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EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DO TRABALHO DA

ÚNICA VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE ARAPIRACA/AL.

GILTONY WESCLEY NUNES SANTOS, brasileiro, solteiro,


vendedor externo, inscrito no CPF nº 062.432634-95 e RG n° 2.134559
SSP/AL, residente e domiciliado na Rua Presidente Dutra, 215, Alto do
Cruzeiro, CEP 57.300-000, Arapiraca-AL, por meio de sua advogada que esta
subscreve, nos termos da procuração (anexa), vem, perante a Vossa
Excelência propor a presente:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

Pelo rito sumaríssimo, contra a Empresa. REVIVER


ADMINISTRACAO PRISIONAL PRIVADA LTDA, inscrita no CNPJ nº
05.146.393/0001-60, situada na AV. Antonio Carlos Magalhaes, nº 3244, Edif
Empresarial Thome de Souza salas 1701 A 1705 DE 1722 A 1726, bairro:
Caminho das Arvores, CEP: 41.820-000, Salvado/BA, o que faz de acordo
com os fundamentos fáticos e jurídicos a seguir expostos:

I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Cumpre salientar que o Requerente, está desempregado, e


não possui condições financeiras de arcar com custas processuais e
honorárias advocatícias, sem prejuízo ao seu próprio sustento e de sua
família, requerendo desde já os benefícios da justiça gratuita, assegurado no
Art. 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal e disciplinado nos Artigos 98 e
seguintes da Lei 13.105/15 (CPC).

II – DOS FATOS

O Reclamante foi admitido pela Reclamada em 19/11/2013


para exercer o cargo de Agente de Segurança através de Contrato por Tempo
Indeterminado, tendo sido demitido sem justa causa com data de afastamento
em 16/02/2017, conforme cópia da página do Contrato de Trabalho anotado na
CTPS, anexada aos autos.

O horário de trabalho era das 06:00 h as 18:20 h, com


jornada de trabalho de 12x36, observado o intervalo de 1 (uma) hora para
alimentação e descanso.

Como última remuneração observa-se o valor de R$


1.584,00 (mil quinhentos e oitenta e quatro reais), valor este que serviu como
base de cálculo para as verbas rescisórias, conforme cópia do Termo de
Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT) acostada aos autos.

Ocorre que habitualmente a jornada de trabalho acima


mencionada não era respeitada, pois dificilmente o Reclamante saia do
trabalho as 18:00 horas, essa jornada se estendia todos os dias por mais de
30- 40 minutos, configurando dessa forma, a quebra da escala. Como
agravante, nunca recebeu adicional de periculosidade.

Diante de tais circunstâncias o Reclamante busca através da


presente Reclamação Trabalhista a reparação de seus direitos não respeitados
pela Reclamada.

III – DO DIREITO
III.1 – DA DESCARACTERIZAÇÃO DA JORNADA 12X36 E HORAS
EXTRAS

A jornada 12x36 é permitida exclusivamente nos casos


extremos, em que a condição peculiar do trabalho exige esse tipo de escala,

No mesmo contexto o Art. 58 da CLT estabelece que “a duração normal do


trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de
8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite”.

Diante da leitura dos dispositivos legais supramencionados, conclui-se que


toda vez que o empregado prestar serviços após esgotar-se a jornada
assegurada pela Constituição Federal haverá trabalho extraordinário, que
deverá ser remunerado com o adicional de, no mínimo, 50% superior ao da
hora normal.

Conforme já mencionado anteriormente, a jornada de trabalho contratada era


das 14:00 h às 22 h e 20 min, com intervalo de 1 hora para alimentação e
descanso, obedecendo a escala 6 x 1. No entanto, o que ocorria na prática era
que o Reclamante dificilmente se ausentava do seu posto de trabalho antes da
00:00 h. Tal fato fica evidenciado através de um sistema ponto biométrico
implantado pela Reclamada. Cabendo aqui ressaltar que este sistema muitas
vezes não estava operando e nessas ocasiões não havia efetivamente folha de
ponto.

No que diz respeito ao intervalo de alimentação e descanso, este também não


era respeitado. Inclusive devido ao fato de o Reclamante trabalhar circulando
por todas as estações do sistema, não tinha sequer um local adequado para
realizar as refeições, se vendo obrigado muitas vezes utilizar os banheiros para
esse fim.

Nesse sentido também deve ser levado em consideração o que estipula o Art.
71, § 4º da CLT, quando este estabelece que “a não concessão ou a
concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e
alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de
natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50%
(cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de
trabalho”.

No caso em tela, verifica-se que o Reclamante cumpria diariamente, em média,


2 (duas) horas extraordinárias. Tal rotina foi observada durante todo o período
laborado. No entanto a Reclamada jamais efetuou o pagamento destas horas
extraordinárias e por consequência os seus reflexos, tampouco em sua
rescisão contratual, valores estes que faz jus ao Reclamante em receber.

Diante de todo o exposto, requer a condenação da Reclamada ao pagamento


das horas extras, com o respectivo adicional de 50% perfazendo o total de R$
12.617,28 (doze mil, seiscentos e dezessete reais e vinte e oito centavos).
Ainda deverão ser observados os seus reflexos e o valor em questão deverá
ser atualizado monetariamente além de acrescidos os juros legais.

III.1 – DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

O Reclamante durante todo o período laboral, não recebeu o adicional de


periculosidade em face da função exercida, conforme preceitua o Art. 193,
inciso II, da CLT em consonância com o Art. 7º, inciso XXIII da CRFB/88, que
ora pedimos vênia para transcrevê-los abaixo.

CRFB/88 – Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:

(...)

XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou


perigosas, na forma da lei;

CLT - Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na


forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego,
aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco
acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a:

(...)

II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de


segurança pessoal ou patrimonial.

Corroborando com os dispositivos legais acima citados, acreditamos que cabe


ainda destaque, em relação ao adicional de periculosidade para agente de
segurança, o estabelecido na portaria do MTE 1885 de 2013, de que todos os
trabalhadores expostos a atividades e operações perigosas com risco de
roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de
segurança pessoal ou patrimonial, seja empregado por empresa privada ou da
administração pública direta ou indireta, tem direito ao recebimento do adicional
de periculosidade, pela exposição ao “agente periculoso”. Eis o texto:

O Ministro de Estado do Trabalho e Emprego, no uso das atribuições que lhe


conferem o inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal e os
arts. 155 e 200 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943,

Resolve:

Art. 1º Aprovar o Anexo 3 da Portaria MTE 1885 de 2013- Atividades e


operações perigosas com exposição a roubos ou outras espécies de violência
física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial - da
Norma Regulamentadora nº 16 - Atividades e operações perigosas, com a
redação constante no Anexo desta Portaria.

A despeito da nomenclatura do cargo, agente de segurança, destaca-se que as


atividades desempenhadas pelo Reclamante foram voltadas à segurança
pessoal dos passageiros da unidade de transporte público, bem como à
preservação do patrimônio público. Nesse sentido e independentemente do uso
de armamento, o Reclamante encontrava-se inegavelmente exposto, de modo
permanente, à situação de risco de violência física.
Nesse contexto, não resta dúvidas, que o Reclamante faz jus ao adicional de
periculosidade de 30% (trinta por cento), sobre os salários de todo o período
trabalhado, assim como os seus reflexos, nos exatos termos do § 1º do Art.
193 da CLT.

Sendo assim a Reclamada deverá pagar ao Reclamante o correspondente a


R$ 8.961,52 (oito mil, novecentos e sessenta e um reais e cinquenta e dois
centavos), devidamente corrigidos monetariamente e acrescidos juros legais.

Em última análise, cabe ainda ressaltar que nos termos da Súmula 132 do TST
o adicional de periculosidade, pago em caráter permanente, integra o cálculo
de indenização e de horas extras.

III.4 – DOS REFLEXOS

Comprovada a habitualidade na prestação das horas extras e a incidência do


adicional de periculosidade acima aludido, deve ser observado em favor do
Reclamante os seus reflexos em aviso prévio, férias proporcionais, 13º salário,
descanso semanal remunerado, depósitos do FGTS e consequentemente a
multa rescisória de 40%.

A integração das horas extras no aviso prévio está prevista no Art. 487, § 5º da
CLT que assim dispõe: “o valor das horas extraordinárias habituais integra o
aviso prévio indenizado”. Em férias vencidas e proporcionais, encontra amparo
legal no Art. 142, § 5º da CLT, quando este estipula que “os adicionais por
trabalho extraordinário, noturno, insalubre ou perigoso serão computados no
salário que servirá de base ao cálculo da remuneração das férias”.

Em relação a integração das horas extraordinárias no 13º salário ou


gratificação natalina temos o disposto na Súmula Nº 45 do TST que reza: “a
remuneração do serviço suplementar, habitualmente prestado, integra o cálculo
da gratificação natalina prevista na Lei 4.090/62”. No que diz respeito a
integração no Descanso Semanal Remunerado – DSR, cabe destacar o
estabelecido na Súmula Nº 172 do TST que dispõe: “computam-se no cálculo
do repouso remunerado as horas extras habitualmente prestadas”.

Os reflexos para os depósitos do FGTS dos valores apurados por integração


de horas extras para efeito de recolhimento e multa de 40% por ocasião de
despedida sem justa causa, está previsto no Art. 23, § 1º, inciso IV da Lei
8.036/90 e na Súmula Nº 593 do STF, que estabelece: “incide o percentual do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) sobre a parcela da
remuneração correspondente a horas extraordinárias de trabalho”. No mesmo
sentido temos ainda a Súmula Nº 63 do TST que diz: “a contribuição para o
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço incide sobre a remuneração mensal
devida ao empregado, inclusive horas extras e adicionais eventuais”.

Diante do acima exposto a Reclamada deverá pagar ao Reclamante,


devidamente corrigidos monetariamente com o acréscimo de juros legal, o
valor equivalente a R$ 7.524,61 (sete mil, quinhentos e vinte e quatro reais e
sessenta e um centavos), referente aos reflexos do adicional de periculosidade
e horas extras em aviso prévio, férias proporcionais, 13º salário, descanso
semanal remunerado, depósitos do FGTS e a multa rescisória de 40%.

V – DA MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT

No prazo estabelecido no Art. 477, § 6º, da CLT, não houve o pagamento das
verbas rescisórias acima elencadas. Neste sentido se impõe em favor do
Reclamante uma multa equivalente a um mês de salário revertida em seu
favor, conforme consubstancia o § 8º do mesmo artigo da CLT acima citado.

VI – DA MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT

A Reclamada deverá pagar a Reclamante, no ato da audiência, todas as


verbas incontroversas, sob pena de acréscimo de 50%, conforme Art. 467 da
CLT, transcrito a seguir:

CLT - Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo


controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é
obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do
Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las
acrescidas de cinquenta por cento.

Desta forma, protesta o Reclamante pelo pagamento de todas as parcelas


incontroversas na primeira audiência.

VII – DOS PEDIDOS


Diante de todo o exposto Requer:

1 – O benefício da gratuidade de justiça assegurado no Art. 5º, inciso LXXIV


da Constituição Federal e disciplinado nos Artigos 98 e seguintes da Lei
13.105/15 (CPC);

2 – A Notificação da Reclamada, para que compareça em audiência, e,


querendo, conteste a presente ação, sob pena de, não o fazendo, incidirem os
efeitos da revelia;

3 - A intimação da Reclamada para juntar aos autos todos os documentos


referentes à contratação e ao período laborado pelo reclamante, em especial
os registros dos pontos biométricos e as folhas de ponto, sob pena de
confissão dos pedidos alegados;

4 - A condenação da reclamada ao pagamento das seguintes verbas,


acrescidas de juros e correção monetária, na forma apurada em liquidação de
sentença:

Verba

Valor

Adicional de Periculosidade

R$ 8.951,52

Horas Extras

R$ 12.617,28

Adicional Noturno

R$ 2.523,45

Reflexos

R$ 7.524,61
Indenização por Dano Moral

R$ 15.000,00

Multa do Art. 477 da CLT

R$ 3.936,10

Multa do Art. 467 da CLT

R$ 15.808,43

Total

R$ 66.361,39

5 – A condenação da Reclamada ao pagamento de custas e demais despesas


processuais;

6 – A condenação da Reclamada ao pagamento de honorários advocatícios de


sucumbência, estes arbitrados em 15% (quinze por cento) sobre o valor que
resultar da liquidação da sentença ou do valor atualizado da causa, nos termos
do Art. 791-A da CLT;

7 - A PROCEDÊNCIA TOTAL da presente Reclamação Trabalhista, com o


deferimento de todos os pedidos.

Por fim, requer a produção de todos os meios de provas admitidas em direito,


em especial documental, depoimento pessoal do Reclamante e oitiva de
testemunhas, além do depoimento pessoal do representante legal da
Reclamada.

Dá-se a causa o valor de R$ 66.361,39 (sessenta e seis mil, trezentos e


sessenta e um reais e trinta e nove centavos).

Termos em que,

Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 17 de Agosto de 2018

Sergio Campos de Almeida

OAB/RJ – xxx.xxx

ROL DE TESTEMUNHAS

1 – SILVA

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2 – SOUZA

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