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ODORICA PARAGUAÇU , brasileira, do lar, solteira, inscrita no CPF sob o nº xxxxx e Carteira de
Identidade nº xxxxx – expedida pela SSP/AM, E-mail: endereço eletrônico, não possui
residentes e domiciliadas na Rua Virgílio Ramos, nº xxxx - Bairro, Compensa, Cidade Manaus,
CEP. xxxxxx, no Estado do Amazonas, assistidas juridicamente por seu procurador infra-
assinado, devidamente constituído pelo instrumento procuratório-mandato acostado (doc. 1),
ao qual indica o endereço eletrônico e profissional, onde recebe notificações e intimações, nos
termos do art. 77, inciso V, CPC/2015 “in fine”, vêm perante Vossa Excelência, com o devido
acato e respeito de estilo, com fundamento nos artigos 1º, inciso III CFRB/88, ART , 294, 300 e
319 do Código de Processo Civil (lei nº 13.105/15), além do art. 51 do Código de Defesa do
Consumidor, arts. 186 e 927 do Código Civil brasileiro, e dos art. 35-C e art. 35-E da lei
9.656/1998, propor a presente:
Em face de seu represente legal da Bradesco Saúde S.A, com registro na Agencia Nacional de
Saúde (ANS) N 463.546/10-9, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº
92693118/0001-60, com sede situada Rua Barão De Itapagipe, 225, Parte Rio Comprido, Rio De
Janeiro , RJ, CEP XXXXX-000, (doc. 10), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:
I - PRELIMINARMENTE
a) DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
In casu, a REQUERENTE não possui condições de pagar as custas e despesas do processo sem
prejuízo próprio ou de sua família, conforme consta da declarações de hipossuficiências,
anexo. Ademais, há previsão no artigo 5º, LXXIV e LXXVII da CFRB/88 e art. 98 e 99, CPC/2015,
estabelece normas para a concessão da assistência judiciária aos legalmente necessitados,
autorizando a concessão do benefício da gratuidade judiciária frente à mera alegação de
necessidade, que goza de presunção – juris tantum – de veracidade, milita em seu favor a
presunção de veracidade das declarações de pobreza por elas firmado.
Desse modo, a REQUERENTE entende fazer jus à concessão da gratuidade de Justiça. Insta
ressaltar que entender de outra forma seria impedir os mais humildes de ter acesso à Justiça,
garantia maior dos cidadãos no Estado Democrático de Direito.
Pelo exposto, com base na garantia jurídica que a lei oferece, postula as REQUERENTE a
concessão do benefício da justiça gratuita, em todos os seus termos, a fim que sejam isentas
de quaisquer ônus decorrentes do presente feito.
II – CONSIDERAÇÕES FÁTICAS
Em recentíssimo, a REQUERENTE fora acometida por uma enfermidade com dores abdominais
forte e intensa, vem piorando nos últimos dias cumulando com náuseas, vômitos e desmaios.
Deu entra por diversas vezes no PS.
Ao ser clinicada e assistida pelo especialista em 04/05/2017, pelo Dr. Carlos Eduardo da Costa -
CRM 3853, -cirurgião digestivo, credenciado junto ao Plano de Saúde a qual mantém vínculo
contratual de assistência de saúde, anexo (doc. 12).
Esse médico, de pronto, fazendo indicar que o caso requereria atenção extremada, verificou-se
a necessidade de intervenção cirúrgica de emergência, para cirurgia de “Colelitíase” (Pedra na
Vesícula), tanto que foi expedida guia de internação e consentimento do paciente para
internação imediata. A contatar, de logo carreamos a devida “guia de serviço profissional”, na
qual há o pedido de realização do referido exame, anexo. (doc. 08 ; 09 ) e (doc.16)
Ocorre que, a REQUERENTE ao se preparar para a cirurgia de emergência, se deparou com a
negativa sob o argumento pífio de que não haveria cobertura contratual para o mesmo.
Sustentou-se, mais, haver cláusula expressa vedando a realização de tal cirurgia, no plano de
saúde BRADESCO, ora REQUERIDO.
Ainda que, se tratasse de “condição pré-existente”, que não é o caso, diante da gravidade do
estado de saúde da REQUERENTE , o REQUERIDO não poderia se eximir de sua
responsabilidade contratual de prestar a cobertura médico-hospitalar devida.
Este entendimento por parte da empresa REQUERIDA viola não apenas os elementos
essenciais do contrato firmado junto à REQUERENTE , como também todos os Diplomas Legais
pátrios, a começar pelos Código Civil e do Consumidor, e, finalmente, o unânime
entendimento jurisprudencial sobre a matéria.
A recusa tácita do REQUERIDO em autorizar que sejam feitos os procedimentos prescritos pelo
médico que acompanha a REQUERENTE , além de ser desumano, implica em um ato ilícito civil,
consistente na recusa abusiva ao cumprimento do contrato firmado junto à REQUERENTE, com
base em interpretação igualmente abusiva de cláusulas que o Código Civil, o Código de Defesa
do Consumidor e legislação ordinária específica (lei nº 9.656/98) consideram nulas, vez que
estabelecidas em detrimento do consumidor final em instrumentos padronizados de contratos
de adesão.
Pugna-se, Excelência, pelo exame da matéria de forma urgente, uma vez que o estado da
REQUERENTE é delicado e necessita de atenção, tendo em vista que, decisão em contrário,
acarretará graves prejuízos à sua saúde, pois poderá perecer e vir a óbito, estando inclusive já
com os exames pré-operatórios aguardando a guarida do Poder Judiciário (docs. 08 e 09) e (11
a 21), por acreditar que seja medida da mais lídima JUSTIÇA.
"Em se tratando de tratamento destinado a moléstias para serem tratadas, portanto, de cuja
realização depende a sobrevida da autora, sendo consequentemente necessário, é ineficaz se
por acaso existir, cláusula contratual que a exclui da cobertura, por configurar exagerada
vantagem em favor da empresa ré, uma vez que se verifica restrição dos direitos inerentes à
natureza do contrato, de tal modo ampla, que torna extinto seu objeto, ante a provável piora e
até morte do paciente". (Grifamos)
A questão, ora sob análise, encerra simples solução em planos legais. Diz respeito à validade
de cláusulas restritivas impostas em desfavor de um contratante - consumidor em contrato de
adesão - e a sua análise em sede judicial.
A respeito de tal matéria, nosso Código Civil estabelece em seu artigo 424:
art. 424 – Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada
do aderente a direito resultante da natureza do negócio. (Grifamos).
art. 51 – São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
Trata, o dispositivo acima referido, de hipótese exatamente idêntica à ora versada, qual seja: o
contrato firmado não pode servir de escopo para justificar a negativa da Cirurgia.
Mais especificamente, a lei 9.656 de 03 de junho de 1998, com a redação dada pela Medida
Provisória número XXXXX-44 de 24 de agosto de 2001, em seus artigos 35-C e 35-E
expressamente determina:
I – de emergência, como tal definidos os que implicarem risco imediato de vida ou de lesões
irreparáveis para o paciente, caracterizada em declaração do médico assistente;
(...)
(...) (Grifamos).
A aplicabilidade da supra referida lei aos contratos firmados antes de sua vigência também já é
matéria sopesada em nossa jurisprudência, sendo igualmente unânime o entendimento
segundo o qual, por tratar-se de contratos de trato sucessivo e periódico, eles restam
regulados pela lei, independentemente de quando tenham sido pactuados, já que
mensalmente se renovam.
Como restou demonstrado à saciedade, sob qualquer prisma por que se analise a presente
questão, é inteiramente abusiva e, como tal, ilícita a negativa do REQUERIDO em autorizar o
procedimento cirúrgico de que necessita a autora, consumidora e fiel pagadora do plano de
saúde.
Isso leva à verificação de todos os elementos necessários à concessão liminar, sem oitiva do
REQUERIDO, da concessão da tutela satisfativa de urgência antecedente, determinando ao
REQUERIDO a obrigação de fazer consistente em custear ou garantir o atendimento da
REQUERENTE, no HOSPITAL ADVENTISTA DE MANAUS, localizado na Av. Gov. Danilo Areosa,
139, Distrito Industrial - Manaus / AM- CEP: 69075-351, haja vista que somente este, reúne as
condições informadas pelo médico, que visam a melhor assistência a paciente em face da alta
complexidade e o risco cirúrgico dos procedimentos, conforme solicitação médica em anexo.
(doc.08 e 09).
Diante dos fatos narrados, bem caracterizada a urgência da realização do ato cirúrgico
requisitado pelo médico da REQUERENTE , credenciado junto ao Plano de Saúde a qual
mantém vínculo contratual de assistência de saúde (plano de saúde) da REQUERIDA
denominado BRADESCO SAÚDE NACIONAL FLEX E CA 5, também conhecido como (Plano
Referencia BRADESCO SAÚDE TOP REFERENCIA E CA), especialmente tendo em vista se tratar
de paciente com risco em face da cirurgia “Colelitíase” (Pedra na Vesícula), negada. Por esse
norte, não resta outra alternativa senão requerer à antecipação provisória da tutela
preconizada em lei.
No que concerne à tutela, especialmente para que a REQUERIDA seja compelida a autorizar a
realização da Cirurgia e exames buscado e arcar com as suas despesas, justifica-se a pretensão
pelo princípio da necessidade.
O Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a tutela de urgência quando “probabilidade
do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”:
Precipuamente, deve-se observar que, por tratar-se de situação em que o perigo na demora
para a concessão da tutela definitiva satisfativa pode ocasionar danos irreparáveis à parte
autora, e ainda, demonstrada a robustez das provas a esta exordial anexadas, resta
caracterizada a possibilidade do pleito da tutela de urgência satisfativa em caráter
antecedente, conforme o nosso novo Código de processo Civil brasileiro nos oportuna em seu
art. 294, § único, in verbis:
Desta forma, observa-se que o novo Código Processual Civil estabeleceu alguns requisitos para
que a tutela provisória de urgência satisfativa seja concedida, notadamente, a demonstração
da probabilidade do direito e do perigo de dano ou ilícito.
DIDIER JUNIOR (p. 595, 2015) em magistral lição, versa sobre o requisito da probabilidade do
direito, explicando que:
Desta forma, mediante os fatos narrados, os laudos dos profissionais da saúde que assistiram à
REQUERENTE, a regulamentação e inclusão no rol da (ANS) do procedimento REQUERIDO, bem
como o documento com as alegações do REQUERENTE ao negar TACITAMENTE a solicitação de
cobertura do procedimento cirúrgico, resta cristalina a probabilidade do direito, ou a “fumaça
do bem direito” da REQUERENTE ter a sua cirurgia coberta pelo plano de saúde REQUERIDO.
Quanto ao Requisito do Perigo da demora, DIDIER JÚNIOR (p. 597, 2015) assim leciona:
(...)
Importante é registrar que o que justifica a tutela provisória de urgência é aquele perigo de
dano: i) concreto (certo), e, não, hipotético ou eventual, decorrente de mero temor subjetivo
da parte; ii) atual, que está na iminência de ocorrer, ou esteja acontecendo; e, enfim, iii) grave,
que seja de grande ou média intensidade e tenha aptidão para prejudicar ou impedir a fruição
do direito.
Além de tudo, o dano deve ser reparável ou de difícil reparação.
(grifou-se)
Nesta testilha, o dano que a REQUERENTE está na iminência de sofrer, está relacionado à sua
saúde e mesmo à sua vida, visto que a probabilidade desta de perecer, ou seja vir a óbito, caso
não realize a cirurgia, é de Caráter de URGENCIA, conforme já alertado pela equipe médica que
assistiu à REQUERENTE na pessoa do Dr. Carlos Eduardo da Costa - CRM 3853, especialista -
cirurgião digestivo, também há previsão legal no contrato pactuado entre as partes às (fls.
08/25) conforme anexo, (doc.06), (doc.08) e (doc. 09).
Cabe ressaltar ainda, que o novo Código impõe também, como uma das condições de
deferimento do pleito de tutela provisória de urgência, a devida constatação do perigo de
irreversibilidade da decisão, instituto chamado de “perigo na demora in reverso”, art. 300, §
3º, in verbis:
Art. 294. § 3º. A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver
perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
Portanto, está nítido o direito que a REQUERENTE possui em ter seu pleito de tutela satisfativa
de urgência antecedente concedido, para que, sob a cobertura do plano de saúde REQUERIDO,
realize o procedimento de “CIRURGICO NO APARELHO DIGESTIVO” , como solicitado pelo
médico, anexo, (doc.08) e (doc. 09), para que possa ser resguardada a integridade de sua
saúde física e mental, além preservar a sua vida da melhor forma possível.
Art. 51 – São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:( . . . )
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
(...)
Sobressai-se da norma acima mencionada que são nulas de pleno direito as obrigações
consideradas “incompatíveis com a boa-fé ou a equidade. “ (inciso IV).
“Dessa maneira percebe-se que a cláusula geral de boa-fé permite que o juiz crie uma norma
de conduta para o caso concreto, atendo-se sempre à realidade social, o que nos remete à
questão da equidade, prevista no final da norma em comento. “ (NUNES, Luiz Antônio Rizzato.
Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 6ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 671)
O contrato de seguro-saúde, por ser atípico, por conseguinte, consubstancia função supletiva
do dever de atuação do Estado. Assim, impõe a proteção da saúde do segurado e de seus
familiares contra qualquer enfermidade e em especiais circunstâncias como aquela que aqui se
vê onde o PEDIDO DE CIRUGIA em caráter de urgência proposta pelo Dr. Carlos Eduardo da
Costa - CRM 3853, especialista -cirurgião digestivo, mostra-se necessário à REQUERENTE,
anexo. (doc. 08 e 09).
Não bastasse isso, os planos de saúde devem atender a todas as necessidades de saúde dos
beneficiários, salvo as exclusões expressamente permitidas por lei, como as do artigo 10 da Lei
nº. 9.656/98, o que não ocorre com a ora REQUERENTE.
Por tudo quanto restou na presente narrado e devidamente comprovado, vêm à presença de
Vossa Excelência requer urgentemente a que, após recebimento e autuação do presente,
digne-se em:
e) requer, Expressamente, que lhe seja concedida a inversão do ônus da prova na forma do
disposto no Código de Defesa do Consumidor, para todos os atos eventualmente realizados no
presente feito;
f) a parte, ora, REQUERENTE e opta pela realização de audiência conciliatória (CPC, art. 319,
inc. VII), razão qual requer a citação da Promovida, por carta (CPC, art. 247, caput) para
comparecer à audiência designada para essa finalidade (CPC, art. 334, caput c/c § 5º), antes,
porém, avaliando-se o pleito de tutela de urgência almejada;
g) pede, mais, sejam JULGADOS PROCEDENTES todos os pedidos formulados nesta demanda,
declarando nulas todas as cláusulas contratuais que prevejam a exclusão de cirurgia no
aparelho digestivo/abdômen, tornando definitiva a tutela provisória antes concedida e, além
disso:
h) solicita que o REQUERIDO seja condenado, por definitivo, a custear e/ou autorizar a
realização da cirurgia no aparelho digestivo/abdômen, na quantidade que o médico indicar
como necessária;
j) por fim, seja o REQUERIDO condenada em custas e honorários advocatícios, esses arbitrados
em 20%(vinte por cento) sobre o valor da condenação (CPC, art. 82, § 2º, art. 85 c/c art. 322, §
1º), além de outras eventuais despesas no processo (CPC, art. 84).
k) requer que Vossa Excelência determine ao REQUERIDO que junte o contrato original, em
virtude de o mesmo estar em seu poder. Salvo melhor juízo.
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Requer ao final, que todas as intimações de todos os atos processuais sejam publicadas
exclusivamente em nome de seu procurador Dr. Cairo Cardoso Garcia, Inscrito na OAB/AM
12.226 , consoante o disposto no competente artigo 272, § 2º, do vigente Código de Processo
Civil, sob pena de nulidade.
Deixa consignado que quaisquer atos porventura não publicados em nome do referido
advogado, serão objeto de pedido de nulidade pelas demandantes, nos termos do artigo 272,
§ 5º do CPC/2015.
Dá-se à causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), com observância ao que prevê o artigo
291 do CPC, para efeitos legais.
Nesses termos,
pede deferimento.
OAB/AM 12.226
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