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DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO – MATERIAL DE AULA 6

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PROFESSORA AMANDA DINIZ – JUÍZA DO TRABALHO

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MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS - PROIBIDO DIVULGAÇÃO PARA TERCEIROS

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Boa noite, pessoal! Nessa aula trataremos sobre o último assunto do tema “renúncia e transação”,

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que trata de Comissão de Conciliação Prévia (eu pedi ao professor Otávio Calvet que não aprofundasse esse

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tema com vocês, pois é um tema que me agrada ministrar). Posteriormente falaremos sobre as relações de
trabalho em sentido amplo, que não são classificadas como relações de emprego.

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RENÚNCIA E TRANSAÇÃO – COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

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1 – TRANSAÇÃO EXTRAJUDICIAL

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Conforme previsão expressa do artigo 625-E, da CLT, a Comissão de Conciliação Prévia forma um título

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executivo extrajudicial.

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Art. 625-E, § único, CLT. O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia

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liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
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Outrossim, o artigo 784 do CPC, que contém um rol exemplificativo, reforça essa natureza.
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Art. 784, caput e XII, CPC. São títulos executivos extrajudiciais: (...) XII - todos os demais títulos aos
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quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.


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2 – SOMENTE PODEM COMPOR CONFLITOS INDIVIDUAIS


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Art. 625-A, CLT: As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de
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composição paritária, com representante dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de
tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho.
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Pelas características acima, a CCP é um método de autocomposição de conflitos, pois as próprias


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partes chegam a uma solução. Ademais, as partes não são obrigadas a negociar na CPP e o STF já decidiu
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pela desnecessidade da tentativa de negociação prévia para o ajuizamento de ação trabalhista.


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O processo judicial trabalhista é exemplo de heterocomposição de conflito individual, com a resolução


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do conflito pela sentença, embora nem todos saiam satisfeitos. Há discussão se o acordo judicial seria uma
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forma de mediação ou conciliação, a depender do grau de influência que o juízo exerceu para a realização do
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acordo. A via jurisdicional é sempre classificada como método de heterocomposição de conflitos, ainda que
nos casos de acordo possa haver traços da mediação ou conciliação (classicamente tratados como métodos
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de autocomposição de conflitos).
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FORMAS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS EXEMPLOS


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Autocomposição de Conflitos Individuais Comissão de Conciliação Prévia


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Autocomposição de Conflitos Coletivos Acordo Coletivo e Convenção Coletiva


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Heterocomposição de Conflitos Individuais Jurisdição Estatal – Ação Trabalhista


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Heterocomposição de Conflitos Coletivos Jurisdição Estatal – Dissídio Coletivo


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3 – TIPOS DE CCP

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O artigo 625-A, caput, da CLT, prevê que podem haver CCPs constituídas no âmbito das empresas e

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também CCPs constituídas no âmbito dos sindicatos.

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Artigo 625-A da CLT. As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de

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composição paritária, com representante dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de

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tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho. Parágrafo único. As Comissões referidas no caput

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deste artigo poderão ser constituídas por grupos de empresas ou ter caráter intersindical.

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A CLT somente regula as CCPs criadas no âmbito das empresas. As CCPs criadas no âmbito dos

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sindicatos são regulamentadas por acordo ou convenção coletiva, ou seja, pela própria norma coletiva.
Portanto, cuidado com questões de provas de primeira fase que colocam no enunciado “as CCPs criadas no

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âmbito das empresas e dos sindicatos ....”. Quando a questão se referir genericamente à CCP, sem

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especificar se ela foi constituída no âmbito da empresa ou do sindicato, devemos considerar que a questão

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se refere ao regramento da CLT.

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Atualmente não é comum a existência de CCPs, mas há muitas ações judiciais e o TST ainda julga

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muitas controvérsias relativas a elas. Ademais, é assunto recorrente em provas.
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Havendo os dois tipos de Comissão, o interessado poderá optar por uma delas, conforme art. 625-D,
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§4º, da CLT, prevalecendo a que primeiro conhecer do pedido.


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Artigo 625-D, § 4º CLT. Caso exista, na mesma localidade e para a mesma categoria, Comissão de
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empresa e Comissão sindical, o interessado optará por uma delas submeter a sua demanda, sendo
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competente aquela que primeiro conhecer do pedido.


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Não existe jurisprudência significativa para esclarecer o que seria “conhecer do pedido”, pois
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raramente o trabalhador vai submeter a demanda a duas CCPs diferentes. No entanto, fazendo uma analogia
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ao processo do trabalho, não se trata da CCP que primeiro marcar a data para as partes tentarem conciliar,
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mas sim a que foi procurada primeiro, como se fosse uma prevenção.
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3.1 – INSTITUÍDA NO ÂMBITO DA EMPRESA - REGULAMENTADA PELA CLT


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Artigo 625-B, caput, CLT. A Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de, no mínimo,
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dois e, no máximo, dez membros, e observará as seguintes normas:


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De acordo com o caput, não pode existir CCP de um só membro, devendo haver entre 2 e 10 membros,
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e de forma a compor uma metade eleita pelos empregados e a outra metade indicada pelo empregador.
Não há jurisprudência acerca da possibilidade de ser composta por um número ímpar de membros, sendo a
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maioria eleita pelos empregados. No entanto, a professora supõe que poderia.


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Artigo 625-B, inciso I, CLT. A Comissão instituída no âmbito da empresa (...) observará as seguintes
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normas: I - a metade de seus membros será INDICADA pelo empregador e outra metade ELEITA pelos
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empregados, em escrutínio, secreto, fiscalizado pelo sindicato de categoria profissional;


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É importante perceber que o empregador escolhe (não elege) os representantes sua confiança para
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atuar na CCP. Já os representantes dos empregados são eleitos (e não indicados, como ocorre com os
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representantes dos empregadores) indicados, em votação secreta e fiscalizada pelo sindicato. Ocorre a
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fiscalização da votação pelo sindicato, embora seja a CCP constituída no âmbito da empresa. A eleição
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secreta e fiscalizada visa coibir fraudes de vícios de consentimento ao sofrerem pressões da candidatura e
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votação.
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Artigo 625-B, inciso II e § 1º, CLT. (...) II - haverá na Comissão tantos suplentes quantos forem os

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representantes titulares; § 1º. É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da

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Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o final do mandato, salvo se

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cometerem falta grave, nos termos da lei.

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Ademais, os titulares e os suplentes devem estar em mesmo número, somente sendo vedada a

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dispensa imotivada dos representantes dos empregados. Somente eles terão a garantia provisória de
emprego, já que os representantes do empregador, em tese, não precisariam temer represália por atuar na

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CCP. As garantias de emprego de cunho coletivo, como a do cipeiro e a do dirigente sindical, geralmente

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vigem da candidatura até um ano após o término do mandato. Não obstante, especificamente em relação à

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CCP, o art. 625-B, da CLT, não prevê o momento do início da garantia.

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A interpretação literal e lógica faz crer que a estabilidade começa com a eleição (e não
necessariamente com o início do mandato, pois nem sempre a posse é imediatamente após a eleição). Assim,

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para a prova de primeira fase, o início da garantia NÃO começa com a candidatura, nem com a eleição, mas

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tão somente a partir do efetivo exercício do mandato (posse), sendo errado dizer que o representante dos

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empregados na CCP tem garantia provisória entre a candidatura e a eleição ou entre a candidatura e a posse.

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É incontroverso, para prova de primeira fase, que a partir da posse há a garantia do emprego.

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Já em relação à prova de segunda fase, é possível argumentar que o empregador dispensou o
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empregado com a finalidade de impedir sua eleição ou posse. Essa dispensa é obstativa da aquisição da
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garantia de emprego, sendo ilícita. Isso faz com que a dispensa seja nula, como se não tivesse ocorrido.
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Nesse caso, pode-se dizer que o ônus é do empregador comprovar que a dispensa foi por outro motivo
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válido. Quando o empregado já está eleito, mas ainda não tomou posse, é evidente que o empregador tem
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ciência desse fato. O mesmo ocorre quando o empregado é já é candidato, mas ainda não ocorreu a eleição,
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pois não teria muita lógica o empregador alegar que não tinha ciência da eleição ou até mesmo da
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candidatura do empregado para uma CCP que a própria empresa constituiu.


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E se for antes do registro da candidatura, mas na empresa já se fala que o empregado X vai se
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candidatar? Nesse caso, poderia se atribuir ao empregado o ônus de comprovar que o empregador tinha
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ciência da pretensão de candidatura pelo empregado.


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Respondendo à pergunta do aluno Pitágoras, a professora informa que tecnicamente não seria uma
dispensa discriminatória da Súmula 443, do TST1 de lei 9.029/95, que tem rol exemplificativo. É mais técnico,
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em provas, afirmar que o empregado foi alvo de discriminação e que a dispensa foi obstativa da garantia
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provisória de emprego. Seria uma “dispensa discriminatória qualificada” (a professora falou que esse termo
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não existe tecnicamente, mas que ela classificaria dessa forma para facilitar a compreensão) por também
obstar a garantia.
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Artigo 625-B, § 2º, CLT. O representante dos empregados desenvolverá seu trabalho normal na
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empresa afastando-se de suas atividades apenas quando convocado para atuar como conciliador,
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sendo computado como tempo de trabalho efetivo o despendido nessa atividade.


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O art. 625-B, em seu parágrafo 2º, determina que o empregado membro da CCP constituída no âmbito
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da empresa, e representante dos empregados, só se afastará de suas atividades na empresa quando for
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convocado, não podendo deixar de receber salário nem ser descontado por falta. Ou seja, não há suspensão
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Súmula nº 443 TST. DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO. EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU PRECONCEITO. DIREITO À
REINTEGRAÇÃO. Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou
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preconceito. Inválido o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego.


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nem interrupção do contrato de trabalho, pois enquanto estiver atuando na CCP o empregado estará

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trabalhando na CCP constituída pela empresa.

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Pergunta da aluna Marta: A atuação como conciliador poderia gerar hora extra, uma vez que será
computado como tempo de trabalho efetivo? R: Com certeza, Marta! Esse tempo do representante dos

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empregados na CCP entra na jornada normal de trabalho e, se ultrapassado, gera horas extras.

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Vamos ver as questões específicas sobre o tema. Nas questões abaixo só foram transcritas as

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alternativas tem relação com o assunto estudado. As demais alternativas tratam de outras hipóteses de

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garantias de emprego, que serão estudadas futuramente.

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(TRT 1 - 2013 - questão 11) Em relação ao período de duração das hipóteses de garantia provisória de
emprego previstas no ordenamento jurídico, é correto afirmar: (...) Membro representante dos

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trabalhadores em Comissão de Conciliação Prévia: desde a eleição, até 1 ano após o término do

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mandato.

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Essa questão está errada porque não é a partir da eleição, já que a lei não especifica. Há várias

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correntes: desde a candidatura, desde a eleição, desde a posse ou do exercício efetivo. Para as questões de

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primeira fase devemos considerar que será desde a posse, como comentado anteriormente.
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(TRT 6 – 2015 – questão 12) Em relação à estabilidade provisória no emprego, é INCORRETO afirmar
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que: (...) os representantes dos trabalhadores, membros de Comissão de Conciliação Prévia, desde
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que titulares, têm estabilidade desde o registro da candidatura até um ano após o término do
mandato.
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Essa afirmativa tem dois erros: “desde que titulares” e “desde o registro da candidatura”. A
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estabilidade é tanto para os titulares quanto para os suplentes.


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(TRT 8 – 2013 – questão 16) Com relação à estabilidade e garantias provisórias de emprego, é
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CORRETO afirmar: (...) É vedada a dispensa de todos os trabalhadores membros da Comissão de


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Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o final do mandato, salvo se cometerem
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falta grave, nos termos da lei.


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Questão incorreta porque só é vedada a dispensa dos membros representantes dos empregados e não
de todos os trabalhadores membros da CCP.
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3.1 – INSTITUÍDA NO ÂMBITO DO SINDICATO - REGULAMENTADA POR NEGOCIAÇÃO COLETIVA


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Essa CCP é regulamentada por norma coletiva. Essa norma coletiva não precisa replicar as
características da CCP constituída no âmbito da empresa, pois os referidos artigos da CLT não se aplicam a
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ela. A negociação poderá dispor sobre o número de representantes, quem e quantos terão estabilidade, o
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prazo da garantia provisória, etc.


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Artigo 625-C CLT. A Comissão instituída no âmbito do sindicato terá sua constituição e normas de
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funcionamento definidas em convenção ou acordo coletivo.


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É importante saber também que, para o termo de conciliação ser um título executivo judicial válido,
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tem que ser observado o sindicato da categoria do Reclamante, conforme acórdão do TST:
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“RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. (...) TERMO DE CONCILIAÇÃO


FIRMADO PERANTE COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA INTEGRADA POR SINDICATOS DIVERSOS DO
OS

QUE REPRESENTA A CATEGORIA DO RECLAMANTE. INVALIDADE. EFICÁCIA LIBERATÓRIA NÃO


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RECONHECIDA. Nos termos dos arts. 625-A e 625-D da CLT, o acordo firmando perante a Comissão de

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Conciliação Prévia somente gera a eficácia liberatória prevista no art. 625-E se esta for integrada pelo

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sindicato representativo da categoria profissional do empregado que firmar o acordo. Dessa forma,

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tendo a conciliação realizada nestes autos sido firmada perante Comissão não integrada pelo sindicato

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representativo da categoria do reclamante, não há como conferir a ele a eficácia liberatória geral

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prevista no referido art. 625-E da CLT. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento”.

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RR - 28700-69.2007.5.01.0201. 8ª Turma. Relator: Joao Batista Brito Pereira. Publicação: 16/11/2020.

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4 – FORMA DE ACESSO E PREVENÇÃO

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Vejamos os artigos que dispõem sobre a forma de acesso e prevenção:

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Artigo 625-D, caput, CLT. Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de

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Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no

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âmbito da empresa ou do sindicato da categoria.

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Artigo 625-D, § 1º CLT. A demanda será formulada por escrito ou reduzida a termo por qualquer dos

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membros da Comissão, sendo entregue cópia datada e assinada pelo membro aos interessados.

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Artigo 625-D, § 4º CLT. Caso exista, na mesma localidade e para a mesma categoria, Comissão de
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empresa e Comissão sindical, o interessado optará por uma delas submeter a sua demanda, sendo
NT

competente aquela que primeiro conhecer do pedido.


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Agora vamos analisar questões que tratam deste ponto:


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(TRT 1 - 2012 – questão 1) Quanto à Comissão de Conciliação Prévia é correto afirmar:


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(A) A Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de, no mínimo, dois e, no máximo,
dez membros, com mandato de dois anos, permitida uma recondução.
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(B) Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo empregado, pelo empregador ou seu
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preposto e pelos membros da Comissão, garantindo-se ao interessado o prazo de 8 (oito) dias


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para interposição de recurso ordinário.


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O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto
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(C)
quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
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(D) É vedada a dispensa dos representantes dos empregados e dos empregadores, membros da
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Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o final do mandato, salvo
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se cometerem falta grave, nos termos da lei.


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(E) Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia,
desde que formulada obrigatoriamente por escrito se, na localidade da prestação de serviços,
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houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria.


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A letra “a” está errada porque o mandato é de 1 ano, conforme art. 625-B, III, da CLT.
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Artigo 625-B, III, CLT: o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de um ano, permitida uma
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recondução.
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A letra “b” está em conformidade com o art. 625-E, da CLT, exceto quanto à parte final, pois o
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empregado pode ajuizar ação trabalhista para pleitear mais verbas ou então ação anulatória do acordo na
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CCP, não cabendo recurso ordinário, já que se trata de título executivo extrajudicial.
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A letra “c” é exatamente o que diz o artigo 625-E, parágrafo único. Importante perceber que esta

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questão está correta até os dias atuais, pois a primeira fase cobra letra de lei e não a interpretação feita pelo

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Poder Judiciário.

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A letra “d” está errada, pois a dispensa só é vedada para os representantes dos empregados.

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Por fim, a letra “e” está conforme o art. 625-D, caput, e § 1º da CLT, salvo no que diz respeito à

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formulação por escrito, podendo ser formulada verbalmente e reduzida a termo pelos membros da CCP. Em

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que pese a literalidade do artigo 625-D, caput, afirmar “qualquer demanda trabalhista”, sabemos que a CCP

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só se aplica para conflitos individuais, conforme art. 625-A, da CLT.

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(TRT 4 – 2012 – questão 17) A Comissão de Conciliação Prévia instituída no âmbito da empresa será
composta de, no mínimo, dois e, no máximo:

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(A) dez membros, sendo que haverá na Comissão dois suplentes para cada um dos representantes

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titulares.

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(B) dez membros, sendo que o representante dos empregados desenvolverá seu trabalho normal na

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empresa, afastando-se de suas atividades apenas quando convocado para atuar como conciliador,

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sendo computado como tempo de trabalho efetivo o despendido nessa atividade.
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(C) dez membros, sendo vedada a dispensa dos representantes dos empregados, titulares e
suplentes, até um ano após o início do mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei.
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(D) doze membros, sendo que a metade de seus membros será indicada pelo empregador e a outra
metade eleita pelos empregados, em escrutínio secreto, fiscalizado pelo sindicato da categoria
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profissional.
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(E) doze membros, sendo que o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de um ano,
permitida uma recondução.
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A letra “a” está errada por não ser o dobro de suplentes. A “b” é a resposta correta. A letra “c” está
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incorreta, pois deveria ser “até um ano após o FIM do mandato”. As demais estão erradas, pois o número
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máximo é de 10 membros.
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5 – ABRANGÊNCIA DA QUITAÇÃO
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Essa questão não está pacificada. Anteriormente, o TST fazia a interpretação literal do artigo 625-E, §
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único, CLT, para dar eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
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Artigo 625-E, § único CLT. O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia
liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
COS

Contudo, em 2018, o STF julgou as ADIs 2139, 2160 e 2237 (que são bem antigas e tiveram a liminar
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deferida para afastar a obrigatoriedade de submissão à CCP) e, com base na análise do julgamento do STF, o
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TST vem alterando o seu entendimento.


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- Entendimento tradicional do TST: quitação geral quanto ao extinto contrato e necessidade de


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ressalva expressa informando não quitação geral. Processo nº E-RR - 17400.73-2006.05.01.0073, SBDI-1,
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sessão de 8/11/2012. Empate de 7x7 - voto de qualidade da Presidência (Ministro João Oreste Dalazen).
5
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Assim, para não haver a quitação quanto ao extinto contrato de trabalho, seria necessária a ressalva
expressa para dizer “a quitação não abrange o contrato de trabalho” ou “a quitação não abrange as parcelas,
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X, Y, Z”. Se não colocar ressalva, a quitação será interpretada quanto ao extinto contrato de trabalho.
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Exemplo: transacionou parcela “x” ou “y” com omissão sobre amplitude da quitação = quitação geral

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quanto ao extinto contrato. Seria necessária limitação expressa de quitação somente em relação a essas

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parcelas ou ressalva expressa quanto a todas as demais parcelas do contrato.

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Exceção: somente quando a CCP era usada como órgão homologador de verbas rescisórias é que o TST

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limitava a abrangência da quitação.

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Portanto, há muitas decisões do TST que extinguem o processo, com resolução do mérito, por

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entender pela quitação do extinto contrato de trabalho.

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- Julgamento ADINs 2139, 2160 e 2237 - agosto 2018 com publicação em fevereiro de 2019: No

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material de apoio há o inteiro teor de um dos acórdãos. É importante que vocês leiam o inteiro teor dos
acórdãos do STF para compreenderem efetivamente os argumentos usados.

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No julgamento dessas ADINs, a relatora, min. Carmem Lucia, inicialmente, não discorre sobre a

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amplitude da quitação, apenas se posicionando quanto a não obrigatoriedade da submissão à CCP antes do

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ajuizamento de ação trabalhista. No entanto, quando foi dada a palavra para que os demais ministros

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votassem, alguns passaram a tratar da quitação, conforme mencionado abaixo.

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Relatora Carmém Lúcia começa a votar falando do 625-D, sem mencionar 625-E - até pág. 19
OS
(documento relativo ao voto está disponível para os alunos).
NT

Min. Fux antecipa o voto - pg. 20 a 46:


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“A partir de interpretação sistemática com as demais normas da CLT, a eficácia liberatória geral
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referida pelo dispositivo diz respeito somente às parcelas ou títulos trabalhistas submetidos à comissão.
Isto é, inexiste a quitação ampla de qualquer obrigação decorrente do contrato de trabalho, mas
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somente daquelas que dizem respeito à solução autocompositiva de conflitos trabalhistas”.


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Min. Alexandre de Moraes só acompanha relatora – pg. 47


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Min. Fachin abre divergência específica – pg. 48 a 62:


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“No tema específico que diz respeito à questão atinente à quitação, na ADI 2.237, a questão que se
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coloca aqui é precisamente a dos efeitos que podem derivar desse dispositivo, tal como adveio do voto
de Vossa Excelência, que é o parágrafo único, alterado, do art. 625-E da CLT (...) A SENHORA MINISTRA
OS

CÁRMEN LÚCIA (PRESIDENTE E RELATORA) - “Sim, não fiz a leitura completa, mas resumida do voto, e,
NT

no que se refere ao 625-E, que estabelece exatamente "eficácia liberatória geral”, assentei a sua
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validade. Aí faço a leitura apenas para completar e esclarecer porque aqui entendi que essa norma
diria respeito a VALORES discutidos. Sendo facultativo, e, portanto, dizendo respeito aos VALORES ali
OS

discutidos e não se transmutam em quitação indiscriminada de verbas trabalhistas, mas geral


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relativamente ao que no termo se contém”. (...) SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN - Então, aqui peço
vênia a Vossa Excelência para entender que, mesmo tendo ocorrido o procedimento de conciliação,
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não há uma eficácia liberatória geral, há uma eficácia liberatória do que foi objeto da conciliação. A
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SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (PRESIDENTE E RELATORA) - Do que foi objeto da discussão, por
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25

isso que eu interpretei nesse sentido e com essa compreensão não vislumbro inconstitucionalidade.
5

SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN - Mas, como a expressão que está na lei é "eficácia liberatória
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geral", tenho, para mim, que essa expressão é inconstitucional. Portanto, aqui, entendo pela redução
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de texto e pela inconstitucionalidade parcial. A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (PRESIDENTE E


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RELATORA) - Eu considerei que a palavra geral significando tudo o que foi acordado por consenso
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afirmado entre as partes. Geral no que se refere àquilo que foi objeto da composição, por isso achei
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54
suficiente que, assim interpretado, se pudesse resguardar a norma e executar. O SENHOR MINISTRO

52
EDSON FACHIN - Creio que temos o mesmo ponto de vista, apenas o mecanismo é distinto.”

40
55
Min. Barroso acompanha a relatora – pg. 63.

S
Min. Rosa Weber ressalva o 625-E – pg. 64 a 67.

O
NT
Min. Lewandowski acompanha a relatora – pg. 68 e 69.

SA
Min. Marco Aurélio dá quitação geral – pg. 70 a 77.

S
CO
Extrato de ata não menciona sobre amplitude de quitação – pg. 78.

AR
Informativo 909 STF – 30 de julho a 03 de agosto de 2018: COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA E

2M
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. O Plenário confirmou os termos das medidas cautelares (Informativos

00
195, 476 e 546) e julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados em três ações diretas de

54
inconstitucionalidade para dar interpretação conforme à Constituição ao art. 625-D, §§ 1º a 4º (1), da

52
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), para reconhecer que a Comissão de Conciliação Prévia

40
constitui meio legítimo, mas não obrigatório, de solução de conflitos, resguardado o acesso à Justiça

55
para os que venham a ajuizar demandas diretamente no órgão judiciário competente, e manter hígido
o inciso II do art. 852-B da CLT. Além disso, por maioria, conferiu interpretação sistemática ao art.
OS
625-E, parágrafo único, da CLT, no sentido de que a “eficácia liberatória geral” do termo neles
NT

contido está relacionada ao que foi objeto da conciliação. Diz respeito aos valores discutidos e não
SA

se transmuta em quitação geral e indiscriminada de verbas trabalhistas. Em obediência ao inciso


S

XXXV (4) do art. 5º da Constituição Federal (CF), é desnecessário prévio cumprimento de requisitos
CO

desproporcionais, procrastinatórios ou inviabilizadores para a submissão de pleito ao órgão judiciário.


AR

Não cabe à legislação infraconstitucional expandir o rol de exceções ao direito de acesso ao Judiciário.
2M

Nesse sentido, contraria a CF a interpretação do art. 625-D e parágrafos que reconheça a submissão
da pretensão à Comissão de Conciliação Prévia como requisito para ajuizamento de reclamação
00

trabalhista. Essa compreensão, contudo, não exclui a idoneidade do subsistema de autocomposição


54

previsto nos preceitos, apto a buscar a pacificação social. A legitimidade do referido meio alternativo
52

de resolução de conflitos baseia-se na consensualidade, importante instrumento de acesso à ordem


40

jurídica justa. No mais, é legítima a citação estabelecida no inciso II do art. 852-B da CLT. Um de seus
55

objetivos é conferir celeridade e efetividade ao rito sumaríssimo adotado na Justiça do Trabalho. Por
OS

fim, a isonomia constitucional não impõe tratamento linear e rígido a todos os que demandam a
NT

atuação do Poder Judiciário. A admissão da citação editalícia no mencionado rito representaria


SA

desigualdade material. Essa prática tenderia a alinhar os ritos sumaríssimo e ordinário em detrimento
dos princípios da primazia da realidade e da razoabilidade. Portanto, caso não se encontre o
OS

jurisdicionado, haverá a transformação do procedimento em ordinário. Vencidos os ministros Edson


C

Fachin e Rosa Weber, que declararam a inconstitucionalidade da expressão “e terá eficácia liberatória
AR

geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas” constante da parte final do parágrafo
2M

único do art. 625-E da CLT.


00

No debate entre o Min. Fachin e a Min. Carmém Lúcia, a ministra afirma que não declarou a
4
25

inconstitucionalidade do artigo por ter feito interpretação conforme à Constituição, ao entender que a
5
40

quitação geral do parágrafo único do art. 625-E, CLT trata somente de quitação quanto às parcelas
55

transacionadas na CCP e não quanto ao extinto contrato de trabalho. Por exemplo, se o empregado
transacionou horas extras, essa parcela está quitada, mas ele poderá entrar na Justiça para pleitear
OS

equiparação salarial.
NT
SA
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MA
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AR
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00
54
Então, o Ministro Fachin disse que entendia da mesma forma, porém declararia a

52
inconstitucionalidade do referido artigo, em vez de apenas fazer uma interpretação conforme à Constituição.

40
Durante o debate, os ministros que falaram expressamente sobre a eficácia liberatória somente quanto às

55
parcelas mencionadas no acordo foram: Rosa Weber, Carmém Lúcia, Fux e Fachin. Ficou vencido somente o

S
Ministro Marco Aurélio, que também é oriundo da Justiça do Trabalho, mas decidiu pela quitação geral

O
quanto ao extinto contrato de trabalho. Os demais ministros somente acompanharam a relatora.

NT
SA
No entanto, a ata do julgamento não menciona nada sobre a amplitude da quitação, tratando
somente da não obrigatoriedade de submissão à CCP no que tange ao acesso à Justiça.

S
CO
O julgamento foi em agosto de 2018 e o acórdão só foi publicado em fevereiro de 2019.

AR
Posteriormente, o TST, aplicando a interpretação do STF, passou a entender pela não quitação quanto ao

2M
extinto contrato, embora não afirme que seja tese vinculante. Por exemplo, o TST afirma “nos termos da
interpretação conforme conferida pela relatora...”.

00
54
- Entendimento do TST, após acórdão publicado pelo STF: SDI-I já reconhece desnecessidade de

52
ressalva expressa, apesar de ainda haver algumas Turmas resistentes.

40
55
Atualmente, é pacífico na SDI-1 que a quitação é somente quanto às parcelas que foram objeto de
acordo na CCP. No entanto, apesar de ainda haver algumas turmas que divergem da SDI-1, havendo recurso
OS
de Embargos, a SDI-1 reformará a decisão turmária.
NT
SA

Desta forma o entendimento do TST quanto às quitações passadas pelos empregados em razão do
final do contrato é o seguinte:
S
CO

(i) CCP – quitação quanto às parcelas transacionadas. Exemplo: se o trabalhador transacionou parcela
AR

“x” ou “y”, com omissão sobre amplitude da quitação, haverá quitação tão somente das parcelas
2M

transacionadas, independentemente de ressalva expressa ou limitação expressa.


00

(ii) TRCT assinado pelo empregado – quitação quanto aos valores (e não quanto às parcelas). Em que
54

pese o art. 477, §2º, CLT2 e a Súmula 330, do TST3 se referirem às parcelas, na prática o TST aplica
52

considerando tão somente os valores, sendo possível, portanto, que o trabalhador ajuíze ação para cobrar
40

diferenças de valores das parcelas já constantes do TRCT. Por exemplo, o trabalhador que recebeu 500 reais
55

de aviso prévio no TRCT pode postular diferenças de aviso prévio na Justiça do Trabalho. Lembrem-se que
OS

não é mais necessária a homologação do TRCT pelo sindicato.


NT

(iii) Plano de Demissão Voluntária (PDV) – a quitação só terá eficácia liberatória geral quanto ao
SA

extinto contrato se o PDV for elaborado com participação do sindicato, no âmbito de negociação coletiva e
contiver cláusula expressa de quitação no regramento do PDV e também no termo que o empregado assina.
C OS
AR
2M
4 00
25

2
Art. 477, § 2º, CLT. O instrumento de rescisão ou recibo de quitação, qualquer que seja a causa ou forma de dissolução do contrato, deve ter
5

especificada a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, apenas, relativamente às mesmas
40

parcelas.
3
Súmula 330 TST. QUITAÇÃO. VALIDADE. A quitação passada pelo empregado, com assistência de entidade sindical de sua categoria, ao empregador,
55

com observância dos requisitos exigidos nos parágrafos do art. 477 da CLT, tem eficácia liberatória em relação às parcelas expressamente
consignadas no recibo, salvo se oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado à parcela ou parcelas impugnadas. I - A quitação não abrange
OS

parcelas não consignadas no recibo de quitação e, consequentemente, seus reflexos em outras parcelas, ainda que estas constem desse recibo. II -
NT

Quanto a direitos que deveriam ter sido satisfeitos durante a vigência do contrato de trabalho, a quitação é válida em relação ao período
expressamente consignado no recibo de quitação.
SA
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RC

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00
54
Pergunta da aluna Amanda Tirapelli: “Como fica a interpretação do art. 477-B4 da CLT então?” R: Esse

52
artigo consagra a posição do STF, no sentido de que somente haverá quitação quanto ao extinto contrato de

40
trabalho nos casos de PDV negociados coletivamente, e não elaborados unilateralmente pelo empregador.

55
Pergunta da aluna Gabriela: “os casos de PDV sem expressa quitação -- as diferenças são apenas das

S
PARCELAS ou tb dos VALORES?” R: A OJ 270, da SDI-15, afirma expressamente “quitação das parcelas e

O
NT
valores”, portanto, tenho que pesquisar na jurisprudência do TST para saber como está sendo interpretado

SA
na prática. No entanto, acredito que o TST interprete que ocorre a quitação tão somente quanto aos valores.
Futuramente, estudaremos essa matéria.

S
CO
Pergunta da aluna Fabiana: “E o art. 507-B6?” R: Sobre o termo de quitação anual, o parágrafo único

AR
desse artigo já deixa claro que a eficácia liberatória é tão somente quanto às parcelas constantes. Portanto,

2M
se o termo de quitação anual indica que foi quitado “x” a título de horas extras referentes ao ano 2019,
certamente o empregado poderá postular outras verbas na justiça do trabalho. O que poderia surgir de

00
54
controvérsia é se a quitação abrangeria toda a parcela “horas extras” do ano de 2019 ou só os valores,

52
podendo pleitear diferenças de horas extras. Acredito que o TST vai interpretar que a quitação é somente

40
quanto aos valores, conforme ocorre na interpretação da Súmula 330 do TST.

55
Voltando ao tema de quitação na CCP, vejamos a jurisprudência atual do TST. OS
“AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 1. RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.
NT

COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. EFICÁCIA LIBERATÓRIA. AUSÊNCIA DE RESSALVAS. Consignou o


SA

Tribunal Regional não haver como dar guarida à pretensão do reclamante de reconhecimento de
S

invalidade do acordo realizado por ocasião da sua rescisão contratual, porquanto o termo de
CO

conciliação prévia reúne todos os requisitos indispensáveis à sua validade, apontando especificamente
AR

que o reclamante considerava "quitados todos os valores devidos a título de horas extraordinárias,
2M

desconto de ferramentas e das avarias em veículo e reembolso de pedágio". Com efeito, o termo de
conciliação firmado entre as partes na Comissão de Conciliação Prévia pressupõe concessões mútuas,
00

constando da letra da lei os efeitos amplos dessa quitação, a qual não permite interpretação restritiva.
54

Posto isso, o entendimento desta Corte Superior é o de que o termo de quitação firmado perante a
52

Comissão de Conciliação Prévia possui eficácia liberatória geral quando não há ressalvas expressas,
40

tendo em vista os termos do art. 625-E, parágrafo único, da CLT. Nesse contexto, verifica-se que o
55

entendimento externado no acórdão recorrido, ao conferir eficácia liberatória quanto às verbas


OS

discriminadas no termo de conciliação prévia, não viola os arts. 477, § 2º, da CLT e 113, 157 e 171, II,
NT

do Código Civil, tampouco contraria a Súmula nº 330 do TST”. AIRR - 10687-83.2016.5.15.0082. 8ª


SA

Turma. Relatora: Dora Maria da Costa. Publicação: 26/03/2021.


OS

Essa decisão acima é bem recente e evidencia que a 8ª ainda entende que a quitação abrange o
extinto contrato de trabalho. Conforme eu disse para vocês: ainda há turmas que entendem nesse sentido e
C
AR

a decisão acima é um dos exemplos. Contudo, a tendência é de que haja reforma pela SDI, caso sejam
2M

interpostos Embargos.
400

4
25

477-B CLT. Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, para dispensa individual, plúrima ou coletiva, previsto em convenção coletiva ou acordo
5

coletivo de trabalho, enseja quitação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia, salvo disposição em contrário estipulada
40

entre as partes.
5 OJ 270 SDI-I. PROGRAMA DE INCENTIVO À DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. TRANSAÇÃO EXTRAJUDICIAL. PARCELAS ORIUNDAS DO EXTINTO CONTRATO DE
55

TRABALHO. EFEITOS. A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão
voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo.
OS

6 Art. 507-B CLT. É facultado a empregados e empregadores, na vigência ou não do contrato de emprego, firmar o termo de quitação anual de
NT

obrigações trabalhistas, perante o sindicato dos empregados da categoria. Parágrafo único. O termo discriminará as obrigações de dar e fazer
cumpridas mensalmente e dele constará a quitação anual dada pelo empregado, com eficácia liberatória das PARCELAS nele especificadas.
SA
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00
54
As duas decisões abaixo são de relatoria do ministro Breno Medeiros, sendo a primeiras delas de

52
novembro de 2020 e a segunda de abril de 2021. Não significa que o ministro adote entendimentos

40
divergentes quando está compondo a 5ª Turma e quando está compondo a SDI. Não! Significa que houve

55
mudança de entendimento do ministro entre novembro de 2020 e abril de 2021. Provavelmente não

S
encontraremos mais decisões da 5ª Turma dando quitação quanto ao extinto contrato de trabalho. Eu

O
trouxe essas decisões para vocês verem como a jurisprudência do TST está se modificando em relação ao

NT
tema.

SA
“RECURSO DE REVISTA. COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. VALIDADE DO ACORDO HOMOLOGADO.

S
CO
EFICÁCIA LIBERATÓRIA GERAL. É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que o Termo de

AR
Conciliação Prévia homologado perante Comissão regularmente constituída, sem aposição de
ressalvas, reveste-se de eficácia liberatória geral, conforme disposto no art. 625-E, parágrafo único, da

2M
CLT. Nesse contexto, eventuais verbas remanescentes do pacto laboral não poderão ser pleiteadas em

00
juízo, salvo se expressa e analiticamente ressalvadas no termo de conciliação. No caso concreto, o e.

54
Tribunal Regional, ao declarar que o Termo de Conciliação firmando perante CCP não produz eficácia

52
liberatória geral, a despeito da inexistência de qualquer ressalva, proferiu acórdão em inobservância

40
ao disposto no art. 625-E, parágrafo único, da CLT. Recurso de revista conhecido e provido”. ED-RR -

55
161-33.2012.5.04.0008. 5ª Turma. Relator: Breno Medeiros. Publicação: 06/11/2020.
OS
“RECURSO DE EMBARGOS. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 - ACORDO
NT

FIRMADO PERANTE A COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. (...) EFICÁCIA LIBERATÓRIA LIMITADA ÀS


SA

PARCELAS EXPRESSAMENTE CONSIGNADAS. Cinge-se a controvérsia ao reconhecimento da eficácia


liberatória do termo de conciliação firmado perante a Comissão de Conciliação Prévia entre a ETE e o
S
CO

ex-empregado, no qual as partes definiram que o valor acordado quitava as parcelas ali discriminadas.
AR

A norma celetista, em seu art. 625-E, parágrafo único, eleva o termo de conciliação prévia à categoria
de título executivo e prevê sua validade e eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas
2M

expressamente ressalvadas. No caso concreto, houve limitação expressa da quitação passada no


00

Termo de Conciliação Prévia às parcelas ali consignadas, o que EQUIVALE à aposição de ressalvas, na
54

esteira da jurisprudência desta Subseção. A contrario sensu, ainda que não se possa reconhecer a
52

eficácia liberatória geral do extinto contrato de trabalho, na forma do art. 625-E, parágrafo único, da
40

CLT, é certo que a quitação passada pelo recebimento do valor acordado alcança a integralidade das
55

parcelas discriminadas no acordo, as quais não podem ser objeto de pretensão, em juízo, de diferenças
OS

a mesmo título. Recurso de embargos conhecido e provido”. E-ED-ARR - 341-27.2013.5.04.0004.


NT

Subseção I Especializada em Dissídios Individuais. Relator: Breno Medeiros. Publicação: 09/04/2021.


SA

A decisão abaixo comprova que a SDI-I vem julgando pela quitação tão somente das parcelas. Há
OS

várias decisões da SDI nesse sentido, mas eu elegi apenas uma para ficar de exemplo.
C

“EMBARGOS EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO DE REVISTA COM AGRAVO DE


AR

INSTRUMENTO. TERMO DE ACORDO FIRMADO PERANTE A COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA.


2M

EFICÁCIA LIBERATÓRIA GERAL. "VALORES DISCUTIDOS". INTERPRETAÇÃO CONFORME. A matéria não


00

comporta mais debates porque no julgamento das ADIs nºs 2139, 2160 e 2237/DF, DJE 20/02/2019,
4

trânsito em julgado em 28/02/2019, relatora Ministra Cármen Lúcia, o Supremo Tribunal Federal
25

decidiu conferir interpretação conforme à Constituição e declarar válido o art. 625-E da CLT
5
40

assentando que "A interpretação sistemática das normas controvertidas nesta sede de controle
55

abstrato conduz à compreensão de que de que a 'eficácia liberatória geral’, prevista na regra do
parágrafo único do art. 625-E da CLT, diz respeito aos valores discutidos em eventual procedimento
OS

conciliatório, não se transmudando em quitação geral e indiscriminada de verbas trabalhistas."


NT
SA
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00
54
Merece reforma acórdão embargado que julga improcedentes os pedidos deduzidos na reclamação

52
sob o fundamento de quitação geral do contrato de trabalho por inexistência de ressalva. Embargos de

40
que se conhece e a que se dá provimento”. E-ED-ARR - 272-10.2011.5.04.0733. Subseção I

55
Especializada em Dissídios Individuais. Relator: Marcio Eurico Vitral Amaro. Publicação: 19/02/2021.

OS
A decisão abaixo é muito importante porque esclarece que a quitação só abrange as partes acordantes.

NT
Assim, caso o empregado transacione com a empregadora original (prestadora de serviço) isso não impede

SA
que ele postule vínculo com a tomadora, podendo ainda pleitear diferenças de horas extras, por exemplo.

S
“RECURSOS DE REVISTA DAS RECLAMADAS ETE ENGENHARIA DE TELECOMUNICAÇÕES E ELETRICIDADE

CO
S.A. E OI S.A. INTERPOSTOS ANTES DA LEI 13.015/2014. ANÁLISE CONJUNTA ACORDO FIRMADO

AR
PERANTE COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA COM A EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS (...).

2M
ALCANCE DA EFICÁCIA LIBERATÓRIA. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA CONTRA A EMPRESA
TOMADORA DOS SERVIÇOS (OI S.A.). PEDIDO DE VÍNCULO DE EMPREGO E CONSECTÁRIOS. (...) In casu,

00
54
verifica-se da decisão regional que fora firmado acordo entre o reclamante e a empresa prestadora de

52
serviços na Comissão de Conciliação Prévia, não tendo o TRT registrado qualquer ressalva quanto à

40
quitação das parcelas, tampouco vício de consentimento. Ademais, esta Corte também pacificou o

55
entendimento no sentido de que a quitação passada no acordo firmado perante a Comissão de
Conciliação Prévia se limita às partes que participaram do ajuste, não alcançando, assim, os pedidos
OS
decorrentes do reconhecimento de vínculo de emprego diretamente com a tomadora de serviços, como
NT

no caso dos autos. Precedentes da SBDI-1. Frise-se que a eficácia liberatória do mencionado acordo
SA

não alcança a esta ação, porquanto não tem por objeto o contrato de trabalho firmado com a empresa
prestadora de serviços, mas o reconhecimento do vínculo com a tomadora e as verbas salarias daí
S
CO

decorrentes. Recursos de revista não conhecidos”. RR - 381-13.2012.5.04.0402. 6ª Turma. Relator:


AR

Augusto Cesar Leite de Carvalho. Publicação: 12/02/2021.


2M

Percebe-se, a partir dessa decisão abaixo, que a quitação pela CCP também não abrange reflexos na
00

aposentadoria privada (complementação por previdência privada, instituída no âmbito das empresas) por
54

não ter natureza trabalhista, embora decorra do contrato de trabalho. Destaca-se que a complementação de
52

aposentadoria não é paga pelo empregador e sim pela entidade de previdência privada, podendo ser
40

constituída no âmbito do empregador (como ocorre no Banco do Brasil com a PREVI e na PETROBRAS com a
55

PETROS). O empregador repassa para a entidade de previdência privada as contribuições do empregado,


correspondentes às parcelas de natureza salarial que ele recebe. Dessa forma é feita a base atuarial para o
OS

pagamento complementação de aposentadoria. No caso julgado, o empregado fez acordo na CCP relativo à
NT

parcela de natureza salarial e depois pleiteou, em face da empregadora e da entidade de previdência


SA

complementar, não as diferenças da parcela do acordo, mas sim o repasse da cota-parte do empregador
OS

para a entidade de previdência complementar. Não vou entrar no mérito do debate sobre a competência da
Justiça do Trabalho para julgar demandas contra a entidade de previdência privada, pois não é objeto da
C
AR

aula.
2M

“AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO DO REGIONAL PUBLICADO NA


00

VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. QUITAÇÃO. EFICÁCIA


4

LIBERATÓRIA. REFLEXOS DAS VERBAS QUITADAS NA COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA.


25

POSSIBILIDADE. A lide versa sobre a eficácia liberatória do Termo de Acordo firmado perante a
5
40

Comissão de Conciliação Prévia, no que diz respeito à integração das horas extras e do alegado desvio
55

de função na complementação de aposentadoria. A respeito de matéria, esta Corte tem entendimento


no sentido de que os reflexos das parcelas quitadas que estão abarcados pela eficácia liberatória do
OS

acordo firmado pelas partes não abrangem os reflexos sobre a complementação de aposentadoria,
NT
SA
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00
54
porquanto aludidas parcelas não têm natureza trabalhista, embora decorram do contrato de trabalho.

52
Ademais, a complementação de aposentadoria é devida pela entidade de previdência privada que não

40
participou das tratativas, tampouco firmou conciliação extrajudicial. Precedentes da SBDI-1 do TST.

55
Óbice do art. 896, § 7º, da CLT e da Súmula 333/TST. Agravo de instrumento conhecido e desprovido”.

S
AIRR - 83200-85.2009.5.17.0002. 3ª Turma. Relator: Alexandre de Souza Agra Belmonte. Publicação:

O
19/03/2021.

NT
SA
Vamos ver mais uma questão que já caiu em concurso.

S
(TRT 8 – 2013 – questão 15) No que pertine às obrigações decorrentes da cessação do contrato de

CO
emprego, assinale a resposta INCORRETA: (...) d) O recibo de quitação das verbas rescisórias, qualquer

AR
que seja a causa ou forma de dissolução do contrato, deve especificar a natureza de cada parcela paga

2M
ao empregado e discriminar o seu valor, sendo válida a quitação apenas relativamente a essas
parcelas. Entretanto, na hipótese de rescisão via Comissão de Conciliação Prévia, uma vez celebrada a

00
54
conciliação, o termo assinado pelo empregado, pelo empregador ou seu preposto e pelos membros da

52
Comissão, é título executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas

40
expressamente ressalvadas.

55
Essa questão trata de CCP e também do artigo 477, da CLT. Essa opção está certa para a primeira fase,
OS
pois traz a literalidade da lei (como já vimos o STF não declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único
NT

do artigo 625-E da CLT, mas tão somente fez intepretação conforme à Constituição, para preservar a redação
do artigo). No entanto, para provas de segunda fase e de sentença, teremos que explicar essa interpretação
SA

conforme à constituição, sem redução de texto.


S
CO

5 – PRAZO PARA TENTAR A CONCILIAÇÃO E SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL NO JUDICIÁRIO


AR

Artigo 625-F, caput e § único, CLT. As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo de dez dias para a
2M

realização da sessão de tentativa de conciliação a partir da provocação do interessado. Parágrafo


00

único: Esgotado o prazo sem a realização da sessão, será fornecida, no último dia do prazo, a
54

declaração a que se refere o § 2º do art. 625-D.


52

Artigo 625-D, § 2º, CLT. Não prosperando a conciliação, será fornecida ao empregado e ao
40

empregador declaração da tentativa conciliatória frustrada com a descrição de seu objeto, firmada
55

pelos membros da Comissão, que devera ser juntada à eventual reclamação trabalhista.
OS

Artigo 625-G, CLT. O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da Comissão de
NT

Conciliação Prévia, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de
SA

conciliação ou do esgotamento do prazo previsto no art. 625-F.


OS

Sobre o art. 625-G, já houve questão de provas anteriores:


C
AR

(TRT 8 – 2014 – questão 23) No tocante à prescrição no Direito do Trabalho, assinale a alternativa
2M

INCORRETA: (...) O prazo prescricional se interrompe a partir da provocação da Comissão de


Conciliação Prévia, recontando-se a partir da tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento do
00

prazo previsto no art. 625-F da CLT.


4
25
5

Essa questão está errada porque o prazo é suspenso e não interrompido.


40
55

Da leitura dos artigos 625-F e 625-G pode surgir a seguinte dúvida: Se a negociação frustrada na CCP
durar mais do que dez dias, a suspensão somente ocorre por dez dias? Na prática, muitas CCPs não
OS

conseguem fazer a tentativa de conciliação em dez dias. O TST tem interpretação no sentido de que há
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suspensão do prazo prescricional desde a provocação pelo interessado até a efetiva tentativa de conciliação,

52
ainda que esse tempo seja superior a dez dias. No entanto, se o empregado provoca a CCP quando a

40
pretensão já está prescrita, não terá mais solução.

55
Então, havendo a tentativa frustrada, o prazo volta a correr. Por exemplo, se o empregado provocou a

OS
CCP um ano após o encerramento do contrato e a CCP demorou seis meses para tentar a conciliação, o prazo

NT
volta a correr, faltando mais um ano de prescrição, a partir dessa tentativa frustrada. Vejamos as seguintes

SA
decisões do TST:

S
“RECURSO DE REVISTA DO PRIMEIRO RECLAMADO. BANCO DO BRASIL S.A. 1. COMISSÃO DE

CO
CONCILIAÇÃO PRÉVIA. SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICONAL. NÃO CONHECIMENTO. Segundo o teor

AR
do artigo 625-G, da CLT, submetida a demanda à CCP, o prazo prescricional ficará suspenso,

2M
recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de conciliação ou do
esgotamento do prazo previsto no artigo 625-F, qual seja, dez dias a partir da provocação do

00
54
interessado. Na hipótese de a Comissão de Conciliação Prévia não realizar a tentativa de conciliação

52
no prazo de 10 dias, como ocorreu no presente caso, o ônus decorrente do atraso na sua realização

40
não pode ser atribuído à parte. Assim, todo o lapso temporal entre o protocolo da demanda na CCP e a

55
expedição da declaração prevista no § 2º do artigo 625-D deverá ser considerado no cômputo da
suspensão do prazo prescricional. Precedentes da egrégia SBDI-1. Na espécie, o egrégio Colegiado
OS
Regional consignou que o reclamante submeteu suas pretensões à Comissão de Conciliação Prévia de
NT

27.07.2007 a 10.03.2008 (petição e declaração de conciliação frustrada das fls. 42 e 43), de forma que
SA

se revelava escorreito o r. decisum que aplicou a norma contida no artigo 625-G da CLT para declarar
suspenso o prazo prescricional correspondente a esse período temporal, de 7 meses e 15 dias.
S
CO

Incidência da Súmula nº 333 e do artigo 896, § 7º, da CLT. Recurso de revista de que não se conhece”.
AR

ARR - 28700-57.2008.5.04.0781. 4ª Turma. Relator: Guilherme Augusto Caputo Bastos. Publicação:


19/03/2021.
2M
00

A decisão abaixo é interessante porque o TRT entendeu que só havia suspensão do prazo bienal e não
54

do prazo quinquenal, mas isso está errado e o TST reformou a decisão. Se a lei não faz ressalvas, a suspensão
52

ou interrupção da prescrição atingem tanto a bienal como a quinquenal.


40

“I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DO PRIMEIRO RECLAMADO. RECURSO DE REVISTA - DESCABIMENTO. 1.


55

PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. SUSPENSÃO. ART. 625-G DA CLT. Dispõe o art. 625-G da CLT que "o prazo
OS

prescricional será suspenso a partir da provocação da Comissão de Conciliação Prévia, recomeçando a


NT

fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento do prazo
SA

previsto no art. 625-F". O preceito legal se refere a prazo prescricional, de forma genérica, não
havendo qualquer limitação quanto à sua extensão ou natureza da prescrição. Não cabe ao intérprete
OS

fazê-lo. A norma alcança quer o prazo bienal, quer o quinquenal, cuide-se de prescrição total ou parcial.
C

Já o art. 7º, inciso XXIX, da Carta Magna não impede a fixação, em lei ordinária, de condições
AR

suspensivas ou interruptivas da prescrição. Assim, todo o período compreendido entre a submissão da


2M

demanda à Comissão de Conciliação Prévia e a data em que foi lavrado o termo de conciliação
00

frustrada deve ser computado para efeito de suspensão do prazo prescricional. Precedentes”. ARR -
4

283-31.2012.5.04.0401. 3ª Turma. Relator: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira. Publicação:


25

21/02/2020.
5
40

Informativo 163 do TST – setembro de 2017: “Comissão de Conciliação Prévia. Suspensão do prazo
55

prescricional. Não limitação ao período de dez dias previsto no art. 625-F da CLT. O prazo de dez dias
OS

previsto no art. 625-F da CLT é direcionado à Comissão de Conciliação Prévia - CCP, a fim de dar maior
NT

celeridade à tentativa de conciliação, e não à parte que a provocou. Assim, elastecido o período entre
SA
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a submissão da demanda à CCP e a data em que lavrado o termo de conciliação frustrada, todo esse

52
tempo deve ser computado para efeito de suspensão do prazo prescricional a que alude o art. 625-G

40
da CLT, sob pena de prejudicar a parte que optou em buscar a conciliação. Sob esses fundamentos, a

55
SBDI-I, por unanimidade, conheceu do recurso de embargos do reclamante, por divergência

S
jurisprudencial, e, no mérito, deu-lhe provimento para restabelecer a sentença. TST-E-ED-ARR-1929-

O
04.2011.5.03.0025, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, 14.9.2017”.

NT
SA
Outra dúvida que pode ocorrer é a seguinte: o art. 625-G da CLT não afirma que a suspensão do prazo
prescricional ocorre para idênticos pedidos, como faz a súmula 268 do TST7 e o artigo 11, § 3º da CLT8, para

S
CO
os casos de reclamação trabalhista anteriormente proposta. Essa súmula e esse artigo podem ser aplicados
analogicamente para os casos de CCP? Não há jurisprudência abundante sobre o tema, mas penso que não

AR
seria cabível atribuir interpretação extensiva para uma norma que limita direitos trabalhistas, quando o

2M
próprio regramento da CCP não fez essa limitação.

00
A única decisão encontrada no TST determina que a suspensão ocorrerá para toda e qualquer verba. O

54
52
art. 11, § 3º, CLT e a Súmula 268 TST não podem ser aplicados analogicamente, pois tratam de reclamação

40
trabalhista ajuizada (não de CCP) e de interrupção (e não suspensão) do prazo. E as regras restritivas

55
(punitivas) devem ser interpretadas restritivamente.
OS
RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO. SUSPENSÃO DO PRAZO. COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA.
NT

AUSÊNCIA DE IDENTIDADE COM OS PEDIDOS CONSTANTES DA PETIÇÃO INICIAL. PROVIMENTO.


Segundo o artigo 625-G da CLT, "[o] prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da
SA

Comissão de Conciliação Prévia, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada
S

de conciliação ou do esgotamento do prazo previsto no art. 625-F". Verifica-se que o supracitado


CO

dispositivo legal não traz qualquer exigência no sentido de que, para a suspensão do prazo
AR

prescricional, deve haver identidade entre os pedidos formulados na reclamação trabalhista em


2M

análise e a demanda submetida à CCP. Desse modo, não se aplica à hipótese a ratio decidendi da
00

Súmula nº 268, de acordo com a qual a "[a] ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a
54

prescrição em relação aos pedidos idênticos". Isso porque, em se tratando de ação judicial, é cediço
52

que as partes e o julgador devem ficar adstritos aos limites objetivos dos pedidos, de modo que apenas
40

em relação a esses haverá interrupção do prazo prescricional. Nas demandas submetidas à CCP,
55

contudo, o termo nelas firmado poderá ter eficácia liberatória geral, desde que não haja vício de
consentimento ou aposição de ressalvas, a teor do parágrafo único do artigo 625-E da CLT, não ficando
OS

circunscrito às parcelas inicialmente apresentadas para fins de conciliação. In casu, egrégio Tribunal
NT

Regional, ao deixar de aplicar a causa suspensiva prevista no artigo 635-G da CLT, violou o preceito
SA

nele insculpido. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento”. RR - 130300-


OS

34.2009.5.17.0132. Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 13/10/2017.
C

Fazendo uma revisão das aulas anteriores, como por exemplo, a aula de princípios: Qual princípio o
AR

TST utilizou na decisão acima? Não se trata do Princípio da Condição mais Benéfica porque não estamos
2M

analisando condição ou liberalidade estabelecida pelo empregador. Também não se trata do Princípio da
00

Norma mais Favorável, pois esse princípio somente se aplica quando há conflito entre duas normas
4

regulamentadoras do mesmo caso. Nesse caso, só há uma norma, qual seja o art. 625-G, da CLT. A resposta é
25

que o TST aplicou o princípio do In dubio pro misero. Esse princípio é usado nos casos em que somente há
5
40

uma norma que comporta mais de uma interpretação. É melhor interpretar que suspende para toda e
55
OS

7
Súmula 268 TST. A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos.
8
Artigo 11, § 3º, CLT. A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo incompetente,
NT

ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos.
SA
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qualquer verba, do que somente para as parcelas discriminadas. Lembrem que o princípio In Dubio Pro

52
Misero só se aplica ao direito material do trabalho e não ao processo do trabalho, pois este possui regras de

40
ônus da prova.

55
6 – OBRIGATORIEDADE DE SUBMISSÃO À CCP – ART. 625-D, CAPUT, CLT

OS
Discussão superada pelo julgamento das ADIN’s 2139, 2160 e 2237. O STF entendeu que a submissão

NT
é facultativa, tendo em vista o princípio da inafastabilidade da jurisdição, art. 5º, XXXV, CF. STF confirmou as

SA
liminares antigas que já afirmavam ser facultativa a submissão, conforme o seu Informativo 909.

S
CO
AR
RELAÇÃO DE TRABALHO x RELAÇÃO DE CONSUMO

2M
00
HIPOSSUFICIÊNCIA DESTINATÁRIO FINAL

54
52
Relação de Consumo Consumidor - tomador de serviço Consumidor - tomador de serviço

40
55
Relação de Trabalho Trabalhador - prestador de serviço Destinatários da atividade econômica
desenvolvida pelo tomador
OS
NT

A EC 45/04 aumentou a competência da Justiça do Trabalho para julgar relação de trabalho e não só
SA

relação de emprego. Portanto, é muito importante saber distinguir os casos em que há uma relação de
S

trabalho em sentido amplo. Muitos confundem relação de consumo com relação de trabalho. É pacífico no
CO

STJ que a Justiça do Trabalho não é competente para julgar relação de consumo.
AR

Conforme vocês viram na aula do professor Otávio Calvet, a regra para distinguir relação de trabalho
2M

de relação de consumo é analisar a hipossuficiência e o destinatário final. A JT não julga qualquer relação de
00

trabalho, mas somente aquelas em que há nível de hipossuficiência por parte de quem presta o trabalho, o
54

que não ocorre, por exemplo, com a relação de consumo.


52
40

Na relação de consumo, o profissional liberal (prestador de serviços) presta serviço diretamente ao


55

destinatário final (consumidor/tomador), que é o hipossuficiente e que consome aquele serviço e não vê
finalidade econômica naquilo.
OS
NT

Na relação de trabalho, o profissional liberal (prestador de serviços) é o hipossuficiente e é contratado


SA

por um tomador que não é o destinatário final daquilo, vai usar esse serviço e agregar valor a uma atividade
econômica oferecida a terceiros.
OS

Ou seja, na relação de trabalho, o hipossuficiente é o prestador de serviço e na relação de consumo o


C
AR

hipossuficiente é o tomador de serviço. O destinatário final na relação de consumo é o consumidor (tomador


2M

de serviço). Já na relação de trabalho o destinatário final não é o tomador de serviços, mas sim as pessoas
destinatárias da atividade econômica desenvolvida pelo tomador.
400

E os casos de corretor de imóveis, advogado, dentista, etc.? São exemplos de relação de trabalho ou
25

de relação de consumo? Depende! Eles estarão em uma relação de consumo quando negociarem direto com
5
40

os clientes/pacientes, pois nesses casos eles não são hipossuficientes, são prestadores de serviços que tem
55

os clientes/pacientes como destinatários finais. Contudo, também podem estar em uma relação de trabalho,
OS

se analisarmos pela ótica da relação que tais profissionais podem ter com a imobiliária, escritório, clínica, etc.
Ou seja, depende de qual relação está sendo analisada.
NT
SA
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Exemplo 1: o tomador de serviço do advogado (prestador de serviço) é o cliente (destinatário final),

52
que terá a hipossuficiência. O mesmo ocorre em relação ao dentista e seu paciente e ao corretor de imóveis

40
e a pessoa que compra o imóvel. Todas essas relações são de consumo.

55
Exemplo 2: a relação do corretor com a imobiliária e a do dentista com a clínica na qual eles trabalham

OS
é de trabalho. Isso se a clínica ou a imobiliária não for do próprio profissional. Nesses casos a hipossuficiência

NT
está nos profissionais e o destinatário final não será a clínica e sim os clientes da clínica ou da imobiliária.

SA
Exceção: doméstico. A hipossuficiência está com o trabalhador doméstico (e não com o empregador),

S
mas o destinatário final é o tomador, por não exercer atividade econômica.

CO
AR
Observação do curso: para aprofundamento do tema sugerimos a leitura da transcrição da aula 6.2 de
Direito Processual do Trabalho, nas folhas 3 até 5.

2M
00
Ainda sobre a distinção da relação de trabalho e da relação de consumo, há abaixo uma decisão triste,

54
mas paradigmática do TST, podendo cair em questão do MPT. Trata-se de uma ação civil pública que o MPT

52
moveu em face de inúmeras pessoas que integravam uma rede de aliciamento de menores para prostituição,

40
envolvendo microempresários, policiais, advogados etc. A discussão girou em torno da competência da JT

55
para saber se era uma relação de trabalho ou de consumo. O TRT entendeu que só havia relação de trabalho
entre os aliciadores e as crianças exploradas e não entre os “clientes/consumidores” e as crianças. O TST
OS
reformou a decisão, entendendo ser relação de trabalho, conforme a Convenção 182, da OIT, que a prevê a
NT

exploração sexual como uma das piores formas de trabalho infantil. A ilicitude desse trabalho impede o
SA

reconhecimento de vínculo, mas não afasta a competência da JT para condenar em danos morais coletivos,
S

por exemplo. Aqui, a hipossuficiência está nas crianças que “prestam serviço” e os destinatários são os
CO

clientes e não quem as aliciou. Vejamos:


AR

Notícias TST 18.05.2016: TURMA MANTÉM CONDENAÇÃO EM DANO COLETIVO POR EXPLORAÇÃO
2M

SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA PB. A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho


00

negou provimento a agravo de um grupo de microempresários, políticos, advogados e policiais


54

condenados pela Justiça do Trabalho por exploração sexual comercial de trabalho infantil. O relator,
52

ministro Hugo Carlos Scheuermann, refutou a alegação do grupo de que a Justiça do Trabalho não
40

seria competente para julgar o caso, por se tratar de relação de consumo."Lamento muito ter de
55

relatar um processo dessa natureza, onde se vê a repugnante exploração sexual de crianças e


adolescentes, mas é dever de ofício", afirmou o relator na sessão de julgamento. Em ação civil pública,
OS

o MPT denunciou 13 pessoas que integrariam uma rede organizada de exploração sexual infanto-
NT

juvenil de meninas de 13 a 17 anos. A rede, baseada na cidade de Sapé (PB), envolvia ainda "uma
SA

horda de clientes, aliciadores e instrumentadores" e atraía pessoas de outras cidades próximas, com a
OS

conivência de motéis da região. O caso foi objeto também de processo penal deflagrado pelo
Ministério Público Estadual. (...) Relação de consumo X trabalho: (...) A sentença identificava a
C
AR

existência de relação de trabalho apenas entre a aliciadora e as meninas exploradas, mas não em
2M

relação aos clientes que solicitavam seus serviços. "Essa relação, embora de objeto ilícito, por se tratar
de prostituição de menores, não é uma relação de trabalho, mas de consumo", afirmou. O Tribunal
00

Regional do Trabalho da 13ª Região (PB), ao julgar recurso do MPT, rechaçou a tese de que se tratava
4
25

de relações de consumo, (...) o TRT destacou que o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS)
5

incluiu a atividade de prestação de serviços sexuais no catálogo Classificação Brasileiro de Ocupações


40

(código 5198-05), reconhecendo-a, portanto, como trabalho. (...) O ministro Hugo Scheuermann, (...)
55

destacou que a Convenção 182 da OIT, que conceitua a utilização, o recrutamento ou a oferta de
OS

crianças para a prostituição como uma das piores formas de trabalho infantil (artigo 3º, alínea "b"),
NT

tem status de norma supralegal, de hierarquia superior, inclusive, ao Código de Defesa do Consumidor.
SA
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00
54
Scheuermann citou diversas definições doutrinárias no sentido de que a atividade sexual explorada

52
comercialmente por terceiros, mediante remuneração, caracteriza relação de trabalho – "trabalho

40
forçado, diante do vício de consentimento, ilícito e degradante, mas trabalho", afirmou. Para o relator,

55
"não há como considerar a exploração sexual de crianças e adolescentes como uma relação de

S
consumo, sob pena de afronta a princípios constitucionais como o da dignidade da pessoa humana". O

O
MINISTRO REGISTROU AINDA QUE A ILICITUDE DO OBJETO IMPEDE O RECONHECIMENTO DE

NT
VÍNCULO DE EMPREGO, MAS NÃO AFASTA A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. (...). O

SA
número do processo foi omitido para preservar a intimidade das pessoas envolvidas.

S
CO
AR
RELAÇÕES DE TRABALHO LATO SENSU - QUE NÃO SÃO RELAÇÃO DE EMPREGO

2M
Agora vamos estudar algumas relações de trabalho que não são relações de emprego. Vocês viram na

00
aula do professor Otávio Calvet que os requisitos da relação de emprego se repetem na relação de trabalho,

54
sendo que pode haver algumas mitigações.

52
40
Por exemplo, tanto na relação de emprego como na relação de trabalho o prestador deve ser pessoa

55
física, a pessoalidade pode ser mais fraca na relação de trabalho. A onerosidade pode existir ou não, tanto
que o trabalho voluntário é um exemplo de relação de trabalho sem onerosidade. A habitualidade pode
OS
existir ou não nas relações de trabalho. A subordinação é mitigada ou desnecessária nas relações de trabalho.
NT

Por fim, a alteridade (lembrando, alteridade significa sofrer os riscos do negócio) pode existir ou não existir
SA

nas relações de trabalho. É possível que, nas relações de trabalho que não são relações de emprego, o
S

trabalhador corra o risco do negócio ou não corra, dependendo do caso concreto.


CO

Os exemplos de relações de trabalho são: Avulsos, Voluntários, Presos, Mandatário, Sócios, Estagiários,
AR

Autônomos. Dentro de autônomos há os cooperativados, prestação de serviço por profissional liberal,


2M

empreitada, representante comercial, parceiro, TAC – transportador autônomo de cargas, etc.


00

As aulas sobre trabalho avulso, estagiário e representantes comerciais serão ministradas por outros
54

professores. A “parceria” será explicada na aula de trabalho Rural. A parte de empreitada será explicada por
52

mim, na mesma aula de terceirização.


40
55

Sobre os autônomos, há regulamentação no art. 442-B, CLT, que deixa claro que é possível haver
OS

trabalho autônomo com exclusividade e com habitualidade. O artigo também prevê que tais trabalhadores
não são empregados. A presunção é relativa, pois cabe o reconhecimento do vínculo de emprego se os
NT

elementos ficarem comprovados no caso concreto.


SA

Artigo 442-B, CLT: A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com
OS

ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º
C

desta Consolidação.
AR
2M

O trabalho autônomo também é regulamentado pela Portaria 349/2018 do Ministério do Trabalho


(Atual Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia). Quem tiver interesse pode dar uma olhada nessa
00

Portaria.
4
525

A primeira relação de trabalho que vamos estudar é o mandatário.


40
55

1 - MANDATÁRIO - CONTRATO DE MANDATO


OS

Artigo 653 CC. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome,
NT

praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.


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00
54
Pelo art. 653 do CPC o mandatário é aquele que pratica atos ou administra interesses em nome de

52
terceiros, através de uma procuração.

40
55
O Godinho distingue mandatário de empregado, afirmando que o mandatário realiza atos jurídicos e
empregado realiza atos materiais. É possível que realizem os dois tipos de atos, mas a distinção será feita

OS
analisando quais os atos essencialmente um e outro praticam.

NT
Na relação entre o mandatário e quem outorga a procuração (mandante) não há subordinação, mas

SA
sim especificação prévia de poderes para praticar os atos e administrar os interesses.

S
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O mandato é sempre revogável, mas o contrato empregatício tende a permanência, em que pese

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haver possibilidade de celebração de contratos de emprego por prazo determinado.

2M
2 – SÓCIOS – CONTRATO DE SOCIEDADE

00
Artigo 981 CC. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir,

54
com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.

52
40
A principal distinção em relação aos empregados é o que os sócios (verdadeiros sócios, sem fraude) se

55
não receberem pro labore fixo, não receberão remuneração garantida. Essa remuneração não
necessariamente vai ser a mesma do empregado. Então, não há remuneração garantida (se não receberem
OS
pro labore fixo). Não há subordinação e sim afectio societatis (interesses em comum). Há alteridade.
NT
SA

Já no contrato de emprego não é possível que o empregado não receba remuneração mínima
garantida. Lembre-se que mesmo que o empregado receba comissão, ele tem que ter garantido o salário
S
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mínimo, e o sócio não tem garantia de remuneração mínima. Também não há subordinação entre as partes
na sociedade e sim afectio societatis, que é o interesse em comum. Literalmente, é a afeição da sociedade.
AR

Por exemplo, os sócios podem ser remunerados de forma diferente, um pode oferecer capital e o outro
2M

oferecer serviços, bastando a intenção de formar a sociedade com a outra pessoa. Por exemplo, o sócio que
00

entra com trabalho pode receber pro labore e o que entra com capital pode não receber; além da divisão de
54

lucros. Na sociedade verdadeira há a intenção de fazer a sociedade com determinada pessoa.


52

Os sócios correm o risco do negócio, repartem perdas/ônus e ganhos/bônus, já o empregado não


40
55

pode repartir perdas. O empregado só pode repartir os ganhos.


OS

3 – PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
NT

Não há subordinação. Disciplinada nos art. 593 a 609 CC.


SA

Artigo 606 CC. Se o serviço for prestado por quem não possua título de habilitação, ou não satisfaça
OS

requisitos outros estabelecidos em lei, não poderá quem os prestou cobrar a retribuição normalmente
C

correspondente ao trabalho executado. Mas se deste resultar benefício para a outra parte, o juiz
AR

atribuirá a quem o prestou uma compensação razoável, desde que tenha agido com boa-fé. Parágrafo
2M

único: Não se aplica a segunda parte deste artigo, quando a proibição da prestação de serviço resultar
00

de lei de ordem pública.


4
25

Esse artigo não trata de exercício ilegal da profissão, o que é crime (ilícito penal), como ocorre no caso
5

de alguém que finge ser médico. Ele trata de pessoas que precisam de alguma qualificação técnica, como um
40

auxiliar de enfermagem ou de laboratório, que não tem habilitação, mas prestou serviços. O Código Civil diz
55

que não pode cobrar a retribuição, mas se resultar em benefício para outra parte, o juiz vai atribuir uma
OS

compensação razoável. Isso SE, e desde que, o trabalhador tenha agido de boa-fé.
NT
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00
54
O contrato de prestação de serviço não pode ser convencionado por mais de quatro anos. Decorrido

52
esse prazo o contrato se dá por findo, mesmo que não concluído o serviço – art. 598 CC. Já o contrato de

40
emprego não tem essa limitação e, quando é por prazo determinado, possui outras regras.

55
Não havendo prazo estipulado (prestação de serviço por prazo indeterminado), qualquer parte poderá

S
romper o contrato mediante aviso prévio – art. 599 CC9. Se rompido pelo tomador antes do prazo e sem JC,

O
NT
o prestador tem direito a metade do que seria devido até o final do contrato. Se pedir dispensa ou sofrer

SA
justa causa fará jus às parcelas vencidas, mas responderá por perdas e danos – art. 602 e 603 CC.10 = art. 479
e 480 da CLT11 (sem limitação), mas não podemos falar que os artigos são aplicáveis, porque naturalmente

S
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não é contrato de emprego. A regra dos artigos 602 e 603, do CC, é um pouco equivalente à regra dos artigos

AR
479 e 480, CLT, mas não estabelece a limitação de indenização por perdas e danos, não precisando estar
relacionada à efetiva comprovação do prejuízo. Estudaremos o art. 479, CLT quando analisarmos o contrato

2M
por prazo determinado.

00
54
Distinção da Empreitada: A prestação de serviços tem raízes na “locatio operarum” (do Direito

52
Romano). Seu objeto é uma prestação de fazer, mas encarada como um resultado e não como um processo,

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ao contrário do contrato de emprego. Exemplo: serviços de transporte, auditoria, atividade contábil, etc.

55
Então, a prestação de serviço se difere do contrato de emprego por ser uma prestação normalmente
OS
de resultado, e não um processo. E se difere da empreitada, pois ela tem como objeto uma obra.
NT

A empreitada tem raízes na “locatio operis”. Seu objeto é uma obra. Na empreitada, apesar de a
SA

competência ser da Justiça do Trabalho, se aplicam as regras do Direito Civil – art. 610 a 626 CC. Vamos
S

estudar a empreitada muito detalhadamente quando estudarmos a terceirização.


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OBJETO
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EMPREITADA OBRA
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PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PRESTAÇÃO DE FAZER, CARACTERIZADA COMO RESULTADO


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CONTRATO DE EMPREGO PRESTAÇÃO DE FAZER, CARACTERIZADA COMO UM PROCESSO


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OS
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Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu
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arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o contrato.


Parágrafo único. Dar-se-á o aviso:
OS

I - com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de um mês, ou mais;
II - com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por semana, ou quinzena;
C

III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias.


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10
Art. 602. O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou por obra determinada, não se pode ausentar, ou despedir, sem justa causa, antes
2M

de preenchido o tempo, ou concluída a obra.


Parágrafo único. Se se despedir sem justa causa, terá direito à retribuição vencida, mas responderá por perdas e danos. O mesmo dar-se-á, se
00

despedido por justa causa.


Art. 603. Se o prestador de serviço for despedido sem justa causa, a outra parte será obrigada a pagar-lhe por inteiro a retribuição vencida, e por
4
25

metade a que lhe tocaria de então ao termo legal do contrato.


11
Art. 479 - Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a
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40

titulo de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do contrato.
Parágrafo único - Para a execução do que dispõe o presente artigo, o cálculo da parte variável ou incerta dos salários será feito de acordo com o
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prescrito para o cálculo da indenização referente à rescisão dos contratos por prazo indeterminado.
Art. 480 - Havendo termo estipulado, o empregado não se poderá desligar do contrato, sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o
OS

empregador dos prejuízos que desse fato lhe resultarem.


NT

Parágrafo único. A indenização, porem, não poderá exceder àquela a que teria direito o empregado em idênticas condições.
§ 1º - A indenização, porém, não poderá exceder àquela a que teria direito o empregado em idênticas condições.
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Pergunta do aluno Gabriel: No contrato de mandato, há relação de consumo ou de trabalho? R: Como

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estamos estudando relações de trabalho, é obvio que esse mandato não seria relação de consumo. O

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hipossuficiente é o prestador de serviço, mandatário, pois quem contrata tem o poder de negociar. Cuidado!

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Vocês podem estar com o advogado na cabeça, que é mandatário e pensar que depende da relação do

S
mandatário com o mandante. Excepcionando, no contrato de mandato entre advogado e cliente, há uma

O
relação de consumo. No entanto, não há só mandato no caso do advogado. Há diversas outras pessoas como

NT
mandatários, para diversos outros atos. Não necessariamente o destinatário vai exercer atividade econômica,

SA
sendo outra exceção (além do doméstico). Ato jurídico não é necessariamente ato processual, dentro de um

S
processo, podendo haver procuração para alguém me representar no cartório de registro civil, não

CO
precisando ser advogado. Deve-se ter em mente que a relação do advogado, como mandatário do cliente, é

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relação de consumo. Cuidado para não atrelar o mandato ao advogado. A regra na doutrina, na

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jurisprudência e no próprio edital da magistratura e do MPT, é tratar o mandato como forma de relação de
trabalho. Se eu estou contratando alguém para me representar, podendo ser de forma gratuita ou onerosa,

00
a hipossuficiência provavelmente está em quem está prestando o serviço.

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Pergunta da aluna Luana: A prestação de serviço precisa ser sempre intelectual? R: Não

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necessariamente, podendo ser serviço de transporte, por exemplo. Prestação de auditoria ou de serviço

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contábil é prestação intelectual, mas serviço de transporte não é intelectual.
OS
Pergunta do aluno Gabriel: Podemos afirmar que na relação de consumo não há hierarquia e que na
NT

relação de trabalho ela ocorre? Não seria correto, pois podemos ter relação de trabalho sem hierarquia,
SA

como ocorre na sociedade. Na relação de consumo não há a hierarquia típica de relação do empregado ou
de relação de trabalho, mas há a hipossuficiência.
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4 – TRANSPORTADOR AUTÔNOMO DE CARGAS – ADC 48 – RELAÇÃO COMERCIAL?


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Regido pela Lei 11.442/07, transportador autônomo de cargas é a pessoa física que realiza o
transporte rodoviário de cargas. Pode ser agregado ou independente.
00
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Será TAC agregado quando dirigir com exclusividade para o contratante, independentemente de quem
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é o caminhão. Ainda que dirija caminhão de sua propriedade ou posse, com exclusividade para um
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contratante, ainda assim será autônomo.


55

Será TAC independente quando não tiver exclusividade. O importante do TAC independente é que ele
OS

não tem exclusividade, podendo prestar serviço para várias empresas contratantes.
NT

Artigo 4º, §§ 1º e 2 º da Lei 11.442/07. § 1º. Denomina-se TAC-agregado aquele que coloca veículo de
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sua propriedade ou de sua posse, a ser dirigido por ele próprio ou por preposto seu, a serviço do
OS

contratante, com exclusividade, mediante remuneração certa.


C
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§ 2º. Denomina-se TAC-independente aquele que presta os serviços de transporte de carga de que
trata esta Lei em caráter eventual e sem exclusividade, mediante frete ajustado a cada viagem.
2M

O STF entendeu que há uma relação comercial e não de trabalho, afastando a competência da JT.
400

Quem realiza transporte rodoviário de cargas e não tem CTPS assinada não é da competência da JT, pois o
25

STF entendeu que é uma relação comercial e não de trabalho.


5
40

E as questões estritamente relativas à segurança e higiene do trabalho, mesmo sem vínculo de


55

emprego? Essa ressalva desse ser feita, pois independentemente de analisar ou não o vínculo, o TST tem o
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entendimento de que é competente para analisar essas questões, como ocorre no caso de servidor público.
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Só quando é de higiene e segurança!


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Súmula 736 – STF. Compete à justiça do trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o

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descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores.

40
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Na prática, as ações não são propostas na JT, mas há vários tipos de demanda que não são de trabalho
e que o TST analisa quando é estritamente relativa à segurança e higiene do trabalho, mesmo sem vínculo de

O S
emprego. Não obstante, melhor aguardarmos como o TST vai se posicionar em relação ao TAC após a

NT
decisão do STF.

SA
Vamos ver essa decisão. O TST parte da premissa, conforme afirmado pelo MPT, de que todos são

S
TACs, ou seja, autônomos mesmo e ainda assim ele é competente. Vejamos a decisão abaixo, na qual o MPT,

CO
por meio de ACP, não pleiteia vínculo de emprego:

AR
Informativo 141 TST – 02 a 15 de agosto de 2016: “Competência da Justiça do Trabalho. Ação civil

2M
pública. Caminhoneiro. Ausência de relação de emprego ou de trabalho com a empresa que mantém

00
terminais de carga e descarga. Questões de saúde, segurança e higiene do trabalho. Tutela de

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direitos trabalhistas coletivos. Em se tratando de controvérsia envolvendo questões de saúde,

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segurança e higiene do trabalho, subsiste a competência da Justiça do Trabalho e o interesse de

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atuação do Ministério Público do Trabalho, ainda que o pedido e a causa de pedir não decorram de

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contrato de emprego ou de trabalho, mas envolvam a tutela de direitos trabalhistas coletivos de
OS
motoristas autônomos (caminhoneiros) que prestam serviço junto a terminais de carga e descargas de
NT

grãos mantidos por empresa de logística. Sob esse fundamento, a SBDI-II, por unanimidade, conheceu
do recurso ordinário e, no mérito, negou-lhe provimento, mantendo, portanto, a decisão do TRT que
SA

julgara improcedente a ação rescisória, fundada em violação do art. 114, I, VI e IX, da CF, por meio da
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qual se pretendia desconstituir acordão prolatado pela 2ª Vara do Trabalho de Rondonópolis/MT nos
CO

autos de ação civil pública. TST-RO-327-27.2013.5.23.0000, SBDI-II, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de
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Fontan Pereira, 2.8.2016”.


2M

A única ressalva que eu faço é: vamos ver como o TST vai interpretar a demanda que somente guarda
00

relação com segurança e higiene do trabalho sobre TAC. Se ele vai aceitar julgar ou se vai declinar
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competência. Por outro lado, outras controvérsias sobre TAC o TST não julga mais.
52
40

Em relação aos processos já em curso, com pedidos de vínculo, o TST não vem extinguindo para
55

declinar para competência comum. Tem julgado improcedente! O mais técnico seria remeter os autos para a
Justiça Comum dizer se naquele caso concreto há ou não o vínculo. Contudo, o TST tem julgado no sentido
OS

de que o “STF determinou que a JT não é competente e que são todos autônomos; por isso, julgo
NT

improcedente”.
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O que o STF fez foi sempre partir da premissa de que o trabalhador é autônomo e, se o juiz da Justiça
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Comum entender que ele é empregado, ele remeterá à Justiça do Trabalho.


C
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Comentário da aluna Bárbara: TAC tem que ter registro. R: Destaca-se que o TAC tem que ter registro
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no órgão competente, conforme art. 2º, da lei N. 11.442/0712. No entanto, a JT não pode reconhecer vínculo,
400

12
Art. 2o A atividade econômica de que trata o art. 1o desta Lei é de natureza comercial, exercida por pessoa física ou jurídica em regime de livre
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concorrência, e depende de prévia inscrição do interessado em sua exploração no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas - RNTR-
5

C da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, nas seguintes categorias:


40

I - Transportador Autônomo de Cargas - TAC, pessoa física que tenha no transporte rodoviário de cargas a sua atividade profissional;
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II - Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas - ETC, pessoa jurídica constituída por qualquer forma prevista em lei que tenha no transporte
rodoviário de cargas a sua atividade principal.
OS

§ 1o O TAC deverá:
I - comprovar ser proprietário, co-proprietário ou arrendatário de, pelo menos, 1 (um) veículo automotor de carga, registrado em seu nome no órgão
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de trânsito, como veículo de aluguel;


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alegando que não houve esse cadastro, por não ter essa competência, cabendo inclusive Reclamação

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Constitucional. Então, a Justiça Comum que analisará se isso é um requisito da substância, da prova ou se é

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mera infração administrativa.

55
Pergunta da aluna Jéssica: Mesmo o caminhão sendo da empresa não pode pedir reconhecimento de

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vínculo? R: Não, se for transportador rodoviário de carga não pode pedir vínculo na JT. Se não tiver CTPS

NT
assinada tem que ir para Justiça Comum. É meio esquisito isso que o STF fez, com todo o respeito, sendo

SA
uma opinião meramente acadêmica.

S
Pergunta do aluno Luciano: A JT seria competente em caso de fraude? Por exemplo, no caso de

CO
empresa que simula rescisão contratual, mas o trabalhador continua desenvolvendo a atividade como

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motorista para a empresa. R: Toda a lógica do sistema, inclusive pautada no art. 114, da CF/88, que atribui a

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competência da JT para julgar relação de trabalho, traria a competência para a JT, posto que há uma fraude
evidente. Ex.: motorista tinha CTPS assinada, foi dispensado e não houve solução de continuidade na

00
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prestação de serviço; posteriormente a empresa fez o registro dele e agora ele é TAC. Porém, apesar de essa

52
fraude evidente, de acordo com a decisão do STF, só a Justiça Comum pode, a partir de agora, dizer se houve

40
fraude. O juiz da Justiça Comum só pode enviar para JT se disser que há relação de emprego, porque se ele

55
disser que é relação de trabalho, será autônomo e da competência dele mesmo, equivalente à relação
comercial. Ele só remeteria à JT para ela analisar as verbas devidas. Eu gostaria de ver um caso no qual o juiz
OS
da JC entendesse que há vínculo, remetesse à JT e o juiz do trabalho dissesse que não há relação de
NT

emprego...só Deus sabe como ficará.


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Comentário da aluna Bárbara: Motorista autônomo não se confunde com motorista empregado. R:
S

Realmente. E eu tive uma aluna, cujo marido era TAC em Cuiabá e ele estabelecia as semanas (poucas, lógico)
CO

em que não iria trabalhar; quando pegava um transporte grande, no qual ele ganhava muito ele tirava uns
AR

dias de descanso. Para quem não sabe, eu passei no TRT23, do Mato Grosso, em 2011 e vim removida para o
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Rio de Janeiro no final de 2014. O trabalhador TAC propriamente dito, da referida lei, é de fato autônomo,
00

não sendo fraude, nem vínculo mascarado. Ele pode ter o caminhão, ou arrendar um caminhão de terceiro,
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para prestar serviços a uma ou mais empresas. A empresa determina uma diretriz mínima (prazo e destino
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da entrega), mas ele pode fazer a sua rota, escolher sobre o seu repouso e seus dias sem trabalho. Quem
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está contratando esse serviço não necessariamente vai controlar se ele parou para descansar ou não, qual a
55

rota que ele pegou. Esse TAC assume riscos, e a empresa pode inclusive ter o caminhão para ele dirigir; ele
também pode recusar transporte. Então, esse TAC realmente não é empregado e o STF retirou da
OS

competência da JT porque digamos que “o pessoal da JT se emociona” e força uma barra para reconhecer
NT

relação de emprego quando não há. Assim, houve grande pressão da Confederação Nacional do Transporte
SA

e outros poderosos, entrando com ADIn... Por isso, quem vai decidir se é autônomo tradicional da lei ou se
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não é autônomo é o juiz da Justiça Comum. De fato, o que a lei regulamente é um trabalho autônomo de
verdade, que existe e que não tem fraude, não tendo nada a ver com o vínculo de emprego! A lei não tem
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II - comprovar ter experiência de, pelo menos, 3 (três) anos na atividade, ou ter sido aprovado em curso específico.
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§ 2o A ETC deverá:
I - ter sede no Brasil;
00

II - comprovar ser proprietária ou arrendatária de, pelo menos, 1 (um) veículo automotor de carga, registrado no País;
4

III - indicar e promover a substituição do Responsável Técnico, que deverá ter, pelo menos, 3 (três) anos de atividade ou ter sido aprovado em curso
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específico;
5
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IV - demonstrar capacidade financeira para o exercício da atividade e idoneidade de seus sócios e de seu responsável técnico.
§ 3o Para efeito de cumprimento das exigências contidas no inciso II do § 2 o deste artigo, as Cooperativas de Transporte de Cargas deverão comprovar
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a propriedade ou o arrendamento dos veículos automotores de cargas de seus associados.


§ 4o Deverá constar no veículo automotor de carga, na forma a ser regulamentada pela ANTT, o número de registro no RNTR-C de seu proprietário ou
OS

arrendatário.
§ 5o A ANTT disporá sobre as exigências curriculares e a comprovação dos cursos previstos no inciso II do § 1o e no inciso III do § 2o, ambos deste
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artigo.
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nenhum problema! Por mais óbvio que seja o caso de fraude, é a JC que vai decidir se o trabalhador se

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enquadra ou não na lei. Se a empresa, em sede de contestação, alegar que é TAC, é a Justiça Comum que vai

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ter que decidir.

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Comentário da aluna Bárbara: Convivem as figuras: empresa de transporte de cargas, que contrata

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empregado para ser motorista com CTPS assinada para transportar as cargas dela e o TAC. R: Sim, tanto o

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TAC quanto o motorista empregado trabalham para empresa de transporte de carga. Só que há empresa de

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transporte de cargas que opta por contratar empregado (para ser motorista com CTPS assinada e todos os
requisitos) e empresa que opta por contratar o TAC. De fato, as três figurar convivem: TAC, empresa de

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transporte de cargas e o motorista empregado.

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Pergunta do aluno: E se a Justiça Comum entender pelo vínculo? R: Volta para a Justiça do Trabalho.

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Pergunta do aluno: Onde que o STF decidiu que é a JC que vai avaliar o vínculo? R: Do texto da ADC 48.

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Vou ensiná-los a fazer pesquisa no site do STF. Basta escrever “48” no retângulo após “por classe e número”

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e “classe”, conforme imagem abaixo que vai aparecer tudo relacionado.

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Seleciona a opção “ADC 48” que vai aparecer. Após, clica em “inteiro teor acórdão”:
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Pronto, está nesse arquivo a decisão. Todos da Justiça do Trabalharam criticaram a decisão, pois
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digamos que o STF foi bem arrojado mesmo, para não dizer equivocado. No entanto, é porque a Justiça do
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Trabalho às vezes se “emociona”.


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Na nossa próxima aula recomeçamos de trabalho voluntário, cooperativa, trabalho do preso e pré-
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contrato.
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Quem quiser entrar no grupo do whatsapp, basta enviar mensagem.


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DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO – MATERIAL DE AULA 6


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PROFESSORA AMANDA DINIZ – JUÍZA DO TRABALHO


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MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS - PROIBIDO DIVULGAÇÃO PARA TERCEIROS


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