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AO JUÍZO DA __ VARA DO TRABALHO DE LINHARES/ES

HEITOR AGULHAS, brasileiro, solteiro, desempregado, inscrito no CPF nº 111.111.111.-11 e do


RG MG 11.111.111, telefone celular (31) 99999999, endereço eletrônico
agulhas.heitor@gmail.com, residente e domiciliado na Rua Antônio Olinto, 96, Centro,
Linhares/ES, CEP 35700-002, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por sua procuradora
in fine assinada, ajuizar a presente:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face de PORCELANAS ORIENTAIS LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ nº 11.111.111-11, endereço eletrônico clinica.fisioterapiamontesgerais@gmail.com, sediada
na rua Tupis. Nº 36, Centro – Linhares/ES, CEP 31380-123, pelas razões de fato e de direito a
seguir expostas:

I) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O reclamante não possui condições de arcar com o pagamento das custas processuais sem prejuízo
do seu próprio sustento, uma vez que preenche os requisitos estabelecidos no art. 790, §§3º e 4º da
CLT para a concessão, visto que não se encontra com renda formal e nem carteira assinada.

O direito à justiça gratuita está previsto em nossa Constituição Federal, em seu art.5º, LXXIV, que
assim dispõe:

"Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (...) LXXIV - o Estado prestará
assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos;”

Portanto, conforme CTPS anexada e o último vínculo empregatício é o apontado nessa exordial,
requer que lhe seja concedido tal benefício.

II) DOS FATOS

O reclamante foi contratado no dia 26/10/2020 pela reclamada PORCELANAS ORIENTAIS


LTDA na função de vendedor na unidade de Linhares/ES, recebendo remuneração de R$1.567,50
(mil quinhentos e sessenta e sete reais e cinquenta centavos), tendo sido dispensado em 26/04/2022,
sem o devido pagamento do FGTS.

Insta salientar que no período laborado o reclamante sofreu um acidente de trabalho devido uma
instalação mal feita de duas prateleiras na loja pelo próprio proprietário do estabelecimento, o qual
não tinha técnica manual e foram afixadas inadequadamente.

As prateleiras foram instaladas acima do balcão em que o reclamante laborava e no dia seguinte da
instalação, com o peso dos produtos, as prateleiras caíram na cabeça do reclamante, o acertando
violentamente.

O reclamante desmaiou e foi conduzido ao Hospital, onde levou 50 pontos na cabeça, testa e face e,
além disso, gastou das suas reservas financeiras para cobrir o tratamento, já que após o acidente a
empresa cancelou o plano de saúde.

Durante o tratamento, ficou afastado por benefício previdenciário e retornou ao serviço 3 meses
depois, entretanto, foi dispensado sem justa causa na mesma data.

III) DA RESPONSABILIDADE CIVIL DA RECLAMADA

III.I) DO DANO MORAL

O reclamante teve seu plano de saúde empresarial cancelado pela empresa UM DIA APÓS O
ACIDENTE, sem as devidas observâncias do dever de preservação à honra do empregado.
Na relação de trabalho, o empregado é o polo hipossuficiente, a parte mais fraca que possui
principalmente direitos além de seus deveres. Nesses direitos, é imprescindível a observância e o
respeito a moral, ao direito existencial e a honra da pessoa.

Com efeito, é o que dispõe o artigo 223-B da CLT:

“Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou
existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação.”

O cancelamento do plano de saúde se deu de forma indevida, violando o direito da personalidade,


principalmente a honra, já que o reclamante se viu abalado psicologicamente por não ter o devido
acesso à saúde.

Portanto, no caso em tela, se vê plenamente configurado o dano moral ao reclamante.

III.II) DO DANO MATERIAL

A conduta do proprietário do estabelecimento ao instalar uma prateleira sem à devida técnica se


caracteriza como uma ação voluntária imprudente que causou dano físico, psicológico, moral e bem
como colocou em risco a vida não só de Heitor, mas também de outros funcionários que laboravam
na loja.

Nessa seara, é importante citar o art. 186 do CC, o qual preceitua que:

“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

Essa conduta imprudente, caracterizada como ato ilícito, gera o dever de indenizar o dano causado,
mesmo que seja um ato culposo, sem a intenção de causar dano. É o que preceitua o art. 927 do CC,
em que “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
lo.”.

O acidente de trabalho que acometeu o reclamante proporcionou diverso gastos de tratamentos


médico e terapêutico, já que após o dia do acidente de trabalho, a reclamada cancelou o plano de
saúde do reclamante, o qual teve que embolsar da própria reserva financeira para arcar com
R$1350,00 em medicamentos para alívio das dores físicas que o acometiam e, além disso, teve
gasto de R$2500,00 em sessões de terapia, devido o trauma psicológico causado pelo acidente.
Conforme art. 949 do CC:

“No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido


das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da
convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver
sofrido.”

Dessa forma, os gastos causados pelo acidente ao reclamante totalizaram em R$3.850,00, conforme
comprovantes de pagamentos e laudos médicos anexos.

III.III) DO DANO ESTÉTICO

Após as cirurgias realizadas e os pontos realizados na face, o reclamante desenvolveu uma grande
cicatriz que chama a atenção negativa do público ao vê-lo.

Essa cicatriz está visivelmente exposta em seu rosto, a qual será sempre carregada e levada consigo
pelo resto da vida, afetando completamente sua autoestima.

Segundo o art, 223-C, “ A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a


sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à
pessoa física.”.

IV. DO FGTS NÃO DEPOSITADO

Conforme se verifica do caso em tela, o FGTS respectivo ao acidente de trabalho não foi depositado
para o reclamante, sendo devido o período correspondente aos 3 meses de afastamento, conforme
art. 15, §5º da Lei nº 8.036/90, o qual dispõe “(...) todos os empregadores ficam obrigados a
depositar (...) a importância correspondente a 8% (oito por cento) da remuneração paga ou devida
(…)”.

Em análise, depreende-se que há saldo de R$376,20, já calculado no período devido ao reclamante


de 3 meses.

V. DA REINTEGRAÇÃO
Conforme art. 118 da Lei nº 8.213/91, em virtude do acidente do trabalho, o reclamante possui
estabilidade empregatícia mínima de doze meses a contar do término do auxílio doença.

Foi indevidamente dispensado após retornar dos 3 meses do benefício previdenciário, mesmo tendo
retornado à empresa com capacidade laborativa preservada.

Insta ressaltar que foi dispensado sem justa causa.

Conforme a súmula 378, inciso II do TST: “II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o
afastamento superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio-doença acidentário”.

No caso em tela, o afastamento foi de 03 meses e o auxílio doença foi obtido pelo reclamante.

Portanto, requer a nulidade da dispensa e a reintegração ao emprego com tutela de urgência.

VI. DO PLANO DE SAÚDE

O reclamante teve o plano de saúde cancelado pela empresa um dia após o acidente de trabalho, em
total desrespeito aos direitos e dignidades humanas.

Conforme a súmula 440 do TST:

“Assegura-se o direito à manutenção de plano de saúde ou de assistência médica oferecido pela


empresa ao empregado, não obstante suspenso o contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença
acidentário ou de aposentadoria por invalidez.”

É entendimento do tribunal superior que, mesmo suspenso o contrato de trabalho devido do auxílio
doença, a empresa deve manter o plano de saúde do empregado ativo, tendo em vista os gastos com
tratamentos médicos e remédios.

Ademais, é importante ressaltar que o reclamante custeou gastos médicos exorbitantes com o
tratamento, além de se sujeitar a tratamentos constantes.
Assim, requer a reintegração do plano de saúde com tutela provisória, baseado no art. 294 do CPC,
devido a urgência dos tratamentos médicos e a evidência do direito à saúde e à dignidade humana
que foi violado.

VII. PEDIDOS
Diante dos fatos acima expostos, requer total procedência da ação, condenando a reclamada nos
termos dos seguintes pedidos e obrigações:

a) pagamento total dos danos morais, o qual será fixado valor conforme critérios de vossa
excelência e em análise dos laudos médicos do reclamante;

b) pagamento total dos danos materiais, com valor aproximado em R$3.850,00;

c) pagamento total dos danos estéticos, o qual será fixado valor conforme critérios de vossa
excelência

d) pagamento do FGTS, calculado aproximadamente em R$376,20.

e) seja concedida tutela provisória na reintegração imediata do plano de saúde e na reintegração ao


emprego do reclamante;
f) subsidiariamente, requer que se não for possível a reintegração, que seja calculado todos os
valores de direito do reclamante convertidos em verbas trabalhistas;

g) honorários advocatícios 20%;

VIII. REQUERIMENTOS

Requer respeitosamente:

a) Notificação da reclamada para contestarem a presente ação;

b) a produção de todas as provas em direito admitidas, notadamente depoimentos de testemunhas e

da parte contrária;

d) custas processuais, correção monetária e juros de mora a partir do ajuizamento da presente ação;

e) os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita ao reclamante por ser pobre em sentido legal e
não

ter condições arcar com as custas processuais sem prejuízo do seu próprio sustento.

Dá-se à presente o valor ESTIMADO de R$ 4.226,20 para fins de alçada.

Termos em que, pede deferimento.


Belo Horizonte, 02 de setembro de 2023.

Evellyn Ribeiro

OAB/MG 705740

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