Abbas


Empreendimentos Imobiliários Limitada celebrou com a ré Adriane
Maltauro contrato de corretagem (autorização para a venda e campanha
publicitária), com prazo de validade de 180 dias, tendo por objeto a
venda do imóvel localizado na Praça Paraná, nº 282, Centro, em Porto
União/SC, com opção de exclusividade na venda e campanha
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publicitária do referido imóvel, que estava avaliado em


R$1.800.000,00.

6.2. No dia 17 de janeiro de 2018, a requerida, por


conta própria, alienou-o em favor de Ricardo Kryzanowski (dentro da
validade do contrato de corretagem), pelo valor de R$1.200.000,00,
deixando de pagar a comissão de corretagem supostamente devida à
autora.

6.3. Em face da impossibilidade da solução da questão


na esfera extrajudicial, a autora ingressou com a presente ação de
cobrança, visando a condenação da requerida ao pagamento da comissão
devida.

6.4. O magistrado de 1º grau julgou procedente o


pedido inicial, para condenar a ré ao pagamento de R$72.000,00 (6% do
valor do contrato) à autora, a título de comissão de corretagem, nos
termos do contrato de intermediação firmado entre as partes, haja
vista a existência de cláusula de exclusividade. É contra esta
decisão que se insurge à requerida.

7. Em primeiro lugar, nos termos ressaltados pelo


magistrado de 1º grau, “as partes não se enquadram ao contido nos
artigos 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor, uma vez que os
litigantes estabeleceram uma relação jurídica contratual, tendo como
objeto a intermediação na comercialização de um terreno de
propriedade da ré”. O contrato em comento é regido pelas disposições
do Código Civil (artigos 725 e ss).

Ainda, vale mencionar que não é nula a cláusula de


exclusividade, simplesmente porque “é apenas um “x” marcado no
contrato”. Observa-se que a requerida tinha a opção de ajustar a
cláusula de exclusividade ou não, optando pela primeira opção. Dessa
forma, não pode alegar que foi obrigada a optar pela cláusula de
exclusividade.

8. O contrato de corretagem tem por objetivo a


intermediação de partes interessadas na efetivação de determinado
negócio, cuja comissão, a título de pagamento, somente será devida
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no caso de concretização útil do acordo, nos termos dos artigos 725


do Código Civil: “A remuneração é devida ao corretor uma vez que tenha conseguido o
resultado previsto no contrato de mediação, ou ainda que este não se efetive em virtude de
arrependimento das partes".

Contudo, ressalva o artigo 726 do Código Civil que


"Iniciado e concluído o negócio diretamente entre as partes, nenhuma remuneração será devida ao
corretor; mas se, por escrito, for ajustada a corretagem com exclusividade, terá o corretor direito à
remuneração integral, ainda que realizado o negócio sem a sua mediação, salvo se comprovada sua
inércia ou ociosidade".

No caso dos autos, a ré contratou os serviços da


autora, em setembro de 2017, visando à venda de imóvel de sua
propriedade, com cláusula de exclusividade, pelo período de 180
dias, que se findava em março de 2018, conforme cláusula contratual
(mov. 1.7):

No entanto, no dia 17 de janeiro de 2018, ainda na


vigência do contrato celebrado entre as partes, a requerida, por
conta própria, efetuou a venda do imóvel em favor de Ricardo
Kryzanowski, pelo valor de R$1.200.000,00 (mov. 1.10), deixando de
pagar a comissão de corretagem supostamente devida à autora.

Embora, a requerente tenha admitido que a requerida


efetivou o negócio, “por conta própria”, não houve inércia ou
ociosidade do corretor contratado, apta a afastar a aplicação da
cláusula de exclusividade, nos termos do artigo 726 do Código Civil
supracitado.

É preciso destacar que a autora demonstrou que


engendrou esforços para aproximar o proprietário do imóvel de
potenciais compradores, tanto que o bem quase restou vendido para um
desse pretensos compradores, conforme demonstra a minuto de contrato
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particular de compra e venda anexada no movimento 1.8, o qual não


fora assinado (aceito) pela requerida.

As mensagens de WhatsApp trocadas entre as partes


(mov. 80.2) também confirmam que o corretor foi zeloso em sua
atuação, pois, sempre que solicitado, respondia aos questionamentos
da autora, bem como fornecia as informações acerca do imóvel para
quem lhe solicitasse.

A requerida não efetuou nenhuma reclamação no que


tange ao trabalho desenvolvido pelo corretor, apenas alega que não
seria devida a comissão de corretagem, pois o corretor não teria
efetivado nenhum ato de aproximação com o efetivo comprador do
imóvel.

Porém, como visto, “uma vez convencionada a


exclusividade, somente se comprovada a inércia ou ociosidade do
corretor, se poderia suprimir o direito à comissão oriunda da venda
do imóvel diretamente pelo proprietário ou por meio de outro
corretor. Assim, não tendo a requerida se desincumbido do encargo de
demonstrar a incúria ou o desinteresse da autora que, em tese,
poderiam empecer o direito à comissão, ressai induvidoso o seu
direito à percepção da remuneração ajustada com o timbre da
exclusividade” (TJ/DFT, Acórdão n.1094165, 20160510093346APC, Relator:
LUÍS GUSTAVO B. DE OLIVEIRA 4ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 02/05/2018,
Publicado no DJE: 09/05/2018. Pág.: 452/460).

Nesse sentido, é o entendimento jurisprudencial:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AGRAVO RETIDO. INOBSERVÂNCIA


ARTIBO 532, § 1º DO CPC. NÃO CONHECIMENTO. AGRAVO RETIDO CONTRA
INDEFERIMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL. CERCEAMENTO DO
DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. DESPROVIMENTO. INVERSÃO DO ÔNUS DA
PROVA. INAPLICABILIDADE. COMISSÃO DE CORRETAGEM. CLÁUSULA DE
EXCLUSIVIDADE. INCIDÊNCIA DO ART. 726 DO CÓDIGO CIVIL. INÉRCIA.
OCIOSIDADE. NÃO DEMONSTRAÇÃO. VÍCIO DE CONSENTIMENTO. NÃO
CONFIGURAÇÃO. SENTENÇA MANTIDA.
(...)
4 - Se o contrato previu Cláusula de Exclusividade na venda do imóvel, concluído o negócio
jurídico, mesmo sem a direta intermediação da empresa Apelada, ela faz jus à comissão de
corretagem, conforme norma do art. 726 do Código Civil.
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5 - Não demonstrada a inércia ou ociosidade da corretora para que se afaste o pagamento


da Comissão de Corretagem.
6 - Não se vislumbra vício de consentimento passível de ensejar a anulação do negócio
jurídico guerreado se com uma simples leitura o contratante tinha o conhecimento dos
termos da avença.
Agravo Retido do Autor não conhecido.
Agravo Retido e Apelação Cível do Réu desprovidos.
(TJ/DFT, Acórdão n.906660, 20120111424666APC, Relator: ANGELO PASSARELI,
Revisor: SILVA LEMOS, 5ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 18/11/2015, Publicado no
DJE: 24/11/2015. Pág.: 252)

APELAÇÃO CÍVEL. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL USADO. TRANSAÇÃO ENTRE


PARTICULARES. INTERMEDIAÇÃO TÉCNICA POR CORRETOR DE IMÓVEL. INSCRITO
NO CRECI-DF. COMISSÃO DE CORRETAGEM. APROXIMAÇÃO ENTRE VENDEDOR E
COMPRADOR. AJUSTE VERBAL. CONCRETIZAÇÃO POSTERIOR DA VENDA
REALIZADA POR OUTRO CORRETOR. INCIDÊNCIA DA CORRETAGEM. SENTENÇA
MANTIDA.
1. O direito do corretor ao recebimento da comissão de corretagem, mesmo que a
prestação de serviços seja verbal, surge no momento em que este promove a aproximação
entre o comprador e o vendedor, obtendo resultado útil. No caso dos autos, os documentos
em especial a troca de mensagens eletrônicas, as provas testemunhais colhidas em Juízo,
demonstram a aproximação de vendedor e comprador por intermédio do corretor
inicialmente contratado e que obteve o resultado útil da mediação na venda do imóvel,
ainda que concretizada por outra corretora.
2. O ajuste entre as partes, a prévia ciência da obrigação e do preço do serviço, a
efetivação do pagamento e a concretização da venda intermediada por profissional técnico
em transações imobiliárias, torna reconhecível o pagamento de comissão a titulo de
corretagem.
(...)
4. Somente a não prestação do serviço ou a insuficiência do mesmo aliada à ausência ou
insuficiência de informação, ou, ainda, a comprovada inércia ou ociosidade do corretor,
poderão afastar o reconhecimento e o pagamento da corretagem devida.
5. Recursos conhecidos e não providos. Sentença mantida.
(TJ/DFT, Acórdão n.1075298, 20151410047699APC, Relator: SILVA LEMOS 5ª TURMA
CÍVEL, Data de Julgamento: 31/01/2018, Publicado no DJE: 21/02/2018. Pág.: 316/318)

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO DE COBRANÇA - RECONVENÇÃO -


APELAÇÃO – CONTRATO DE CORRETAGEM - CLÁUSULA DE EXCLUSIVIDADE -
VALOR DA COMISSÃO - INÉRCIA DO CORRETOR - AUSÊNCIA - DEVER DE
PAGAMENTO - CRÉDITO DE AMBAS AS PARTES - COMPENSAÇÃO - POSSIBILIDADE
- COMPRADORA - DEPÓSITO DIRETO NA CONTA DO CORRETOR -
REPRESENTANTE LEGAL - POSSIBILIDADE - JUROS DE MORA - TERMO INICIAL -
CITAÇÃO – RECURSO DESPROVIDO.
1. De acordo com aa norma inscrita no artigo 726 do Código Civil, ainda que não tenha
havido participação direta na venda dos imóveis, a comissão de corretagem é devida ao
corretor quando convencionada cláusula de exclusividade no contrato firmado entre as
partes, exceto se o contratante demonstrar que a atuação dele foi inerte ou ociosa.
(...)
6. Recurso desprovido.
Apelação Cível nº 0005448-66.2018.8.16.0174 8

(TJ/DFT, Acórdão n.923321, 20130110179093APC, Relator: LEILA ARLANCH, Revisor:


GISLENE PINHEIRO, 2ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 24/02/2016, Publicado no
DJE: 03/03/2016. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE COBRANÇA. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL.


COMISSÃO DE CORRETAGEM. CLÁUSULA DE EXCLUSIVIDADE. AUSÊNCIA DE
ABUSIVIDADE NA CLÁUSULA. VENDA DIRETA PELO PROPRIETÁRIO. A TEOR DO
ART. 726 DO CÓDIGO CIVIL, DEVIDA A COMISSÃO DE CORRETAGEM, AINDA QUE O
PROPRIETÁRIO TENHA REALIZADO A VENDA DIRETA DO BEM, POIS PREVISTA EM
CONTRATO ASSINADO. AUSÊNCIA DE INÉRCIA OU OCIOSIDADE POR PARTE DO
CORRETOR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA REFORMADA. RECURSO
PROVIDO.(Recurso Cível, Nº 71008370207, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas
Recursais, Relator: Luis Antonio Behrensdorf Gomes da Silva, Julgado em: 29-03-2019)

Por fim, não vejo razões para reduzir o percentual da


comissão de corretagem, já que expressamente previsto no contrato
celebrado entre as partes (mov. 1.7):

9. No que tange aos honorários advocatícios, estes


foram fixados de acordo com o valor da condenação, nos termos do
artigo 85, §2º do Código de Processo Civil, inexistindo razões para
a sua redistribuição. Frise-se que o pedido principal era de
condenação da requerida ao pagamento da comissão de corretagem
devida.

10. O artigo 85 do Código de Processo Civil dispõe


que:

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.


§ 1o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença,
provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos,
cumulativamente.
(...).
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em
conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto
nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao
advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2 o e 3o para a
fase de conhecimento.
Apelação Cível nº 0005448-66.2018.8.16.0174 9

Da leitura do dispositivo acima citado, verifica-se


que são devidos honorários advocatícios na fase recursal. No
entanto, a análise do §1º deve ser feita conjuntamente com o §11,
que diz: “o tribunal, ao julgar o recurso, majorará os honorários
fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional
realizado em grau recursal”.

Sobre o tema, válidos são os esclarecimentos Bruno


Vasconcelos Carrilho Lopes:

“Observa-se, no entanto, que o arbitramento de honorários recursais complementares aos


fixados nas instancias anteriores tem por objetivo remunerar o trabalho do advogado do recorrido
na fase recursal. Diante disso, se nenhum trabalho foi realizado, não há o que remunerar e,
portanto, não devem ser fixados novos honorários no julgamento do recurso. É o caso dos
recursos julgados sem a prévia intimação do recorrido para apresentar resposta, tal como muitas
vezes ocorre com os embargos de declaração, e daqueles em que, apesar de o recorrido ser
intimado, seu advogado não apresenta resposta nem pratica qualquer ato antes do julgamento do
recurso” (in Honorários Advocatícios, Coordenadores, Marcos Vinicius Furtado Coêlho, Luiz
Henrique Volpe Camargo. Salvador: Juspodium, 2015, p. 599).

Assim, tendo em vista o desprovimento do recurso de


apelação interposto pela requerida, nos termos do artigo 85, §11 do
CPC/2015, acrescento 1% à verba honorária advocatícia a ser paga em
favor do patrono da autora.

11. Diante do exposto, voto no sentido de negar


provimento ao recurso de apelação.

III- DECISÃO

ACORDAM os Desembargadores integrantes da 17ª Câmara


Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de
votos, em negar provimento ao recurso de apelação.

O julgamento foi presidido pelo Desembargador FERNANDO


PAULINO DA SILVA WOLFF FILHO, com voto, e dele participou a Juíza
Subst. em 2ºG. SANDRA BAUERMANN.

Curitiba, 09 de outubro de 2019.

DES. LAURI CAETANO DA SILVA


Relator

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