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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) DESEMBARGADOR (A)

RELATOR (A) DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE


AMAZONAS/AM.

AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE TUTLE ANTECIPADA

PROCESSO Nº: ...

AGRAVANTE: RONALDO

AGRAVADO: BOA SAÚDE

RONALDO, já qualificado nos autos da Ação em epígrafe que move em face


de BOA SAÚDE, também já qualificado, vem respeitosamente perante Vossa
Excelência, por seu procurador signatário, interpor o presente AGRAVO DE
INSTRUMENTO COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA com fundamento no
Artigo 1.015, I do Código de Processo Civil, conforme razões anexas:

Requer ainda, a juntada da cópia integral do processo para o cumprimento do


disposto no Artigo 1.017 do Código de Processo Civil, bem como a juntada da guia de
preparo, devidamente recolhida conforme o Artigo 1.016 do Código de Processo Civil,
informando-se assim o nome e endereço do advogado da Agravante, ora Recorrente:

REPRESENTANTE JUDICIAL DO AGRAVADO:

NOME..., Advogado, inscrita na OAB/... nº ..., com


endereço profissional na ..., n. ... - Bairro ... CEP ... - Manaus
/UF...
REPRESENTANTE JUDICIAL DO AGRAVANTE:

NOME..., Advogado, inscrita na OAB/... nº ..., com


endereço profissional na ..., n. ... - Bairro ... CEP ... - Manaus
/AM

Requer, portanto, seja concedido liminarmente tutela antecipada ao presente


Agravo, até seu julgamento final, nos termos do art. 995 do NCPC, evitando prejuízo à
agravante.

Após a manifestação da parte agravada, requer também seja conhecido e provido


o presente recurso, para reformar na íntegra a decisão prolatada, por ser medida de direito.

Termos em que pede deferimento.

Manaus, ... de ... de 2022.

Advogado...

OAB/...
EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA TURMA JULGADORA,

EXMO. SR. DR. DESEMBARGADOR RELATOR

RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

I - DA TEMPESTIVIDADE

O recurso de agravo de instrumento, segundo dicção do art. 1.003, parágrafo 5°


do Código de processo civil há de ser manejado no prazo de 15 (quinze) dias, contado em
regra da intimação da decisão da qual se pretende recorrer.

1I - DA SÍNTESE

1º) Trata-se de pedido de liminar de Tutela de Antecipada interposto por


Ronaldo, em face de Boa Saúde, objetivando, em sede de liminar, ação de obrigação de
fazer c/c declaratória de inexistência de débito e pedido de danos morais.

2º) Segundo consta na Petição Inicial, Agravante informa que desde meados de
2021, fez um contrato de plano de saúde, no qual foi negado seu atendimento, ao procurar
a tutela hospitalar afim de ser tratar de um câncer de estomago.

3º) Assim como em anexo os comprovantes que vem pagando mensalmente o


valor do seguro assim como laudos médicos sobre a doença e a indicação do tratamento,
bem como a negativa do plano de saúde, que se deu por considerar tratar-se de doença
preexistente.

4º) No entanto em seus exames de rotina, fora encontrado um possível câncer


que foi confirmado pela biopsia (em anexo), notasse em até o momento do exame o
embargante desconhecia sua patologia.

III – DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA


Nos termos do Art.300 do CPC/15, “A tutela de urgência será concedida quando
houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o
risco ao resultado útil do processo”.

No presenta caso tais requisitos são perfeitamente caracterizados, vejamos:

A PROBABILIDADE DO DIREITO resta caracterizada diante da


demonstração inequívoca de que a negação ao tratamento da patologia do Embargado,
uma vez que o mesmo vem pagando suas mensalidades.

Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão para aguardar o desfecho do


processo, quando diante de direito inequívoco:

“Se o fato constitutivo é incontroverso não há racionalidade em


obrigar o autor a esperar o tempo necessário à produção das provas e
fatos impeditivos, modificativos ou extintivos, uma vez que que o autor
já se desincumbiu do ônus da prova e a demora inerente á prova dos
fatos, cuja prova incumbe ao réu certamente o beneficia” (MARINONI,
Luiz Guilherme. Tutela de Urgência e Tutela de Evidência. Editora RT,
2017. p. 284)

Já o RISCO DA DEMORA, fica caracterizado, no possível agravamento da


patologia por parte da Agravada em negar o tratamento nesses estágios inicias que são de
extrema relevância, ou seja, tal circunstância confere grave risco de perecimento do
resultado útil do processo, conforme Humberto Theodoro Júnior:

“um risco que corre o processo principal de não ser útil ao interesse
demostrado pela parte”, em razão do periculum in mora”, risco esse
que deve ser objetivamente apurável, sendo que a plausibilidade do
direito substancial consubstancia-se do direito “invocado por quem
pretenda segurança, ou seja, o “fumus boni iuris” (Curso de Direito
Processual Civil, 2016. I. p. 366).

Por fim, cabe destacar que o presente pedido NÃO CARACTERIZA


CONDUTA IRREVERSÍVEL, não conferido nenhum dano ao Agravado.
Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado receio de dano
irreparável, sendo imprescindível concessão do pedido liminar, conforme precedentes
sobre o tema:

“AGRAVO REGIMENTAL. PLANO DE SAÚDE. COBERTURA.


DOENÇA PREEXISTENTE. BOA FÉ E AUSÊNCIA DE EXAME
PRÉVIO. RECUSA. ILÍCITA. DECISÃO UNIPESOAL
ART. 557, CPC. – E ilícito ao relator negar seguimento a recurso
que esteja em descompasso com a jurisprudência do STJ. É ilícita
a recusa da cobertura securitária, sob a alegação de doença
preexistente à contratação do seguro-saúde, se a Seguradora não
submeteu a segurada a prévio exame de saúde e não comprovou
a má-fé. Precedentes. (AgRg no Ag 973.265/SP, Rei. Min.
HUMBERTO GOMES DE BARROS, DJ17.3.08).”

“Não é possível presumir-se a má-fé da segurada sobre a pré-


existência da doença sem respaldo em prova técnica e, ainda,
neste caso, sem que sequer tenha sido alegada e demonstrada
pela seguradora” (Resp 617239/MG, Ministro CARLOS
ALBERTO MENEZES DIREITO, j. 14/09/2004).

Diante de tais circunstâncias, e inegável a existência de fundado dano, sendo


imprescindível a concessão da TUTELA ANTECIPADA bem como os pedidos na
inicial, nos termos do Art. 300 do CPC.

IV - DO CABIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO - DA NECESSIDADE


DE CONCESSÃO TUTELA ANTECIPADA

Inicialmente, impende salientar o preenchimento dos pressupostos de


admissibilidade do agravo de instrumento.

No ponto, convém ressaltar o disposto no artigo 1.015 do CPC com a seguinte


redação:

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões


interlocutórias que versarem sobre:

I - tutelas provisórias;
Cristalino, na espécie, a possibilidade de a decisão agravada causar lesão grave
ou de difícil reparação.

Nesse passo, forçoso reconhecer a existência de lesão grave na seara


administrativa, circunstâncias que, individualmente, já justificariam o manejo do presente
agravo, além do que a decisão agravada tem nítido caráter cautelar e sem potencial lesivo
para Agravado.

Ficando mais do que claro o perigo de dano é evidente, haja vista a possibilidade
de suspensão do fornecimento, bem como a negativação do nome da agravante em razão
do inadimplemento, e dano a direito de personalidade.

V - DAS RAZÕES

A decisão do MM. juízo da 56º Vara Cívil da Comarca de Manaus na qual


indeferiu a tutela, com argumento de “o autor deveria ter feito prova de que não possuía
a enfermidade no momento da contratação, além disso, no caso, não seria possível aplicar
as regras do CDC para o deferimento de uma tutela específica para obrigação de fazer (a
cirurgia)”.

Ora Excelências, ocorre que, embora a princípio legítima a premissa, é muito


difícil, para não dizer impossível, determinar quando uma doença não congênita passa a
se manifestar.

O resultado foi lamentável: as empresas de planos e seguro saúde passaram a


considerar indiscriminadamente uma grande gama de doenças como preexistentes,
utilizando esse argumento para negar – em muitos casos indevidamente -, a cobertura de
tratamentos e procedimentos médicos para pacientes com AIDS, câncer, obesidade, entre
outras patologias não congênitas.

Logo, acerca da questão, bem como a uma normatização por parte dos órgãos
como o CONSU e a ANS. Atualmente, o prazo máximo de carência de até 24 meses
somente pode ser imposto pelas empresas de planos de saúde se estas comprovarem: (i)
que a doença efetivamente era preexistente à contratação do plano e (ii)que o consumidor
sabia de sua condição e ocultou tal fato no momento da contratação.

Por outro lado, tem predominado em nossos tribunais o entendimento de que


cabe aos planos de saúde – inclusive por possuírem melhores condições técnicas -,
exigirem, se for o caso, a realização de perícia médica após a entrevista qualificada que
precede a contratação.

Ocorre que, o Agravante em um exame de rotina foi diagnosticado com câncer


após uma biopsia que confirmasse sua condição de enfermo, no entanto, vem sendo
negado seu atendimento pela Agravada, no sentindo de cobrir os gastos com o tratamento.
Logo não existe o nexo de causalidade entre a ocultação do usuário e emprese concedente
do serviço.

Assim como o entendimento do Superior Tribunal de Justiça quando editou a


Súmula nº 609 - “A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença preexistente,
é ilícita se não houve a exigência de exames médicos prévios à contratação ou a
demonstração de má-fé do segurado”.

Logo, com muita clareza, se tem que o plano de saúde deverá cobrir doença
preexistente, salvo se realizar exame admissional que a detecte e exclua da cobertura ou
caso demonstre haver má-fé do segurado no ato da contratação, com omissão voluntária
a respeito da existência da doença.

Nesse sentido, podemos nos reportar a diversos artigos escritos entre os anos de
2014 e 2015, que tratavam exatamente sobre esses assuntos.

Transcrevemos trecho de um deles abaixo, redigido por Paulo Victor Barchi


Losinskas, intitulado "A Definição Legal de Doença ou Lesão Preexistente":

"Ou seja, no momento da sua criação, ficou definido que a ANS é a


entidade que possui o dever e a capacidade jurídica de definir um
conceito para doença e lesão preexistente, coisa que a Agência
efetivamente fez por meio da Resolução ANS nº 162/2007, da seguinte
maneira:

Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre Doenças ou Lesões Preexistentes


(DLP), Cobertura Parcial Temporária (CPT), Declaração de Saúde
(DS), Carta de Orientação ao Beneficiário e sobre o processo
administrativo para comprovação do conhecimento prévio de doença
ou lesão preexistente pelo beneficiário de plano privado de assistência
à saúde no âmbito da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS.

Art. 2º Para fins desta Resolução, considera-se:


I - Doenças ou Lesões Preexistentes (DLP) aquelas que o beneficiário
ou seu representante legal saiba ser portador ou sofredor, no
momento da contratação ou adesão ao plano privado de assistência à
saúde, de acordo com o art. 11 da Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998,
o inciso IX do art 4º da Lei nº 9.961, de 28 de janeiro de 2000 e as
diretrizes estabelecidas nesta Resolução; (grifos e negritos nossos)

Como se evidencia da leitura do trecho destacado, não basta que o beneficiário


efetivamente possua certa doença ou lesão no momento da contratação do plano, é
fundamental que ele tenha o pleno conhecimento disso.

VI– DO PEDIDO

Diante do exposto requer:

a) seja conhecido o presente agravo de instrumento;

b) A revisão da decisão agravada, com o acolhimento do pedido de tutela


antecipada;

c) seja dado provimento ao agravo, com base nas razões esposadas no presente
recurso;

d) seja intimada a parte agravada para responder ao recurso.

Por fim, as despesas processuais e demais encargos podem ser evitados no caso,
respeitando-se, pois, o princípio da celeridade.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Local..., data...

Advogado/OAB/...
PEÇAS QUE INSTRUEM O PRESENTE RECURSO DE AGRAVO DE
INSTRUMENTO

Peças obrigatórias – Artigo 1.017, do Código de Processo Civil

1) Procuração do Agravante e do Agravado;

2) Cópia da decisão agravada (fls...);

Peças facultativas – Artigo 1.017, III do Código de Processo Civil

3) Cópia da Petição Inicial;

4) Cópia do mandado de citação;

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