Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
I) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
O reclamante não possui condições de arcar com o pagamento das custas processuais sem prejuízo
do seu próprio sustento, uma vez que preenche os requisitos estabelecidos no art. 790, §§3º e 4º da
CLT para a concessão, visto que não se encontra com renda formal e nem carteira assinada.
O direito à justiça gratuita está previsto em nossa Constituição Federal, em seu art.5º, LXXIV, que
assim dispõe:
"Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (...) LXXIV - o Estado prestará
assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos;”
Portanto, conforme CTPS anexada e o último vínculo empregatício é o apontado nessa exordial,
requer que lhe seja concedido tal benefício.
Insta salientar que no período laborado o reclamante sofreu um acidente de trabalho devido uma
instalação mal feita de duas prateleiras na loja pelo próprio proprietário do estabelecimento, o qual
não tinha técnica manual e foram afixadas inadequadamente.
As prateleiras foram instaladas acima do balcão em que o reclamante laborava e no dia seguinte da
instalação, com o peso dos produtos, as prateleiras caíram na cabeça do reclamante, o acertando
violentamente.
O reclamante desmaiou e foi conduzido ao Hospital, onde levou 50 pontos na cabeça, testa e face e,
além disso, gastou das suas reservas financeiras para cobrir o tratamento, já que após o acidente a
empresa cancelou o plano de saúde.
Durante o tratamento, ficou afastado por benefício previdenciário e retornou ao serviço 3 meses
depois, entretanto, foi dispensado sem justa causa na mesma data.
O reclamante teve seu plano de saúde empresarial cancelado pela empresa UM DIA APÓS O
ACIDENTE, sem as devidas observâncias do dever de preservação à honra do empregado.
Na relação de trabalho, o empregado é o polo hipossuficiente, a parte mais fraca que possui
principalmente direitos além de seus deveres. Nesses direitos, é imprescindível a observância e o
respeito a moral, ao direito existencial e a honra da pessoa.
“Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou
existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação.”
Nessa seara, é importante citar o art. 186 do CC, o qual preceitua que:
“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
Essa conduta imprudente, caracterizada como ato ilícito, gera o dever de indenizar o dano causado,
mesmo que seja um ato culposo, sem a intenção de causar dano. É o que preceitua o art. 927 do CC,
em que “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
lo.”.
Dessa forma, os gastos causados pelo acidente ao reclamante totalizaram em R$3.850,00, conforme
comprovantes de pagamentos e laudos médicos anexos.
Após as cirurgias realizadas e os pontos realizados na face, o reclamante desenvolveu uma grande
cicatriz que chama a atenção negativa do público ao vê-lo.
Essa cicatriz está visivelmente exposta em seu rosto, a qual será sempre carregada e levada consigo
pelo resto da vida, afetando completamente sua autoestima.
Conforme se verifica do caso em tela, o FGTS respectivo ao acidente de trabalho não foi depositado
para o reclamante, sendo devido o período correspondente aos 3 meses de afastamento, conforme
art. 15, §5º da Lei nº 8.036/90, o qual dispõe “(...) todos os empregadores ficam obrigados a
depositar (...) a importância correspondente a 8% (oito por cento) da remuneração paga ou devida
(…)”.
V. DA REINTEGRAÇÃO
Conforme art. 118 da Lei nº 8.213/91, em virtude do acidente do trabalho, o reclamante possui
estabilidade empregatícia mínima de doze meses a contar do término do auxílio doença.
Foi indevidamente dispensado após retornar dos 3 meses do benefício previdenciário, mesmo tendo
retornado à empresa com capacidade laborativa preservada.
Conforme a súmula 378, inciso II do TST: “II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o
afastamento superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio-doença acidentário”.
No caso em tela, o afastamento foi de 03 meses e o auxílio doença foi obtido pelo reclamante.
O reclamante teve o plano de saúde cancelado pela empresa um dia após o acidente de trabalho, em
total desrespeito aos direitos e dignidades humanas.
É entendimento do tribunal superior que, mesmo suspenso o contrato de trabalho devido do auxílio
doença, a empresa deve manter o plano de saúde do empregado ativo, tendo em vista os gastos com
tratamentos médicos e remédios.
Ademais, é importante ressaltar que o reclamante custeou gastos médicos exorbitantes com o
tratamento, além de se sujeitar a tratamentos constantes.
Assim, requer a reintegração do plano de saúde com tutela provisória, baseado no art. 294 do CPC,
devido a urgência dos tratamentos médicos e a evidência do direito à saúde e à dignidade humana
que foi violado.
VII. PEDIDOS
Diante dos fatos acima expostos, requer total procedência da ação, condenando a reclamada nos
termos dos seguintes pedidos e obrigações:
a) pagamento total dos danos morais, o qual será fixado valor conforme critérios de vossa
excelência e em análise dos laudos médicos do reclamante;
c) pagamento total dos danos estéticos, o qual será fixado valor conforme critérios de vossa
excelência
VIII. REQUERIMENTOS
Requer respeitosamente:
da parte contrária;
d) custas processuais, correção monetária e juros de mora a partir do ajuizamento da presente ação;
e) os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita ao reclamante por ser pobre em sentido legal e
não
ter condições arcar com as custas processuais sem prejuízo do seu próprio sustento.
Evellyn Ribeiro
OAB/MG 705740