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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Autos nº. 0004123-95.2021.8.16.0030

Recurso Inominado Cível n° 0004123-95.2021.8.16.0030


3º Juizado Especial Cível de Foz do Iguaçu
Recorrente(s): SOLUÇÃO FINANCEIRA - SERVIÇOS DE RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO EIRELI
Recorrido(s): EDGAR MOREIRA DE SOUZA
Relator: Irineu Stein Junior

ido.

RECURSO INOMINADO. MATÉRIA RESIDUAL. CONTRATO


DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE INTERMEDIAÇÃO NA
NEGOCIAÇÃO DE CONTRATO BANCÁRIO. ORIENTAÇÃO
PARA O CONTRATANTE DEIXAR DE PAGAR AS
PRESTAÇÕES DO FINANCIAMENTO E NÃO ATENDER AS
LIGAÇÕES TELEFÔNICAS DE COBRANÇA EFETUADAS
PELO BANCO. BUSCA E APREENSÃO DO BEM. AUSÊNCIA
DE DEMONSTRAÇÃO DA REALIZAÇÃO DE EFETIVOS
CONTATOS COM O BANCO VISANDO RENEGOCIAR O
CONTRATO. DEFICIÊNCIA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO.
RESCISÃO. JUSTA CAUSA. DEVER DE RESTITUIR OS
VALORES PAGOS. DANOS MATERIAIS. INDENIZAÇÃO
DEVIDA. DANOS MORAIS CONFIGURAÇÃO NO CASO
CONCRETO. QUANTUM ARBITRADO QUE NÃO
COMPORTA ALTERAÇÃO. SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

1 – Contrato de prestação de serviços de intermediação na


negociação de dívida em contrato de financiamento bancário.

2 – Alegação de deficiência na prestação de serviços.

3 – Aplicação das disposições do Código de Defesa do


Consumidor. Dever de o fornecedor do serviço demonstrar a
regularidade da prestação do serviço contratado. Ônus da prova
não satisfeito.

Competia ao Requerido demonstrar que efetivamente realizou


reuniões ou entabulou conversas com os representantes do Banco
visando a renegociação do contrato de financiamento. Anexação
de conversas de WhatsApp que não demonstram sequer o telefone
do contato e nem mesmo a formalização de propostas. Prova
insuficiente.

4 – Ausência de elisão nas razões de recurso, quanto a existência


de provas suficientes de que a Ré não orientava o contratante a
deixar de pagar as prestações do financiamento e informava
expressamente quanto aos riscos da inadimplência, bem como,
orientou quanto a eventual consignação das parcelas.

Orientação prejudicial aos interesses do cliente culminando na


mora contratual e a rescisão do contrato.

5 – Deficiência na prestação de serviços comprovada. Justa causa


para a rescisão do contrato.

6 – Com a rescisão do contrato pela ausência de fiel execução do


contrato impõe o dever de restituir os valores recebidos e
indenizar os prejuízos decorrentes dos gastos efetivados no
processo de busca e apreensão.

7 – Situação excepcional que enseja o reconhecimento de danos


morais. Quebra da expectativa de renegociação do contrato
bancário; rescisão do contrato de financiamento e busca e
apreensão do bem financiado.

Quanto ao valor indenizatório fixado em sentença (R$ 5.000,00),


vislumbro que não comporta nenhuma censura. A partir do
momento que a parte se insurge quanto ao valor arbitrado,
compete a ela demonstrar de forma cabal a excessividade.

As razões expostas no recurso não contemplam tal situação.


Ademais, o tribunal somente deve alterar o valor arbitrado
quando demonstrada a excessividade ou a insignificância, o que
não é o caso dos autos.

In casu, o valor arbitrado não merece readequação, pois se mostra


capaz de compensar a autora pelo dano sofrido, sem causar
enriquecimento ilícito.

8 – Recurso conhecido e desprovido.

Trata-se de Recurso Inominado apresentado por SOLUÇÃO FINANCEIRA-


SERVIÇOS DE RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO LTDA em razão da sentença de
procedência dos pedidos formulados nos autos de AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR
DANOS MATERIAIS E MORAIS que lhe move EDGAR MOREIRA DE SOUZA.

Pretende a reforma da decisão.

Relatório dispensado, como autorizado pelo artigo 46 da Lei nº 9099/95 e


Enunciado 92 do FONAJE.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, dele conheço.

Compulsando detidamente os autos, entendo que a sentença atacada deve ser


mantida pelos seus próprios fundamentos, nos termos do artigo 46 da Lei 9.099/95.

Art. 46. O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a


indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a
sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá
de acórdão.

Isto posto voto no sentido de CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO


RECURSO mantendo a sentença atacada por seus próprios fundamentos.

Frente ao insucesso recursal fica a recorrente condenada ao pagamento de


verba honorária arbitrada em 10% sobre o valor da condenação imposta para a recorrente
(art. 55 da Lei 9.0999/95).

Custas de lei, conforme Lei Estadual 18.413/14, arts. 2º, inc. II e 4º, e
Instrução Normativa - CSJEs, art. 18.

Ante o exposto, esta 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais resolve,


por unanimidade dos votos, em relação ao recurso de SOLUÇÃO FINANCEIRA - SERVIÇOS DE
RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO EIRELI, julgar pelo(a) Com Resolução do Mérito - Não-Provimento
nos exatos termos do voto.

O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz(a) Irineu Stein Junior (relator),
com voto, e dele participaram os Juízes Alvaro Rodrigues Junior e Marcel Luis Hoffmann.

11 de fevereiro de 2022

Irineu Stein Junior

Juiz (a) relator (a)

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