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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE

GUARULHOS – SP

Processo nº xx

Autor:

Réu:

CARLOS HENRIQUE DA SILVA, menor de idade representado por seus pais, CRISTINA MARIA DA
SILVA E ROGÉRIO RODRIGUES DA SILVA, qualificados nos autos da ação em epígrafe, que move
em face de COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DE GUARULHOS, igualmente já qualificada,
vêm, por meio de seu procurador abaixo subscrito, não se conformando com a r. sentença
proferida às fls. xx , interpor o presente

RECURSO DE APELAÇÃO

Com fulcro nos artigos 1009 a 1014 do Código de Processo Civil, requerendo que seja o
recorrido intimado para, em assim querendo, apresentar contrarrazões e solicitando que, ato
contínuo, sejam os autos, com as razões anexas, remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo para os fins de mister.

Termos em que

Pede deferimento.

Local, data.

Advogado

OAB nº xx
EXCELENTÍSSIMOS SENHORES DESEMBARGADORES DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DE SÃO PAULO

Origem: Processo nº xx - 8ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE GUARULHOS – SP

Apelante:

Apelado:

RAZÕES DE APELAÇÃO

EGRÉGIO TRIBUNAL!

COLENDA CÂMARA!

I – DA ADMISSIBILIDADE DO PRESENTE RECURSO

O Código de Processo Civil, em seu art. 1009, assim determina:

“Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.”

Dessa forma, a apelação é o recurso cabível diante da sentença, que julgou parcialmente
procedente o pleito autoral, proferida às fls. xx.

Quanto à tempestividade, nos termos dos artigos 218 e 223 do CPC, o prazo para a
interposição do recurso será de 15 dias úteis. Haja vista que houve a intimação do Apelante da
sentença supramencionada em 30/10/2019, o prazo limite para a interposição do recurso é
22/11/2019. Desta forma, é tempestiva a presente Apelação.

Por fim, uma vez que não é beneficiário da justiça gratuita, o Apelante recolheu as devidas
custas para a interposição do recurso, conforme guia de recolhimento acostada aos autos.

II – DOS FATOS

Trata-se de ação proposta pelo Apelante, com o objetivo de obter provimento judicial para
afastar alteração unilateral de contrato de plano de saúde realizada pela Apelada.

Por ser portador de grave patologia neurológica, denominada síndrome de Arnold Chiari, tipo
II, que torna necessário tratamento constante, de forma a evitar um agravamento nos
sintomas apresentados, tais quais fraqueza de equilíbrio e alteração da coordenação, além de
afastar o risco de uma evolução do quadro que poderia, com a não reeducação de posturas
viciosas, causar-lhe sérias deformidades físicas, o Apelante tornou-se beneficiário de plano de
saúde empresarial, da categoria master, oferecido pela empresa Apelada, e que lhe daria
direito ao reembolso de consultas médicas e ilimitadas sessões de fisioterapia e
fonoaudiologia.

A supramencionada alteração efetuada pela Apelada, que data de outubro de 2013, restringe
os reembolsos e limita a quantidade de consultas médicas, com fonoaudiólogos e com
fisioterapeutas a dez sessões anuais. Desta forma, em virtude de tal modificação abusiva no
contrato firmado, seus genitores restaram onerados às custas de todas as suas consultas, bem
como das três sessões semanais de fisioterapia motora e cognitiva, conforme prescrição
médica (em anexo às fls. xx).

Em virtude dos danos causados, bem como do risco à saúde do Apelante, não restou outro
meio senão a propositura da presente demanda, visando a liberação, em sede de liminar, de
todo o tratamento ao qual o Apelante tem direito, bem como, confirmando-se a liminar, a
condenação da Apelada à restituição dos valores ora negados, por conta da alteração
unilateral realizada, e ao pagamento de importe a título de danos morais.

Foi indeferida a liminar pleiteada (fls. 82/83), havendo a reforma de tal decisão por meio da
interposição, pelo Apelante, de Agravo de Instrumento, sendo este provido para conceder, em
sede de tutela antecipada, a liberação imediata da realização do tratamento adequado e
prescrito ao Apelante (fls. 109/115).

Contudo, à r. sentença de fls. xx, entendeu por bem, o MMº Juízo “a quo”, julgar parcialmente
procedente a demanda, apenas para declarar a abusividade da limitação às sessões de
fisioterapia imposta pela Apelada e condená-la ao reembolso dos valores anteriormente
negados, a serem liquidados em fase de execução. Não vislumbrou, portanto, a incidência de
danos morais, apontando que “mero dissabor” não ensejaria indenização a tal título.

Em que pesem as fundamentações muito bem lançadas, merece reforma a supracitada


sentença, no que julgou improcedente o feito, como se passa a demonstrar:

III – DO MÉRITO

1) DOS DANOS MATERIAIS – DA NECESSIDADE DE REEMBOLSO DOS VALORES DEMONSTRADOS


– QUANTIA INCONTROVERSA

O Apelante apresentou, em anexo à Inicial, a documentação comprobatória de todos os


valores expendidos para custeio de seu tratamento, o que incluiu as sessões de fisioterapia e
de fonoaudiologia necessárias à manutenção de sua saúde.

É reconhecidamente nula a cláusula de limitação imposta pela Apelada, por expressa afronta
ao Código de Defesa do Consumidor:

“Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:

(...)

XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do


contrato, após sua celebração;

(...)
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:

(...)

II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo


a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;

III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e


conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.

(...)”

Desta maneira, uma vez que comprovados os gastos supramencionados, deve ocorrer o
reembolso desses valores, haja vista que, conforme explicitado, o plano de saúde contratado
dá ao Apelante direito à ilimitadas consultas médicas, sessões de fisioterapia e de
fonoaudiologia. Ainda que estas tenham ocorrido em frequência supostamente superior
àquela prescrita, o menor faz jus à sua realização uma vez que o contrato, antes da edição da
mencionada cláusula, não apresentava limitação alguma nesse sentido. É cristalino portanto
que, conforme reconhecida a nulidade da supracitada limitação, todas as sessões cujo
reembolso foi negado devem ser indenizadas.

Ainda, cabe ressaltar que a Apelada em momento algum questionou os comprovantes


apresentados, sendo portanto os valores incontroversos, haja vista que não discutidos
anteriormente.

Desta forma, impõe-se a reforma da r. sentença quanto aos valores devidos à título de danos
materiais.

2) DOS DANOS MORAIS – RISCO À SAÚDE DO APELADO

O dano moral é aquele que se distingue do dano patrimonial, pois caracteriza-se por ser
extrapatrimonial, sendo originado de um fato lesivo, o qual entende-se atingir o direito da
personalidade; como explica Maria Helena Diniz:

O dano moral vem a ser a lesão de interesses não patrimoniais de pessoa natural ou jurídica
(CC, Art.52; Sumula 227 do STJ), provocada pelo fato lesivo. Qualquer lesão que alguém sofra
no objeto de seu direito repercutirá, necessariamente, em seu interesse; por isso, quando se
distingue o dano patrimonial do moral, o critério da distinção não poderá ater-se à natureza ou
índole do direito subjetivo atingido, mas ao interesse, que é pressuposto desse direito, ou ao
efeito da lesão jurídica, isto é, ao caráter de sua repercussão sobre o lesado, pois somente
desse modo se poderia falar em dano moral, oriundo de uma ofensa a um bem material, ou
em dano patrimonial indireto, que decorre de evento que lesa direito da personalidade ou
extrapatrimonial, como porex, direito a vida, à saúde, provocando também um prejuízo
patrimonial, como incapacidade para o trabalho, despesas com tratamento.

Para que se configure, é necessário nexo de causalidade, ação ou omissão do agente, culpa e a
ocorrência do dano. Primeiramente, ressalta-se que, por tratar-se esta de relação de consumo,
conforme Sumula 469 do STJ, deve-se observar que a responsabilidade da Apelada é objetiva,
de forma que é dispensada a análise acerca da culpa; a ação da Apelada e a existência do
dano, bem como o nexo de causalidade, porém, estão presentes, de forma que se caracteriza a
ocorrência de dano moral.

A r. sentença apelada aponta que “um mero dissabor” não enseja indenização; ocorre que o
causado pela cláusula abusiva imposta pela Apelada não foi mero dissabor, mas sim uma lesão
flagrante aos direitos do Apelante, inclusive assegurados pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente:

“Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público


assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.”

O Apelante é portador de mal raro e grave, que exige o devido acompanhamento médico, bem
como o tratamento adequado para que ele possa se desenvolver de forma plena, mantendo
sua saúde, na medida do possível. Seus genitores contrataram o plano de saúde em discussão
justamente para garantir que o menor recebesse o atendimento necessário, e, quando este foi
negado, através da alteração unilateral do contrato, já reconhecidamente irregular, supriram
tal necessidade o quanto possível, custeando do próprio bolso as sessões e consultas
demandadas.

Esta situação de sério risco à saúde do Apelante não pode ser vista como “mero dissabor”,
haja vista que da ação da empresa Apelada poderia ter havido gravíssimo prejuízo ao seu
desenvolvimento, conforme comprovado por laudos médicos acostados aos autos (fls. xx). Não
se trata de simples aborrecimento, portanto, mas de violação a direitos fundamentais do
Apelante, tais quais o direito à integridade física e até mesmo à vida.

Tal situação enseja, portanto e sem dúvidas, a devida indenização pelos danos morais
causados, devendo a guerreada sentença ser reformada nesse tocante.

IV – DOS PEDIDOS E DEMAIS REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer-se:

a) A juntada da guia de recolhimento do preparo, nos termos do art. 1007, CPC;

b) O recebimento do recurso de apelação nos seus efeitos legais, nos termos do art. 1012, CPC;

c) O conhecimento do presente recurso de apelação, haja vista a sua tempestividade e


pertinência, com fulcro no art. 1009, CPC;

d) O integral provimento do recurso a fim de que se reforme a sentença, julgando


integralmente procedentes os pedidos formulados pelo Apelante em sua Inicial, quais sejam: o
afastamento da cláusula contratual que limita a quantidade de sessões de fisioterapia a serem
reembolsadas, a restituição dos valores pagos a título de custeio destas sessões e consultas,
bem como a condenação da Apelada ao pagamento de indenização por danos morais;

e) A condenação da Apelada em honorários sucumbenciais, bem como ao pagamento das


custas e honorários advocatícios.

Termos em que
Pede deferimento

Local, data.

Advogado

OAB nº xx

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