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A parte reclamante se insurge contra a sentença que julgou improcedente seus pedidos
iniciais por entender que não há nos autos prova mínima do alegado. Busca a reforma da decisão para que
a recorrida seja condenada à devolução de R$ 2.000,00 pagos a título de honorários, além da condenação
em danos morais.
Pois bem.
Em que pese os serviços prestados pela reclamada sejam de atividade de meio e não de fim,
a publicidade se trata da redução do valor do financiamento a partir de negociações extrajudiciais. Contudo,
não houve demonstrações de estudo do contrato, com análise de cobranças supostamente indevidas. É de
se ressaltar que nenhum comprovante da atuação da reclamada foi juntado aos autos.
Assim, é notório que a reclamada não se desincumbiu de seu ônus probatório (art. 373, II do
CPC).
Nesse sentido:
Tal constatação também exclui a tese – embora alegada pelo próprio autor - de que já havia
um processo de busca e apreensão ajuizado em face da reclamante por força do contrato firmado junto à BV
Financeira.
Logo, observa-se que a estratégia praticada pela reclamada é de alto risco, pois põe em
ameaça o patrimônio do consumidor, afinal, o inadimplemento enseja a busca e apreensão do bem, cujo
cumprimento é notoriamente rápido, o que ocorreu, conforme narrativa autoral incontroversa.
Por conseguinte, em virtude do serviço contratado e não prestado, sendo evidente a falha na
prestação de serviços, a resilição do contrato é devidamente motivada, bem como a restituição dos valores
pagos.
Por fim, também restou comprovado que a atuação da empresa foi preponderante para os
danos morais suportados pela reclamante, os quais afetaram sua esfera personalíssima em razão da busca
e apreensão sofrida em seu trabalho.
A respeito:
Na fixação do quantum indenizatório, deve-se sempre ter o cuidado de não proporcionar, por
um lado, um valor que para o autor se torne inexpressivo e, por outro, que seja causa de enriquecimento
injusto, nunca se olvidando que a indenização do dano imaterial tem efeito sancionatório ao causador do
dano e compensatório a vítima.
Sobre os danos materiais, devem incidir juros de mora de 1% ao mês a partir da citação e
correção monetária pelo IPCA-E desde o desembolso. Já os danos morais devem ser corrigidos
monetariamente pelo IPCA-E a partir deste julgamento e acrescido de juros de mora de 1% ao mês a partir
da citação, nos termos do Enunciado n° 1 “a” da Turma Recursal Plena.
Condena-se a parte recorrente ao pagamento das custas (Lei Estadual n° 18.413/2014) e dos
honorários advocatícios à parte contrária, estes de 10% do valor de condenação ou, não havendo valor
monetário, do valor corrigido da causa (LJE, 55).
Ante o exposto, esta 5ª Turma Recursal dos Juizados Especiais resolve, por unanimidade
dos votos, em relação ao recurso de MARILDA APARECIDA MARCONDES AMARAL, julgar pelo(a) Com
Resolução do Mérito - Provimento nos exatos termos do voto.
O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz(a) Maria Roseli Guiessmann, com voto, e dele
participaram os Juízes Manuela Tallão Benke (relator) e Camila Henning Salmoria.
24 de agosto de 2023
Juíza Relatora