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V – DO DANO MORAL

Restando comprovada a inexistência de débito, presumivelmente uma


motivação para haver o cancelamento do plano, tão logo o dano moral
existente acompanhará a Reclamante, deste modo o dano moral se faz
presumido, como entende a jurisprudência.
É tamanha a relevância dos direitos que aqui foram violados pela
Requerida, que a Constituição Federal de 1988, os elevou em seu Título II, à
categoria de Direitos Fundamentais, nos trazendo a ideia de que a honra e a
imagem das pessoas são invioláveis, assegurado o direito à indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Não restam dúvidas que a Requerida, por descaso e imprudência,
infringiu as mais elementares normas consumeristas, tendo sido a sua ação
culposa, a causa exclusiva do evento danoso, tanto do fato de que a
demandante teve de efetuar o pagamento da consulta, que teoricamente
deveria ocorrer mediante o plano adquirido pela autora.
A Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) de forma enfática,
assevera em seus arts. 6º e 14, respectivamente, os direitos básicos do
consumidor. Dentre eles: a reparação por danos morais e a adequada
prestação de serviço, bem como a possibilidade de reparação material e
moral por eventuais violações a esses direitos. Convicções que também
podem ser extraídas em consonância expressa dos arts. 186 e 927
“caput” do Código Civil Brasileiro.
Registre-se também, que já se tornou assente na jurisprudência,
especialmente na do colendo Superior Tribunal de Justiça, que o dano moral
prescinde de prova, a exemplo do julgamento proferido no REsp 331.517/GO:
“Na concepção moderna da reparação do dano moral
prevalece a orientação de que a responsabilização do
agente se opera por força do simples fato da violação, de
modo a tornar-se desnecessária a prova do prejuízo em
concreto. Recurso especial conhecido e provido (REsp. nº
331.517/GO – Relator Ministro César Asfor Rocha).”
Como é sabido, o dano moral não mais se restringe à dor, tristeza e
sofrimento, estendendo sua tutela a todos os bens personalíssimos. Em razão
de sua natureza imaterial, o dano moral é insuscetível de avaliação pecuniária,
podendo apenas ser compensado com a obrigação financeira imposta ao
causador do dano, sendo esta mais uma satisfação do que uma indenização.
Não existe um critério matemático ou uma tabela para a recompensa do dano
sofrido, mas a quantia deve representar uma satisfação à vítima, capaz de
suavizar ou amenizar o mal que foi sofrido, e por outro lado, causar ao ofensor
um efeito pedagógico no sentido de inibir a reiteração de futuros fatos como
este. Tal valor não pode ser excessivo, ensejando o enriquecimento sem
causa, mas também não pode ser inexpressivo, a ponto de se tornar
insignificante à Ré. Para tanto, devem ser considerados aspectos como a
extensão do dano, situação patrimonial, além do caráter pedagógico e punitivo
ao infrator.
Sendo assim, é indiscutível o dever de indenizar da Requerida, haja
vista que em decorrência de sua ação, a autora experimenta situação
constrangedora, angustiante em decorrência da possibilidade de não efetuar o
tratamento adequado, tendo sua visa posta em risco. Neste sentido:
PLANO DE SAÚDE. CANCELAMENTO. DANO MORAL . O
cancelamento indevido do plano de saúde pelo empregador,
por si só, não enseja reparação civil, sendo necessária a
prova de que, em virtude do aludido ato ilícito, o trabalhador
teve dificuldade de acesso a tratamento de saúde.
(TRT-3 - RO: 00100480920155030026 0010048-
09.2015.5.03.0026, Relator: Convocado Frederico Leopoldo
Pereira, Terceira Turma)
Ante o exposto, e pelos motivos de fato e de direito exaustivamente
apresentados, pleiteia-se indenização que deverá ser fixada em quantia não
inferior a R$ 16.000,00 (dezesseis mil reais), não apenas com o objetivo de
compensar as adversidades sofridas pela autora, mas também punir a Ré para
que esta se abstenha de praticar novamente futuras situações análogas.

VI – DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer de Vossa Excelência:

a) A gratuidade da Justiça, inclusive na possibilidade de eventuais


recursos, pela Demandante declarar-se pobre na forma da lei, nos
termos do art. 5º, LXXIV da CF/88 e arts. 98 e 99 do Código de
Processo Civil, sem condições de arcar com eventuais despesas do
processo;

b) A citação da empresa Demandada, MAIS SAÚDE LTDA, para que


responda aos termos da presente ação, contestando-a, caso queira,
no prazo legal, sob pena de revelia e confissão quanto a matéria de
fato, e compareça à audiência a ser designada;

c) Que seja concedida a tutela de urgência antecipada, inaudita


alterá pars, intimando a Ré para autorizar a realização do exame de
colonoscopia no dia 06/10/2020, visto que a demandante não tem
condição financeira de realiza-lo por conta, e consequentemente
prosseguir com o tratamento médico.

d) A inversão do ônus da prova, com fulcro nos artigos 6º, inciso VIII, do
Código de Defesa do Consumidor e no artigo 396 e seguintes do
Código de Processo Civil;

e) Que a empresa Ré seja condenada a pagar a cifra de R$ 16.000,00


(dezesseis mil reais) à autora, a título de danos morais, por todo o
exposto nesta peça, devidamente corrigidos até a data de prolação
da sentença;

f) Que a Ré seja condenada ao pagamento de honorários advocatícios,


estes da ordem de 20% (vinte por cento), sobre o valor da
condenação.

Protesta provar o alegado por meio de todo gênero de provas em direito


admitidas.

Por fim, requer que todas as intimações e notificações sejam feitas


exclusivamente em nome da advogada, MARIA PAULA SOUZA E SILVA,
OAB/MA 5.555, nos moldes do art. 272, §2º e §5º do Código de Processo Civil
vigente, sob pena de nulidade dos atos processuais praticados.

Dá-se à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Nestes termos, pede o deferimento.

São Luís – MA, 03 de fevereiro de 2020.

Maria Paula Souza e Silva


OAB/MA 5.555

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