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PROF.

JOSEVAL MARTINS VIANA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA


CÍVEL DA COMARCA DE ________________________

TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA – ARTIGOS 300 E 303 DO CPC

SICRANO DE TAL, brasileiro, solteiro, estudante,


menor impúbere e absolutamente incapaz, nascido em ___/___/___,
atualmente com ____ anos de idade, e neste ato representado por sua genitora
FULANA DE TAL, brasileira, convivente em regime de união estável, bacharel
em direito, portadora da Cédula de Identidade RG n.[...], portadora do CPF/MF
n. [...], fulana@email.com.br, residente e domiciliada na Rua [...] n. [...] – apto.
[...] – CEP [...], nesta Capital, por intermédio de seus advogados e bastante
procuradores (instrumento de mandato em anexo), vêm, mui respeitosamente,
à presença de Vossa Excelência, com supedâneo nos artigos 300 e 303 do
Código de Processo Civil requerer TUTELA ANTECIPADA EM CARÁTER
ANTECEDENTE em face do GRUPO [...], inscrita no CNPJ 05.032.035/0001-
26, com sede na Avenida [...] n. [...], [...] andar – no bairro [...] – CEP [...], São
Paulo, nesta Capital e BRADESCO SAÚDE S/A, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º
92.693.118/0001-60, com endereço na Av. Paulista, n.º 1415, 10.º andar,
Cerqueira César, São Paulo/SP – CEP 01311-925, endereço eletrônico:
judicial@bradescoseguros.com.br, pelos motivos de fato e de direito abaixo
articulados:
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I – DOS FATOS

1. O autor está com uma enfermidade chamada de [...]”.


Ele estava com a consulta marcada para início do tratamento, quando a
coautora foi informada pela ré que seria dispensada sem justa causa no dia
01/03/2017.

2. No entanto, em 05/03/2017, o requerente teve uma “crise


de ausência”, precisando ser levado às pressas ao Hospital Infantil [...]. No
pronto-socorro, a médica internou-o imediatamente em razão dos problemas de
reflexos que as convulsões ou “crises de ausência” poderiam causar no
cérebro dele.

3. O corréu autorizou a internação do autor e iniciaram-se


os exames necessários para o tratamento do autor. Foram realizados vários
exames de eletroencefalograma, ressonância magnética e tomografias. A
carteira do plano de saúde é de número [...].

4. Depois de analisar esses exames, o médico [...]


transferiu o autor para a UTI, leito [...] do hospital Sabará. Na UTI, o jovem foi
induzido ao coma por causas das crises epiléticas, permanecendo neste
estado até 20/03/2017. Neste mesmo dia, o médico assistente do paciente
exigiu exames os seguintes exames: [...].

5. Uma vez que a coautora havia sido dispensada do


trabalho sem justa causa, embora não tenha sido formalizada a dispensa, no
dia 11/03/2017, o companheiro dela, o advogado [...], enviou e-mail para a Sra.
[...], (sra@email.com.br), funcionária do réu com a finalidade de optar pela
manutenção do plano de saúde nos termos do artigo 30 da Lei n. 9.656/98 (Lei
dos Planos de Saúde) e pela Resolução Normativa n. 279/2011, da Agência de
Saúde Suplementar.

6. No dia 15/03/2017, o Sr. [...], gerente do RH, respondeu


o e-mail somente para a coautora, com cópia para o Sr. [...,], gerente
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comercial, (gerentel@comercial), informando-a de que não haveria


possibilidade de manter o plano de saúde, considerando que a coautora não
havia contribuído diretamente para o pagamento do plano.

7. O companheiro da coautora enviou um e-mail para o Sr.


[...], comunicando-o de que a recusa de manutenção do plano de saúde era
ilegal e que autor e coautora tinham o direito de optar pela manutenção do
plano, pagando-o integralmente, uma vez que, o Tribunal de Justiça de São
Paulo já havia decidido a favor de beneficiários dos planos de saúde em
situações idênticas. Além de não responder o e-mail do companheiro da
coautora, naquele mesmo dia, ou seja, 15/03/2017, o plano de saúde do autor
e da coautora foi cancelado pelo réu e pelo corréu. Além disso, cancelaram
todos os tratamentos autorizados anteriormente em benefício da criança.

8. Diante dessa situação, o hospital obrigou a coautora a


assinar declaração de dívida da internação e dos procedimentos realizados e
daqueles que devem ser realizados.

II – DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER


ANTECEDENTE – ARTIGOS 300 E 303 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

9. Excelência, os fatos e fundamentos jurídicos expostos


nesta peça exordial dão conta de que o estado de saúde do jovem [...] é grave.
Além disso, o tratamento médico também não pode ser interrompido. Está,
portanto, caracterizado os requisitos para a concessão da tutela provisória de
urgência.

10. O artigo 300 do Código de Processo Civil explicita que


“a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem
a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.”
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11. A probabilidade do direito está fundamentada em três


pontos essenciais. O primeiro refere-se ao art. 30 da Lei n. 9.656/98 que dispõe
de forma explicita:

Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos


de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em
decorrência de vínculo empregatício, no caso de
rescisão ou exoneração do contrato de trabalho sem
justa causa, é assegurado o direito de manter sua
condição de beneficiário, nas mesmas condições de
cobertura assistencial de que gozava quando da
vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o
seu pagamento integral.

12. O Tribunal de Justiça de São Paulo explicitou que a


expressão “contribuir para produtos” significa que essa contribuição nada mais
é do que o salário indireto do empregado, mesmo que a mensalidade do plano
seja paga integramente pelo empregador. Neste sentido:

“A contribuição paga pela ex-empregtadora nada mais


é do que o salário indireto, ainda que a mensalidade do
plano seja arcada integralmente pela pessoa jurídica.
Não há colidência deste com o disposto no artigo 458,
§ 2º, inciso IV, da CLT” (Apelação 0001022-
12.2013.8.26.0011 da Comarca de São Paulo – Tribunal
de Justiça do Estado de São Paulo).

13. Em segundo lugar, o artigo 11, inciso V, da Resolução


279/2011 da Agência Nacional de Saúde Suplementar explicita que: “A
operadora, ao receber a comunicação da exclusão beneficiário do plano
privado de assistência à saúde, deverá solicitar à pessoa jurídica contratante
que lhe informe: V – se o ex-empregado optou pela sua manutenção como
beneficiário ou se recusou a manter esta condição.”
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14. A corré não deveria ter cancelado o plano de saúde dos


autores, uma vez que havia acabado de autorizar a internação e o tratamento
do autor. Cancelou o plano, assumindo inteira responsabilidade. Aliás, a
responsabilidade da ré é objetiva.

15. Há de se ressaltar, por fim, que o Superior Tribunal de


Justiça já enfrentou a questão e decidiu a favor do beneficiário:

RECURSO ESPECIAL. CIVIL, PROCESSUAL CIVIL E


CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE EM GRUPO.
EMPREGADO DEMITIDO SEM JUSTA CAUSA.
PERMANÊNCIA NA QUALIDADE DE BENEFICIÁRIO.
APLICAÇÃO DO ARTIGO 30, CAPUT, DA LEI N. 9656/98.
BOA-FÉ OBJETIVA. INTERPRETAÇÃO DA
RESOLUÇÃO 20/1999 DO CONSU. PRAZO DE 30 DIAS
PARA FORMALIZAR A OPÇÃO DE MANUTENÇÃO NO
PLANO. NECESSIDADE DE COMUNICAÇÃO
INEQUÍVOCA DO EMPREGADOR, CONFERINDO ESSA
OPÇÃO AO EX-EMPREGADO. ENTENDIMENTO
RESPALDADO NA RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº
275/2011 DA ANS. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1.
Demanda proposta por empregada demitida, pouco mais
de trinta dias após sua demissão, buscando manter a sua
vinculação ao plano de saúde empresarial, mediante o
pagamento das parcelas correspondentes. 2. Decorre do
princípio da boa-fé objetiva o dever de comunicação
expressa ao ex-empregado do seu direito de optar pela
manutenção da condição de beneficiário do plano de
saúde, no prazo razoável de 30 dias a partir do seu
desligamento da empresa. 3. A contagem desse prazo
somente inicia-se a partir da "comunicação inequívoca ao
ex-empregado sobre a opção de manutenção da condição
de beneficiário de que gozava quando da vigência do
contrato de trabalho" (parágrafo único do art. 10 da RN
275/2011 da ANS). 4. Não comprovação da efetiva
comunicação à autora. 5. Recurso especial provido. (STJ –
RECURSO ESPECIAL. Resp 1237054 PR 2011/0032003-
8. Data da publicação: 19/05/2014).

16. O estado de saúde do autor merece cuidados urgentes


sob pena de ficar com graves sequelas ou mesmo vir a falecer. Ele não tem
condições de aguardar o deslinde da demanda para usufruir dos efeitos
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jurídicos da sentença. Por esse motivo, preenche os requisitos de que a


demora causara perigo de dano e também risco ao resultado útil do processo.

III – DOS PEDIDOS

Isto posto, requerem a Vossa Excelência que se digne de


conceder inaudita altera parte e de forma liminar que determine a ré que
informe à corré para restabelecer o plano de saúde da coautora e do autor, nas
mesmas condições anteriores, além de cobrir a internação e os gastos com os
medicamentos e exames do jovem [...] até seu pronto restabelecimento.

Requer que lhe seja deferida a tutela de urgência sem


exigir-lhe caução real ou fidejussória, uma vez que é pessoa economicamente
hipossuficiente e não pode oferecê-la, nos termos do artigo 300, § 1º, do
Código de Processo Civil.

Requer a citação da requerida, conforme dispõe o art. 246,


inc. I, do CPC, para responder aos termos do presente requerimento,
concedendo-se ao final, a tutela de forma definitiva.

Ao conceder a tutela antecipada, os autores requerem a


Vossa Excelência que torne estável a decisão, nos termos do artigo 304, do
Código de Processo Civil, se as rés não recorrerem da decisão.

Requerem também que seja fixada multa cominatória


contra as rés, se não cumprirem a determinação judicial. Os autores requererm
a Vossa Excelência que fixe o valor dessa multa.

Explicita os autores que, com a concessão da tutela, irá


aditar a inicial, com a complementação de sua argumentação, pedido de
manutenção da tutela, ampliando o pedido para dano moral “in re ipsa”, juntada
de documentos, no prazo de 15 (quinze) dias, consoante o artigo 303, § 1º,
inciso I, do Código de Processo Civil.
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Os autores explicitam a Vossa Excelência que irão aditar a


petição inicial no prazo legal, ampliando os pedidos aqui pleiteados para
obrigação de fazer, restituição de valores eventualmente pagos pelos autores
no que se refere ao tratamento médico e indenização por danos morais e
materiais.

Requer a intimação do Ministério Público a fim de se


manifestar se tem interesse ou não nos presentes autos, visto que há interesse
de menor envolvido na lide.

Diante da situação de urgência desta demanda os autores


requerem prazo a Vossa Excelência para recolher as custas no prazo de 48h.

Protestam provar o alegado por todos os meios de prova


admitidos em direito, especialmente pelo depoimento pessoal do réu, sob pena
de confissão, oitiva das testemunhas, juntada de novos documentos e outras
provas que se fizerem necessárias para o deslinde da demanda.

Dá-se à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil


reais) para efeitos de alçada.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data..

Assinatura digital, nome e OAB.

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