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DLG Advocacia

Cível, Previdenciário e Trabalhista


Daniel De Luca Gonçalves – OAB/SC 22.677
Gislane Chechetto - OAB/SC 21.829

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ FEDERAL DA 04ª


VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CRICIÚMA, SEÇÃO
JUDICIÁRIA DO ESTADO DE SANTA CATARINA

AÇÃO ORDINÁRIA: 5004271-17.2012.404.7204


AUTORES: ADEMIR MARQUES E OUTROS
RÉU: CAIXA SEGURADORA S/A E OUTRO

OS AUTORES, oportunamente qualificados nos autos em epígrafe, que


movem contra os RÉUS, também qualificados, vêm por intermédio de seu
procurador, perante a elevada presença de Vossa Excelência, irresignados
com a respeitável sentença proferida, interpor RECURSO DE APELAÇÃO,
cujas razões seguem em anexo e fazem parte da peça processual. Assim, por
próprio e tempestivo, requer-se seja conhecido e remetido ao Egrégio Tribunal
Regional Federal da 04ª Região com as cautelas de estilo.
Informa a ausência Guia de Recolhimento Judicial, referente ao preparo
do presente Recurso de Apelação, em razão dos benefícios da justiça gratuita,
deferido nos autos.

Nesses termos,
Pedem deferimento.

Criciúma/SC, 28 de fevereiro de 2024.

DANIEL DE LUCA GONÇALVES


OAB/SC 22.677
Av. Getúlio Vargas, nº 372 – Sala nº 65 – Ed. Milano – Centro – Criciúma – CEP: 88.801-500
Tel: (48) 3434-4620
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(Assinado Digitalmente)
RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO

COLENDA TURMA,
NOBRES JULGADORES

Os apelantes ajuizaram a presente ação pretendendo a condenação das


apeladas ao pagamento do montante necessários ao reparo de seus imóveis
(seguro habitacional), bem como da multa decendial.
A sentença guerreada extinguiu o processo sem julgamento do mérito.
A respeitável sentença a quo em que pese seus fundamentos, não pode
prosperar como entrega final da prestação jurisdicional, merecendo reforma
por esse e. Tribunal.

DO PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO

INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA – ART. 113, CPC


INTERESSE DA CAIXA NÃO DEMONSTRADO

A sentença guerreada estabeleceu que: “Da mesma forma, os mesmos


elementos de convicção apontam que a maioria dos autores, em
realidade, não são mutuários originais do contrato firmado com a
cláusula securitária obrigatória (ramo 66).”
Ora, se a maioria dos apelantes, em realidade, não são mutuários
originais do contrato firmado com a cláusula securitária obrigatória (ramo 66),
não restou demonstrado nos autos o interesse da CEF, carecendo essa
especializada de competência para julgar o feito.
O c. Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos EDcl nos EDcl no
Recurso Especial Repetitivo n.º 1.091.393/SC (Relª. p/ Acórdão Minª.
Nancy Andrighi, DJe de 14/12/2012), processado nos moldes do art. 543-C
do CPC, firmou entendimento no sentido de que "o ingresso da CEF na lide
somente será possível a partir do momento em que a instituição
financeira provar documentalmente o seu interesse jurídico, mediante
demonstração não apenas da existência de apólice pública, mas também
do comprometimento do FCVS, com risco efetivo de exaurimento da
reserva técnica do Fundo de Equalização de Sinistralidade da Apólice –
FESA", nos termos da seguinte ementa:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL. SFH. SEGURO. AÇÃO


INDENIZATÓRIA. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.
INTERESSE. INTERVENÇÃO. LIMITES E CONDIÇÕES.
INCIDENTE DE PROCESSO REPETITIVO. ART. 543-C DO
CPC. 1. Nas ações envolvendo seguros de mútuo
habitacional no âmbito do Sistema Financeiro Habitacional
– SFH, a Caixa Econômica Federal – CEF – detém interesse
jurídico para ingressar na lide como assistente simples
somente nos contratos celebrados de 02.12.1988 a
29.12.2009 – período compreendido entre as edições da Lei
nº 7.682/88 e da MP nº 478/09 – e nas hipóteses em que o
instrumento estiver vinculado ao Fundo de Compensação
de Variações Salariais – FCVS (apólices públicas, ramo 66).
2. Ainda que compreendido no mencionado lapso
temporal, ausente a vinculação do contrato ao FCVS
(apólices privadas, ramo 68), a CEF carece de interesse
jurídico a justificar sua intervenção na lide. 3. O ingresso
da CEF na lide somente será possível a partir do momento
em que a instituição financeira provar documentalmente o
seu interesse jurídico, mediante demonstração não apenas
da existência de apólice pública, mas também do
comprometimento do FCVS, com risco efetivo de
exaurimento da reserva técnica do Fundo de Equalização
de Sinistralidade da Apólice – FESA, colhendo o processo
no estado em que este se encontrar no instante em que
houver a efetiva comprovação desse interesse, sem
anulação de nenhum ato anterior. 4. Evidenciada desídia
ou conveniência na demonstração tardia do seu interesse
jurídico de intervir na lide como assistente, não poderá a
CEF se beneficiar da faculdade prevista no art. 55, I, do
CPC. 5. Na hipótese específica dos autos, tendo o Tribunal
Estadual concluído pela ausência de vinculação dos
contratos de seguro ao FCVS, inexiste interesse jurídico da
CEF para integrar a lide. 6. Embargos de declaração
parcialmente acolhidos, com efeitos infringentes.

No caso dos autos, não se tem notícia da comprovação documental do


interesse jurídico, mediante demonstração não apenas da existência de
apólice pública, mas também do comprometimento do FCVS, com risco
efetivo de exaurimento da reserva técnica do Fundo de Equalização de
Sinistralidade da Apólice – FESA.
Ainda assim, o c. Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos AGRG
NO RECURSO ESPECIAL Nº 1.170.942, decidiu que “a competência segue
o princípio da perpetuatio iurisdictionis, valendo dizer que proposta a
ação, a modificação legislativa posterior, como a edição da Lei n.
12.409/2011, que não suprimiu órgão judicante, ou não alterou a
competência em razão da matéria, ou da hierarquia, é indiferente para
modificar o juízo processante”.
Isso é o que dispõe o art. 87 do CPC, in verbis:

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Art. 87 - Determina-se a competência no momento em que


a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do
estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente,
salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a
competência em razão da matéria ou da hierarquia.

No caso dos autos a ação foi proposta antes da edição da Lei


12.409/211, não devendo aplicar as disposições/alterações introduzidas pela
referida Lei.
Assim sendo, requer-se que seja dado provimento ao recurso, para
reconhecer a incompetência da Justiça Federal para julgar o feito, determinado
retorno dos autos a Justiça Estadual competente, nos termos do art. 113, CPC.
Prequestiona-se, para fins de eventual recurso a Corte Superior,
ofensa direta e literal ao art. 113 do CPC.

EXTINÇÃO DA COBERTURA PELA QUITAÇÃO DO IMÓVEL

A sentença guerreada extinguiu o processo sem julgamento do mérito,


por ausência por ausência de condições da ação (CPC, art. 267, VI), tendo em
vista que houve a liquidação do contrato de financiamento em questão.
O simples fato de ter havido a liquidação do contrato de financiamento,
não retira a responsabilidade da seguradora em indenizar os prejuízos que
existem na residência do apelante.
O sinistro, conforme a apuração da perícia, se concretizou na vigência
do financiamento habitacional e ao tempo, pois, da cobertura securitária (vício
construtivo), o que torna totalmente irrelevante o fato de ter havido a liquidação
do contrato de financiamento habitacional, com a escrituração definitiva do
imóvel financiado em favor do apelante.
Outrossim, o fato de haver sido satisfeito integralmente o mútuo
habitacional contraído pelo apelante, com a consequente aquisição, pelo
mesmo, da propriedade do imóvel adquirido com recursos do Sistema
Financeiro da Habitação, não lança os pretendidos reflexos sobre a legitimação
ativa do apelante, quando, à época da eclosão dos danos físicos que
assolaram o bem, como resulta claro da prova pericial, demonstrado que
ocorrem danos e se agravaram quando estava em vigor o contrato de mútuo
habitacional e, pois, diante da cobertura securitária contratada.
Sobre o tema já decidiu o e. Tribunal de Justiça de Santa Catarina, cujas
ementas dos julgados citamos:

SEGURO HABITACIONAL. IMÓVEIS FINANCIADOS PELO


SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. FALHAS

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CONSTRUTIVAS. DANOS REPARÁVEIS. QUITAÇÃO DE


ALGUNS IMÓVEIS. IRRELEVÂNCIA. [...]
[...]
Vigente o seguro habitacional à época do sinistro que abalou
as estruturas dos bens financiados, não lança qualquer reflexo
sobre a obrigação ressarcitória da seguradora habitacional a
posterior quitação dos imóveis ou de alguns deles (TJSC, Ap.
Cív. n. 99.006427-1, de Joinville, j. 23-9-1999).

ILEGITIMIDADE ATIVA 'AD CAUSAM'. AUTORES CUJOS


IMÓVEIS JÁ FORAM QUITADOS. SEGURO HABITACIONAL,
ENTRETANTO, EM VIGÊNCIA QUANDO DO SINISTRO.
PRELIMINAR ARREDADA.
Manifestado o sinistro que abalou as estruturas dos imóveis
financiados quando em vigor o seguro habitacional, a posterior
quitação de alguns dos bens sinistrados não tem o alcance de
eximir o dever da seguradora de reparar os prejuízos
experimentados pelos proprietários (TJSC, Ap. Cív. n.
2007.047151-6, de Abelardo Luz, j. 12-5-2008).

Verificado o sinistro no curso do financiamento habitacional


concedido ao adquirente do imóvel, a posterior quitação do
contrato não libera a seguradora da obrigação de, nos limites
da cobertura avençada, prestar ao mutuário a correspondente
indenização (TJSC, AI n. 2011.086219-8, de Itajaí, j. 27-6-
2013).

Irrelevante é a quitação do contrato de financiamento


habitacional posteriormente à ocorrência do sinistro, com essa
quitação não liberando a seguradora de, nos limites da
cobertura avençada, prestar ao mutuário a correspondente
indenização (TJSC, AI n. 2012.089756-5, de Lages, j. 11-7-
2013).

RESPONSABILIDADE OBRIGACIONAL. SEGURO


HABITACIONAL (SFH). PLEITO ACOLHIDO. INSURGÊNCIA
DE AMBAS AS PARTES. 1 AGRAVO RETIDO
ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. SEGURADORA
DEMANDADA QUE NÃO MAIS OPERA NA MODALIDADE DE
SEGURO TRATADA NOS AUTOS. IRRELEVÂNCIA NA
HIPÓTESE. Coincidente a gênese do sinistro que afeta o
imóvel popular do qual é proprietário o autor com o período em
que a acionada à época em que a demandada era a
responsável pelo respectivo seguro habitacional, cujos prêmios
foram por ela recebidos, a sua posterior substituição como
seguradora líder dessa modalidade securitária não tem o
condão de liberá-la da obrigação de arcar com a reparação dos
prejuízos sofridos pelo mutuário. CONDIÇÃO DE SEGURADO
DO AUTOR. FALTA DE COMPROVAÇÃO. IMÓVEL QUITADO.
CIRCUNSTÂNCIA QUE NÃO ARREDA A LEGITIMAÇÃO DO
POSTULANTE PARA A CAUSA. Em tema de seguro
habitacional, a quitação do imóvel segurado não implica na
isenção do dever de prestar ao mutuário a indenização pelos
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danos físicos que assolam a construção, quando esses danos


remontam à data da própria contratação do mútuo. [...]
(TJSC, Apelação Cível n. 2013.033055-6, de Joinville, rel. Des.
Trindade dos Santos, j. 03-10-2013).

Assim sendo, há possibilidade jurídica do pedido, legitimidade do


apelante e interesse processual, devendo ser reformada a sentença guerreada.
Prequestiona-se, para fins de eventual recurso a Corte Superior,
ofensa direta e literal ao art. 3º e o art. 267, VI, ambos do CPC.

LEGITIMIDADE ATIVA – “GAVETEIROS”

A sentença guerreada extinguiu o processo sem julgamento do mérito,


por reconhecer a ilegitimidade ativa dos apelantes, pois “Da mesma forma, os
mesmos elementos de convicção apontam que a maioria dos autores, em
realidade, não são mutuários originais do contrato firmado com a
cláusula securitária obrigatória (ramo 66).”
O artigo 3º, CPC dispõe que “para propor ou contestar ação é
necessário ter interesse e legitimidade.”
Diferentemente do sustenta na sentença, os apelantes tem interesse e
legitimidade para propor a presente ação.
Os apelantes adquiriram os imoveis, por intermédio de contrato de
compra e venda, subrrogando-se no direito ao seguro habitacional do
proprietário primitivo.
Isso porque o seguro é para o imóvel e não para a pessoa.
Nesse sentido, citamos a decisão do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina:

[...]
O adquirente de imóvel, por intermédio de contrato de
compra e venda, subrroga-se no direito ao seguro
habitacional do proprietário primitivo, o que o legitima
constar no pólo ativo de ação na qual se busca a
indenização necessária aos reparos da estrutura do bem
segurado.
[...] (TJSC, Ap. Cív. n. 2010.078003-7, de São Joaquim, rel.
Des. Eládio Torret Rocha, j. 10-2-2011).

Também nessa orientação, transcrevemos trecho do acórdão relatado


pelo Des. Sérgio Izidoro Heil, no julgamento da Ap. Cív. n. 2012.009889-9, j.
25-5-2013, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina:

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Os contratos de seguro ora discutidos, embora ligados aos


financiamentos realizados com o agente financeiro, tratam
de garantir a integridade dos bens imóveis
financiados/segurados e não dos contratantes. O fato de
terem sido transferidos a outro proprietário não retira dos
imóveis a garantia securitária (Ap. Cív. n. 2012.009889-9, j.
25-5-2013).

O contrato de seguro obrigatório se refere ao bem imóvel e não às


pessoas que ajustaram o financiamento habitacional. Desta forma, o pacto
securitário acompanha o bem, independentemente de quem exerça a posse
sobre ele.
Do Superior Tribunal de Justiça, colhe-se o seguinte julgado análogo:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.


FINANCIAMENTO DE IMÓVEL PELO SFH. COBERTURA
PELO FCVS. CESSÃO DE DIREITOS CELEBRADA SEM A
INTERVENÇÃO DA ENTIDADE FINANCEIRA. "CONTRATO
DE GAVETA".
LEGITIMIDADE DO CESSIONÁRIO PARA PROPOSITURA
DE AÇÃO REVISIONAL.
I - "O adquirente de imóvel através de "contrato de gaveta",
com o advento da Lei 10.150/200, teve reconhecido o
direito à sub-rogação dos direitos e obrigações do contrato
primitivo. Por isso, tem o cessionário legitimidade para
discutir e demandar em juízo questões pertinentes às
obrigações assumidas e aos direitos adquiridos" (REsp nº
705231/RS, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJ de 16.05.2005).
II - Recurso especial provido.
(REsp 888.572/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 05.12.2006, DJ 26.02.2007 p.
566).

Logo, o contrato de gaveta é perfeitamente legal, cumpre todos os


requisitos legais que lhe asseguram a validade e, portanto, o gaveteiro pode
pleitear seus direitos da mesma forma que o mutuário original, devendo a
sentença ser reformada, reconhecendo a legitimidade do apelante.
Prequestiona-se, para fins de eventual recurso a Corte Superior,
ofensa direta e literal ao art. 3º, CPC.

DO SEGURO HABITACIONAL

Ainda assim, a sentença estabeleceu que:

Não fosse isso, a produção da prova pericial (eventos 265


e 298) evidenciou que os danos físicos encontrados no
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imóvel da autora não estão cobertos pelo seguro


habitacional, por se tratarem de vícios internos, da própria
construção, o que, a par da cláusulas contratuais do
seguro, leva à conclusão de se tratar de evento não
coberto pelo pacto adjeto.”

Em que pese o sustentado, o seguro habitacional foi criado no Sistema


Financeiro de Habitação com a propósito de possibilitar empréstimos às
pessoas mais carentes da população, assegurando, consequentemente, o
retorno dos recursos investidos ao sistema para a consecução de seu objetivo
de proporcionar oportunidades de aquisição da casa própria.
A apólice de seguro habitacional passou a ser obrigatória para que a
cobertura do saldo devedor, nos casos de morte e/ou invalidez permanente do
mutuário e para arcar com os prejuízos decorrentes de danos materiais nos
imóveis.
Esse seguro tem uma finalidade muito importante, de garantir a
integridade do imóvel e a quitação da dívida em caso de uma eventualidade
prevista na apólice.
Não obstante, é precisar esclarecer que ao caso concreto devem-se
aplicar as regras dispostas no Código de Defesa do Consumidor.
As atividades desenvolvidas pelas Companhias Seguradoras se
enquadram na expressão "fornecedor", tal como disposto no caput do artigo
3º, do Código de Defesa do Consumidor.
Ousamos divergir do julgado, pois a atividade securitária está abrangida
pelo Código de Defesa do Consumidor, conforme dispõe o artigo 3º, parágrafo
2º, do Código Consumerista. Diante de tal dispositivo, verifica-se a
aplicabilidade do Código de Proteção do Consumidor aos contratos de seguro,
cujo teor citamos:

Art. 3° ...
...
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Conforme Jurisprudência dominante do STJ, a aplicação do Código de


Defesa do Consumidor nas ações quanto à responsabilidade indenizatória
oriunda do seguro adjeto ao mútuo hipotecário é unânime.
Acerca do assunto, colacionamos os precedentes:

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO (ART. 544, CPC) -


AÇÃO DE INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA - AUSÊNCIA DE
INTERESSE DA CEF POR INEXISTIR LESÃO AO FCVS -
RESPONSABILIDADE DA SEGURADORA PELOS VÍCIOS
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DA CONSTRUÇÃO - APLICABILIDADE DO CDC - MULTA


DECENDIAL CORRETAMENTE APLICADA - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO AGRAVO
EM RECURSO ESPECIAL. IRRESIGNAÇÃO DA
SEGURADORA.
1. Para infirmar o acórdão recorrido, quanto ao tipo da
apólice objeto do financiamento, seria necessário o
reexame do contrato de financiamento habitacional, pois
não foi juntado aos autos, atraindo, na hipótese, os óbices
insculpidos nos enunciados das Súmulas 05 e 07 do STJ.
2. Nos contratos de seguro habitacional obrigatório sob a
égide das regras do Sistema Financeiro da Habitação, as
seguradoras são responsáveis quando presentes vícios
decorrentes da construção, não havendo como se
sustentar o entendimento de que haveria negativa de
vigência do art. 1.460 do antigo Código Civil.
3. Aplica-se a legislação consumerista às relações regidas
pelo SFH, inclusive aos contratos de seguro habitacional,
porque delas decorre diretamente.
4. A multa decendial pactuada para o atraso do pagamento
da indenização é limitada ao montante da obrigação
principal.
5. Agravo regimental desprovido." (AgRg no AREsp
189.388/SC, Quarta Turma, Rel. Min. MARCO BUZZI, DJe de
23/10/2012)

RECURSOS ESPECIAIS. AUSÊNCIA DE


PREQUESTIONAMENTO. OMISSÃO NO ACÓRDÃO.
IMPRESCINDÍVEL A OPOSIÇÃO DOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO, A FIM DE SANAR EVENTUAIS VÍCIOS.
SEGURO HABITACIONAL. ALCANCE DA COBERTURA.
MATÉRIA DECIDIDA COM BASE NAS PROVAS DOS
AUTOS E INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL.
SUMULAS 5 E 7/STJ. A MULTA DECENDIAL LIMITA-SE AO
VALOR DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.
1. À falta do prequestionamento, não há como analisar as
assertivas de violação dos arts. 178, § 6º, II, do CPC; 1.062,
1457 e 1460 do CC/16.
Imprescindível, no caso, a oposição dos embargos de
declaração, para suprir as omissões do acórdão.
2. Havendo as instâncias ordinárias interpretado as
cláusulas contratuais e as provas dos autos para concluir
pela existência da cobertura dos vícios de construção, não
há como infirmar tais fundamentos sem incorrer nas
vedações contidas nos enunciados nºs 5 e
7/STJ.
3. De todo modo, é orientação pacífica nesta Corte que a
seguradora é responsável quando presentes vícios
decorrentes da construção, não havendo como se
sustentar o entendimento de que assim examinada a
questão haveria negativa de vigência do art. 1.460 do
antigo Código Civil.

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4. A multa decendial pactuada para o atraso do pagamento


da indenização limita-se ao valor da obrigação principal.
Recurso conhecido, em parte, e provido." (REsp
186.571/SC, Quarta Turma, Rel. Min. LUIS FELIPE
SALOMÃO, DJe de 1º/12/2008)

Logo, a contratação do seguro em relação aos imóveis sinistrados é


incontroversa, tendo em vista que todos foram financiados junto à COHAB/SC
com recursos da CEF, possuindo, dessa forma, a cobertura securitária
almejado, que era obrigatória e adjeta à contratação do financiamento.
Portanto, latente a existência de uma relação de consumo entre a
seguradora e o segurado-mutuário, sendo que a primeira é fornecedora na
modalidade de prestação de serviços, e o segurado-mutuário como
consumidor, na condição de destinatário final, aplicando-se as disposições do
referido Código.
Diante disso, no contrato de seguro a interpretação e sua aplicação
devem observar as normas do Código de Defesa do Consumidor, motivo pelos
quais as cláusulas que prejudicam o direito do segurado-mutuário têm que
serem interpretadas de forma mais favorável a ele, por ser a parte
hipossuficiente na relação existente, podendo, portanto, serem tais cláusulas
abusivas e nulas de pleno direito.
Nos contratos de seguro habitacional vige o princípio do risco integral.
Nesta senda, a existência de cláusula que particulariza os riscos cobertos não
deve ser considerada exaustiva, mas meramente exemplificativa.
Além do mais, é um típico contrato de adesão, sendo imposto ao
segurado-mutuário sem a mínima possibilidade de discussão sobre suas
cláusulas e condições, merecendo ser interpretado na forma mais favorável à
parte que o adere, o segurado-mutuário.
O artigo 757, do Código Civil estabelece que “pelo contrato de seguro,
o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir
interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra
riscos predeterminados.”
Os sinistros constatados decorrem de vícios construtivos, portanto são
contemporâneos à vigência das respectivas apólices de seguro.
Já o artigo 423, do Código Civil estabelece que “quando houver no
contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á
adotar a interpretação mais favorável ao aderente.”
Aliado a isso, o artigo 47, do CDC, dispõe que “as cláusulas
contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao
consumidor”.
Porém isso não ocorreu nos autos, tendo em vista que a sentença
recorrida negou o pedido securitário, pois interpretou o contrato de forma
desfavorável, mesmo reconhecendo as cláusulas ambíguas ou contraditórias
do mesmo.

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A cláusula 3.1 do capítulo das Condições Particulares para os


Riscos de Danos Físicos prevê cobertura para as hipóteses de incêndio,
explosão, desmoronamento total ou parcial, ameaça de desmoronamento,
destelhamento e inundação ou alagamento, danos decorrentes de causas
externas.
Ainda assim, não há qualquer previsão de exclusão da cobertura pelos
danos acarretados por vício de construção dos imóveis.
Aliás, a cláusula 3 do Anexo 12 da Apólice de Seguro Habitacional
do SFH para danos físicos prevê, na hipótese de ser constatada a existência
de vícios construtivos, como fato gerador do sinistro, que pague-se os danos e
apure-se a responsabilidade de terceiros.
Dessa forma, reconhecidos os danos por meio de laudo pericial, que
concluiu ter aqueles sido acarretados por vício de construção e risco de
desmoronamento parcial e/ou total, é função da seguradora providenciar a sua
devida indenização, devendo a sentença ser reformada, para julgar totalmente
procedente o pedido inicial, bem como da multa decendial.
Prequestiona-se, para fins de eventual recurso a Corte Superior,
ofensa direta e literal aos arts. 423 e 757 e seguintes do Código Civil/2002
e aos arts. 3º, § 2º, e 47 do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº
8.078/90).

HONORÁRIOS SUCUMBÊNCIA E CUSTAS

Quanto os honorários de sucumbência e as custas processuais assim


determinou a sentença guerreada:

Condeno os autores Edno da Rosa e Givaldo José Nunes


ao pagamento das custas processuais, dos honorários
periciais e de honorários advocatícios, estes ora fixados,
pro rata, em R$ 4.000,00 (quatro mil reais), atualizáveis a
partir da presente data pelo IPCA-E, considerando a
relativamente demorada tramitação da demanda, a sua
relativa importância, a necessidade de dilação probatória,
com a realização de exame pericial, a inexistência de
recursos incidentais, o zelo e a boa qualidade do trabalho
dos patronos das rés, tudo nos termos do art. 20, §§ 3º e
4º, do CPC.
A exigibilidade dos ônus da sucumbência ora impostos
aos autores resta suspensa, ante a concessão do benefício
da gratuidade em seu favor, na forma do art. 12 da Lei nº
1.060/50 (evento 11 - PROCAUTO5 - fl. 25).

Alterando-se o julgado, deve ser afastada a sucumbência, condenando-


se os apelados no pagamento da integralidade das custas processuais e a
pagar honorários de sucumbência, tendo em vista o grau de zelo do
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profissional e a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo


advogado e o tempo exigido para o seu serviço, nos termos art. 20, § 3º, do
CPC.
Sobre o tema o Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catariana já se
posicionou:

Em sentenças dotadas de eficácia condenatória


preponderante, devem os honorários advocatícios ser
fixados entre 10% e 20% sobre o valor da condenação,
atendidos, para tanto, o grau de zelo do profissional, o
lugar da prestação do serviço, a natureza e importância da
causa e o trabalho realizado pelo advogado e o tempo para
o seu serviço." (art. 20, § 3º, do Código de Processo Civil)
(Apelação Cível n. 2005.002449-0, de Lages, Rel. Des. Joel
Dias Figueira Júnior, j. 09/12/2008)

Destarte, requer-se a reforma do julgado para afastar a condenação dos


apelados em custas processuais e honorários de sucumbência, bem como seja
dado provimento ao recurso, condenando-se as apeladas no pagamento da
integralidade das custas processuais e a pagar honorários de sucumbência.

DO PEDIDO

ISTO POSTO, requerem o provimento total do presente recurso,


reformando-se a sentença para reconhecer a preliminar de incompetência
absoluta com remessa dos autos a Justiça Estadual competente e, superada a
preliminar, julgar totalmente procedente o pedido inicial.
Prequestiona-se para fins de interposição de Recursos as Cortes
Superiores todos os dispositivos de Lei e Constituição levantados.

Nesses termos,
Pedem deferimento.

Criciúma/SC, 28 de fevereiro de 2024.

DANIEL DE LUCA GONÇALVES


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(Assinado Digitalmente)

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