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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR DA _ª TURMA DO EGRÉGIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA _ª REGIÃO

AUTOS ELETRÔNICOS SOB N. º NÚMERO


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

Nome do cliente, vem por intermédio de sua procuradora ora signatária,


ambos já devidamente qualificados nos autos supra, apresentar, tempestivamente, as
presentes:

CONTRARRAZÕES

Em face do Agravo de Instrumento interposto pela autarquia-ré, com base nas


razões e fundamentos anexos.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Curitiba/PR, data do protocolo eletrônico.
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA QUARTA REGIÃO

CONTRARRAZÕES AO AGRAVO DE INSTRUMENTO


Autos sob o n. º número
Origem: vara de origem

EMÉRITOS JULGADORES

Inconformado com a decisão em evento n. 121, em que foi deferida a


expedição de RPV para pagamento dos honorários contratuais, o INSS interpôs Agravo
de Instrumento, alegando, em síntese, a impossibilidade do fracionamento da
execução do valor principal para fins de percepção dos honorários contratuais por
meio de RPV, a fim de que sejam pagos por precatório.
Com a máxima vênia, a despeito do inconformismo manifestado pelo
Agravante, deve ser mantida a decisão proferida pelo Juízo a quo pelas razões de fato
e de direito que seguem expostas.

I. DAS RAZÕES DAS CONTRARRAZÕES DE AGRAVO

A decisão em evento n. 121 deferiu o destaque dos honorários contratuais,


requisitando a expedição de RPV para o pagamento dos mesmos, que restou cumprido
em evento n. 125. Correta a decisão do MM Juízo, afinal, os honorários advocatícios,
sucumbenciais e contratuais, não devem ser considerados como parcela integrante do
valor devido a cada credor para fins de classificação do requisitório como de pequeno
valor, nos termos do artigo 18, parágrafo único, da Resolução CJF nº 405, de 09 de
junho de 2016:

Art. 18 - Ao advogado será atribuída a qualidade de beneficiário


quando se tratar de honorários sucumbenciais e de honorários
contratuais, ambos de natureza alimentar.
Parágrafo único - Os honorários sucumbenciais e contratuais
não devem ser considerados como parcela integrante do valor
devido a cada credor para fins de classificação do requisitório
como de pequeno valor.

Importante observar o caráter vinculante das resoluções no Conselho de


Justiça Federal conforme previsto no art. 105, parágrafo único, II da Constituição
Federal:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...)


Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de
Justiça: (...)
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na
forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da
Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão
central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões
terão caráter vinculante. 

O Agravante alega que a expedição de RPV para o pagamento de honorários


contratuais afronta o art. 100, §8º da Constituição Federal, dizendo que: “A única
interpretação que não violaria a Constituição é a de que os honorários advocatícios
contratuais possuem natureza alimentar (art. 100, §1º), podendo ser destacados do
valor principal devido ao credor, para fins de expedição de RPV ou precatório
diretamente ao advogado, respeitada a forma de pagamento com base no valor
principal total”.
Contudo, trata-se de interpretação equivocada da autarquia, uma vez que o
objetivo do disposto no art. 100, §8º da Constituição Federal é vedar o fracionamento
da execução, com o pagamento de seu montante originário de duas formas distintas e
concomitantes, o que não é o caso do presente feito. O fato é que a parcela do
montante devido ao credor e a dos honorários são duas verbas de titularidades
diversas, sendo plenamente possível o pagamento do primeiro ocorrer por meio de
precatório e o segundo por RPV, frente ao pequeno valor deste.
Este foi o entendimento unânime da Sexta Turma do TRF da 4ª Região ao
julgar o Agravo de Instrumento nº 5017417-67.2016.404.0000 (Rel. Hermes S da
Conceição Jr, j. em 29/07/2016):

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO. FRACIONAMENTO E


RESERVA DE HONORÁRIOS NO PRECATÓRIO E RPV.
INTERPRETAÇÃO RECENTE EXTENSIVA DA SÚMULA
VINCULANTE Nº 47 ADMITINDO A EXTENSÃO AOS
HONORÁRIOS CONTRATUAIS. Na mesma linha, confira-se: Rcl.
21.516, Rel. Min. Luiz Fux: (...) Deve, pois, assim ser adotado o
entendimento da Corte Suprema, admitindo-se o destaque da
verba honorária contratual, porque constitui direito autônomo
do patrono, que pode ser executado em separado. A despeito,
conforme o disposto no § 1° do art. 5° da Resolução 438/2005
do Conselho da Justiça Federal, que regulamenta o
procedimento para a expedição de requisições de pagamento,
para que seja efetivado o exercício do direito garantido pelo §
4º do art. 22 da Lei 8.906/94, exige-se apenas que a juntada do
contrato firmado se dê em momento anterior à expedição da
requisição, o que foi atendido na espécie.

Além disso, é notória a natureza alimentar dos honorários advocatícios,


conforme o enunciado da Súmula Vinculante nº 47 do STF:
Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do
montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja
satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor,
observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza.
Por ocasião do julgamento da Reclamação 21299, o STF reafirmou o alcance
dos honorários contratuais pela Súmula Vinculante 47:

RECLAMAÇÃO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PRECATÓRIOS.


FRACIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
CONTRATUAIS. 1. A natureza autônoma e o caráter alimentar
são comuns aos honorários sucumbenciais, por arbitramento
judicial e contratuais. 2. Viola a Súmula Vinculante 47 decisão
que exclui do seu âmbito de incidência os honorários
advocatícios contratuais. 3. Reclamação procedente. (Rcl
21299,Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, julgado em
10/09/2015, publicado em processo eletrônico, DJe-182,
divulgado em 14/09/2015, publicado em 15/09/2015).

Veja-se que há entendimento do próprio Supremo Tribunal Federal de que o


fracionamento do valor da execução proposta contra a Fazenda Pública para
pagamento de honorários advocatícios – que possuem natureza alimentar e caráter
autônomo – não ofende o art. 100 da CF e não se confunde com o débito principal:

CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. ALEGADO


FRACIONAMENTO DE EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
DE ESTADO-MEMBRO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. VERBA DE
NATUREZA ALIMENTAR, A QUAL NÃO SE CONFUNDE COM O
DÉBITO PRINCIPAL. AUSÊNCIA DE CARÁTER ACESSÓRIO.
TITULARES DIVERSOS. POSSIBILIDADE DE PAGAMENTO
AUTÔNOMO. REQUERIMENTO DESVINCULADO DA EXPEDIÇÃO
DO OFÍCIO REQUISITÓRIO PRINCIPAL. VEDAÇÃO
CONSTITUCIONAL DE REPARTIÇÃO DE EXECUÇÃO PARA
FRAUDAR O PAGAMENTO POR PRECATÓRIO. INTERPRETAÇÃO
DO ART. 100, § 8º (ORIGINARIAMENTE § 4º), DA CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. (RE
564.132-RG, Rel. Min. Cármen Lúcia,Tribunal Pleno, DJe
10.02.2015) (TEMA 018 do STF).

Assim, a teor da súmula vinculante n. 47, os honorários advocatícios


destacados do montante principal devido ao credor podem ser pagos por expedição de
requisição de pequeno valor.
Portanto, não ultrapassando o valor de 60 (sessenta) salários mínimos, deverá
ser possível a expedição de RPV para o pagamento dos honorários sucumbenciais e
contratuais, conforme o entendimento da jurisprudência deste Egrégio Tribunal da 4ª
Região:
EMENTA: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL.PRECATÓRIOS.
FRACIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
CONTRATUAIS. 1. O Supremo Tribunal Federal manifestou-se
no sentido de que também aos honorários contratuais deve ser
estendida a natureza autônoma e o caráter alimentar que se
atribui aos honorários de sucumbência pelo disposto na Súmula
Vinculante nº 47 (Os honorários advocatícios incluídos na
condenação ou destacados do montante principal devido ao
credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja
satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou
requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita
aos créditos dessa natureza). 2. Tendo, assim, o próprio STF
resolvido a questão, impõe-se reconhecer a possibilidade de
expedição de requisição de pagamento autônoma para os
honorários advocatícios, sejam eles os fixados na sentença ou
os contratuais. 3. Acresce que o pagamento em separado dos
honorários advocatícios diretamente aos advogados e por
requisição de pagamento própria não afronta o sistema de
pagamento estabelecido na Constituição Federal, já que não
significa fracionamento da execução. De fato, na execução de
origem há duas execuções, a execução da parte vencedora
buscando aquilo o que lhe reconheceu a sentença e a
execução do advogado buscando o crédito de honorários,
conforme já reconheceu o Superior Tribunal de Justiça em
julgado sob o rito do art. 543-C do Código de Processo Civil (O
fracionamento proscrito pela regra do art. 100, § 8º, da CF
ocorreria apenas se o advogado pretendesse receber seus
honorários de sucumbência parte em requisição de pequeno
valor e parte em precatório. Limitando-se o advogado a
requerer a expedição de RPV, quando seus honorários não
excederam ao teto legal, não haverá fracionamento algum da
execução, mesmo que o crédito do seu cliente siga o regime
de precatório. E não ocorrerá fracionamento porque assim
não pode ser considerada a execução de créditos
independentes, a exemplo do que acontece nas hipóteses de
litisconsórcio ativo facultativo, para as quais a jurisprudência
admite que o valor da execução seja considerado por credor
individualmente considerado - REsp 1347736/RS, Primeira
Seção, DJe 15-04-2014). (TRF4 5006807-40.2016.404.0000,
PRIMEIRA TURMA, Relator JORGE ANTONIO MAURIQUE,
juntado aos autos em 03/03/2016)

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL.


VERBA PRINCIPAL E HONORÁRIOS DE ADVOGADO.
FRACIONAMENTO DA EXECUÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. "Os
honorários de advogado não constituem parcela integrante do
valor devido a cada credor para fins de classificação do
requisitório como de pequeno valor, sendo expedida requisição
própria para pagamento dessa verba. Aplicação da Resolução
nº 168 do Conselho da Justiça Federal." (TRF4, AGRAVO DE
INSTRUMENTO Nº 0003286-80.2013.404.0000, Sexta Turma,
Rel. Des. Federal João Batista Pinto Silveira, por unanimidade,
julgado em 24-07-2013). 2. In casu, portanto, constituindo os
honorários advocatícios, sejam sucumbenciais ou contratuais, a
verba autônoma, deve ser expedido RPV tanto para o crédito
principal, da titularidade da agravante, como para os
honorários. (TRF4, AG 5034461-36.2015.404.0000, SEXTA
TURMA, Relator (AUXÍLIO JOÃO BATISTA) HERMES S DA
CONCEIÇÃO JR, juntado aos autos em 19/11/2015)

Conclui-se, portanto, que os honorários advocatícios, sejam contratuais ou


sucumbenciais, são verba de natureza alimentar, que não constitui parcela integrante
do débito principal, e para os quais se conferem legitimidade de execução autônoma
ao seu titular, não havendo que se falar em caráter acessório do montante, tampouco
em violação à regra constitucional, que impede o fracionamento de precatórios.
Dessa forma, não restam dúvidas acerca da possibilidade de os honorários
advocatícios serem destacados no crédito devido ao autor da ação para fins de
classificação do requisitório como de pequeno valor, uma vez que o pagamento em
forma de RPV dos honorários contratuais não acarreta o fracionamento da execução,
desde que, autor e procuradores possuam credores distintos.
Desta feita, requer o desprovimento do Agravo de Instrumento, tendo em
vista que os honorários contratuais possuem natureza alimentar, e são passíveis de
fracionamento da execução e recebimento por expedição de RPV, por se tratarem de
verbas de titularidades diversas do montante devido ao credor.
II. DO PEDIDO

Ante o exposto, requer seja desprovido o Agravo de Instrumento interposto


pelo INSS, a fim de manter a decisão recorrida por seus próprios fundamentos no que
pertine às razões recursais, devendo dar continuidade ao feito com as RPV já
expedidas.
Outrossim, caso seja dado provimento ao Agravo de Instrumento, impende
deixar prequestionadas eventuais violações aos dispositivos constitucionais e às
legislações infraconstitucionais acima mencionados, com o fito único de viabilizar o
ingresso à via recursal junto aos tribunais superiores, quais sejam o Colendo Superior
Tribunal de Justiça e o Egrégio Supremo Tribunal Federal.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Curitiba/PR, data do protocolo eletrônico.

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