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AO DOUTO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL FEDRAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA

DE JUAZEIRO - BA

AUTOS N°

PARTE, devidamente qualificada nos autos do processo em epígrafe,


que move em face de INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, vem,
através de seu(s) advogado(s) que esta subscreve(m), à presença de Vossa
Excelência, nos termos do art. 41 e seguintes da Lei 9.099/95, interpor o
presente RECURSO INOMINADO em face da douta sentença (ID) que julgou
improcedente os pedidos autorais na presente Ação de Auxílio por
Incapacidade Idade Rural c/c Pedido de Tutela Antecipada, com as razões
anexas e requerendo que as mesmas sejam remetidas à TURMA RECURSAL para
reforma da sentença ora recorrida.

Destarte, requer ainda, seja concedido o benefício da justiça


gratuita por não ter condições de arcar com custas processuais sem prejudicar
seu sustento, motivo pelo qual deixa de efetuar o preparo, conforme
declaração já anexa nos autos.

Nestes termos,

Pede-se deferimento.

Campo Alegre de Lourdes – BA, 26 de Agosto de 2022.


EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO

Razões do Recurso Inominado

COLENDA TURMA RECURSAL,

ÍNCLITOS JULGADORES.

1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

O presente recurso é próprio, tempestivo, as partes são legítimas e


estão devidamente representadas, portanto, preenchidos os pressupostos de
admissibilidade.

2. DA TEMPESTIVIDADE

De acordo com o disposto no art. 41 e seguintes da Lei 9.099/95, o


Recurso Inominado será interposto no prazo de 10 dias a contar da intimação
do recorrente.

Assim, o presente recurso é tempestivo.

3. PRELIMINARMENTE: DA JUSTIÇA GRATUITA

O Recorrente pleiteia os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA,


assegurados pela Lei nº 1060/50 e consoante o art. 98, caput, do Código de
Processo Civil.

Infere-se dos artigos supracitados que qualquer uma das partes no


processo pode usufruir do benefício da justiça gratuita. Logo, o Recorrente faz
jus ao benefício, haja vista não ter condições de arcar com as despesas do
processo sem prejuízo de sua manutenção.

Mister frisar, ainda, que em conformidade com o art. 99, § 1º,


do Código de Processo Civil, o pedido de gratuidade da justiça pode ser
formulado por petição simples e durante o curso do processo, tendo em vista
a possibilidade de se requerer em qualquer tempo e grau de jurisdição os
benefícios da justiça gratuita, ante a alteração do status econômico.

Ainda sobre a gratuidade a que tem direito, o novo Código


Instrumentalista dispõe em seu art. 99, § 3º, que “presume-se verdadeira a
alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural”.
Assim, à pessoa natural basta a mera alegação de insuficiência de recursos,
sendo desnecessária, num primeiro momento, a produção de provas da
hipossuficiência financeira.

Assim, ex positis, pois, requer-se os benefícios da assistência


judiciária gratuita, razão pelo qual, deixa de recolher o preparo.

4. DO ESCORÇO FÁTICO E DECISÃO ATACADA

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte Autora, ora


Recorrente, ante a decisão que julgou improcedente o pleito de concessão de
Auxílio por Incapacidade Laboral rural na ação de Ação de Concessão de Auxílio
por Incapacidade Laboral Rural c/c Pedido de Tutela Antecipada, processado
perante o Juizado Especial Federal da Subseção Judiciária de Juazeiro - BA.
Como já relatado em exordial, o Recorrente é portadora de doença
autoimune, com o CID 10 G 36 (Outras Desmelinizações Disseminadas Agudas),
doença que é diagnosticada desde 2016, e até o presente momento, o
Recorrente se encontra impossibilitado de exercer sias atividades rurais, sendo
proibido pelo seu médico de fazer atividades que necessitem de esforço físico.
O Recorrente já havia recebido o referido benefício anteriormente
com o NB.
O Autor Requereu administrativamente o benefício em lide no dia 01
de Março de 2022.
No ato da perícia junto a Recorrida, esta foi realizada de maneira
superficial e de maneira rasa, sem olhar as particularidades da Recorrente, e
equivocadamente negou o benefício, sob a falsa alegação de não constatação
de incapacidade laboral.
Irresignado com a negativa, o Recorrente ingressou na Justiça,
requerendo em sede de liminar a concessão do benefício de Auxílio por
Incapacidade Laboral.
Realizada a perícia Judicial, a Sra. Perita entendeu não haver a
incapacidade laboral da Recorrente, com a devida vênia, o que não condiz com
a verdade real dos fatos, uma vez que as condições em que o Autor vive são
totalmente impróprias para poder ter uma vida segura.
Deve ser levado em consideração todos os aspectos em que o
Recorrente está inserido: mora na zona rural, o seu labor requer bastante
esforço, sendo que esta não possui mínimas condições para trabalhar, visto que
sua doença ataca o sistema nervoso, além da visão do Autor. Frise-se que a
doença do Recorrente é uma doença onde o seu tratamento é paliativo.
Portanto, devem ser levados em consideração os aspectos biológicos,
psicológicos e sociais, além de seu estado atual de saúde.
A irresignação da Recorrente, atacando a r. sentença sob ID
1150170330, o qual o Douto Juízo, julgou improcedente o pleito exordial, nos
seguintes termos:

“Friso que a parte autora foi regularmente intimada para se


manifestar sobre o laudo. Esgrimiu longa argumentação sem,
contudo, respaldá-las em um único documento médico. No
contraste entre a prova pericial e aquela produzida
unilateralmente pela parte autora, prevalece a prova produzida
em juízo.
Posto isto, julgo improcedente o pedido.
Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem custas e tampouco
honorários advocatícios. Não havendo recurso, intime-se o INSS
do trânsito em julgado da sentença. Interposta apelação,
promova-se a citação do réu para apresentar contrarrazões, no
prazo de 15 (quinze) dias. Intimem-se. Arquivem-se, quando
oportuno.”

Data vênia, a r. sentença prolatada pelo Douto Juízo a quo,


merece total reforma, posto que há grave nulidade na mesma, conforme
demonstraremos a seguir.

5. DAS RAZÕES RECURSAIS

5.1. DA INCAPACIDADE LABORAL DO REQUERENTE.

Eminentes Julgadores, é óbvia e ululante a inobservância do Juiz A


Quo à documentação colacionada pelo Recorrente em peça vestibular,
desprezando a condição em que este se encontra atualmente.
O MM. Juiz ao prolatar a sentença se ateve tão somente ao laudo
pericial, que elaborado de maneira genérica, não se ateve à incapacidade
laboral do Recorrente, devendo ser, portanto, mitigado.
Ademais, o julgador não pode somente se vincular ao laudo pericial.
É necessária a oitiva da Parte Recorrente, a análise da documentação
colacionada aos autos do processo, o que não aconteceu no caso em tela.
Se vincular a perícia é perder o livre convencimento, e a
jurisprudência pátria é uníssona em dizer que o Magistrado não se vincula ao
Laudo Pericial, conforme exposto a seguir:
AGRAVO REGIMENTAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ. NÃO VINCULAÇÃO AO LAUDO PERICIAL. OUTROS
ELEMENTOS CONSTANTES DOS AUTOS. PRINCÍPIO DO LIVRE
CONVENCIMENTO. INCAPACIDADE DEFINITIVA. CUMPRIMENTO DE
REQUISITO LEGAL. SÚMULA Nº 7/STJ. 1. A jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça é firme no sentido de que o magistrado não está
adstrito ao laudo, devendo considerar também aspectos sócio-
econômicos, profissionais e culturais do segurado a fim de aferir-lhe
a possibilidade ou não, de retorno ao trabalho, ou de sua inserção no
mercado de trabalho, mesmo porque a invalidez laborativa não é
meramente o resultado de uma disfunção orgânica, mas uma
somatória das condições de saúde e pessoais de cada indivíduo. ( AgRg
no AREsp 81.329/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA
TURMA, julgado em 14/02/2012, DJe 01/03/2012)
No mesmo sentido, o TRF 1 ainda decidiu assim:
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ. REQUISITOS PRESENTES. EXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE
DEFINITIVA PARA O TRABALHO. LAUDO PERICIAL CONTRÁRIO. SEQUELA
DE POLIOMIELITE. NÃO VINCULAÇÃO DO JUIZ AO LAUDO. TERMO
INICIAL DA INCAPACIDADE. CONSECTÁRIOS LEGAIS. SUCUMBÊNCIA.
1. São requisitos para a concessão dos benefícios de aposentadoria por
invalidez e de auxílio-doença a comprovação da qualidade de
segurado da Previdência Social e o preenchimento do período de
carência de 12 (doze) contribuições mensais, com exceção das
hipóteses enumeradas no artigo 26, III, c/c artigo 39, I, da Lei nº
8.213/91, assim como a comprovação de incapacidade para o
exercício de atividade laborativa.
2. "O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua
convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos" (art.
436, CPC).
3. Estando a apelada definitivamente incapacitada para o trabalho em
decorrência de sequela de paralisia infantil, o termo inicial da
incapacidade pode ser fixado em data recente, se demonstrado pelo
conjunto probatório que a autora chegou a exercer, de fato,
atividades laborativas, tendo a incapacidade decorrido de
agravamento de sua lesão.
4. A correção monetária, incidente sobre as parcelas vencidas, deve
ser feita com base nos índices do Manual de Cálculos da Justiça
Federal, aplicando-se o INPC após a entrada em vigor da Lei nº
11.960/2009; os juros de mora são fixados em 1% ao mês, a contar da
citação, em relação às parcelas a ela anteriores, e de cada
vencimento, quanto às subsequentes, incidindo com essa taxa até a
entrada em vigor da Lei nº 11.960/2009, a partir de quando serão
reduzidos para 0,5% ao mês, caso a taxa SELIC ao ano seja superior a
8,5% ou 70% da taxa SELIC ao ano, mensalizada, nos demais casos,
segundo Lei 12.703/2012 e nova redação do Manual de Cálculos da
Justiça Federal.
5. Honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o
valor das parcelas em atraso. Súmula 111 do STJ e § 4º do art. 20 do
CPC.
6. Apelação do INSS a que se nega provimento e remessa oficial a que
se dá parcial provimento.
Decisão
A Câmara, à unanimidade, negou provimento à apelação do INSS e deu
parcial provimento à remessa oficial.

Diante da farta documentação acostada aos autos, diversos laudos,


receituários e exames analisados por especialistas da área, comprova-se a
condição incapacitante da Recorrente, uma vez que este passou por diversos
médicos, bem como já recebeu auxílio-doença em virtude da mesma doença
que levou ao presente processo.
Desta feita, em 19/08/2022, o Juízo a quo, de maneira equívoca,
julgou improcedente o pleito inicial, e julgou improcedente o pedido de
concessão de auxílio por incapacidade laboral rural.
Embora o juízo a quo tenha entendido de maneira diversa, com a
devida vênia, equivocadamente, consubstancialmente as provas se fazem
inequívocas no que diz respeito à incapacidade laboral da Recorrente.

6. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a. Que seja CONCEDIDA os benefícios da Justiça Gratuita nos termos do


art. 4° da Lei 1.060/50 e art. 98 do Código de Processo Civil, haja vista que a
Recorrida não ter condições financeiras de arcar com as custas processuais;

b. O Recebimento, Conhecimento e Processamento do presente RECURSO


INOMINADO, em razão de ser próprio e tempestivo;

c. Seja intimado o recorrido, para querendo, apresentar contrarrazões no


prazo legal;

d. Que seja REFORMADA a sentença do juízo a quo em todos os seus termos,


em razão de conceder o benefício de auxílio por incapacidade laboral rural
rural, com data retroativa à Data de Entrada do Requerimento corrigidas desde
o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios, incidentes
até a data do pagamento;

e. Seja a Recorrida condenada ao pagamento das custas e honorários


advocatícios no importe de 20% no valor da causa (Lei 9099, art. 55, segunda
parte);

f. A juntada de novos documentos que comprovam a condição de


incapacidade da Recorrente;

Por derradeiro, sejam as notificações e intimações publicadas,


exclusivamente, em nome dos advogado THIEGO SILVA DE SENA, inscrito na
OAB/BA nº 19.682, sob pena de nulidade.

Termos em que,
Pede deferimento.

Campo Alegre de Lourdes - BA, 26 de Agosto de 2022.

THIEGO SILVA DE SENA


(assinado digitalmente)

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