Este documento trata de contrarrazões apresentadas ao Agravo de Instrumento interposto pela autarquia-ré. Os principais pontos apresentados são: 1) A decisão que deferiu a expedição de RPV para pagamento de honorários contratuais está correta, uma vez que estes não devem ser considerados parte do valor principal; 2) A interpretação do INSS de que isso violaria a Constituição é equivocada, pois não há fracionamento da execução; 3) A jurisprudência do TRF4 e do STF admite a expedição de RPV para honor
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14 Contrarrazoes a Agravo de Instrumento Impossibilidade de Pagamento Dos Honorarios Contratuais Por RPV
Este documento trata de contrarrazões apresentadas ao Agravo de Instrumento interposto pela autarquia-ré. Os principais pontos apresentados são: 1) A decisão que deferiu a expedição de RPV para pagamento de honorários contratuais está correta, uma vez que estes não devem ser considerados parte do valor principal; 2) A interpretação do INSS de que isso violaria a Constituição é equivocada, pois não há fracionamento da execução; 3) A jurisprudência do TRF4 e do STF admite a expedição de RPV para honor
Este documento trata de contrarrazões apresentadas ao Agravo de Instrumento interposto pela autarquia-ré. Os principais pontos apresentados são: 1) A decisão que deferiu a expedição de RPV para pagamento de honorários contratuais está correta, uma vez que estes não devem ser considerados parte do valor principal; 2) A interpretação do INSS de que isso violaria a Constituição é equivocada, pois não há fracionamento da execução; 3) A jurisprudência do TRF4 e do STF admite a expedição de RPV para honor
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR DA _ª TURMA DO EGRÉGIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA _ª REGIÃO
AUTOS ELETRÔNICOS SOB N. º NÚMERO
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
Nome do cliente, vem por intermédio de sua procuradora ora signatária,
ambos já devidamente qualificados nos autos supra, apresentar, tempestivamente, as presentes:
CONTRARRAZÕES
Em face do Agravo de Instrumento interposto pela autarquia-ré, com base nas
razões e fundamentos anexos. Nestes termos, Pede deferimento. Curitiba/PR, data do protocolo eletrônico. EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA QUARTA REGIÃO
CONTRARRAZÕES AO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Autos sob o n. º número Origem: vara de origem
EMÉRITOS JULGADORES
Inconformado com a decisão em evento n. 121, em que foi deferida a
expedição de RPV para pagamento dos honorários contratuais, o INSS interpôs Agravo de Instrumento, alegando, em síntese, a impossibilidade do fracionamento da execução do valor principal para fins de percepção dos honorários contratuais por meio de RPV, a fim de que sejam pagos por precatório. Com a máxima vênia, a despeito do inconformismo manifestado pelo Agravante, deve ser mantida a decisão proferida pelo Juízo a quo pelas razões de fato e de direito que seguem expostas.
I. DAS RAZÕES DAS CONTRARRAZÕES DE AGRAVO
A decisão em evento n. 121 deferiu o destaque dos honorários contratuais,
requisitando a expedição de RPV para o pagamento dos mesmos, que restou cumprido em evento n. 125. Correta a decisão do MM Juízo, afinal, os honorários advocatícios, sucumbenciais e contratuais, não devem ser considerados como parcela integrante do valor devido a cada credor para fins de classificação do requisitório como de pequeno valor, nos termos do artigo 18, parágrafo único, da Resolução CJF nº 405, de 09 de junho de 2016:
Art. 18 - Ao advogado será atribuída a qualidade de beneficiário
quando se tratar de honorários sucumbenciais e de honorários contratuais, ambos de natureza alimentar. Parágrafo único - Os honorários sucumbenciais e contratuais não devem ser considerados como parcela integrante do valor devido a cada credor para fins de classificação do requisitório como de pequeno valor.
Importante observar o caráter vinculante das resoluções no Conselho de
Justiça Federal conforme previsto no art. 105, parágrafo único, II da Constituição Federal:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...)
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: (...) II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante.
O Agravante alega que a expedição de RPV para o pagamento de honorários
contratuais afronta o art. 100, §8º da Constituição Federal, dizendo que: “A única interpretação que não violaria a Constituição é a de que os honorários advocatícios contratuais possuem natureza alimentar (art. 100, §1º), podendo ser destacados do valor principal devido ao credor, para fins de expedição de RPV ou precatório diretamente ao advogado, respeitada a forma de pagamento com base no valor principal total”. Contudo, trata-se de interpretação equivocada da autarquia, uma vez que o objetivo do disposto no art. 100, §8º da Constituição Federal é vedar o fracionamento da execução, com o pagamento de seu montante originário de duas formas distintas e concomitantes, o que não é o caso do presente feito. O fato é que a parcela do montante devido ao credor e a dos honorários são duas verbas de titularidades diversas, sendo plenamente possível o pagamento do primeiro ocorrer por meio de precatório e o segundo por RPV, frente ao pequeno valor deste. Este foi o entendimento unânime da Sexta Turma do TRF da 4ª Região ao julgar o Agravo de Instrumento nº 5017417-67.2016.404.0000 (Rel. Hermes S da Conceição Jr, j. em 29/07/2016):
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO. FRACIONAMENTO E
RESERVA DE HONORÁRIOS NO PRECATÓRIO E RPV. INTERPRETAÇÃO RECENTE EXTENSIVA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 47 ADMITINDO A EXTENSÃO AOS HONORÁRIOS CONTRATUAIS. Na mesma linha, confira-se: Rcl. 21.516, Rel. Min. Luiz Fux: (...) Deve, pois, assim ser adotado o entendimento da Corte Suprema, admitindo-se o destaque da verba honorária contratual, porque constitui direito autônomo do patrono, que pode ser executado em separado. A despeito, conforme o disposto no § 1° do art. 5° da Resolução 438/2005 do Conselho da Justiça Federal, que regulamenta o procedimento para a expedição de requisições de pagamento, para que seja efetivado o exercício do direito garantido pelo § 4º do art. 22 da Lei 8.906/94, exige-se apenas que a juntada do contrato firmado se dê em momento anterior à expedição da requisição, o que foi atendido na espécie.
Além disso, é notória a natureza alimentar dos honorários advocatícios,
conforme o enunciado da Súmula Vinculante nº 47 do STF: Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza. Por ocasião do julgamento da Reclamação 21299, o STF reafirmou o alcance dos honorários contratuais pela Súmula Vinculante 47:
FRACIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS. 1. A natureza autônoma e o caráter alimentar são comuns aos honorários sucumbenciais, por arbitramento judicial e contratuais. 2. Viola a Súmula Vinculante 47 decisão que exclui do seu âmbito de incidência os honorários advocatícios contratuais. 3. Reclamação procedente. (Rcl 21299,Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, julgado em 10/09/2015, publicado em processo eletrônico, DJe-182, divulgado em 14/09/2015, publicado em 15/09/2015).
Veja-se que há entendimento do próprio Supremo Tribunal Federal de que o
fracionamento do valor da execução proposta contra a Fazenda Pública para pagamento de honorários advocatícios – que possuem natureza alimentar e caráter autônomo – não ofende o art. 100 da CF e não se confunde com o débito principal:
CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. ALEGADO
FRACIONAMENTO DE EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA DE ESTADO-MEMBRO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. VERBA DE NATUREZA ALIMENTAR, A QUAL NÃO SE CONFUNDE COM O DÉBITO PRINCIPAL. AUSÊNCIA DE CARÁTER ACESSÓRIO. TITULARES DIVERSOS. POSSIBILIDADE DE PAGAMENTO AUTÔNOMO. REQUERIMENTO DESVINCULADO DA EXPEDIÇÃO DO OFÍCIO REQUISITÓRIO PRINCIPAL. VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL DE REPARTIÇÃO DE EXECUÇÃO PARA FRAUDAR O PAGAMENTO POR PRECATÓRIO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 100, § 8º (ORIGINARIAMENTE § 4º), DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. (RE 564.132-RG, Rel. Min. Cármen Lúcia,Tribunal Pleno, DJe 10.02.2015) (TEMA 018 do STF).
Assim, a teor da súmula vinculante n. 47, os honorários advocatícios
destacados do montante principal devido ao credor podem ser pagos por expedição de requisição de pequeno valor. Portanto, não ultrapassando o valor de 60 (sessenta) salários mínimos, deverá ser possível a expedição de RPV para o pagamento dos honorários sucumbenciais e contratuais, conforme o entendimento da jurisprudência deste Egrégio Tribunal da 4ª Região: EMENTA: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL.PRECATÓRIOS. FRACIONAMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS. 1. O Supremo Tribunal Federal manifestou-se no sentido de que também aos honorários contratuais deve ser estendida a natureza autônoma e o caráter alimentar que se atribui aos honorários de sucumbência pelo disposto na Súmula Vinculante nº 47 (Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza). 2. Tendo, assim, o próprio STF resolvido a questão, impõe-se reconhecer a possibilidade de expedição de requisição de pagamento autônoma para os honorários advocatícios, sejam eles os fixados na sentença ou os contratuais. 3. Acresce que o pagamento em separado dos honorários advocatícios diretamente aos advogados e por requisição de pagamento própria não afronta o sistema de pagamento estabelecido na Constituição Federal, já que não significa fracionamento da execução. De fato, na execução de origem há duas execuções, a execução da parte vencedora buscando aquilo o que lhe reconheceu a sentença e a execução do advogado buscando o crédito de honorários, conforme já reconheceu o Superior Tribunal de Justiça em julgado sob o rito do art. 543-C do Código de Processo Civil (O fracionamento proscrito pela regra do art. 100, § 8º, da CF ocorreria apenas se o advogado pretendesse receber seus honorários de sucumbência parte em requisição de pequeno valor e parte em precatório. Limitando-se o advogado a requerer a expedição de RPV, quando seus honorários não excederam ao teto legal, não haverá fracionamento algum da execução, mesmo que o crédito do seu cliente siga o regime de precatório. E não ocorrerá fracionamento porque assim não pode ser considerada a execução de créditos independentes, a exemplo do que acontece nas hipóteses de litisconsórcio ativo facultativo, para as quais a jurisprudência admite que o valor da execução seja considerado por credor individualmente considerado - REsp 1347736/RS, Primeira Seção, DJe 15-04-2014). (TRF4 5006807-40.2016.404.0000, PRIMEIRA TURMA, Relator JORGE ANTONIO MAURIQUE, juntado aos autos em 03/03/2016)
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL.
VERBA PRINCIPAL E HONORÁRIOS DE ADVOGADO. FRACIONAMENTO DA EXECUÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. "Os honorários de advogado não constituem parcela integrante do valor devido a cada credor para fins de classificação do requisitório como de pequeno valor, sendo expedida requisição própria para pagamento dessa verba. Aplicação da Resolução nº 168 do Conselho da Justiça Federal." (TRF4, AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0003286-80.2013.404.0000, Sexta Turma, Rel. Des. Federal João Batista Pinto Silveira, por unanimidade, julgado em 24-07-2013). 2. In casu, portanto, constituindo os honorários advocatícios, sejam sucumbenciais ou contratuais, a verba autônoma, deve ser expedido RPV tanto para o crédito principal, da titularidade da agravante, como para os honorários. (TRF4, AG 5034461-36.2015.404.0000, SEXTA TURMA, Relator (AUXÍLIO JOÃO BATISTA) HERMES S DA CONCEIÇÃO JR, juntado aos autos em 19/11/2015)
Conclui-se, portanto, que os honorários advocatícios, sejam contratuais ou
sucumbenciais, são verba de natureza alimentar, que não constitui parcela integrante do débito principal, e para os quais se conferem legitimidade de execução autônoma ao seu titular, não havendo que se falar em caráter acessório do montante, tampouco em violação à regra constitucional, que impede o fracionamento de precatórios. Dessa forma, não restam dúvidas acerca da possibilidade de os honorários advocatícios serem destacados no crédito devido ao autor da ação para fins de classificação do requisitório como de pequeno valor, uma vez que o pagamento em forma de RPV dos honorários contratuais não acarreta o fracionamento da execução, desde que, autor e procuradores possuam credores distintos. Desta feita, requer o desprovimento do Agravo de Instrumento, tendo em vista que os honorários contratuais possuem natureza alimentar, e são passíveis de fracionamento da execução e recebimento por expedição de RPV, por se tratarem de verbas de titularidades diversas do montante devido ao credor. II. DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja desprovido o Agravo de Instrumento interposto
pelo INSS, a fim de manter a decisão recorrida por seus próprios fundamentos no que pertine às razões recursais, devendo dar continuidade ao feito com as RPV já expedidas. Outrossim, caso seja dado provimento ao Agravo de Instrumento, impende deixar prequestionadas eventuais violações aos dispositivos constitucionais e às legislações infraconstitucionais acima mencionados, com o fito único de viabilizar o ingresso à via recursal junto aos tribunais superiores, quais sejam o Colendo Superior Tribunal de Justiça e o Egrégio Supremo Tribunal Federal.
Nestes termos, Pede deferimento. Curitiba/PR, data do protocolo eletrônico.