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AO JUÍZO DA VARA DAS FAZENDAS PÚBLICAS DA COMARCA DE GOIÂNIA

DO ESTADO DE GOIÁS

LAYANE APARECIDA FERREIRA CHAVES, brasileira,


professora, divorciada, inscrita no RG n. 4754426 e no CPF/MF 015.773.201-07,
nascida em 17 de março de 1987, residente à Rua 24, quadra 08, lote 09, Bairro
Bela Vista, Barro Alto-GO, CEP:76390-000, com endereço eletrônico
layanechaves@hotmail.com, Advogada inscrita na OAB n. 69.738, subscrevendo
esta em causa própria, vem, com máxima vênia, em atendimento ao respectivo
despacho de eventos, propor:

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

(AÇÃO CIVIL PÚBLICA, protocolo nº 5148959-81.2016.8.09.0051)

Em desfavor do ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de


direito público, com CNPJ 01.409.580/0001-38, podendo ser citado na pessoa de um
dos procuradores, no endereço sito à Praça Pedro Ludovico Teixeira, nº 03, Setor
Central, Goiânia/GO, CEP: 74.003-010, conforme fatos e fundamentos a seguir:
1 DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

A autora é servidora pública municipal, no cargo de


Agente de Educação Infantil, divorciada e mãe de três filhas menores. Ingressante
há menos de 1 (um) ano na Ordem dos Advogados do Brasil, não tendo, por tanto,
condições de arcar com as despesas deste processo sem prejuízo de seu sustento e
de sua família. Por esta razão, requer os benefícios da Justiça Gratuita, conforme
declaração anexa (anexo 2), em homenagem aos artigos 98 da Lei 13.105/2015 e 1º
da Lei 1.060/1950, as quais dispõem respectivamente:

“Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.”

“Art. 1º. Os poderes públicos federal e estadual, independente da


colaboração que possam receber dos municípios e da Ordem dos
Advogados do Brasil, - OAB, concederão assistência judiciária aos
necessitados nos termos da presente Lei.”

Desta forma, roga-se que sejam concedidos os benefícios


da justiça gratuita para bem da justiça. Na hipótese de dúvida e abertura de prazo
para a juntada de novos documentos comprobatórios para esta concessão, que
sejam especificados os pontos de dúvidas, objetivando o maior atendimento à
exposição dos fatos corroborantes a este deferimento.

2 DA COMPETÊNCIA

O STJ e o TJGO possuem entendimento pacificado


quando a possibilidade da execução individual de ações coletivas, incluindo a
competência para propositura da ação no domicilio do autor, conforme se observa:
“Agravo de Instrumento. Execução de Título Executivo Judicial.
Decisão que rejeitou Exceção de Pré-Executividade interposta pelo
Banco Executado. Agravante que alega que o juízo recorrido é
absolutamente incompetente para o feito e que os autos devem ser
remetidos ao arquivo provisório na forma do Aviso nº 81/2010 do
TJRJ. Liquidação e execução de sentença coletiva. Competência do
Juízo de Primeira Instância que se reconhece. Na execução de
sentença coletiva de matéria consumerista o consumidor pode
executar a sentença em seu domicílio nos casos em que esta tenha
efeito erga omnes. Precedentes desta Corte e do STJ. Interpretação
sistemática da Lei 7.347/85 e do CDCON. Facilitação da defesa do
consumidor. Inaplicabilidade do art. 475-P do CPC. Consumidor que
não foi o autor da ação de conhecimento. Aviso 81/2010 do PTJ.
Inaplicabilidade. O aviso prevê o sobrestamento dos feitos que
discutam cobrança de expurgos inflacionários advindos, em tese, dos
Planos Econômicos Bresser e Verão, mas não alcança as ações em
que houve trânsito em julgado. Decisão hostilizada que não merece
reparos. NEGO SEGUIMENTO AO RECURSO, nos termos do art.
557 do CPC, mantendo in totum a decisão vergastada.” (Ag. Instr.
0030050-53.2013.8.19.000; Rel. Des. Sirley Abreu Biondi, Décima
Terceira Câmara Cível; Jul. 25/06/2013).

ENTENDIMENTO DO TJGO:

A jurisprudência desta Corte de Justiça adota o mesmo entendimento,


in verbis: “CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA.
INEXISTÊNCIA DE CONEXÃO ENTRE A AÇÃO DE PRESTAÇÃO
DE CONTAS, AJUIZADA INDIVIDUALMENTE, E AÇÃO
CIVIL PÚBLICA. 1. No julgamento das ações coletivas lato sensu, a
demanda coletiva para defesa de interesses de uma categoria
convive de forma harmônica com ação individual para a proteção
desses mesmos interesses de forma particularizada, não havendo se
falar em conexão (art. 104, CDC). 2. Inexistindo pedido do autor para
a suspensão da ação individual até o julgamento da ação civil pública
em trâmite no juízo suscitante, não deve ser reconhecida sequer a
projeção de efeitos da ação civil pública na ação individual.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA CONHECIDO E ACOLHIDO.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO.” (TJGO, CONFLITO DE
COMPETENCIA 167956-93.2015.8.09.0000, Rel. DES. NORIVAL
SANTOME, 2ª SECAO CIVEL, julgado em 02/09/2015, DJe 1866 de
10/09/2015). “CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ALEGAÇÃO DE
CONEXÃO ENTRE A AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE
CONTAS, AJUIZADA INDIVIDUALMENTE, E AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. De acordo com o regime instituído pelo Código de Defesa
do Consumidor para julgamento das ações coletivas lato sensu, a
demanda coletiva para defesa de interesses de uma categoria
convive de forma harmônica com ação individual para a proteção
desses mesmos interesses de forma particularizada. Não havendo
pedido do autor da ação de prestação de contas para que esta fique
suspensa até o julgamento da ação civil pública em trâmite no juízo
suscitante, consoante autoriza o artigo 104 daquele Diploma Legal,
não deve ser reconhecida sequer a projeção de efeitos da ação civil
pública na ação individual. CONFLITO DE COMPETÊNCIA
CONHECIDO E ACOLHIDO.” (TJGO, CONFLITO DE
COMPETENCIA 289209-82.2014.8.09.0000, Rel. DES. FAUSTO
MOREIRA DINIZ, 2A SEÇÃO CÍVEL, julgado em 05/11/2014, DJe
1670 de 14/11/2014).

3 DA LEGITIMIDADE ATIVA

A parte exequente foi ocupante de função pública lotada


em unidade escolar vinculada a SEDUCE - Secretaria de Educação, Cultura e
Esporte do Estado de Goiás de fevereiro de 2014 a novembro do mesmo ano,
conforme demonstrado nos documentos junta a esta acostados, ocupando a função
de regência de aulas, logo, executando os serviços de magistério, fato este que
pode ser verificado com a declaração da diretora da unidade, devidamente assinada
e carimbada e as cópias dos boletins de frequências dos meses trabalhados anexas
a esta.

Logo a parte exequente possui legitimidade ativa para


propor a presente execução individual, posto que o acórdão dos autos nº 5148959-
81.2016.8.09.0051 transitado em julgado em 20/05/2022, vejamos parte decisória do
acórdão:

“Do exposto,conhecido da remessa obrigatória e do recurso de


apelação, submeto o seu exame à apreciação da Turma Julgadora
desta eg. 5ª Câmara Cível; pronunciando-me pelo desprovimento
de ambos; mantendo-se a r. sentença, por estes e seus próprios
fundamentos”.

Obtempere ainda que, não há rol de substituídos quando


proposta a ação de conhecimento de nº 5148959-81.2016.8.09.0051, o que leva a
legitimidade ativa para propor ação executória de todos os professores ocupantes de
cargo público da rede pública estadual de Goiás, que perceberam valores inferiores
ao piso nacional do magistério, lotados na Secretaria do Estado da Educação, no
período debatido na ação de conhecimento.

Sobre a legitimidade para propor o cumprimento de


sentença individual, proferido em ação coletiva, de filiado ou não filiado ao sindicato
que propôs a ação de conhecimento, a jurisprudência é uníssona ao estabelecer a
legitimidade do servidor integrante da categoria beneficiado pela sentença coletiva,
vejamos:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO COLETIVA


PROPOSTA POR SINDICATO. COISA JULGADA. EXTENSÃO A
TODOS DA CATEGORIA, INDEPENDENTEMENTE DE FILIAÇÃO.
(...). Sem razão o Tribunal de origem, pois, nos termos da
jurisprudência do STJ, os efeitos da sentença proferida em ação
coletiva ajuizada por sindicato estendem-se a todos da categoria, e
não apenas a seus filiados ou àqueles relacionados na inicial. Assim,
a coisa julgada coletiva alcançará todas as pessoas da categoria,
conferindo a cada uma destas legitimidade para propositura individual
da execução de sentença.3. Agravo Interno não provido. (AgInt no
AgInt no REsp 1785206/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 19/09/2019, DJe 11/10/2019)

Nestes termos, o requisito a cumprir, para ter legitimidade,


é tão somente ser ocupante de função pública de professor na modalidade de
contrato precário, da rede pública estadual de Goiás, lotado na Secretaria do Estado
da Educação, e ter se sujeitado ao recebimento a menor do piso nacional do
magistério, o que está cabalmente demonstrado pelas fichas financeiras juntadas
em anexo. Assim a parte exequente é parte legitima para propor a presente
execução.

4 DA INVERSÃO DO ONUS DA PROVA

Conforme relatado, esta parte declara ter


desempenhado as funções de magistério durante o ano de 2014, fato que restou
comprovado por meio da cópia das frequências de fevereiro a dezembro do ano
relatado, o qual detalha as aulas, a função e explicita o cargo de regência, além de
declaração da atual diretora da unidade (anexos).

Declara, assim, que jamais desempenhou outra função


senão a de regência de aulas no então Colégio Estadual Guaraciaba Augusta da
Silva. As demais comprovações de função, como assinatura em diários e planos de
aula, não podem ser acessadas pela parte vulnerável, visto que toda a
documentação escolar (planos de aulas, frequências, notas e afins) eram realizadas
de modo virtual, diretamente na plataforma do SEDUC. Ademais, os documentos
impressos que necessitavam de assinatura à época estão arquivados na instituição
de ensino em questão, não sendo possível que a exequente comprove os fatos.

Compreende-se ser suficiente os documentos


comprobatórios anexados e roga-se para que o entendimento de vossa excelência
seja correspondente. Na infelicidade de ocorrer o contrário, considerando a
possibilidade de alegação de função diversa, roga-se que este juízo determine à
executada que acoste aos autos as documentações comprobatórias ou contrárias.

5 DA DESNECESSIDADE DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

A requerente neste ato, amparada pelo disposto no artigo


334, § 5º NCPC, manifesta seu desinteresse em audiência de conciliação.

Também, considerando a indisponibilidade dos direitos da


requerente, bem como a impossibilidade do ente público em conciliar, desnecessária
é a audiência de conciliação.

6 DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL


No dia 29/06/2016, o SINDICATO DOS
TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DE GOIÁS - SINTEGO propôs em desfavor do
ESTADO DE GOIÁS, a competente AÇÃO CIVIL PÚBLICA, protocolo nº 5148959-
81.2016.8.09.0051, com trâmite perante a 5ª Vara da Fazenda Pública Estadual de
Goiânia, pleiteando o pagamento dos valores do piso nacional do magistério, a
contar do ano de 2012.

A ação foi julgada procedente e o Estado de Goiás,


apresentou apelação, a qual foi improvida, mantendo-se a integra da sentença
exarada pelo juízo de piso, a qual determina o pagamento do piso nacional do
magistério a contar do ano de 2012.

Com o trânsito em julgado e sendo a parte Exequente


beneficiária da ação civil pública, possui, portanto, legitimidade para propor a
competente execução individual oriunda da ação coletiva intentada pelo Sindicato
dos Trabalhadores em Educação de Goiás – SINTEGO:

EMENTA: DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E APELAÇÃO CÍVEL.


AÇÃO DECLARATÓRIA E CONDENATÓRIA. PROFESSORA.
CONTRATO TEMPORÁRIO. ADICIONAL DE HORA EXTRA. PISO
NACIONAL DO MAGISTÉRIO. HONORÁRIOS. LIQUIDAÇÃO
SENTENÇA. I. Conforme expressa previsão no texto constitucional
(art. 7º, inc. XVI c/c 39, § 3º), o profissional do magistério, mesmo
com contrato temporário, tem direito à remuneração pela hora
extraordinária laborada, de modo que o pagamento respectivo
independe da previsão legal infraconstitucional por lei específica,
fazendo jus ao adicional correspondente. II. A Lei Federal nº
11.738/08 impõe que seja observado o piso salarial nacional para os
profissionais do magistério público da educação básica. III. Por se
tratar de sentença ilíquida, os honorários advocatícios sucumbenciais
devem ser definidos em fase de liquidação de sentença, conforme a
regra do artigo 85, § 4º, inciso II, do Código de Processo Civil.
APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E IMPROVIDA. REMESSA
NECESSÁRIA CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA. (TJ-GO
54964856320208090072, Relator: ÁTILA NAVES AMARAL -
(DESEMBARGADOR), 1ª Câmara Cível, Data de Publicação:
10/12/2021)

7 DO QUANTUM DEBEATUR

O cumprimento de sentença em discussão tem como


exigibilidade o simples cálculo aritmético, consoante o título judicial extraído da Ação
Civil Pública capitulada nestes autos, a parte Requerente, com fulcro no artigo 534,
do novo Código de Processo Civil, elaborou demonstrativo discriminado e atualizado
do crédito.

Esclarece-se que a planilha foi confeccionada com


estreita observância dos consectários impostos expressamente no título executivo
judicial, quais sejam: correção monetária pelo Manual de Cálculo da Justiça Federal
vigente (Resolução 134, de 21 de dezembro de 2010, alterado pela Resolução 267,
de 02 de
dezembro de 2013). Assim, a correção monetária teve como base de cálculo a Taxa
Referencial (TR), calculada da exigibilidade até a data de 25.03.15, e o Indice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com termo inicial em 25.03.2015
e termo final em 08.12.21. Os juros foram aplicados no percentual de 0,5% ao mês,
tendo como termo inicial o dia seguinte à data do vencimento de cada parcela. A
taxa de Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) foi calculada a partir
de 08.12.2021.

Deste modo, conforme detalhado na ficha funcional e na


tabela (anexos), o valor devido à exequente é de R$ 49.657,54 (quarenta e nove
mil, seiscentos e cinquenta e sete reais e cinquenta e quatro centavos).
8 DA LITISPENDÊNCIA

A conexão entre processos é uma questão de extrema


relevância, pois busca garantir a eficiência processual e evitar decisões conflitantes
ou contraditórias. De forma antecipada há de se alegar que, no caso em questão,
não há qualquer fundamento para a alegação de conexão.

Diante do exposto, requeremos a Vossa Excelência que


reconheça a ausência de conexão entre os processos em questão e decida pela sua
separação, a fim de evitar qualquer prejuízo à eficiência processual e garantir a
correta apreciação de cada caso de forma individual.

9 DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS FINAIS

Ante o exposto, requer:

a) O benefício da justiça gratuita, tendo em vista que


a requerente não possui condições financeiras para o
pagamento das custas processuais, conforme declaração
anexada;

b) A requerente manifesta-se expressamente seu


desinteresse na audiência de conciliação, nos termos do
artigo 334, § 4ª, I e 5º NCPC, assim requer a citação do
Requerido, para audiência de conciliação e que caso o
mesmo não tenha interesse na realização da audiência de
conciliação, apresente resposta/contestação à presente
ação no prazo contido do artigo 335 CPC.

c) A intimação do Executado, na pessoa de seu


representante judicial, por carga, remessa ou meio
eletrônico (art. 535 do CPC), para, querendo, no prazo
legal e nos próprios autos, impugnar a execução, e, ao
final, ou não sendo a ação impugnada, que seja
requisitado o pagamento da quantia supra de R$
49.657,54 (QUARENTA E NOVE MIL, SEISCENTOS E
CINQUENTA E SETE REAIS E CINQUENTA E QUATRO
CENTAVOS) com os acréscimos legais.

d) Seja determinado o pagamento de honorários de


sucumbência devidos à advogada, conforme determina o
art. 85 do CPC, em obediência aos parágrafos 1º, 3º
inciso I e 17.

d) Requer que reconheça a ausência de conexão


entre os processos em questão

Dá-se à causa o valor de R$ 49.657,54 (QUARENTA E


NOVE MIL, SEISCENTOS E CINQUENTA E SETE REAIS E CINQUENTA E
QUATRO CENTAVOS).

Termos em que,

Pede deferimento.

Barro Alto-GO, data da assinatura digital

LAYANE APARECIDA FERREIRA CHAVES


69.738 OAB/GO

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