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EXMO. (A) SR.(A) DR.

(A) JUIZ(A) DO TRABALHO DA ª VARA DO


TRABALHO DE LINHARES/ES

HEITOR ARGULHAS, vem à presença de Vossa Excelência, por seus procuradores,


proporRECLAMATÓRIA TRABALHISTA em face de SOCIEDADE EMPRESÁRIA
PORCELANAS ORIENTAIS LTDA, pelos motivos de fatos e direitos a seguir:

DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA


A Reforma Trabalhista, em seu Art. 790 trouxe expressamente o cabimento do
benefício à gratuidade de justiça ao dispor:
§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo. (Incluído pela Lei nº
13.467, de2017).

Assim, considerando que o Reclamante se encontra desempregada atualmente, não


possuindo assim fonte de renda, tem-se por insuficiente para se deferir os benefícios da justiça
gratuita, inviabilizando suprir a custas processuais, porque o que recebe é apenas para prover
seu sustento. Trata-se da necessária observância a princípios constitucionais indisponíveis
preconizados no artigo 5º inc. XXXIV da Constituição Federal, pelo qual assegura a todos o
direito de acesso à justiça em defesa de seus direitos, independente do pagamento de taxas, por
ausente prova em contrário do direito ao benefício.
Assim, a conduta perfeitamente tipificada pelo Código de Processo Civil de 2015, que
previu expressamente:

Art. 99. [...] § 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver


nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais
para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos. § 3o Presume- se verdadeira a alegação de insuficiência
deduzida exclusivamente por pessoa natural.

Ademais, nos termos do artigo 5º, LXXIV, da nossa Constituição Federal de 1988,
àqueles que comprovarem a insuficiência de recursos terá assistência jurídica integral e gratuita.
Neste sentido dispõe o artigo 98 e seguintes do Novo Código de Processo Civil, bem como
dispõe o artigo 99 § 4º do mesmo Diploma Legal que “a assistência do requerente por advogado
particular não impede a concessão de gratuidade da justiça”.

Pode-se observar, também pelo todo já dito no decorrer da presente peça, que o
Reclamante não possui emprego atualmente, o que deixa indubitável a impossibilidade de arcar
com as despesas processuais aqui demandadas.
Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal, pelo artigo
98 do CPC e 790 §4º da CLT, requer seja deferida a justiça gratuita a Reclamante.
Por fim, no caso de qualquer improcedência aos pedidos aqui pleiteados, requer seja
considerada a ADI 5766, na qual o STF declara inconstitucionais as previsões
dos Arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

DA RESPONSABILIDADE CIVIL. DOS DANOS MORAIS E ESTÉTICOS.


Considerando que, o Reclamante foi contratado pela empresa ré em 26/10/2020, para
exercer a função de vendedor, recebendo uma quantia equivalente a 1,5 salário-mínimo por
mês, sendo demitido motivo aparente, (sem justo motivo), após voltar as suas atividades
laborais em que estava afastado por licença médica por 3 meses. Considerando ainda o que
levou a demissão do autor, assim como os danos por ele sofridos.

Após a má instalação de prateleiras pelo proprietário da empresa, que buscando


economizar, decidiu ele mesmo executar o serviço, os objetos não suportaram o peso e caíram
por cima dos funcionários, sendo um deles, o autor da presente ação. Em decorrência do
acidente, o reclamante sofreu sérias lesões na cabeça, precisando passar por procedimentos que
lhe gerou marcas a toda sua vida, isto é, seu rosto ficou com uma cicatriz muito chamativa,
causando-lhe danos estéticos e psicológicos sobre o tema, preceitua a Constituição Federal de
1988, em seu artigo 5º, inciso X, que:
“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) X - São
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação; ”
De outro lado, à luz do artigo 186 do Código Civil, “aquele que, por
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito”. E, conforme art. 917, do referido código, “aquele
que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo. ”
Assim, tem-se que, para caracterização do dano moral faz necessária a configuração
de: (I) ato ilícito, causado pelo agente por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência; (II) efetivo dano, de ordem patrimonial ou moral; e (III) nexo causal entre dano e
comportamento do agente.
Ora, quanto à configuração do ato ilícito, têm-se que o proprietário da empresa não
era o profissional capacitado para realizar a instalação das prateleiras, agindo dessa forma com
negligência ao colocar a vida de outras pessoas em perigo.
Considerando que em relação ao dano, não restam dúvidas acerca dos grandes
transtornos suportados pelo Reclamante, os quais permanecerão gravados
por toda sua vida. Além dos 50 pontos que precisou ser submetido na cabeça, sofreu danos
estéticos devido a grande cicatriz em seu rosto, além dos danos psicológicos, uma vez que foi
demitido, 6 sem causa alguma no dia em que retornou do seu afastamento médico.
Quanto ao nexo de causalidade do agente, não há questionamento que o acidente
ocorreu a partir de uma ação negligente da dona da empresa Reclamada, que além disso,
demitiu o autorsem qualquer razão.
Sobre o quantum indenizatório, observa-se que este visa a atender à tríplice função do
ressarcimento por dano moral, qual seja punitiva, pedagógica e reparadora, sendo importante,
para a sua determinação, a consideração da natureza do fato e seus desdobramentos.
Depreende-se do presente que a postura da Reclamada é ilegal, tornando necessária a
aplicação de medida punitiva oriunda de sua realização. Igualmente, não se olvidando da
função reparadora, que busca a reparação moral advinda dos constrangimentos experimentados
pelo requerente oriundos dos transtornos causados que excedem os meros aborrecimentos
cotidianos.

Cabe destacar ainda, o previsto na legislação trabalhista em seus artigos 223- B e 223-
CArt. 223-B.
Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a
esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares
exclusivas do direito à reparação. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a


sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente
tutelados inerentes à pessoa física. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Isso posto, em virtude de todos dos danos aqui trazidos, qual seja, moral e estético,
requerer o Autor a condenação da Reclamada à reparação dos danos extrapatrimoniais por eles
sofridos, devendo a fixação indenização em tela alcançar o montante de R$. XXX reais.

DOS DANOS MATERIAS


Importa ressaltar, que para além dos danos sofridos pelo reclamante acima expostos,
ainda precisou suprir com todas as despesas médicas haja vista seu plano haver sido cancelado
pela empresa em que trabalhava. Ou seja, perdeu todo o suporte possível, precisando inclusive
usartodas as suas economias para isso.
A fim de especificar os gastos, importa trazer que só com medicamentos foi gasto o
valor de R$ 1.350,00, e com as sessões de terapia chegaram a R$ 2.500,00.
Frisa-se que, à luz do artigo 186 do Código Civil:
“aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”. E, conforme art. 917, do
referido código, “aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”.
Logo, premissa vênia, não resta dúvida do dever de indenizar da Reclamada a partir
do cancelamento do plano de saúde do autor, mesmo que tenha responsabilidade civil objetiva
nocaso em comento.
Nesse sentido, requer-se a condenação da Reclamada ao pagamento à título de danos
materiais,do valor de R$ 3.850,00.

DOS VALORES DEVIDOS DE FTGS NÃO DEPOSITADOS.


É sabido que o FGTS é um direito do trabalhador garantido pela legislação trabalhista.
Vejamos:
Art. 15. Para os fins previstos nesta Lei, todos os empregadores ficam obrigados a
depositar, até o vigésimo dia de cada mês, em conta vinculada, a importância
correspondente a oito por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a
cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os art. 457 e
art. 458 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452,
de 1943, e a Gratificação de Natal de que trata a Lei nº 4.090, de 13 de julho de
1962. (Redação dada pela Medida Provisória nº 1,107, de 2022) (Produção de
efeitos)

§ 5º O depósito de que trata o caput deste artigo é obrigatório nos casos de


afastamento para prestação do serviço militar obrigatório e licença por acidente do
trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998).

Sendo assim, haja vista o afastamento médico está previsto no § 5º, não há
justificativa para os valores relativos aos 3 meses não serem depositados, requer-se que a
Reclamada seja condenada a pagar o valor do FGTS relativo aos 3 meses de afastamento.

DA REITEGRAÇÃO A SUA FUNÇÃO


Vejamos o que está previsto no Art. 118 da Lei nº 8.213/91:
Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo
mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a
cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-
acidente.

Ademais, cabe ao Reclamante a comprovação do seu direito, conforme clara


redação daSúmula 378, II do TST:
Súmula nº 378 do TST

III - O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo determinado goza da


garantia provisória de emprego, decorrente de acidente de trabalho, prevista no art.
118 da Lei 8.213/1991.

Nesse sentido, fica evidente que a é direito pacificado pelas supremas cortes
brasileiras, o direito da instabilidade em seu emprego do reclamante, sendo certo seu direito
de reintegração.

DO RESTABELECIMENTO DO PLANO DE SAÚDE


De acordo com a Súmula 440 do TST, é assegurado o direto à manutenção do plano
de saúde para o trabalhador pelo tempo em que ele se manteve
necessitando de assistência médica, in verbis:

SÚMULA 440 TST

Assegura-se o direito à manutenção de plano de saúde ou de assistência médica


oferecido pela empresa ao empregado, não obstante suspenso o contrato de trabalho
em virtude de auxílio doença acidentário ou de aposentadoria por invalidez.

Nesse sentido, diante do cancelamento do plano de saúde do Reclamante desde o


momento em que sofreu o acidente, requer-se, imediatamente o restabelecimento da
assistência médica pelo tempo em que o autor necessitar de acompanhamento.

DA TUTELA DE URGÊNCIA
Nesse contexto os pressupostos para concessão da tutela provisória de urgência estão
previstos no caput do artigo 300 do Código de Processo Civil, sendo eles “fumus boni iuris” e
“periculumin mora”, in verbis:
Art . 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidencie a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.

Na hipótese, é crucial que seja desde logo determinada a reintegração imediata do


emprego do Reclamante, assim como do restabelecimento do plano seu plano de saúde, tendo
em vista a situação atual do autor. A probabilidade do direito mencionada no caput do
dispositivo mencionado está claramente presente nas letras de lei citadas em cada Tópico
anterior, assim como na Súmulas da TST.
Quanto ao perigo do dano previsto no artigo 300 do CPC, sua presença é patente.
Como mencionado acima, o reclamante, hoje, encontra-se sem qualquer assistência médica,
sem dinheiro algum para manutenção do seu tratamento, sem emprego e com sequelas
permanentes.
Assim, diante de todo o exposto, inegável o preenchimento dos requisitos para a
concessão datutela de urgência.
DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS
Com base no princípio da sucumbência, consubstancia do no Art. 791-A, da CLT, são
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o
máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa.
Esses critérios são os mesmos utilizados no Art. 50, § 2º do Código de Processo Civil.
DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, requer o Reclamante:
1) Que sejam concedidos os benefícios da Justiça Gratuita, por ser pobre na
forma da lei, combase na declaração firmada pelo Reclamante;
2) A notificação da Reclamada para, querendo, contestarem a presente
ação, sob pena de confissão e revelia;
3) Que seja concedida a tutela de urgência em favor da Reclamante com a
reintegração do seuplano de saúde, assim como da sua função laboral.
4) Que seja reconhecido e declarado por esse MM. Juízo que, o valor atribuído ao
pedido destes autos, seja considerado como meramente estimativo e não vincule o limite da
condenação, cujo valor correto deve ser apurado, após a exibição de documentos pela
Reclamada;
5) Que seja a Reclamada condenada ao pagamento de danos morais e estéticos na
monta de R$XXX
6) Que seja a Reclamada condenada ao pagamento de dano material no valor de
R$ 3.850,00.
7) Que seja a Reclamada condenada ao pagamento dos valores referentes ao FGTS
dos 3 mesesem que o Reclamante ficou afastado por questão de saúde.
8) Que seja a Reclamada condenada a restabelecer o plano de saúdo da reclamante
com fulcrona Súmula 440 do TST
9) Que seja a Reclamada condenada a reintegrar o Reclamante no seu quadro de
funcionárioscom fulcro na Súmula 378 do TST.
10) Que seja a Reclamada condenada ao pagamento de honorários com fulcro no
Art. 791-A,da CLT.
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos,
especialmente o depoimento pessoal do proposto, sob pena de confissão, oitiva de
testemunha e juntadaposterior de documentos.
Dá-se à causa o valor R$ XXX, para efeitos meramente de alçada.

Nestes termos, Pede


deferimento.

Recife, x de janeiro de 2022.

LUCAS ARAÚJO DA FONSECA

OAB/PE XXXXXX

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