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AO JUÍZO DE DIREITO DA __ VARA DA COMARCA DE BARREIRINHAS/MA

HEITOR AGULHAS, brasileiro, solteiro, vendedor, portador do RG nº xxxxxx, CPF sob o nº


xxxxxxx, com endereço na rua xx, bairro xx, na cidade de São Luís - Ma, vem por meio de seu
advogado infra-assinado e devidamente constituído, conforme instrumento probatório
juntado, com endereço profissional na rua xx, bairro xx, cidade xx, onde recebe intimações e
notificações, com fulcro no art 840, parágrafo 1º da CLT e art. 319 do CPC, propor a presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA C/C PEDIDO DE LIMINAR PELO RITO ORDINÁRIO

em face da sociedade empresária MERCADO DO ADÃO LTDA., pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ sob o nº xxxxxxxxxx, com sede na rua xx, bairro xx, CEP xxx, na cidade
de Barreirinhas – MA, pelas razões de fato e de direito a seguir expostos
1. PRELIMINAR DE MÉRITO

1.1 DA JUSTIÇA GRATUITA

O reclamante declara para os devidos fins e sob pena da lei, ser hipossuficiente, encontrando-
se desempregado e não tendo como arcar com o pagamento de custas e demais despesas
processuais sem o prejuízo de seu sustento e da sua família.

Além de constitucional, tal direito é resguardado pelo artigo 790, § 3º da CLT, in verbis:

Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no
Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e
emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal
Superior do Trabalho.

§ 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do


trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o
benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos,
àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento)
do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

Requer, assim, que seja concedida a benesse de litigar utilizando-se da gratuidade de justiça, a
fim de que o autor possa promover a defesa de seus direitos.

2. DOS FATOS

Em síntese, Amâncio Morais trabalhou para a sociedade empresária Mercado do Adão


Ltda. como vendedor desde 26/10/2015 e recebendo em média 1,5 salário-mínimo por mês, a
título de comissão.

Em janeiro de 2022, devido a uma instalação malfeita de prateleira pelo dono do


estabelecimento, juntamente com excesso de peso em cima desta, houve a queda do objeto de
forma violenta na cabeça do reclamante, que estava devidamente em seu local de trabalho.

O plano de saúde que era concedido pela sociedade empresária cancelado pós
incidente, tendo Amâncio que usar de seu próprio dinheiro para arcar com os custos, sendo
R$1.350,00 em medicamentos e R$2.500,00 com terapia. Além disso, Amâncio levou 50 pontos
na cabeça, testa e face, deixando cicatriz.

Ademais, o reclamante ficou 3 meses afastado em benefício previdenciário por acidente


de trabalho, sendo esse o auxílio por incapacidade temporária acidentária, entretanto não teve
seu FTGS depositado durante esse período, assim que retornou a sua jornada de trabalho, este
foi dispensado sem justa causa.
3. DO MÉRITO

3.1 DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR PERANTE O ACIDENTE DE TRABALHO

É válido destacar que o dono do estabelecimento em que o Reclamante trabalhava, ao


decidir instalar as prateleiras na loja para poder expor mais produtos com as próprias mãos
sabendo que havia pouca habilidade manual, a fim de economizar recursos, toma para si a
responsabilidade dos futuros acontecimentos que viessem posteriormente a isso.

Haja vista que o proprietário do estabelecimento não havia habilidade alguma para tal
serviço, um dia após a instalação das prateleiras, o reclamante fora atingido fortemente por
estas, que caíram em resultado do grande peso que nela fora depositada, o que claramente
configura acidente de trabalho de acordo com a Lei de Benefícios da Previdência Social (Lei nº
8.213, de 24 de julho de 1991), em seu art. 19, verbis:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a


serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do
trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o
trabalho.

Após evidenciado que evento em tela se caracteriza como acidente de trabalho, não há,
que negar a responsabilidade civil do empregador, conforme art. 186 e 927 do CC, vejamos:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.

Consoante a isso, deixando claro que o caso se trata de acidente de trabalho e a


responsabilidade do empregador perante isso, fica comprovado o dever de reparação dos
danos causados, a seguir indicados.

3.2 DOS DANOS MORAIS

Dito alhures, o reclamante ficou tão fragilizado e traumatizado perante tal situação que
precisou comparecer a sessões de terapia, uma vez que não se tem como medir o sofrimento
deste, não resta dúvidas de que tal evento lhe foi traumatizante, resultando no desrespeito aos
direitos garantidos pelo artigo 223-C da CLT, nota-se:
Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a
autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens
juridicamente tutelados inerentes à pessoa física.

Além disto, há que se ressaltar a responsabilidade do empregador, uma vez que foi
omisso aos riscos de realizar a instalação, além da própria ação de tê-la feito, assim é o que
extrai pela apreciação dos artigos 223-B e 223-G da CLT:

Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que


ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são
as titulares exclusivas do direito à reparação.

Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará:

I - a natureza do bem jurídico tutelado;

II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação;

III - a possibilidade de superação física ou psicológica;

IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão;

V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa;

VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral;

VII - o grau de dolo ou culpa;

VIII - a ocorrência de retratação espontânea;

IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa;

X - o perdão, tácito ou expresso;

XI - a situação social e econômica das partes envolvidas;

XII - o grau de publicidade da ofensa.

Assim, não restando dúvidas do dano moral sofrido, requer seja a Reclamada condenada
ao pagamento de indenização por dano moral ao Reclamante num valor de R$10.000,00 (dez
mil reais).

3.3 DO DANO MATERIAL

É de ser revelado que em razão do acidente o Reclamante gastos resultantes de


tratamentos físicos e psicológicos, sendo estes R$ 1.350,00 em medicamentos, além de R$
2.500,00 em sessões de terapia, que foi necessário pois acontecimento resultou em trauma e
sofrimento perante o reclamante.
É indubitável que no caso em tela, há a responsabilidade civil do empregador que deve
reparar os danos materiais sofridos em relação aos custos do tratamento físico e psicológico
resultante da situação, conforme Art. 186, Art. 927 e Art. 949, todos do CC, litteris:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.

Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o


ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da
convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver
sofrido

Diante do exposto, requer seja a Reclamada condenada a reparar o dano material


sofrido pelo Reclamante num valor de R$3.850,00 (três mil e oitocentos e cinquenta reais).

3.4 DO DANO ESTÉTICO

Pode-se dizer que o dano estético corresponde a qualquer alteração morfológica do


acidentado como, por exemplo, a perda de algum membro, uma cicatriz ou qualquer mudança
corporal que cause repulsa, afeamento ou apenas desperte a atenção por ser diferente,
restando configurada a situação supracitada e o direito à indenização por dano estético.

No caso do reclamante, também há que se falar em dano estético advindo das lesões,
uma vez que o Reclamante desmaiou com o impacto, foi socorrido e conduzido ao hospital
público, onde recebeu atendimento e levou 50 pontos na cabeça, testa e face, resultando em
uma grande cicatriz que passou a despertar a atenção das pessoas, que reagiam
negativamente ao vê-lo.

Não se deve, pois, ao contrário do que muitos pensam, avaliar o dano estético a partir
do conceito tradicional do belo, na medida que este é relativo, e admite divergências.

Lembrando que tal pleito também está respaldado termos do Art. 223-B, Art. 223-C ou
Art. 223- G, todos da CLT, ou Art. 186 ou Art. 927, ambos do CC, alhures citados.

Diante da responsabilidade civil do empregador em causar tamanho desconforto e


deformidade no rosto do reclamante, requer a condenação da Reclamada ao pagamento de
indenização pelo dano estético num valor de R$10.000,00 (dez mil reais).
3.5 DO FGTS NÃO DEPOSITADO

Dado o acontecimento, o Reclamante ficou internado durante 3 meses no hospital,


entretanto, este foi contemplado por benefício previdenciário por acidente do trabalho.

Após sua alta, retornou à empresa com a capacidade laborativa preservada, mas foi
dispensado, sem justa causa, no mesmo dia. Porém, conforme extrato do FGTS, não constam
depósitos nos 3 meses de afastamento pelo INSS porque o evento foi um acidente de trabalho

É, contudo, imperioso ressaltar que mesmo quando o trabalhador se encontra afastado


do trabalho por motivo de incapacidade laboral, o empregador é obrigado a realizar o depósito
do FGTS, pois o artigo 15, §5º da Lei 8.036/1990 determina que o depósito do FGTS é
obrigatório nos casos de afastamento ou licença por motivo de acidente do trabalho, in verbis:

Art. 15. Para os fins previstos nesta Lei, todos os empregadores ficam
obrigados a depositar, até o vigésimo dia de cada mês, em conta vinculada, a
importância correspondente a 8% (oito por cento) da remuneração paga ou
devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as
parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943,
e a Gratificação de Natal de que trata a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962.

§ 5º O depósito de que trata o caput deste artigo é obrigatório nos casos de


afastamento para prestação do serviço militar obrigatório e licença por
acidente do trabalho.

Com isso, requer-se que seja devidamente depositado o FGTS referente aos 3 meses de
internação hospitalar decorridos do acidente de trabalho.

3.5 DA REINTEGRAÇÃO POR ESTABILIDADE

Como mencionado, o reclamante foi afastado pelo INSS, permanecendo em gozo de


AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO enquanto estava em situação hospitalar, após sua alta ele
retornou ao trabalho, sendo dispensado sem justa causa no mesmo dia.

Acontece que, conforme o Art. 118 da Lei no 8.213/91, não poderia ter sido dispensado,
uma vez que:

Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo
prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na
empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário,
independentemente de percepção de auxílio-acidente.
Além desta garantia, a Súmula 378, inciso II, do TST vem trazendo o seguinte: “São
pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a
consequente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a
despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do
contrato de emprego”.

Ocorre que, ignorando a estabilidade assegurada pela referida legislação acima citada, a
reclamada, DISPENSOU SEM JUSTA CAUSA, NO MESMO DIA o reclamante, devendo, agora,
proceder sua imediata reintegração.

3.7 DO REESTABELECIMENTO DO PLANO DE SÁUDE

Inicia-se informando que o plano de saúde foi cancelado sem a devida comunicação para
o Reclamante, um dia após o acidente de trabalho, ainda em termos de CLT, a alteração de
condições tem que ser por mútuo consentimento, o que não houve no caso em tela, assim é o
que expressa o art. 468 da Consolidação das Leis Trabalhistas, vejamos:

Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das


respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que
não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de
nulidade da cláusula infringente desta garantia.

Além disso, em virtude do afastamento por benefício previdenciário, não pode ser haver
do Plano de Saúde, já que esse é um direito do trabalhador que deve ser mantido enquanto o
benefício for oferecido e ao longo da duração do contrato de trabalho.

Outrossim, a Súmula 440 do TST traz que ´´assegura-se o direito à manutenção de plano
de saúde ou de assistência médica oferecido pela empresa ao empregado, não obstante
suspenso o contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença acidentário ou de
aposentadoria por invalidez`` razão pela qual requer o restabelecimento do plano de saúde.

4. DA TUTELA DE URGÊNCIA

Considerando a probabilidade do direito, respaldada pela fundamentação supra, e a


urgência da situação que pode resultar em dano de difícil reparar.

Não bastasse isso, o Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a tutela de
urgência quando “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo”, ou quando as alegações de fato puderem ser provadas apenas documentalmente, é
o que consta em seus arts. 300 e 311:
Art. 300 - A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da


demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo,
quando:

II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas


documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em súmula vinculante;

No presente caso, estão presentes os requisitos e pressupostos para a concessão da


tutela requerida, existindo prova inequívoca e verossimilhança das alegações, além de fundado
receio de dano irreparável ou de difícil reparação, mormente no tocante à necessidade de o
requerente ter o amparo do plano de saúde contratado.

Diante o exposto, requer a concessão de tutela provisória de urgência ou evidência para


a reintegração imediata e restabelecimento incontinente do plano de saúde.

5. DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA

Em face do artigo 791- A, da CLT observa-se que:

Art. 791-A: Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão


devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor
que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico
obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa.

Posto isso, em concordância com a Carta Magna, o artigo 133 ressalta que:

Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça,


sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da
profissão, nos limites da lei.

Logo, é conveniente o pagamento em face da parte reclamada sobre os honorários


advocatícios de 15% diante do valor que suceder da contagem da sentença, em concordância
sobre o artigo 791- A da CLT.

6. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:


a) A concessão do benefício da assistência judiciária gratuita, nos termos do art.5º, LXXIV da
Constituição Federal de 1988 e art.98 do Código de Processo Civil;
b) O pagamento de indenização por dano moral pela reclamada em favor do reclamante no
valor de R$10.000,00 (dez mil reais);
c) O pagamento de indenização pelo dano material em virtude de gastos com tratamento por
físicos e psicológicos, no valor de R$ 3.850,00;
d) O pagamento de indenização pelo dano estético frente a enorme cicatriz localizada na face
do reclamante no valor de R$10.000,00 (dez mil reais).;
e) O depósito de três meses de FGTS;
f) A reintegração do empregado ao seu respectivo emprego;
g) Seja deferida a tutela provisória para a imediata reintegração do Reclamante e
restabelecimento do plano de saúde;
h) A notificação da reclamada para comparecer em audiência e apresentar a sua defesa,
querendo;
i) A procedência dos pedidos, com a condenação da reclamada ao pagamento de honorários
de sucumbência artigo 791 da CLT.

Pede-se pela produção de provas admitidas em direito na forma do art. 319,VI,CPC.

Os cálculos da referida peça estão em anexo, conforme o artigo 840, § 1°, da CLT.

Dá-se a presente causa, para fins de distribuição o valor de R$ 23.850,00 (vinte e três mil
oitocentos e cinquenta reais).

Nestes termos,

Pede Deferimento.

Local e data

Advogado

OAB

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