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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DESEMBARGADOR(A) RELATOR(A) DA

PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO COMERCIAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA

PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO - IDOSO

PEDIDO DE PROSSEGUIMENTO DO FEITO

AUTOS: 4012712-52.2016.8.24.0000
AUTOR: AMÂNCIO CARLOS MARTINS 
RÉU: BANCO DO BRASIL SA

A ORA PARTA AUTORA, já devidamente qualificada nos autos em


epígrafe, por seu advogado e procurador infra-firmado, em Razão do Agravo de
Instrumento interposto às fls., interpor AGRAVO INTERNO com pedido de
reconsideração da decisão que suspendeu o prosseguimento do feito, ao
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA,
conforme razões inclusas. Corridos os trâmites legais, requer seja apreciado o
presente Agravo, nos moldes do artigo 1.021 do Código de Processo Civil/2015,
reformando-se inteiramente a r. decisão.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Florianópolis/SC, 21 de agosto de 2017.

Evandro José Lago


OAB/SC 12.679
A COLENDA CÂMARA

PELO AGRAVANTE: AMÂNCIO CARLOS MARTINS

E. DESEMBARGADORES

Interpôs o Banco réu, Recurso de Agravo de Instrumento, contra


decisão que acolheu em parte o cumprimento de sentença. Ocorre que, o Nobre
Relator do processo determinou a suspensão do presente Recurso com base no
Recurso Extraordinário n.  626.307/SP.

No entanto, o ora Agravante, entende data vênia, ao Ilustre Relator,


em que pesem suas r. argumentações, laborou em gritante equívoco ao assim
despachar, devendo a decisão garreada ser reformada por este Ínclito Colegiado,
consoante as razões abaixo esposadas e o uníssono entendimento do Egrégio
Superior Tribunal de Justiça.

Sendo assim Excelências, a decisão agravada deve reconsiderada


in totum, eis que se mantida for, acarretará danos irreversíveis ao agravante.
DAS RAZÕES DA REFORMA

DOS JUROS REMUNERATÓRIOS E DA CORREÇÃO MONETÁRIA

De igual forma, aduz a parte Impugnante ser indevida a pretensão de juros


remuneratórios sobre os saldos existentes nas contas poupanças no período em discussão;

Assim, pela sentença coletiva, ora executada, restou reconhecido a incidência da


correção monetária e juros remuneratórios contratuais, porquanto visam remunerar a poupança,
integrando o principal e não se confundindo com os juros ou prestação acessória. Ademais, há de
considerar que durante todo o tempo os valores estiveram à disposição da Instituição Financeira
Ré, logo, são devidos;

Desse modo, uma vez afastada a prescrição e declarado o direito à correção


monetária e juros remuneratórios na Ação Civil Pública, tal argumentação não deve ser renovada
no presente processo, pois este somente requer o “cumpra-se” da decisão, sendo incabível a
rediscussão da matéria;

Destaca-se o entendimento do Tribunal do Distrito Federal:

(...) DOS JUROS REMUNERATORIOS Outro deve ser o raciocinio


quanto aos juros remuneratorios, em que pese nao haver condenacao
expressa nesse sentido. Tendo em vista a natureza dos valores
depositados em caderneta de poupanca, e consequencia logica sua
incidencia mensalmente sobre o montante depositado. Vale lembrar a
distinta finalidade dos juros remuneratorios e da correcao monetaria.
Enquanto a correcao preserva o valor do capital, os juros
remuneratorios sao os frutos obtidos pelo poupador, mediante
manutencao de valores em conta poupanca. Dessa forma, sao devidos
juros remuneratorios de 0,5%, incidentes mes a mes sobre as
diferencas devidas. Nesse sentido, os
precedentes: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. EXPURGOS INFLACIONARIOS. JUROS
REMUNERATORIOS/CONTRATUAIS. ACAO CIVIL PUBLICA. A PADECO.
COISA JULGADA. INEXISTENCIA. PROVIMENTO. 1. E possivel, em acao
ordinaria, a cobranca de juros remuneratorios, mensais e
capitalizados, por todo o periodo, sobre os indices creditados a menor
nas cadernetas de poupanca nos meses de junho/87 e janeiro/89, pois,
quanto aquela verba, inexiste coisa julgada em razao de acao civil publica
movida pela Apadeco. (EDcl no REsp 1135181/PR, Rel. Ministro JOAO
OTAVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 09/08/2011, DJe
19/08/2011) 2. Agravo regimental provido. (AgRg no Ag 1098926/PR, Rel.
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em
18/04/2013, DJe 09/05/2013) AGRAVO DE INSTRUMENTO.
CUMPRIMENTO DE SENTENCA. CARDENETA DE POUPANCA.
EXPURGOS INFLACIONARIOS. PLANOS ECONOMICOS. JUROS
REMUNERATORIOS. CABIMENTO. PRECEDENTES DO E. STJ E TJDFT.
ART. 475-J. IMPUGNACAO. AUTONOMIA. NOVA DEMANDA. FIXACAO
DE HONORARIOS PELO JUIZ. DECISAO REFORMADA. 1. Consoante
entendimento desta C. Corte, os juros remuneratorios de conta
poupanca, incidentes mensalmente e capitalizados, agregam-se ao
capital, assim como a correcao monetaria, perdendo, pois, a natureza
de acessorios (...). (AgRg no Ag 1013431/RS, MIN. RAUL ARAUJO FILHO,
QUARTA TURMA, DJe 18/06/2010). 2. Os juros remuneratorios,
porquanto fazem parte da essencia do contrato de caderneta de
poupanca sao devidos, uma vez que o consumidor deixa seu capital ali
depositado na expectativa de receber em troca exatamente os juros
remuneratorios devidos pelo deposito. 3. Nao tendo a sentenca
exeqUenda, em sua parte dispositiva, estabelecido a forma da atualizacao
monetaria do debito, a melhor exegese e que as diferencas de correcao
suprimidas devem ser atualizadas pelos juros remuneratorios legalmente
fixados, ou seja, no percentual de 0,5% (meio por cento) ao mes ou 6%
(seis por cento) ao ano, de forma capitalizada, a partir de quando se
tornaram devidas, acrescidas de juros moratorios desde a citacao.
Entendimento esse, inclusive, ja firmado pelo c. STJ e por este Tribunal de
Justica. 4. Sempre que nao houver o pagamento espontaneo pelo devedor
do montante fixado na condenacao, a teor do previsto no art. 475 -J, do
CPC, e, independentemente de apresentacao de impugnacao, e cabivel o
arbitramento de honorarios advocaticios (Resp nº 1.028.855/SC, Relatora
Ministra Nancy Andrighi, Corte Especial, julgado em 27/11/2008, DJe
5/03/2009). 4. Recurso conhecido e provido. (Acordao n.680777,
20130020037079AGI,
Relator: ALFEU MACHADO, 1ª Turma Civel, Data de Julgamento:
29/05/2013, Publicado no DJE: 04/06/2013. Pag.: 62) DOS JUROS
MORATORIOS De outra parte, correta a incidencia dos juros moratorios
desde a citacao na acao civil publica coletiva, pois de acordo com o
art. 397 do Codigo Civil "o inadimplemento da obrigacao, positiva e
liquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor",
sendo certo que os juros moratorios contam-se a partir da citacao
inicial, segundo o teor do art. 405 do mesmo diploma legal. Ante o
exposto, REJEITO a presente impugnacao. Mantenho os honorarios fixados
por ocasiao do inicio do cumprimento de sentenca (fl. 119). Operada a
preclusao recursal, expeca-se alvara de levantamento em favor da parte
autora da quantia depositada a fl. 125, intimando-a para retira-lo em cartorio
e requerer o que entender de direito, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de
extincao. Intimem-se. (TJDF - 2014.01.1.167726-3 /02/2015 as 15h39.
Wagner Pessoa Vieira, Juiz de Direito)

Com efeito, pela sentença coletiva de consumo, que ora se requer o cumprimento,
já restou definida a forma pela qual o cálculo deverá ser elaborado, compreendendo os juros
remuneratórios, correção monetária e juros de mora, tudo na forma do seguinte julgado que
melhor ilustra o caso sub judice:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS.


POUPANÇA. TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL. AÇÃO COLETIVA.
ABRANGÊNCIA NACIONAL DA DECISÃO. DOMICÍLIO DO AUTOR.
COMPETENTE. LEGITIMIDADE. A decisão proferida nos autos da
ação civil pública nº 16.798-9/98 constitui título judicial hábil a embasar
execuções individuais em todo o território nacional, já que a abrangência
nacional do julgado restou reconhecida na própria decisão.
Desnecessária, ademais, prova da vinculação da parte autora ao IDEC.
Destaca-se que eventual decisão em sentido contrário representaria
ofensa à coisa julgada material. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA.
DESNECESSIDADE. Não é obrigatória a prévia liquidação de sentença
se o pedido de cumprimento atende à regra do art. 475-B, do CPC.
EXECUÇÃO INDIVIDUAL. PRESCRIÇÃO. AFASTADA. O beneficiário da
ação coletiva tem o prazo de cinco anos para ajuizar execução
individual, contados a partir do trânsito em julgado da sentença, e o
prazo de vinte anos para o ajuizamento da ação de conhecimento
individual, contados dos pagamentos a menor da correção monetária
exigida em função de planos econômicos. A decisão é da Quarta
Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ, REsp 1.275.215), ao
apreciar recurso interposto pela Caixa Econômica Federal (CEF) contra
poupador que teve correção de expurgos inflacionários assegurada em
ação civil pública. No caso, a sentença transitou em julgado em 27-10-2009.
Assim, não está prescrito o pedido de cumprimento individual.
CADERNETAS DE POUPANÇA. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS.
PRESCRIÇÃO. DECADÊNCIA. AFASTAMENTO. Resta pacificado na
jurisprudência que se aplica o prazo de vinte anos para a prescrição das
ações que discutem os critérios de remuneração das cadernetas de
poupança, inclusive no que se refere aos juros remuneratórios e
correção monetária incidentes, conforme previsto nos artigos 177 do
Código Civil de 1916 e 2.028 do Código Civil de 2002. Inaplicáveis,
ademais, os prazos a que se referem os arts. 26 e 27 do Código de
Defesa do Consumidor. CORREÇÃO MONETÁRIA. A atualização das
diferenças creditadas a menor deve ocorrer pelos índices oficiais de
correção monetária das cadernetas de poupança. Assim, a correção
monetária do valor da condenação deverá ser efetuada com base nos
mesmos índices incidentes a partir do primeiro período reclamado,
sucessivamente adotados como indexadores dos saldos depositados
em caderneta de poupança. JUROS REMUNERATÓRIOS. Quanto aos
juros remuneratórios, o reconhecimento das diferenças de correção dos
valores depositados implica a incidência de juros sobre elas, no
percentual de 0,5% ao mês, capitalizados mensalmente, desde a data em
que surgiu a diferença remuneratória da poupança do autor até a data
do efetivo pagamento. Portanto, são devidos a título de compensação
pelo capital depositado, que esteve à disposição da instituição financeira e
que deve ser remunerado. JUROS MORATÓRIOS A CONTAR DA
CITAÇÃO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CABIMENTO. Com relação aos
juros moratórios, ressalto que são decorrentes do não cumprimento
integral da obrigação, motivo pelo qual devem incidir no percentual de 1%
ao mês, a contar da citação da ação civil pública, nos termos do art. 406 do
Código Civil, c/c art. 161, § 1º do Código Tributário Nacional.
EXCESSO DE EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. Por
outro lado, observo que o excesso de execução não foi corretamente
fundamentado no recurso, pois a parte agravante não demonstrou as
irregularidades do cálculo, e, tampouco, referiu quais os índices
entende como corretos. SOBRESTAMENTO. Por fim as decisões
proferidas no STF, nos autos dos Recursos Extraordinários nº 626307,
nº 591797 e nº 754.745, determinam a suspensão dos julgamentos de
mérito relativos aos expurgos inflacionários advindos do Plano Bresser,
Plano Verão, Plano Collor I e Plano Collor II, excepcionando os
recursos referentes a demandas em fase de instrução ou execução, o
que é o caso. Agravo de instrumento desprovido. (Agravo de Instrumento
n. 70054762174, Vigésima Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Jorge Maraschin dos Santos, Julgado em 31.07.2013)

De igual forma, consoante entendimento consolidado pelo o Tribunal de


Justiça de Santa Catarina, são aplicáveis ao caso vertente o Enunciados das Súmulas 32 e 37 do
TRF da 4ª Região, onde se incorporam ao cálculo de correção monetária dos créditos os expurgos
inflacionários posteriores e reajustes relativos ao IPC, pois visa-se a recomposição do poder de
compra da moeda;

TRF4: Súmula 32. No cálculo de liquidação de débito judicial, inclui-se i


índice de 42,72% relativo à correção monetária de janeiro de 1989;
TRF4: Súmula 37. Na liquidação de débito resultante de decisão judicial, incluem -
se os índices relativos ao IPC de março, abril e maio de 1990 e fevereiro de 1991;

Nesse sentido, por amostragem, colaciona-se o seguinte julgado do Tribunal


Catarinense:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DA SENTENÇA


PROLATADA EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CADERNETAS DE
POUPANÇA. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. DECISÃO QUE
REJEITOU A IMPUGNAÇÃO OFERTADA PELA INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA DEVEDORA. PRESCRIÇÃO. PRAZO VINTENÁRIO
PARA A PROPOSITURA DA AÇÃO DE CONHECIMENTO. EXEGESE
DO ART. 177 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916. CUMPRIMENTO
INDIVIDUAL DA SENTENÇA COLETIVA QUE OBEDECE REGRAS
PRÓPRIAS. ENUNCIADO DE SÚMULA N. 150 DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL QUE DEVE SER
CONTADO A PARTIR DO TRÂNSITO EM JULGADO DO DECISUM
PROLATADO NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUSPENSÃO DO FEITO ATÉ
SOLUÇÃO DEFINITIVA DA CONTROVÉRSIA. DECISÃO PROFERIDA
EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA, PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
IMPOSSIBILIDADE. (...) (TJSC, Agravo de Instrumento n.
2013.060265-3, de Maravilha, rel. Des. Artur Jenichen Filho, Julgado
em 29.11.2013)

Logo, em se tratando de débito judicial, a incorporam-se sobre a


atualização da moeda todos os expurgos inflacionários, no caso, subsequentes ao
reconhecido no Plano Verão, pois esses independem de novo comando judicial
consoante demonstrado. Assim, são devidas essas correções sobre o montante
devido.

PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO

Nestes termos, a decisão ora agravada, deve ser reconsiderada


para dar prosseguimento ao julgamento do recurso de Agravo de Instrumento.
CONHECIMENTO E PROVIMENTO

Outrossim, acaso não suceda a reconsideração, REQUER seja


colocado em mesa o presente agravo interno/pedido de reconsideração, dando pela
sua ADMISSÃO E CONHECIMENTO, ao fim de ser DADO PROVIMENTO e reforma
a r. decisão agravada, cassando a decisão suspendeu o feito, na forma legal.

Diante o exposto, requer que seja recebido o presente Agravo, para


que seja o Agravo de Instrumento julgado, na conformidade da lei.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Florianópolis/SC, 21 de agosto de 2017.

Evandro José Lago


OAB/SC 12.679

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