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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

DA... VARA CÍVEL DA COMARCA DE __________

_______________________, nacionalidade, profissão,


portador da cédula de identidade RG nº ___________,
inscrito no CPF/MF sob nº ______________, endereço
eletrônico ____________, residente e domiciliado na Rua
_______________________, por sua advogada signatária
(procuração anexa), vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, com fulcro no artigo 319 do Código de Processo
Civil, propor a presente
AÇÃO COMINATÓRIA COM PEDIDO DE TUTELA
ANTECIPADA
contra _______________________, inscrita no
CNPJ/MF nº. _____________, com registro na ANS -
Agência Nacional de Saúde sob nº. ________, sediada à Rua
_____________________, pelos fundamentos de fato e de
direito a seguir aduzidos.
I - FATOS
O Requerente é segurado e usuário do Plano de Saúde Coletivo
da Requerida, portador da Carteira de Identificação nº
________, Plano_________________, na condição de
empregado da ____________ (CTPS anexa), da qual hoje se
encontra afastado por motivo de doença, conforme se
discorrerá a seguir.

O Requerente já foi operado da _______, conforme


laudo/requerimento em anexo, mas hoje se encontra
necessitado de nova cirurgia, vez que os materiais utilizados
não suportaram, havendo a rompimento de um dos parafusos
utilizados na cirurgia anterior.

Em contato com o setor de atendimento da Requerida foi


apresentado requerimento médico (anexo), com os devidos
materiais necessários para uma nova cirurgia.

Diante da gravidade da situação foi solicitada urgência para


liberação dos referidos materiais, vez que o Requerente
encontrava-se, e encontra-se, com dores fortíssimas, por ter
um material estranho em seu corpo e ainda defeituoso. As
dores tem se agravado, e o Requerente tem passado mais dias
sem conseguir levantar de sua cama.

No entanto, após contato com o plano de saúde, a fim de que


fornecessem os materiais requeridos pelo médico solicitante,
Dr. ____________, que realizou a cirurgia anterior do
Requerente e também responsável por realizar novamente a
mesma cirurgia, foi informado, conforme guia de serviços
anexos, que somente dois dos materiais foram deferidos e,
ainda em quantidade inferior ao solicitado.

Tais materiais não foram aceitos pelo médico do Requerente,


pois são de má qualidade, nem sequer conhecendo ele a
empresa fabricante.

Diante disto, o Requerente foi orientado a fazer novos


requerimentos perante a Requerida, digo novos requerimentos
porque desde ______ ele fez diversos contatos, para que
fornecesse os materiais solicitados e de boa qualidade, tendo
em vista que já foi operado e hoje sofre pelas consequências de
ter em seu corpo materiais de má qualidade.

Contudo, a Requerida insiste em alegar que só fornecerá os


seguintes materiais para a cirurgia:
____________________.

Ocorre que o requerimento médico é diferente, conforme


anexo, visando o bem estar do Requerente, que já não tem há
tempos, com produtos que podem lhe garantir melhor
qualidade de vida e probabilidade menor de quebrar ou ocorrer
algum erro, como o que já houve anteriormente. Assim, o que
deve ser fornecido são:

- 20 g de enxerto ósseo reabsorvível, composto de sulfato de


cálcio e beta-trifosfato de cálcio.

- 5g de hemostáticos
- 1 bloca de corte

É visível que a empresa de plano de saúde aqui Reclamada


optou por materiais mais acessíveis aos seus interesses,
conforme se verifica na guia anexa.

Ademais, pela extrema demora no fornecimento dos materiais


solicitados para a realização da nova cirurgia, e pela urgência,
diante do estado de saúde fragilizado que se encontra o
Requerente, foi formalizada reclamação perante a Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS), gerando o protocolo de
nº __________ nº da demanda _______. No entanto, a
Requerida em momento algum se manifestou perante as
notificações feitas pela ANS.

Desta forma, só resta ao Requerente recorrer ao Judiciário,


para que tenha seu problema solucionado, tendo em vista que
restaram infrutíferas todas as demais formas consensuais e
extrajudiciais, como as infindáveis ligações à rede de
atendimento da Requerida (Protocolos: _______________
e; etc.); reclamações na ANS; e ligações realizadas pelos
funcionários do médico do Requerente a fim de que
expedissem autorização para os materiais solicitados para a
realização de nova cirurgia, devido à urgência.

II – DA JUSTIÇA GRATUITA
O Requerente é pessoa pobre e não tem condições de pagar
custas e despesas processuais, sem prejuízo do próprio
sustento e de sua família, conforme declaração acostada aos
autos (doc. Anexo).

Requer a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, com


fundamento na Lei 1.060/50.
III – DA TUTELA ANTECIPADA
Conforme demonstrado acima a autorização dos materiais
solicitados pelo médico do Requerente é de suma importância
para a realização de nova cirurgia, para o reestabelecimento de
sua saúde (requerimento anexo).
Diante da procrastinação da Requerida em autorizar os
materiais solicitados, há quase um ano, a saúde do Requerente
tem se tornado cada dia mais fragilizada, necessitando ele, com
urgência, de nova cirurgia para troca do material defeituoso.

Ademais, o requerimento médico e os exames que instruem a


exordial confirmam a necessidade de nova cirurgia, bem como
a situação da saúde do Requerente.

É inequívoca a relação consumerista existente entre o


Requerente e a Requerida, conforme demonstra os
documentos anexos.

As alegações e o direito do Requerente são verossímeis, tendo


em vista todos os documentos em anexo, bem como, o amparo
que lhe cabe (Constituição Federal, Código de Defesa do
Consumidor, Lei 9.656/98, normas da Agência Nacional de
Saúde Suplementar – ANS e Jurisprudência dominante dos
nossos Tribunais). Portanto, há fortes indícios que a negativa
de autorização dos materiais requeridos é abusiva.
O risco de dano irreparável ou de difícil reparação está
presente, vez que o acolhimento da demanda sem a
antecipação de tutela poderá importar no reconhecimento de
um direito a titular que não mais esteja em condições de
exercê-lo, em razão do estado de saúde debilitado em que se
encontra.

Ainda, o art. 84 da lei consumerista autoriza o juiz a conceder a


antecipação de tutela, e mais, “Sendo relevante o fundamento
da demanda” deve o juiz impor uma multa diária para que não
haja por parte do prestador dúvidas em cumprir
imediatamente o designo judicial.
Desta forma, demostrado se encontra requisito autorizador de
antecipação da tutela jurisdicional. Bem como, a necessidade
de antecipação desta, diante das alegações acima explanadas.

IV - DO DIREITO
A Constituição Federal em seu artigo 5º traz como direitos e
garantias fundamentais a inviolabilidade do direito à vida, bem
como em seu artigo 6º a saúde aparece como direito social.
Mas é no artigo 1º, inciso III, que a CF dá o patamar de
fundamento do Estado Democrático de Direito à dignidade da
pessoa humana.
Deve ultrapassar qualquer barreira econômica a prevalência da
dignidade da pessoa humana, os direitos e garantias
fundamentais são cláusulas pétreas, porque devem ser
guardadas acima de qualquer interesse econômico e subjetivo,
seja particular ou do Estado.

A conduta abusiva da Requerida ao negar a solicitação médica


quanto ao fornecimento dos materiais cirúrgicos específicos a
atender as peculiaridades próprias do estado de saúde do
Requerente, afronta diretamente o texto constitucional, bem
como, seus princípios e todo o ordenamento jurídico. Nesse
sentido:
Agravo - Plano de saúde - Intervenção cirúrgica em menor
portador de grave deformidade da coluna vertebral - Material
indicado pelo médico e recusado pelo plano em razão do alto
custo do mesmo em cotejo com o oferecido - Compete ao
médico responsável pela implantação do material a
indicação do material adequado - Decisão em compasso
com a súmula nº 59 do Egrégio Tribunal de Justiça -
Desprovimento do Agravo. (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº
2004.002.07884 – Décima Primeira Câmara Cível, Des. DES.
Helena Belc Klausner. Julgado em 20/10/2004/RJ-grifo
nosso).
Cabe ressaltar que a CF em seu artigo 5º, inciso XXXII, dispõe
que o Estado deve promover a defesa do consumidor na forma
da lei, esta encartada no artigo 170, inciso V, como um dos
princípios gerais da atividade econômica.
Posto isto, a conduta da Requerida afronta os princípios e
regras do Código de Defesa do Consumidor, bem como do
ordenamento jurídico. Como explanado anteriormente a
Requerida desrespeitou e desrespeita as normas
consumeristas, negando fornecimento dos materiais
necessários para a cirurgia do Requerente.
Por fim, ao criar tantos obstáculos para o fornecimento dos
materiais requeridos pelo médico do Requerente para a
realização de nova cirurgia, a Requerida frustrou a confiança
do Requerente, afrontando a boa-fé objetiva, vez que se trata
de contrato de assistência de saúde, onde, é claro, o bem maior,
deveria ser a saúde do consumidor contratante bem como sua
vida, assim, espera que a Requerida contratada forneça a
esperada proteção, denotando o grau de dependência do
consumidor, o que determina o exato cumprimento das
normas contratuais e legais.

IV. 1. Da inversão do ônus da prova


O art. 6º do CDC prevê entre seus direitos básicos: "a
facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a
critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”.
Desse modo, se necessária, requer-se a observância de tal
princípio básico do consumidor, tendo em vista que nossos
Tribunais já pacificaram a questão relativa à incidência do
diploma consumerista nas causas relativas aos contratos de
seguro e plano de saúde.

IV.2. Do dano moral


É nítido que a Requerida violou princípios e fundamentos da
CF, bem como do CDC e de todo o ordenamento jurídico
pátrio. Demonstrando completo descaso com o Requerente e
com as normas que o protegem.
A CF em seu artigo 5º, inciso V e X, dispõe que a todo cidadão
é “assegurado o direito de resposta, proporcionalmente ao
agravo, além de indenização por dano material, moral ou à
imagem”; “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
O CDC em seu artigo 6º, inciso VI, é claro ao trazer como
direito básico do consumidor “a efetiva prevenção e reparação
de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos”. O referido também encontra fundamento nos
artigos186 e 187 do Código Civil.
Portanto, é cabível o pedido devido ao descaso sofrido pelo
Requerente, não foram uma ou duas vezes, mas há quase um
ano que este tenta solucionar seu problema extrajudicialmente
e consensualmente, mas a Requerida o tem tratado com total
desrespeito. Suas ligações foram infindáveis. Os contatos
telefônicos, idas e vindas ao seu médico. Os gastos com
remédios e idas a hospitais para atendimento emergencial,
devido as fortes dores. E ainda, o vexame de explicar ao perito
do INSS que ainda precisa ficar “afastado”, recebendo auxílio
doença, vez que não realizou a nova cirurgia porque está
aguardando a autorização dos materiais solicitados pelo seu
médico.

É cediço que a recusa na autorização/ fornecimento dos Planos


de Saúde para materiais necessários para realização de
procedimento cirúrgico, os Tribunais entendem a configuração
de danos morais por ser conduta atentatória a dignidade da
pessoa humana, tendo em vista o sofrimento e humilhação
causada ao paciente, que não foi amparado no momento em
que mais precisava. Nesse sentido:

Apelação Cível. Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenização


por Danos Morais. Plano de Saúde. Código de Defesa do
Consumidor. Obrigação de Custear Cirurgia com Material
Indicado pelo Médico da Consumidora em Virtude de Ser Mais
Benéfico à Saúde da Paciente. Negativa Abusiva. Dano Moral
Configurado. Quantum. Valor Razoável. 1. É cediço que a
relação jurídica existente entre as partes litigantes – paciente e
empresa de plano de saúde - é regida por contrato de adesão,
sobre o qual incidem as normas cogentes doCódigo de Defesa
do Consumidor, que, mitigando o princípio da autonomia da
vontade, busca evitar o desequilíbrio contratual originado,
sobretudo, pela necessidade de o consumidor celebrar
determinados contratos; 2. Tendo o médico responsável pela
cirurgia da autora, visando o melhor tratamento e recuperação
possíveis para a paciente, determinado os materiais que
melhor atendem essas finalidades, não há razão para o plano
de saúde negar a cobertura, mormente quando não há prova ao
contrário produzida pela ré; 3. Considerando-se a dor causada
pela recusa do plano de saúde em prestar os serviços médicos
necessários, diante da gravidade da moléstia que acometeu a
autora/apelante, cabível a indenização por danos morais, em
observância aos princípios da dignidade da pessoa humana e
do direito social à saúde; 4. A indenização por dano moral não
deve ser irrisória de modo a fomentar a recidiva, pois não se
pode esquecer que a demandada é uma das maiores
operadoras de plano de saúde do país e que o quantum
reparatório deve ser apto a ser sentido como uma sanção pelo
ato ilícito, sem que, contudo, represente enriquecimento ilícito
à vítima. Apelação conhecida e provida. Sentença reformada.
(Apelação Cível nº 201191768155) (Texto: Lilian Cury –
Centro de Comunicação Social do TJGO)
Destarte, o Requerente requer indenização por danos morais,
com o objetivo de desestimular condutas abusivas, como esta
praticada pela Requerida.

Portanto, o pedido é plausível, tendo em vista a finalidade


dúplice de tal indenização, sendo a de desestímulo, para que
fatos similares a este não ocorra novamente, bem como a de
conforto à vítima lesionada. Que no presente caso foi tratado
com desídia pela Requerida, conforme já demonstrado.

V – DO PEDIDO
Diante do exposto, requer:

a) A concessão da tutela antecipada para determinar que a


Requerida autorize/forneça os materiais necessários e
solicitados, conforme requerimento do Dr. ________, quais
sejam: 20 g de enxerto ósseo reabsorvível, composto de sulfato
de cálcio e beta-trifosfato de cálcio; 5g de hemostáticos; 1 bloca
de corte; bem como, arque com as demais despesas cirúrgicas
de sua responsabilidade. Sob pena de não o fazendo ser-lhe
aplicada multa diária a ser arbitrada por este Juízo;

b) A procedência da presente ação ao fim desta demanda,


tornando definitiva a antecipação da tutela concedida,
obrigando a Requerida a autorizar/fornecer os materiais
solicitados, bem como às demais despesas cirúrgicas;

c) O benefício da Justiça Gratuita ao Requerente, conforme


prevê a Lei 1060/50, por tratar-se de pessoa pobre na acepção
jurídica do termo, sem condições de arcar com as custas e
despesas processuais sem prejuízo alimentar próprio ou de sua
família;
d) A citação da Requerida para, querendo, apresentar
contestação sob pena de revelia;

e) Seja concedido o amparo da Lei 8.078/90, a fim de facilitar


a defesa do Requerente, incluindo-se a inversão do ônus da
prova;
f) A condenação da Requerida ao pagamento de danos morais
no importe a ser arbitrado criteriosamente por Vossa
Excelência, levando em consideração o desprezo, desrespeito e
humilhação suportado pelo Requerente, conforme
demonstrado;

g) A condenação da Requerida ao pagamento das custas


processuais e honorários advocatícios, estes a serem fixados
por Vossa Excelência;

h) Informa que tem interesse na realização de audiência de


conciliação ou mediação;

i) Que as intimações sejam realizadas em nome da advogada


signatária ___________________.

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em


direito admitidos, especialmente por juntada de documentos e
testemunhal.

Dá-se à causa o valor de R$ ____________ (_________).

Termos em que,

pede deferimento.

Cidade, ____ de ______ de ______.


Advogado

OAB nº __________

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