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Acórdão Nº 1351371
EMENTA
2. O artigo 24 da Lei n. 98.906/94 exige tão somente a forma escrita para o contrato de honorários, o
que pode ser suprido por simples menção clara no instrumento de mandato/procuração.
ACÓRDÃO
Acordam os Senhores Juízes da Segunda Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, ARNALDO CORRÊA SILVA - Relator,
ANA CLAUDIA LOIOLA DE MORAIS MENDES - 1º Vogal e JOÃO LUIS FISCHER DIAS - 2º
Vogal, sob a Presidência do Senhor Juiz JOÃO LUIS FISCHER DIAS, em proferir a seguinte decisão:
Agravo conhecido e provido. Unânime., de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.
RELATÓRIO
Trata-se de agravo de instrumento interposto em face de decisão proferida nos autos do processo
0714590-23.2020.8.07.0016 em trâmite no 4º Juizado Especial da Fazenda Pública do Distrito Federal,
que entendeu que procuração não é instrumento hábil a pactuar honorários, sendo necessário contrato
para este exclusivo fim.
Os advogados que assinam o agravo, cujo interesse aqui buscado é deles, narram que a procuração
também é instrumento jurídico hábil a pactuar honorários contratuais e que se faz necessário o
provimento do presente agravo para que seja determinado o destaque dos honorários com a
consequente intimação do banco para transferência do valor para a conta indicada nos autos
originários.
Requereu a parte agravante a antecipação dos efeitos da tutela, a fim de determinar que o percentual de
10% sobre o proveito econômico obtido, relativo aos honorários contratuais, sejam depositados e
mantidos em conta judicial, até que haja decisão de mérito, haja vista o perecimento do direito.
No mérito, o provimento do recurso, para que a decisão agravada seja reformada e seja deferido o
destaque dos honorários contratuais.
É o relatório.
VOTOS
O Senhor Juiz ARNALDO CORRÊA SILVA - Relator
A decisão recorrida afirma que: “(...) procuração não é instrumento jurídico hábil à delimitação de
honorários advocatícios”. Dito isto, justifica que honorários devem ser fixados por meio de contrato e
que inexiste nos autos qualquer documento que evidencie a legitimidade ou autorização dos patronos
para cobrarem honorários contratuais, ad exitum, dos sindicalizados, em ações individuais por eles
propostas. Por fim, a decisão confere prazo para juntada de instrumento contratual que justifique a
cobrança.
Portanto, para análise dos autos, resta saber se a procuração anexada (ID 60031390 dos autos
originários) é instrumento hábil à delimitação de honorários advocatícios.
Está escrito na procuração que o outorgante está ciente e de acordo com as condições estabelecidas
pelo SINDSAÚDE e do percentual de honorários correspondente a 10% sobre o proveito econômico
para os advogados constituídos.
Dito isto, passo à análise do que restou decidido pelo TRF da 4ª Região, em ocasião semelhante:
No mesmo sentido:
O artigo 22, § 4º, da Lei nº 8906/94, em que se baseou a decisão recorrida, prevê que: “§ 4º Se o
advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de expedir-se o mandado de
levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos diretamente, por dedução da
quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que já os pagou”.
Contudo, ao se referir ao termo contrato, a referida norma não veda sobre a fixação de honorários
advocatícios contratuais por procuração. Não há exigência de forma contratual prevista.
A meu ver, a exigência legal é de que o contrato de honorários advocatícios contratuais deve ser
escrito, sem exigir mais detalhes.
De fato, o contrato de honorários é negócio jurídico formal e solene, no entanto não se pode exigir
documento específico para tal quando se tem procuração informando de forma clara e evidente os
ditames da negociação, indicando ainda o percentual acordado entre as partes.
Por fim, adotando o sistema da celeridade que confere a este Juizado, a princípio, não cabe ao juízo de
origem exigir instrumento contratual que justifique a cobrança de honorários, quando já detalhado em
procuração.
Portanto, em razão do princípio da liberdade das formas contratuais , o agravo deve ser provido.
Em face do exposto, conheço do agravo e lhe dou provimento, determinando que se destaque da
verba da condenação principal os honorários contratuais.
DECISÃO