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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA VARA DO TRABALHO DE

UBERLÂNDIA – MINAS GERAIS

ANTÔNIO QUEIROZ, brasileiro, casado, inscrito no CPF sob o nº 123.456.789-00, residente


e domiciliado na Rua Coronel Severiano, nº 500, bairro Tabajaras, Uberlâ ndia/MG, CEP
XXXXX-00, vem perante Vossa Excelência por meio de seu advogado, com base nos art. 193
e 468 da CLT, propor a presente
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
Em face de PATRULHA MINEIRA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ nº25.XXXXX/0001-25, com residência na Av. das Naçõ es, nº 30, Centro,
Uberlâ ndia/MG, CEP XXXXX-00, pelas circunstâ ncias fá ticas e normativas abaixo elencadas.
1. DOS FATOS
O reclamante, foi contratado pela empresa reclamada em 04 de fevereiro de 2019, com
remuneraçã o mensal em R$2.000,00 (dois mil reais) com o cargo de segurança geral,
conforme anotaçã o na carteira de trabalho, juntado na inicial.
Junta-se também documento previdenciá rio de auxílio por incapacidade temporá ria,
constando o afastamento do reclamado de suas atividades laborais desde 09 de outubro de
2020 até 08 de janeiro de 2021, em razã o de hérnia de disco, - sem relaçã o com o trabalho
-.
Conforme o encerramento do afastamento ter ocorrido em uma sexta-feira, o autor se
reapresentou na empresa na segunda-feira (11/01/2021), ocasiã o em que foi submetido a
um exame de saú de para retorno ao trabalho, tendo sido considerado inapto pelo médico
do trabalho da empregadora. Por conta disso, desde a alta previdenciá ria, nã o recebe
nenhum valor a título de salá rio, assim como teve seu plano de saú de suspenso, benefício
este que foi instituído por liberalidade da empregadora.
2. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Neste ato, o reclamante pleiteia pela concessã o do benefício da gratuidade de justiça,
conforme assegurado pelo art. 5º, inciso LXXIV da Constituiçã o Federal, instruído pelo
artigo pelos artigos 98 e seguintes da Lei 13.105/15 do Có digo de Processo Civil.
3. DO DIREITO
3.1. Do pagamento salarial
O reclamante ao retornar para trabalhar apó s o término do auxílio doença, foi submetido a
exames pela empresa reclamada, reitera, que teve seu salá rio suspenso, devido ao médico
da empregadora ter atestado a inaptidã o do autor para a funçã o.
Por conseguinte, o empregado se encontra no verdadeiro “limbo previdenciá rio”,
considerando que nã o está recebendo o salá rio, nem o benefício previdenciá rio, sendo
absolutamente contrá rio ao princípio constitucional da dignidade da pessoa humana,
elencando no art. 1º, incisos III e IV da Constituiçã o Federal.
Nesse diapasã o, entende-se a ilicitude do empregador ao nã o readmitir o empregado em
suas funçõ es ou, negar permissã o à funçã o compatível com sua limitaçã o de saú de, nos
termos do art. 89 da Lei 8.213/1991:
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA - DESCABIMENTO. RITO SUMARÍSSIMO. 1." LIMBO JURÍDICO
PREVIDENCIÁRIO ". RECUSA DA EMPRESA EM READMITIR O EMPREGADO CONSIDERADO APTO PARA O RETORNO
AO TRABALHO PELO INSS. PAGAMENTO DE SALÁRIOS. Tendo o órgão previdenciário considerado a reclamante
apta para o retorno ao trabalho, cabia à reclamada, julgando que a empregada não reunia condições para retornar
às atividades antes exercidas, zelar pela sua readaptação em função compatível com seu atual estado de saúde. No
entanto, ao não permitir o retorno do autor, deixando de pagar os salários a partir da alta médica dada pelo
INSS, a ré agiu de forma ilícita, o que motiva a condenação. 2. FORMA DE DISSOLUÇÃO CONTRATUAL. REVERSÃO
DA JUSTA CAUSA EM JUÍZO . A imposição da maior penalidade aplicável ao empregado, consistente na rescisão do
contrato por justa causa, norteia-se pelos princípios da atualidade, proporcionalidade, gravidade e caráter
determinante, necessitando, ainda, da produção de prova robusta sobre o cometimento da infração. Por força,
também, do princípio da continuidade da relação de emprego, que vigora no Direito do Trabalho, é ônus do
empregador demonstrar, de forma inequívoca, a presença dos motivos e dos requisitos ensejadores da referida
modalidade de dispensa. Assim, inexistindo elementos a corroborar a dispensa por justa causa, correta a decisão
que concluiu pela extinção do contrato de trabalho de forma imotivada. Agravo de instrumento conhecido e
desprovido" (AIRR-XXXXX-89.2019.5.04.0203, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira,
DEJT 10/09/2021). Grifei.

No mais, em decorrência do princípio da alteridade (artigo, 2º, caput, CLT), a empresa


assume os riscos da atividade econô mica e, com isso, o ô nus decorrente do indeferimento
da prorrogaçã o ou do restabelecimento do benefício a cargo do INSS, tendo a obrigaçã o de
pagar os salá rios ao empregado, ainda que algum laudo médico nã o oficial o considere
inapto.
Ainda, o atestado de aptidã o do trabalhador pelo o INSS, é dotado de fé pú blica, assim, nã o
cabe ao empregador recusar o retorno do trabalhador à s suas atividades e sustar o
pagamento dos seus salá rios, mesmo que o médico da empresa considere o contrá rio.
Nesse sentido, observa-se o entendimento jurisprudencial do Tribunal Superior do
Trabalho:
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA REGIDO PELA LEI 13.467/2017.
TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA. LIMBO PREVIDENCIÁRIO E TRABALHISTA. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR
PELO PAGAMENTO DE SALÁRIOS. A jurisprudência desta Corte se firmou no sentido de que a recusa do
empregador em aceitar o retorno do empregado após a alta previdenciária, em razão de considerá-lo inapto ao
trabalho, não afasta o dever de pagamento dos salários correspondentes, pois, diante da presunção de
veracidade do ato administrativo do INSS que atesta a aptidão do empregado para o labor, cessando o benefício
previdenciário, cabe ao empregador receber o obreiro, realocando-o em atividades compatíveis com sua
limitação funcional, até eventual revisão da decisão tomada pelo órgão previdenciário. Com efeito, nos termos
do art. 476 da CLT, encerrado o afastamento, não subsiste o fato gerador da suspensão do contrato de trabalho,
retomando-se as obrigações contratuais, inclusive o pagamento salarial. Agravo de instrumento não
provido"(AIRR-XXXXX-38.2018.5.09.0872, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaide Alves Miranda Arantes, DEJT
21.5.2021). Grifei.

À vista disso, cabem recursos administrativos e judiciais adequados ao empregador em


caso de discordâ ncia, conforme o art. 305 do Decreto nº 3.048/1999. Portanto, é oportuno
que readmitam ou readéquem o reclamante à s suas funçõ es, mediante o retorno do
pagamento salarial.
3.2. Adicional de periculosidade
A Consolidaçã o das Leis de Trabalho, elucida as atividades que sã o consideradas perigosas,
para o eventual pagamento de adicional de periculosidade, veja-se:
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco
acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a:
I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica
II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.

Desse modo, com base no art. 193, II da CLT, exposto acima, é fato que o cargo exercido de
segurança pelo autor se enquadra como atividade em que há riscos, já que o autor é
responsá vel em resguardar o local e os bens presentes, ficando exposto a roubos ou outras
espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança, de modo permanente.
Nesse sentido, aduz o art. 7º, inciso XXIII da Constituiçã o Federal:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;

Assim, configurada a periculosidade da atividade de segurança exercida, o autor faz jus ao


adicional de periculosidade de 30% (trinta por cento), sobre os salá rios de todo o período
trabalhado, assim como seus reflexos, nos termos do § 1º do art. 193 da CLT.
3.3. Regresso do benefício de plano de saúde
No momento do impedimento do retorno ao trabalho, a empresa reclamada também
realizou a suspensã o do plano de saú de do autor, contudo, sobre isso, versa o artigo 468 da
CLT, que “Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteraçã o das respectivas
condiçõ es por mú tuo consentimento, e ainda assim desde que nã o resultem, direta ou
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da clá usula infringente desta
garantia”.
Portanto, é ilícita a suspensã o do benefício que está presente no contrato de trabalho entre
as partes, do qual foi ofertado por mera liberalidade do empregador.
Também, nesse seguimento dispõ e a Sú mula nº 440 do Tribunal Superior do Trabalho:
Assegura-se o direito à manutenção de plano de saúde ou de assistência médica oferecido pela empresa ao
empregado, não obstante suspenso o contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença acidentário ou de
aposentadoria por invalidez. Res. 185, de 14/09/2012 - DJ 25, 26 e 27/09/2012 (Acrescenta a súmula. Seção do
Pleno de 14/09/2012).

Desse modo, pugna-se pela restituiçã o do plano de saú de, em respeito ao contrato das
partes.
4. DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer:
a. A concessã o da gratuidade de justiça, assegurado pelo art. 5º, inciso LXXIV da
Constituiçã o federal e disciplinados nos artigos 98 e seguintes do CPC;
b. Notificaçã o da Reclamada, para que compareça em audiência, e, querendo, conteste a
presente açã o, sob pena dos efeitos da revelia, em caso de nã o apresentaçã o (caput do art.
844 da CLT);
c. Determinar o restabelecimento do salá rio do empregado, bem como o plano de saú de
incluso, desde o dia 11.01.2021;
d. A condenaçã o da Reclamada ao pagamento das verbas de periculosidade, acrescidas de
juros e correçã o monetá ria, a ser realizada através de liquidaçã o de sentença;
e. A condenaçã o da reclamada ao pagamento de honorá rio advocatício de sucumbência em
15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidaçã o de sentença ou do valor da
causa, nos termos do art. 791-A da CLT;
f. A condenaçã o da Reclamada ao pagamento de custas e demais despesas processuais;
g. A PROCEDÊ NCIA TOTAL da presente Reclamaçã o Trabalhista;
h. Protesta-se pela produçã o de todos os meios de provas admitidas em direito.
Dá-se o valor da causa em R$xx.
Termos em que, pede deferimento.
Uberlâ ndia, data.
Advogado/OAB – assinatura eletrô nica.

Se nã o fosse um caso de cunho acadêmico seria viá vel pedir indenizaçã o moral e tutela de
urgência.

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