Você está na página 1de 167

prof.º M.Sc.

João Carlos de Campos Página 1


Sumário Cap. II
2. Fundações Profundas 3
2.1. Fundação em Tubulão 4
2.1.1 Classificação dos tubulões 5
i) Tubulão a céu aberto escavado manualmente 5
ii) Tubulão escavado mecanicamente 7
iii) Tubulão a ar comprimido 8
2.1.2 Dimensionamento e Detalhamento dos vários elementos que compõem o
tubulão 8
iv) Dimensionamento e detalhamento do Cabeçote 8
v) Dimensionamento e detalhamento da base 19
vi) Dimensionamento e detalhamento do Fuste 23
2.2. Estacas 54
2.2.1. Tipos de estacas 54
vii) Estacas de Madeira 54
viii) Estacas metálicas ou de aço 55
ix) Estacas pré-moldadas em concreto armado 56
x) Estacas de concreto – moldadas “in loco” 58
2.2.2. Escolha do Tipo de Estacas 65
ii) Durabilidade a médio e longo prazo: 65
2.2.3. Capacidade de carga estaca-solo, submetidos à compressão 66
2.2.4. Capacidade de carga da estaca – solo, submetidos a esforços de tração 67
2.2.5. Carga nas estacas – Estaqueamento 69
xi) Determinação do Número de Estacas 69
xii) Disposição das Estacas 70
xiii) Efeito de grupo de estacas 73
xiv) Determinação das cargas nas estacas, para um estaqueamento genérico, devido
às ações verticais, horizontais e momentos. 76
2.2.6. Dimensionamento e detalhamento das Estacas 92
xv) Estacas moldadas in loco 93

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 2


2. Fundações Profundas

O elemento de fundação profunda (Quadro 2.1) é aquele que transmite carga ao terreno, através
da base (resistência de ponta) ou da superfície lateral, conhecida como resistência de fuste, ou
ainda, pela combinação das duas. A sua base apoiada em uma profundidade superior a oito
vezes a menor dimensão (fuste) em planta e no mínimo 3,0 m. Nesse tipo de fundação, estão
inclusas as estacas e tubulões (Fig. 2.1), conforme descrito nos itens 3.11 e 3.49,
respectivamente, na NBR 6122 (ABNT, 2019).

Figura 2.1 - Fundações profundas: Tubulão e estaca

Quadro 2.1 - Elementos de fundação profunda


a céu aberto
Tubulão
Elementos de a ar comprimido
Profunda
Fundação Pré-moldada
Estaca
Moldada in loco

Esses tipos de fundações podem ser utilizados, tanto em solos coesivos, como em solos
granulares (não coesivos). Os solos coesivos (Argilosos) ao receberem água tendem a se
tornarem plásticos (surge a “lama”). Apresentam maior grau de estabilidade quando secos. Já
os solos não coesivos (granulares) compreendem-se os solos compostos de pedras, pedregulhos,
cascalhos e areias, ou seja, de partículas grandes (grossas).

III.1 Ações provenientes da superestrutura


As ações devem ser separadas de acordo com suas naturezas, conforme prescreve a NBR 8681
(ABNT, 2003b):
 ações permanentes (peso próprio, sobrecarga permanente, empuxos, etc.);
 ações variáveis, também ditas acidentais (sobrecargas variáveis, impactos, vento, etc.);
 ações excepcionais;
 outras ações: decorrentes do terreno (empuxo de terra e empuxo de sobrecargas atuantes
no solo, aterro contra a estrutura), de correntes da água superficial e subterrâneas
(empuxos de água - superficial ou subterrânea, subpressão no alívio de cargas), ações
excepcionais (analisadas caso a caso).

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 3


O peso próprio dos elementos de fundações deve ser considerado, para o seu dimensionamento.
No caso de existência de blocos de coroamento, será considerado no mínimo 5% da carga
vertical permanente, proveniente da superestrutura ou mesoestrutura (item 5.6 da NBR 6122
(ABNT,2019)).

No caso de ações, no elemento de fundação, decorrente do vento e, este for a ação variável
principal, as tensões admissíveis de sapata, tubulões e cargas admissíveis em estacas, podem
ser majoradas em até 15% (30% para galpões, graneleiros, torres e reservatórios elevados).
Quando essa majoração for utilizada, o coeficiente global não pode ser inferior a 1,6. Sendo as
verificações feitas por meio de valores de tensão resistentes de cálculo as ações podem ser
majoradas em até 10%, conforme visto nos itens 6.3.2 e 6.3.3 da NBR 6122 (ABNT, 2019).

2.1. Fundação em Tubulão


De acordo com o item 3.49 da NBR 6122 (ABNT, 2019), tubulão é um elemento estrutural de
fundação profunda em que pelo menos na etapa final da escavação do terreno, faz-se necessário
o trabalho manual em profundidade para executar o alargamento da base ou pelo menos para
limpeza do fundo da escavação, uma vez que neste tipo de fundação as cargas são resistidas
preponderantemente pela ponta.

Os tubulões constituem-se de um cabeçote, de um poço (fuste) de diâmetro variando de 0,9 a


2,0 m ou mais, podendo ser cheios ou vazados, e de um alargamento de base, denominado
sino, conforme a Figura 2.2.

Figura 2.2 – Tubulão – Cabeçote – Fuste – Base

No final do fuste é usual fazer um alargamento de base, igual ou maior do que 3 vezes o fuste,
cuja finalidade é diminuir as tensões no solo.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 4


2.1.1 Classificação dos tubulões
Os tubulões são classificados quanto a forma de execução, em:

- Tubulão a céu aberto escavado manualmente


- Tubulão aberto mecanicamente (Mecanizado); e
- Tubulão a ar comprimido.

Tubulão a céu aberto escavado manualmente


São abertos manualmente, em solos coesivos, para não ocorrer desmoronamento durante a
escavação, e acima do nível d’água (N.A.).

Importante destacar que em seu item 18.7.2.15 a NR 18 (2020) proíbe a execução de tubulões
feitos de forma manual, com mais de 15 metros de profundidade. Com menor profundidade,
o tubulão escavado manualmente deve ser encamisado em toda a sua extensão; possuir diâmetro
mínimo de 0,9 m (noventa centímetros) e ser executado, após sondagem ou estudo geotécnico
local, para profundidade superior a 3 metros (item 18.7.2.16 – NR 18, 2020).

Constitui-se da abertura de um poço (fuste)


com diâmetro maior ou igual a setenta
centímetros (f ≥ 90 cm), para possibilitar o
acesso e trabalho do operário (poceiro).

Na parte inferior é escavada uma base (B)


com diâmetro aproximadamente maior ou
igual a três vezes o diâmetro do fuste (B ≥
3f). Em seguida são colocadas as armaduras
(quando necessárias) e, posteriormente, se
faz a concretagem.

De acordo com o item B.9.6, do anexo B da


NBR 6122 (ABNT, 2019), deve ser
verificada a integridade dos tubulões em, no
mínimo um por obra, por meio de escavação
de um trecho do seu fuste (Erro! Fonte de r
Figura 2.3 – Vistoria: fuste e base de um eferência não encontrada.).
tubulão

Os parâmetros para dimensionamento de um tubulão escavado a céu aberto, não encamisados


estão apresentados na Tabela 2.1.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 5


Tabela 2.1 – parâmetros para dimensionamento do tubulão
% de armadura mínima e

Classe de agressividade

segurança (minoração
Tensão de

Classe e resistência
comprimento útil mínimo

do concreto ( c)
característica do
compressão simples

Coeficiente de
(incluindo trecho de
atuante abaixo da

ambiental

concreto
ligação com o bloco)
qual não é
necessário armar
Armadura Comprimento (exceto ligação com
(%) (m) o bloco
(Mpa)

Tubulões não I, II C25 2,2


0,4 3,0 5,0
encamisados III, IV C40 3,6
Fonte: Tabela 4 da NBR 6122 (ABNT, 2019)

Ainda de acordo com os itens B.9.1 e B.9.2 do anexo B, da NBR 6122 (ABNT, 2019), o
concreto a ser utilizado em tubulão a céu aberto deve satisfazer as seguintes exigências:

 para o C25, consumo mínimo de cimento de 280 Kg/m3, fator a/c ≤ 0,6, abatimento
(slump) entre 100 a 160mmm e diâmetro de agregado de 9,5 mm a 25 mm (B2);
 para o C40, consumo mínimo de cimento de 360 Kg/m3, fator a/c ≤ 0,45,
abatimento (slump) entre 100 a 160mmm e diâmetro de agregado de 9,5 mm a 25
mm (B2).

Caso o terreno natural não tenha capacidade de


permanecer sem fluir (desbarrancar) para o poço pode-
se executá-lo com camisa pré-moldada.

No caso de se necessário abrir base em uma camada de


areia pura existe o perigo de desmoronamento do sino
por falta de coesão. Nesse caso pode-se descer o
tubulão com fuste e base pré-moldados. Esse tipo de
execução exige bastante cuidado para se evitar
desaprumo.
Figura 2.4 - Tubulão com camisa pré-moldada

Outra possibilidade é de se aprofundar o


tubulão até atingir a camada que possibilite
o alargamento da base.

Evidentemente essa camada deve estar


relativamente próxima da camada de areia.

Figura 2.5 - Mudança de camada da base

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 6


Tubulão escavado mecanicamente

A execução do fuste é feita com broca (mecanizada),


podendo ter ou não alargamento de base dependendo do
equipamento (Fig. 9.3). Ela pode ser feita abaixo ou acima
do nível da água.

Esse tipo de tubulão torna-se obrigatório quando a coluna


d’água atinge 30 m, pois, o limite de pressão para a
utilização de ar comprimido é de 3 atm, ou seja, 30 m de
coluna da água. Para esse valor de profundidade a
fiscalização deve ser intensa e, dentro do possível, ele
deve ser evitado.

O tubulão mecanizado é, às vezes, chamado de


ESTACÃO. Os diâmetros mais comuns encontrados no
Figura 2.6 - Tubulão mecanizado
Fonte: Ronaldo da Silva Ferreira mercado são de df  150 mm.

De acordo com a Persolo (2020) a execução totalmente mecanizada da abertura da base,


possibilita substituir a execução manual, mantendo as vantagens desse processo de fundação,
como o baixo custo (quando comparados com outros tipos de fundação), baixo ruído e
vibrações. Aumenta a segurança evitando a descida do poceiro ao fundo do tubulão e aumenta
a produtividades. Enquanto manualmente executa-se, em média, uma base por dia, com BMT
(Tabela 2.2) se executa, na média, uma base em 30 minutos.

Figura 2.7 - Ilustração do equipamento BMT, para alargamento de base, mecanicamente

Tabela 2.2 - Tabela de dimensões das bases executadas pelo BTM

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 7


Tubulão a ar comprimido

– Executado com utilização de ar comprimido com o


objetivo de eliminar a água do poço. Esse tipo deve ser
utilizado quando a base está abaixo do N.A

- Executado com camisas pré-moldadas, em módulos, que


variam de 3 a 4 m. A cravação é feita manual em um
espaço confinado utilizando-se ar comprimido.

- O limite de pressão para esse tipo de tubulão deve ser


inferior a 3 kg/cm2 (30 metros de coluna d’água - mca).
Recomenda-se, entretanto, não passar de 2 Kg/cm2, ou
seja, de 20 mca.

Figura 2.8 - Tubulão a ar comprimido

De acordo com o item C.3 do anexo C da NBR 6122 (ABNT, 2019) somente serão admitidos
trabalhos com pressões superiores a 0,15 MPa (1,5 Kg/cm2 – 15 metros de coluna d´água)
quando tomadas as seguintes providências:

 equipe permanente de socorro médico à disposição na obra;


 câmara de descompressão equipada disponível na obra;
 compressores e reservatórios de ar comprimido de reserva;
 renovação de ar garantida, sendo o ar injetado em condições satisfatórias para o
trabalho humano.

2.1.2 Dimensionamento e Detalhamento dos vários elementos que compõem o


tubulão

Ao se dimensionar uma fundação utilizando-se de tubulão, seja ele curto, ou não, procura-se
fazer coincidir o centro de aplicação da carga, com o centro de gravidade do fuste e do tubulão
(existindo força normal e momento fletor os CG’s devem coincidir com a aplicação da carga
aplicada do eixo do pilar de e= M/N). É comum a transferência de carga ser direta pilar –
tubulão, sem a utilização de blocos (quando as tensões são baixas).

Dimensionamento e detalhamento do Cabeçote


Cabeçote á a transição entre pilar e fuste que existe tanto no caso de tubulão vazado, entre
bloco e fuste, quanto no caso de tubulão cheio.

O objetivo do cabeçote, nesse caso, é o de distribuir, ou melhor, diminuir a tensão na biela de


compressão e melhor distribuir a carga de contato entre o tubulão e o bloco (quando existir).
Os tipos de transição são:

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 8


 1.º caso: Pilar retangular chegando diretamente no tubulão maciço (Transição direta:
“pilar – tubulão” - Erro! Fonte de referência não encontrada.-a);

 2.º caso - Pilar chegando ao tubulão por meio de um bloco de transição (Transição
indireta: pilar-bloco-tubulão, Erro! Fonte de referência não encontrada.-b);

 3.º caso: pilar chegando a tubulão vazado, com cabeçote maciço.

Figura 2.9 - Ligação pilar-fuste: (A) solução para pilar folgado em termos de tensão no concreto
e (B) solução para pilar com tensões altas no concreto

1.º caso: Pilar retangular chegando diretamente no tubulão

a) Pilar tendo uma de suas dimensões maior que o diâmetro do tubulão

Nesse caso torna-se necessário fazer uma


fretagem tanto no tubulão, quanto no pilar,
devido a abertura de carga. Além disso, é
necessário fazer a verificação da tensão no
concreto na seção de contato entre o tubulão e
pilar (seção reduzida).

Figura 2.10 - Pilar chegando diretamente no tubulão

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 9


Necessária a fretagem tanto no
tubulão, quanto no pilar.

Figura 2.11 - Desenvolvimento de tensões - tanto no pilar quanto no tubulão

 Tensão máxima de compressão, na região de contato, em áreas reduzidas

Em casos com pilares com dimensões inferiores ao dos tubulões (Erro! Fonte de referência n
ão encontrada.), ou aparelhos de apoios sobre os tubulões, existe uma área de contato em que
a tensão de compressão solicitante aumenta. Todavia, o item 21.2.1 da NBR 6118 (ABNT,
2014) permite um aumento da capacidade resistente. Desta forma, a tensão solicitante de
cálculo deve ser inferior a tensão resistente de cálculo:

σsd ≤ σRd 2.1

Sendo:
Nsd
σsd = 2.2
Aco

A
σRd = fcd √Ac1 ≤ 3,3fcd 2.3
co

Aco - é a área reduzida carregada uniformemente;


Ac1 - é a área máxima total, de mesma forma e mesmo centro de gravidade que Aco, inscrita
em Ac2;
Ac2 - é a área total, situada no mesmo plano de Aco.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 10


Figura 2.12 – Seção do pilar inferior à seção do fuste do tubulão

Caso Aco seja retangular, este mesmo item da NBR 6118 (ABNT, 2014) recomenda que a
proporção entre os lados não ultrapasse 2.

a.2) Tensão máxima de tração

Segundo Langendonck (1959) a maior tensão de tração, ou também tensão de fendilhamento


será:

d Ns
σt,pilar = 0,4 ∗ (1 − af ) ∗ A 2.4
pilar

b Ns
σt,fuste = 0,4 ∗ (1 − d ) ∗ A 2.5
f fuste

O Comité Euro-Internacional du Béton (CEB, 1974) dispensa a armadura de fretagem, quando:

fctk
σct ≤ 2.6
2

fctk = fct,m → segundo NBR 6118 − item 8.2.5

Será utilizado, para esses casos:

2/3 2/3
fctk = 0,9 ∗ 0,3 ∗ fck = 0,27 ∗ fck

Caso contrário, há a necessidade de se calcular a armadura de fretagem.

a.3) Armadura de Fretagem

Segundo Leonhard (1977 - Vol.2) a distribuição da armadura para combater o fendilhamento


é obtida do desenvolvimento das tensões y.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 11


A linha que representa Rst/P é quase
reta de modo que se pode adotar,
aproximadamente:
Rs  0,3P(1-a/f).

Como f/a > 10, raramente


acontece, pode-se adotar como
critério prático:
Rs  0,25P

Figura 2.13 - Valor do esforço de fendilhamento


Fonte: Leonhardt (1977)

Mörsh (apud Leonhardt) conduz a uma solução semelhante à desenvolvida acima. Para isso
supõem que as trajetórias das tensões principais de compressão se concentrem em uma
resultante de trechos retos, conforme figura

a d
Rs ( − f)
4 4
= 2.7
Ns /2 a/2

d
R s ≅ 0,25Ns (1 − f ) 2.8
a

Figura 2.14 - Esforço de fendilhamento através de um polígono

Leonhardt (1977) recomenda ainda que, para o cálculo da armadura, a tensão resistente de
cálculo, no aço, deve ficar entre 180 a 200 MPa.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 12


a.3.1) Fretagem no pilar a.3.2) Fretagem no Tubulão

Figura 2.15 - Fretagem do pilar Figura 2.16 - Fretagem do tubulão


Cálculo como bloco parcialmente carregado
N (a−df ) 1
R s = [( as ) ∗ ] ∗ (tgθ) 2.9
2
Ns b
tg= 1,5 (  56,30) Rs = ∗ (1 − d ) 2.11
3 f
Ns d
Rs = (1 − af ) 2.10
3

R sd
As = ⁄f 2.12
yd

Figura 2.17 - Armação e fretagem do pilar Figura 2.18 - Armação e fretagem do


tubulão
Deve-se majorar a armadura de fretagem em 25%, ou seja, 1,25*As e distribuir a armadura
na altura “a” ou “df”. O fator 1,25 leva em conta que a armadura deveria ser distribuída, na
realidade, na altura 0,8 de “a” (df) e não na altura “a” (df)(ver figuras acima).

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 13


a.4) Detalhamento das armaduras de fretagem

- Fretagem no tubulão

Figura 2.19 - Detalhe da fretagem no tubulão

- Ligação Pilar – Tubulão e fretagem no pilar

Observar que parte da armadura do tubulão,


devido a forma retangular do pilar, morre,
sem entrar no pilar, não podendo, portanto,
constituir-se em armadura de espera.

Esse fato, associado ao reforço de armadura


decorrente do dimensionamento da seção de
contato, exige a colocação de uma gaiola de
armação, de forma retangular, na ligação
tubulão - pilar, constituindo assim a transição
entre as duas armações.

Figura 2.20 – Ligação pilar – tubulão

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 14


Figura 2.21 - Ligação pilar - tubulão (corte)

b) Pilar tendo as duas dimensões inferiores ao diâmetro do tubulão

Figura 2.22 - Pilar apoiado diretamente no fuste

Neste caso existe abertura de carga nas duas direções, na cabeça do tubulão, e devem ser
calculadas as armaduras de fretagem, de forma semelhante aos cálculos efetuados
anteriormente:

Na direção de “a” Na direção de “b”

Ns a Ns b
Rs = (1 − d ) 2.13 Rs = (1 − d ) 2.14
3 f 3 f

2.º Caso - Transição através de bloco - O cabeçote ou cabeça pode ser substituído por um
bloco sobre o topo do fuste

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 15


Nesse caso toda transição é feita no bloco, que deverá ser conveniente fretado e ter altura
suficiente de forma a permitir a emenda das barras do pilar com as barras do tubulão.

De um modo geral o bloco de transição circunscreve tanto o pilar, quanto o tubulão. A fretagem
no bloco se faz, portanto, nas duas direções, devido à abertura de carga, Pilar-Bloco, ou, devido
ao fechamento da carga em direção ao tubulão, Bloco - Tubulão.

Figura 2.23 - Bloco de transição de carga

O cálculo da armadura de fretagem é análogo ao caso de transição direta “pilar – tubulão”.

Figura 2.25 - Transição bloco-pilar


Figura 2.24 - Transição pilar-bloco

Neste caso a carga do pilar abre dentro do Neste outro a carga do pilar fecha, dentro do
bloco procurando caminhar diretamente para bloco, caminhar diretamente para o tubulão.
o tubulão.

Ns b Ns d
R st = (1 − d ) 2.15 R s𝑙 = ∗ (1 − af ) 2.16
3 f 3

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 16


3.º Caso - Pilar chegando a Tubulão Vazado

a) Detalhamento da Cabeça (Cabeçote)

Ns 1
Rs = ∗ 2.17
2 tgα

Rsd
As = 2.18
fyd

 > 450

Figura 2.26 - Tubulão vazado

Caso o ângulo  > 600 colocar armadura de fretagem adicional (1,25*As), como se o tubulão
fosse cheio

- Detalhamento com armadura perimetral (estribo)

Figura 2.27 - Esforço no tubulão com armadura no perímetro

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 17


Considerando o sistema de treliça da figura obtém-se:

pv = carga vertical distribuída no perímetro = Ns/2r


pr = pressão radial atuante na armadura = pv/tg

Considerando a fórmula de tubos (ver figura acima) se obtém a tração atuante nos estribos.

β = ⁄π β = ⁄π
∑βi=0 2 pzi ∑βi =0 2 pr senβi
i i
p= = 2.19
r r
β =π⁄
p ∗ r = pr ∗ ∑βi =0 2 senβi 2.20
i

Ns ∗r⁄
pv ∗r 2πr Ns ∗r Ns
Rs = p ∗ r = = = = 2.21
tgα tgα 2πrtgα 2πtgα
Rsd γf ∗Rs
As = fyd
= fyd
2.22

Armadura de fretagem calculada


como se o tubulão fosse cheio

A altura “y” deve proporcionar a


ligação das armaduras do pilar com
as do tubulão.

Figura 2.28 - Fretagem

Caso essa altura seja insuficiente pode-se diminuir o comprimento de ancoragem diminuindo
a tensão no aço.

- Detalhe da armação da cabeça – idêntico ao detalhamento apresentado para tubulão cheio.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 18


b) Detalhamento da Região da transição do fuste com a base (caso de tubulão vazado)

Na transição do fuste para a base, no


caso de tubulões vazados, é
recomendável colocar uma armadura
de estribos que consiga absorver os
esforços de tração decorrentes da
abertura de carga do fuste para a base,
conforme indicado na figura.

Figura 2.29 - Transeção fuste - base

pv = carga vertical distribuída no perímetro = Ns/2r

Considerando uma abertura de  500 obtém-se:


Ns ∗r⁄
pv ∗r 2πr Ns ∗r Ns
Rs = p ∗ r = = = = 2.23
tg500 tg500 2πrtg500 7,5

Rsd Nsd
As = = 2.24
fyd 7,5∗fyd

Detalhamento análogo ao do cabeçote

Dimensionamento e detalhamento da base

- área da base

Normalmente, a base do tubulão é dimensionada como um bloco de concreto simples, sem


armadura. O diâmetro da base é obtido dividindo-se a carga atuante pela tensão admissível do
solo.

Quando o atrito lateral for considerado em tubulões, deve ser desprezado um comprimento de
fuste igual ao diâmetro da base imediatamente acima do início dela (item 8.2.1.2 da NBR 6122,
ABNT, 2019).

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 19


De acordo com o item 24.6.2 da NBR 6118 (ABNT, 2014) a área da fundação deve ser
dimensionada a partir da tensão admissível do solo, não considerando as cargas majoradas.
Além disso, o item 8.2.3.6.1 da NBR 6122 (ABNT, 2019) preconiza que os tubulões, quando
necessitarem de base alargada (sino), não devem ter altura superior a 1,80 m, com no máximo
3,0 m para tubulões a ar comprimido. O rodapé da base alargada deve ter altura de no mínimo
20 cm ( Erro! Fonte de referência não encontrada.).

Ns πD2
Abase = = 2.25
σadm,s 4

4∗Ns
D = √π∗σ 2.26
adm,s

2.30 - Base do tubulão

A transição do fuste para a base é feita através de uma superfície tronco-cônica, chamada
“sino”. A altura “h” é determinada através do ângulo “”

Caso a base necessite ser uma falsa elipse, a área é dada por:

πb2 Ns
Abase = + b∗x = 2.27
4 σadm,solo

Figura 2.31 - Área da base

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 20


Alonso (1983) recomenda para esses casos a relação a/b ≤ 2,5

- Critérios utilizados para determinação do ângulo “” :

Critério utilizado pelos projetistas de concreto;

O Critério utilizado pelos projetistas de


concreto para a determinação do ângulo
“” é tal que as tensões de tração
desenvolvidas na base não devam
ultrapassar a resistência do concreto à
tração, fct/2.

fct = 0,9 ∗ fct,sp (fct,sp


= resistência à tração indireta)

Na falta de ensaios para obtenção de fct,sp


= fct,m
2⁄
fct,m = 0,3 ∗ fck 3 ∴ portanto, será
considerado:
2⁄ 2⁄
fct = 0,9 ∗ 0,3 ∗ fck 3 = 0,27 ∗ fck 3
NBR 6118 (2014 – 8.2.5)

Figura 2.32 - Base do tubulão - Esforços internos

Fazendo somatório de Momento em relação ao ponto ”O”, encontra-se:

σadm,s ∗ R3 σadm,s ∗ R2
R s,t = Ft = =
R ∗ tan β tan β

Sabendo-se que:

fct
σct ≤
2

E que a força de tração (Ft) atua na faixa de h0  0,15H ou 20 cm (o maior) a tensão no de tração
no concreto pode ser escrita:

Ft fct
σct = ≤
0,15H ∗ 2R 2

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 21


E, fazendo:

h = tgβ ∗ (D − df )/2

2σadm,s ∗ R2
≤ fct
0,15 ∗ tan2 β ∗ (D − df ) ∗ R

2R σadm,s D σadm,s
tan2 β ≥ ∗ = ∗
0,15 ∗ (D − df ) fct 0,15(D − df ) fct

Portanto, para não se colocar armadura na base do tubulão

D σadm,s
tan β ≥ √0,15(D−d ) ∗ 2.28
f fct

Havendo a necessidade de armadura esta será calculada do seguinte modo:

1,4∗σadm,s ∗R2
R sd = 1,4 ∗ Ft = 2.29
tan β

Rsd
As = → Nas duas direções
fyd

- Critério utilizado pelos especialistas em solos

Os blocos de fundação podem ser dimensionados de tal maneira que o ângulo , expresso em
radianos e mostrado na Figura acima, satisfaça à equação:

tan β σadm,s
≥ +1 2.30
β fct

adm.solo = tensão admissível do terreno, em MPa

fct= tensão de tração no concreto = 0,4fctk < 0,8 MPa

fctk = resistência característica à tração do concreto, cujo valor pode ser obtido a partir da
resistência característica à compressão (fck) pelas equações:
2⁄
fct,m = resitência à tração média = 0,3 ∗ fck 3

2⁄ 2⁄
fct = 0,4 ∗ 0,3 ∗ fck 3 = 0,12 ∗ fck 3 ≤ 0,8 MPa

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 22


Desde que a base esteja no mínimo
30 cm dentro do mesmo solo,
recomenda-se adotar  = 600,
independentemente da tensão no
solo.

Figura 2.33 - Assentamento da base

Dimensionamento e detalhamento do Fuste


Quando o tubulão não é executado com base alargada admite-se que ele esteja contido em um
meio elástico que é o solo.

Assim a determinação dos esforços solicitantes pode ser feita utilizando-se as fórmulas de vigas
sobre apoios elásticos.

Os elementos estruturais (estacas ou tubulões) em meio elástico, no caso o solo, submetidos a


esforços horizontais e momentos têm comportamentos mais complexos do que as estacas ou
tubulões submetidas a cargas axiais.

No caso dos elementos estruturais submetidas a cargas axiais as propriedades dos tubulões
(estacas), segundo alguns autores, pouco influenciam no comportamento do conjunto tubulão
(estaca) – solo, visto que, na maioria dos casos a ruptura do conjunto se dá pela ruptura do solo,
na região de contato. Em contrapartida, os tubulões (estacas) submetidos à flexão composta e
esforços horizontais, têm suas propriedades estruturais influenciando no comportamento do
conjunto, tanto quanto as propriedades do solo, na região de contato e, as rupturas mais
frequentes ocorrem no elemento estrutural.

Portanto, dois parâmetros básicos são analisados nesse contexto: a deformação da estaca e a
reação do solo.

Quanto à deformação do elemento estrutural (estaca ou tubulão) podem-se considerar duas


hipóteses:

- Elemento estrutural rígido – quando a rigidez do elemento estrutural (estaca ou tubulão)


predomina em relação a rigidez do conjunto estrutura-solo. Caso de estacas de grande
diâmetro e curtas ou tubulões curtos;

- Elemento estrutural deformável – neste caso consideram-se as estacas de diâmetros


usuais, bem como os tubulões de maior profundidade, onde a influência das deformações
e reações do solo é significativa.

De acordo com Vesic apud Santos (1992) o elemento estrutural é: rígido, quando: L ≤ 0,8 (
1,0); semiflexível: 0,8 (1,0) < L < 3,0; e, flexível: L  3,0.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 23


Sendo:
 = L/LE
L = comprimento total do elemento estrutural (tubulão ou estaca)
LE = Comprimento elástico do solo

A grande dificuldade ao se calcular os esforços no elemento estrutural, ao longo do seu


comprimento, é o cálculo da reação do solo no elemento estrutural e, a interação adequada
“solo-elemento estrutural”.

A estaca, como também o tubulão, sobre trecho elástico pode ser analisado como o caso limite
de uma viga contínua sobre apoios elásticos, quando a distância entre os apoios é infinitamente
pequena (Hahn, 1972). Winkler propôs em 1867 que a interação solo-estrutura (fundação) fosse
constituída por uma série de molas, independentes, com comportamento elástico e linear, onde
a rigidez dessas molas caracteriza uma constante de proporcionalidade entre a pressão aplicada
(p) e o deslocamento do solo (s), designada por coeficiente de reação, coeficiente elástico,
entre outros.

Para muitos autores o modelo de Winkler satisfaz as condições práticas e os resultados obtidos,
em termos de recalques e esforços solicitantes, para análise de edifícios, são satisfatórios.
Diante disso não há necessidade de se calcular utilizando-se o método dos elementos finitos ou
o método dos elementos de contorno.

a) Paramento vertical (Estacas ou Tubulões), em meios elásticos, submetidos a esforços


horizontais e momentos.

Adaptando o conceito elemento estrutural em meio elástico, para um paramento vertical, caso
de estaca ou tubulões, as equações são as mesmas desenvolvidas anteriormente, somente
modificando as direções dos eixos:

Figura 2.34 - Tubulão/Estaca em meio elástico

d4 y
+ 44 ∗ y = 0 2.31
dx4

𝑦 = 𝐶1 𝑒 x cos x + 𝐶2 𝑒 x sin x + 𝐶3 𝑒 −𝑥 cos x + 𝐶4 𝑒 −x sin x 2.32

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 24


𝑦 = 𝑒 x (C1 cos x + 𝐶2 sin x) + 𝑒 −𝑥 (C3 cos x + 𝐶4 sin x) 2.33

a) Coeficiente elástico do solo

Para o cálculo das estruturas (Estacas, estacas prnachas ou tubulões) cravadas ou fixadas em
meios elásticos (solos) o conhecimento do coeficiente de reação do solo, para deslocamentos
horizontais, se faz necessário.

Segundo Sherif (1974) o coeficiente de reação do solo (ou coeficiente elástico do solo) na
direção vertical não pode ser usado na direção horizontal, visto que as condições de
deformações do solo nos dois casos não são identicos.

O coeficiente elástico vertical do solo foi por muito tempo tomado como um valor empírico.
Hahn (1972) destaca esses valores apresentados na 4.ª edição do Manual das Construções de
Concreto Armado (Handbuch für Eisenbetonbau) e, que se encontram na tabela 3.1

Tabela 2.3 - Coeficiente elástico do solo - Ks


Tipo de solo Ks (Kg/cm3) Ks (KN/m3)
Argila arenosa úmida 2a3 20.000 a 30.000
Argila arenosa seca 6a8 60.000 a 80.000
Cascalho arenoso fino 8 a 10 80.000 a 100.000
Cascalho arenoso grosso 15 a 20 150.000 a 200.000

Posteriormente, baseados em cálculos mais refinados, desenvolvidos por Beer, apud Hann
(1972) observou-se que o valor de “Ks” sofre a influência de modo acentuada do módulo de
rigidez do solo (Esolo), bem como da forma da superfície concretada. Desse modo estabeleceu-
se algumas fórmulas práticas, válidas para solos em que o módulo de elasticidade (Es)
permanece constante ao variar a profundidade.

Quando uma estaca ou um tubulão se desloca horizontalmente dentro do solo, este exerce sobre
a superfície do fuste uma pressão variável com a profundidade e o solo reage na mesma
proporção.

Figura 2.35 - Variação de x ao longo do elemento estrutural – L

x KsL
K s(x) = K sL ∗ L = m ∗ x; sendo: m = (KN⁄m4 ) 2.34
L

Onde: - m (KN/m4) é o coeficiente de proporcionalidade que caracteriza a variação do


coeficiente Ks(x) em relação à qualidade do solo nas diferentes camadas;

- x é a profundidade das respectivas camadas do solo consideradas a partir da superfície do solo


ou do nível da base do bloco sobre o topo dos tubulões.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 25


Indicações do coeficiente de proporcionalidade são fornecidas por Tietz (1976), também por
Sheriff (1974) e apresentados nas tabelas 3.2 e 3.3.

Tabela 2.4 - Coeficiente de proporcionalidade para solos arenosos


Coeficiente de
Amostrador SPT MOHR Proporcionalidade
(m).
Compacidade N.º de N.º de (KN/m4)
Solos
golpes golpes
Areias Fofa 0–4 0–2 1.000 – 2.000
Pouco 5 – 10 3–5 2.000 – 4.000
compacta
Siltes Compacidade 10 – 30 6 – 12 4.000 – 6.000
média
Areias Compacta 30 – 50 12 -24 6.000 – 10.000
argilosas Muito > 50 > 24 10.000 – 20.000
compacta

Tabela 2.5 - Coeficiente de proporcionalidade para solos argilosos


SPT MOHR Coeficiente de
Solos Consistência (N.º de (N.º de Proporcionalidade
Golpes) Golpes) – m (KN/m4)
Lodo, Meio
0 0 0 - 500
Turfa etc. líquido
Muito mole <2 <1 500 – 1.000
Mole 2-4 2-3 1.000 – 2.000
Média 4–8 3-6 2.000 – 4.000
Argila
Rija 8 - 15 6 – 10 4.000 – 6.000
Muito Rija 15 - 30 10 – 12 6.000 – 8.000
Dura  30  12 8.000 – 10.000

Tabela 2.6 - Coeficiente elástico do solo (Ks)


Tipo de solo (Kg/cm3) *103 (KN/m3)
Humus 1,0 - 2,0 1,0 - 2,0
Turfa leve – muito mole 0,5 - 1,0 0,5 - 1,0
Turfa – mole 1,0 - 1,5 1,0 - 1,5
Solo argiloso 2,0 - 3,0 2,0 - 3,0
Solo argiloso - úmido 4,0 - 5,0 4,0 - 5,0
Solo argiloso – seco 6,0 - 8,0 6,0 - 8,0
Solo argiloso – seco e duro - 10,0 - 10,0
Solo arenoso 1,0 - 1,5 1,0 - 1,5
Solo fortemente arenosos 8,0 - 10,0 8,0 - 10,0
Solo arenoso - grossa 12,0 - 15,0 12,0 - 15,0
Solo arenoso – médio 20,0 - 25,0 20,0 - 25,0
Fonte: Sturzenegger, apude Klöckner (1974)

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 26


b) Esforços solicitantes no elemento estrutura l, ao longo de seu comprimento,
em meio elástico

Considerações sobre a hipótese de viga sobre apoio elástico aplicada para estacas ou tubulões,
imersos em solo.

- Dentro dos limites de utilização é razoável admitir para o solo um comportamento


elástico (  );

- Os esforços nos elementos estruturais são pouco sensíveis a uma variação da


característica do solo, uma vez que o coeficiente do solo é função de uma raiz quarta;

- É importante lembrar que a deformação do elemento estrutural é sensível aos parâmetros


do solo;

c) Modelo desenvolvido por Titze (1970)

Embora na figura abaixo apresente as variações da deformada, pressão lateral, cortante e


momento fletor, ao longo do comprimento do elemento estrutural, para um carregamento
genérico, Titze (1970) desenvolveu seu trabalho, basicamente para três tipos de coeficientes de
reação do solo, ou coeficiente elástico do solo (Ks) e dois casos de elementos estruturais: rígidos
e flexíveis.

Figura 2.36 - Deformada, pressão lateral e esforços internos (V, M), devido a coeficiente elástico
genérico

Considerou o coeficiente elástico do solo (KSX): constante, ao longo da profundidade, no caso


de argilas; parabólico, para solos argilosos (ou arenosos); e, linear, ao longo da profundidade,
nos casos de areias.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 27


Figura 2.37 - Variação do coeficiente elástico do solo

Sendo KsL o coeficiente de reação do solo (coeficiente elástico do solo), na base do elemento
estrutural (estaca ou tubulão).

d.1) Elemento estrutural rígido (Tubulão, estacas)

Elemento estrutural é considerado rígido, quando: L ≤ 0,8 ( 1,0) segundo Visic apud Santos
(1992)
Primeiramente Titze (1970) estudou as equações para o cálculo dos esforços internos,
considerando uma estaca rígida e coeficiente de reação do solo, uma parábola. Esse estudo
serviu de base para análise de estacas elástico-flexível.
1
Coeficiente de reação do solo parabólico: K s(x) = K sL √x⁄L = K sL ∗ (x⁄L) ⁄2

Figura 2.38 - Comportamento da estaca rígida e coeficiente de reação do solo parabólico

Partindo da equação, para pressão do solo:


p(x) = K s(x) ∗ y = K sL √x⁄L ∗ y 2.35

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 28


Pode-se escrever:
5
1 3⁄ 4r ⁄2 −10r+6
H − 15 ∗ df ∗ K sL LS0 (4r 2 − )=0 e, 2.36
r
1⁄
15 H x 2 x
p(x) = ( ) (5 − 7 L) 2.37
8 df ∗L L

x H
Adotando:  = L ; p(x) = β d ∗L ;
f

1⁄
β = −3,75 2 (2,5 − 3,5) 2.38

De forma semelhante foram desenvolvidas as equações para se obter os valores de V(x) e M(x),
considerando o coeficiente de reação do solo parabólico e, tais valores estão apresentados nas
tabelas 2.5 e 2.6. Os valores de deslocamentos, pressão lateral, força cortante e momentos
fletores estão representados nos gráficos da Figura 2.40, em décimos do vão.

Tabela 2.7 - Valores das deformações, pressões e esforços solicitantes, em elementos estruturais
rígidos, devido a aplicação de força horizontal, no topo, para Ks parabólico
Deformação Pressão lateral: Cortante: Momento:
(x) p(x)=*H/(df*L) V(x)=*H M(x)=*H*L
=X/L  = -3,75* (2,5-3,5)
1/2
 = [1- (6,25-5,25)]
3/2
 = [1-3/2(2,5-1,5)]
0,0 75/8 = 9,375 0,000 1,000 0,000
0,1 -2,550 0,819 0,093
0,2 -3,019 0,535 0,161
0,2381 max.= -3,050 0,419 0,179
Variação linear

0,3 -2,978 0,232 0,199


0,3812 -2,699 0,000 max. = 0,208
0,4 -2,609 -0,050 0,208
0,5 -1,989 -0,282 0,191
0,6 -1,162 -0,441 0,154
0,7 -0,157 -0,508 0,106
0,8 1,006 -0,467 0,056
0,9 2,312 -0,302 0,016
1,0 30/8 = 3,75 3,750 0,000 0,000

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 29


Tabela 2.8 - Valores das deformações, pressões e esforços solicitantes, em elementos estruturais
rígidos, devido a aplicação Momento, no topo, para Ks parabólico
Deformação Pressão lateral: Cortante: Momento:
(x) p(x)=*M/(df*L2) V(x)=*M/L M(x)=*M
=X/L  = -8,75*1/2(1,5-2,5)  = -8,753/2(1-)]  = [1-5/2(3,5-2,5)]
0,0 105/8=13,12 0,000 0,000 max. = 1,000
0,1 -3,459 -0,249 0,990
0,2 max. = -3,913 -0,626 0,946
Variação linear

0,3 -3,594 -1,006 0,864


0,4 -2,767 -1,328 0,747
0,5 -1,547 -1,547 0,602
0,6 0,000 -1,627 0,442
0,7 1,830 -1,537 0,283
0,8 3,913 -1,252 0,141
0,9 6,226 -0,747 0,039
1,0 70/8 = 8,75 8,750 0,000 0,000

Figura 2.39 - Valores de delta, beta, gama e alfa para Ks parabólico, correspondentes às tabelas
2.5 e 2.6.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 30


Nos gráficos da Figura 2.40 são apresentados os valores máximos, para a pressão de contato e
momento, considerando os três casos de variação do coeficiente elástico do solo (Ks):
constante, parabólico e linear.

Figura 2.40 - pressão de contato e momento, ao longo do elemento estrutural, para os três casos
de coeficiente elástico

As equações para p(x), V(x) e M(x), considerando os demais casos de coeficiente de reação do
solo (constante e linear) estão apresentadas no anexo 10 e 11.

d.2) Elemento estrutural Elástico – flexível

Elemento estrutural é considerado rígido, quando: flexível: L  3,0, segundo Visic apud Santos
(1992)

Devido aos efeitos da pressão de contato e resistência do solo, os esforços pontuais (Força
horizontal) e rotação (devido à aplicação de momento) desenvolvem como consequência,
movimento lateral no elemento estrutural.

A solução da equação diferencial com o coeficiente de reação do solo já é conhecida


amplamente, principalmente para o coeficiente elástico do solo, com variação linear,
desenvolvido por Hayashi (1925) apud Titze (1970). Hetenyi (1946) desenvolveu as soluções
analíticas para várias hipóteses de carregamento e de condições de contorno, embora, somente
para o caso particular de coeficiente do solo constante. Titze (1970) propôs em sua tese de
doutorado o estudo de casos considerando o coeficiente elástico constante, e linear, como uma
derivação do parabólico.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 31


- Considerando o coeficiente de reação do solo, parabólico

O comprimento elástico ou comprimento característico do elemento estrutural (LE) será


definido em função das seguintes características desse elemento: módulo de elasticidade (E),
momento de Inércia (I), diâmetro (d) e de seu comprimento (L), bem como da constante elástica
do solo (KsL), sendo escrito:

Quadro 2.2 - Comprimento elástico função do coeficiente elástico do solo


KSL = Constante KSL = Parabólico KSL = Linear
1
4 4 ∗ EI EI ∗ L ⁄2
4,5 5 EI ∗ L
LE1 = √ LE2 = √ LE3 = √
df ∗ K sL 16df ∗ K sL df ∗ K sL
Equação Equação Equação
2.39 2.40 2.41
Fonte: Titze (1970)

Definindo a variável , como sendo:


1 1
x ⁄2 x x ⁄2
 = 1⁄ = √L ; K sx = K sL 1⁄ (caso parabólico) 2.42
LE22 E2 LE22

Considerando a dificuldade em se trabalhar com os valores decorrentes da aplicação da ação


horizontal e do momento fletor, simultaneamente, Titze (1970), desenvolveu o calculo dos
esforços, para as ações H e M aplicados no topo, de forma independente, superpondo seus
efeitos, com os valores finais.

- Aplicação da força horizontal “H” e do momento fletor “M”, no topo, separadamente

Com a aplicação separadamente da força horizontal “H” e do momento fletor “M”, no topo do
elemento estrutural, as equações para constantes de integração, deformada (y(x)), declividade
(tg(x), para o momento (M(x)), cortante (V(x)) e pressão (p(x)), podem ser escritas, considerando
as variáveis de integração simplificadas, como seguem:

Quadro 2.3 – Resumo das Constantes de Integração


Aplicação da força horizontal Aplicação do momento “M” Equações
“H” no topo no topo
8HL3E Z2.4 L2E Z2.3
Constantes A1 = ∗ A1 = ∗ 4M
EI N EI N
de
L2E Z4.1 L2E Z3.1 2.43
integração A2 = ∗ 8HLE A2 = ∗ 4M
para EI N EI N
 =  L2E 2
LE
A
{ 3 = 0 e A 4 = ∗ 8HLE { A 3 = ∗ 4M e A4 = 0
EI EI

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 32


Quadro 2.4 – Resumo das equações
8HL3E Z2.4 (0) Z4.1 (0) (0) 4ML2E Z2.3 (0) Z3.1 (0) (0)
y(x) ( X + X + X4 ) ( X + X + X3 )
EI N 1 N 2 EI N 1 N 2
4HL2E Z2.4 (1) Z4.1 (1) (1) 2MLE Z2.3 (1) Z3.1 (1) (1)
tg(x) ( X + X + X4 ) ( X + X + X3 )
EI N 1 N 2 EI N 1 N 2
Z2.4 (2) Z4.1 (2) (2)
2HLE ( X + X + X4 ) Z2.3 (2) Z3.1 (2) (2) 2.44
M(x) N 1 N 2 M( X + X + X3 )
N 1 N 2
Z2.4 (3) Z4.1 (3) (3) M Z2.3 (3) Z3.1 (3) (3)
V(x) H( X + X + X4 ) ( X + X + X3 )
N 1 N 2 2LE N 1 N 2
8H Z2.4 (4) Z4.1 (4) (4) M Z2.3 (3) Z3.1 (3) (3)
p(x) ( X + X + X4 ) ( X + X + X3 )
2 ∗ df ∗ LE N 1 N 2 4 ∗ df ∗ L2E N 1 N 2

Titze (1970) dividiu o elemento estrutural em 100 ou 10 (i) partes iguais e calculou os
parâmetros: deformada (yi); declividade (tgi); momento (Mi); cortante (Vi); e pressão (pi), da
seguinte forma:

Figura 2.41 - Parâmetros y(x); M(x); p(x); V(x); a cada centésimo do vão

Momento: Mi = i*Mfic
Cortante: Vi = i*Vfic
Pressão no solo: pi = i*pfic
2.45
Deformada: yi = i*(pfic/KSL)
Deslocamento da cabeça do tubulão: y0 = *(pfic./KSL);
Rotação na cabeça do tubulão: tg0 = *[pfic./(KsL*L)];
Ângulo da tangente à curva de pressão, em x=0: tg0 = *(pfic./L)

Onde: ,  e  são percentuais dos Mfic; pfic; e Vfic, respectivamente, em cada parte do
comprimento do elemento estrutural.

Quadro 2.5 - Valores fictícios


Atuando “H” Atuando “M” Equação
Mfic (Momento H*L M
fictício)
2.46
pfic (pressão fictícia) H/(df*L) M/(df*L2)
Vfic (cortante fictícia) H M/L

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 33


df = diâmetro do elemento estrutural (fuste do tubulão ou da estaca); L = profundidade do
elemento estrutural; H = Força horizontal aplicada no elemento estrutural; M = momento
fletor aplicado no elemento estrutural.

Com os parâmetros acima se pode montar as equações para i; i e i

Quadro 2.6 Equações de i; i e i


Aplicação da força Aplicação do momento “M” no Equação
horizontal “H” no topo topo
Z2.4 (2) Z4.1 (2) Z2.3 (2) Z3.1 (2) (2)
2( X + X ( X + X + X3 )
i N 1 N 2 N 1 N 2
(2)
+ X4 )
8 Z2.4 (4) Z4.1 (4) 1 Z2.3 (3) Z3.1 (3) (3) 2.47
( X + X ( X1 + X2 + X3 )
i 2 N 1 N 2 4 N N
(4)
+ X4 )
Z2.4 (3) Z4.1 (3) 1 Z2.3 (3) Z3.1 (3)
i ( X1 +
(3)
X2 + X4 ) ( X1 +
(3)
X2 + X3 )
N N 2 N N

Com essas equações Titze (1970) elaborou ábacos de i (tabela 3.7) e i e os outros parâmetros
acima, em função de  e desenvolveu os gráficos apresentados na tabela 3.8, tanto para “H”
quanto “M”, aplicados no topo do elemento estrutural.

Gráfico 3.4 – Anexo 15 - Aplicação de H Gráfico 3.5- Anexo 16 - Aplicação de M

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 34


Figura 2.42 - Gráficos de i e i, em função de , para aplicação de "H" e "M", no topo do
elemento estrutural – Coeficiente do solo parabólico - Gráficos em escala maior nos anexos de 12
a 18

Para utilizar os gráficos, na determinação dos esforços solicitantes ao longo da profundidade,


inicialmente, determina-se o coeficiente  no caso lambda 2.

L
2 = √L adimensional 2.48
E2

Para em seguida determinar os percentuais de i e i, em cada centésimos ou décimos do vão


(da profundidade), conforme o gráfico. Ex: 64 corresponde ao percentual do momento fictício,
na 64.ª parte do comprimento L do elemento, portanto, M64 = 64%*Mfic.

Para a determinação dos esforços e deslocamentos totais, no elemento estrutural, devido aos
esforços H e M, aplicados no topo do elemento estrutural, se faz necessário superpor os efeitos
de correntes de cada solicitante, H(x) e M(x), encontrados separadamente.

Figura 2.43 - Superposição de efeitos

- Considerando o coeficiente de reação do solo, constante

Para o desenvolvimento das equações da deformada (y(x)); da declividade (tg(x)); do momento


(M(x)); da cortante (V(x)); e da pressão (p(x)), foram utilizadas o desenvolvimento matemático
elaborado por Hayashi apud Titze (1970) e, apresentado a seguir:

Partindo da mesma equação diferencial de 4.ª ordem

d4 y df ∗KsL
+ ∗y=0 2.49
dx4 EI

Considerando, para o caso:


𝐱
 = e, 2.50
𝐋𝟏
4 4∗EI
LE1 = √d ∗K 2.51
f sL

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 35


L L
1 = L  LE1 =
1 1

Diante disso a equação 3.45 pode ser reescrita:


d4 y
+ 4∗y= 0 2.52
d4

Sabendo-se que:
x x
LE1 = L⁄ ;  = ;  = ∗ 1
1 LE1 L

M𝑖
M𝑖 = α𝑖 ∗ HL = α𝑖 ∗ Mfict  = α𝑖
H∗L

De forma semelhante, e utilizando-se das equações apresentadas em 3.86 e 3.87, se podem


escrever as equações de i; i e i.
De forma semelhante , foram montados os gráficos, para obtenção de i, i e i, ao longo da
profundidade e, em função do 1.

Gráfico 3.1 – Anexo 12 - Aplicação de H Gráfico 3.2 – Anexo 13 - Aplicação de M

Figura 2.44 - Gráficos de i e i, em função de , para aplicação de "H" e "M", no topo do
elemento estrutural – Coeficiente elástico constante- Gráficos em escala maior nos anexos de 12 a
18

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 36


Figura 2.45 - Gráfico 3.3 – valores de i, em função de , para aplicação de "H" no topo do
elemento estrutural - Ver anexos de 12 a 18 – em escala maior

- Considerando o coeficiente de reação do solo, linear

O comprimento elástico do solo, função do coeficiente elástico, variando linearmente será:


5 EI∗L x x
LE3 = √d ∗K ; e  = L ; K sx = K sL L 2.53
f sL E3

Gráfico 3.7 – Anexo 17 - Aplicação de H Gráfico 3.8 – Anexo 18 - Aplicação de M

Figura 2.46 - Gráficos de i e i, em função de , para aplicação de "H" e "M", no topo do
elemento estrutural - coeficiente do solo variando linearmente - Gráficos em escala maior nos
anexo de 12 a 18

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 37


d) Outras considerações importantes para dimensionamento do fuste

É importante ressaltar que, no caso de tubulões executados com alargamento de base, com tubos
pré-moldados, não é recomendável admitir-se o confinamento do solo. O preenchimento dos
espaços vazios entre a camisa do tubulão e o solo é feito durante a execução, à medida que
ocorrem queda e desmoronamento do solo das paredes laterais do poço escavado. Esse material
não é, portanto, compactado e, sua eficiência como elemento de consistência é duvidosa.

Figura 2.47 – Solo não confinado entre o solo escavado e a camisa do tubulão.

No caso de tubulão executado com camisa pré-moldada é importante verificar se existe folga
entre o fuste e poço. Caso haja esse vazio deve ser injetada argamassa, de maneira a garantir o
confinamento do solo (o fuste deve estar em contato com o solo).

A existência dessa folga deve ser verificada


pelo engenheiro da obra ou pela fiscalização.

Figura 2.48 – Preenchimento do espaço vazio, com argamassa injetada

e) Cálculo das armaduras e detalhamento do fuste

a) Elemento estrutural solicitado somente à compressão

Os tubulões não encamisados, segundo o item 8.6.3 da NBR 6122 (ABNT, 2019), podem ser
executados em concreto simples, ou seja, não armado (exceto ligação com o bloco), quando
solicitados por cargas de compressão e observas as condições da tabela 9.1 (Tabela 4 – NBR
6122 – ABNT, 2019). Recomenda ainda o item 24.6.3 da NBR 6118 (ABNT, 2014) que a

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 38


máxima tensão de compressão, no ELU, com as ações majoradas, não pode ultrapassar o valor
de cRd

Tabela 2.9 - Parâmetros para dimensionamento de tubulões


% de armadura mínima e Tensão de
comprimento útil mínimo compressão
Classe (incluindo o trecho de atuante abaixo da
Classe de
de c ligação com o bloco) qual não é
agressividade
concreto necessário armar
Armadura Comprimento
(exceto ligação
(%) (m)
com o bloco)
Tubulões I, II C25 2,2
não 0,4 3,0 5,0
encamisados III, IV C40 3,6
Fonte: Tabela 4 da NBR 6122 (ABNT, 2019

a) Concreto: fck,máximo = 25 MPa ( a resistência característica deve ser multiplicada por 0,85)
b) Coeficientes: f =1,4; c = 2,2 e s = 1,15;
c) Tensão máxima atuante (para não armar): 5,0 MPa;

A tensão máxima nas fibras de concreto simples, segundo o item 24.5.2.1 da NBR 6118 (ABNT,
2014), não deve exceder os valores das tensões resistentes de cálculo. Nesses casos de concreto
simples, o coeficiente de majoração será: f = 1,2*1,4 = 1,68

- fibra externa comprimida: cRd = 0,85*fcd = (0,85/1,68)*fck = 0,5fck


- fibra externa tracionada: ctRd = 0,85*fctd

Portanto, a solicitação de cálculo, de acordo com a ABNT NBR 6118 (2014 – item 24.6.1), não
deve ultrapassar NRd.
α𝑙 2
Nsd ≤ NRd = 0,63 ∗ fcd ∗ Ac ∗ [1 − ( ) ]
32df
Onde:
 é o fator de que define as condições de vínculo nas extremidades.

1,0, quando não existir restrições à rotação tanto no apoio, quanto na base;
α= {
0,8, quando existir alguma contra rotação, tanto no topo quanto na base.

df é o diâmetro do fuste

l é o comprimento do fuste (distância vertical entre apoios)

Para não armar o fuste Nsd ≤ 5,0 MPa ∗ Ac

No caso de: 5 MPa ∗ Acf ≤ Nsd ≤ NRd , o fuste deverá ser armado

- Cálculo da armadura para tubulão solicitado somente a compressão:

Nsd ∗ γn − 0,85 ∗ fcd ∗ Ac


Asc =
σscd

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 39


Como em toda peça comprimida a deformação máxima do concreto é de 2‰ e o aço a
acompanha. Logo, a tensão de escoamento à compressão, de cálculo, para o aço CA50 será
igual a: scd = 365 MPa

b) Elementos estruturais solicitados à flexão composta

O cálculo das armaduras, para os elementos solicitados â flexão compostas serão tratados de
acordo com o apresentado no capítulo I – Considerações Preliminares - item 1.5.3.

Para tanto serão utilizadas as curvas de interação, semelhantes àquelas apresentadas por
Montoya et all. (1973).

Essas curvas de interação (ábacos) são práticas e podem ser elaborados considerando os pares
resistentes adimensionais (d, d), normalmente para distribuição de armaduras simétricas, caso
típico de elementos estruturais circulares, com estacas e tubulões.

Figura 2.49 - Curvas de interação adimensionais

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 40


NRd MRd As,tot ∗fyd
d = , d = A e ω= 2.54
Ac ∗fcd c ∗fcd ∗h Ac ∗fcd

Algumas dessas curvas estão apresentadas nos anexos 5 a 7.

Figura 2.50 - Curva de Interação para elementos circulares – anexo 7


Fonte: Montoya et. all (1973)

c) Dimensionamento e detalhamento à força cortante

Para o dimensionamento do fuste, quando solicitado ao corte, serão utilizados os conhecimentos


apresentados também no capítulo I – Considerações Preliminares – item 1.6.

- Verificação devido à compressão na biela

Vsd ≤ VRd2 = 0,54 ∗ αv2 ∗ fcd ∗ bw ∗ d ∗ sen2 θ (cotgα + cotgθ) 2.55

Sendo  o ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo longitudinal do


elemento estrutural, podendo tomar-se valores entre 450 e 900 e,  o ângulo que as bielas forma
com eixo horizontal, podendo variar de 300 a 450.

ck f
αv = (1 − 250 ) - um fator redutor da resistência à compressão do concreto, quando há tração
transversal por efeito de armadura e existência de fissuras transversais às tensões de
compressão, com fck em megapascal.

Fazendo:  = 900 e  = 450

Vsd ≤ VRd2 = 0,27 ∗ αv2 fcd bw d 2.56

- Cálculo da armadura, quando necessário

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 41


Vsd ≤ VRd3 = Vc + Vsw 2.57

Sendo:

Vc = Vco = 0,6 ∗ fctd ∗ bw ∗ d 2.58


2/3
fctk,inf 0,7∗fct,m 0,21∗fck
fctd = ⁄ = = 2.59
c c γc
Vsw é a parcela resistida pela armadura transversal (item 17.4.2.2 da NBR 6118, ABNT, 2014)

A
Vsw = ( sw⁄s) ∗ 0,9 ∗ d ∗ fywd ∗ (sin α + cos α) 2.60
Resultando:
Vsd
Asw − 0,6∗fctd
(s∗sin α)  (0,9∗f (bw ∗d)
) ∗ bw = ρw ∗ bw 2.61
ywd ∗sin α(sin α+cos α)

Sendo w a taxa de armadura transversal


Vsd
− 0,6∗fctd
(bw ∗d)
ρW = (0,9∗f ) 2.62
ywd ∗sin α(sin α+cos α)

d) Detalhamento do fuste

- Armaduras longitudinais de tração e de compressão

Os limites de armaduras longitudinais nos tubulões deverão atender as mesmas prescrições


feitas para os pilares, ou seja:

Valores mínimos (NBR 6118 – 17.3.5.3.1):


Nsd
As,min = 0,15 ∗ ≥ 0,4%Ac
fyd

Valores máximos (NBR 6118 – 17.3.5.3.2):

As,max = 8%Ac

Diâmetro da armadura longitudinal (NBR 6118 – item 18.4.2.1):

10 mm ≤ l ≤ 1/8 da menor dimensão transversal

Espaçamento mínimo entre as barras longitudinais (NBR 6118 – item 18.4.2.2):

20 mm
e ≥ { diâmetro da barra
1,2 vezes a dimensão máxima do agregado

- Armadura mínima devido à cortante (armaduras transversais)

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 42


Asw
≥ ρsw ∗ bw  ρsw,min ∗ bw 2.63
s
2/3
fct,m 0,6 ∗ fck
ρsw  ρsw,min = 0,2 =
fywk fywk
2/3
fct,m = 0,3 ∗ fck
- Armaduras transversais

Diâmetro mínimo (NBR 6118 – item 18.4.3):

5 mm
t ≥ {1
⁄4 do diâmetro da barra longitudinal isolada

Espaçamento longitudinal entre os estribos (NBR 6118 – item 18.4.3):

200 mm
et ≤ {menor dimensão da seção
24 para CA − 25, 12 para CA − 50

- Detalhamento do Fuste (Figura 2.51)

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 43


Figura 2.51 – Detalhamento do fuste do tubulão

Recomenda-se utilizar armaduras longitudinais uniformemente distribuídas e simétricas, pelas


seguintes razões:
- possibilidade de inversão do sentido da solicitação;
- simplificação construtiva visando impedir riscos de inversão no posicionamento das
armaduras.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 44


Exemplo 1 - Dimensionamento do diâmetro do fuste e da área da base

Projetar e dimensionar um tubulão para o pilar da Figura 2.52, com taxa admissível no solo de
0,6 MPa (600 KN/m2). Concreto: fck = 25 MPa. Assentar a base a 12 metros de profundidade.

Dados:
Carga permanente: G=70% x 1200= 840 KN
Carga variável: Q=30%1200=360 KN

O item 5.6 da NBR 6122 (ABNNT, 2019)


recomenda considerar 5% da carga vertical
permanente

Como existe a possibilidade de abertura de


base, será considerado 10% da carga
permanente, para considerar inicialmente o
peso próprio
Figura 2.52 - Pilar e Carga PP = NG = 0,10*840 = 84 KN

Cálculo da área da base

4 ∗ (Ns + NG ) 4 ∗ (1.200 + 84)


D= √ = √ = 1,65 m
π ∗ σadm,solo π ∗ 600

D = 1,65 m → R = 0,83 m > 0,625

Logo, a base circular não cabe na distância disponível, entre o pilar e a divisa. Necessário,
portanto, adotar uma falsa elipse (Figura 2.53):
Inicialmente adota-se b = 2*0,625 = 1,25
(pois, não é necessário deixar folga, visto
que a base está a 12 metros de
profundidade)

Portanto:

 ∗ b2 Ns + NG
Abase = + b∗x=
4 σadm,solo

Figura 2.53 - Base elíptica

3,1416 ∗ 1,252 (1.200 + 84)


+ 1,25 ∗ x =  x = 0,73  0,75 m
4 600

a = x + b = 0,75 + 1,25 = 2,0 m

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 45


Alonso (1983) recomenda para esses casos a relação a/b ≤ 2,5
Verificando a relação de a/b = 1,90/1,25 =1,52 < 2,5  Portanto, OK

Cálculo do diâmetro do fuste (carga somente de compressão)

De acordo com o item 24.6 da NBR 6118 (ABNT, 2014)


α𝑙 2
Nsd ≤ NRd = 0,63 ∗ fcd ∗ Ac ∗ [1 − ( ) ] ≤ 5,0 MPa ∗ Ac
32df
Considerar inicialmente um fuste mínimo de 90 cm, para que o tubulão seja escavado
manualmente:

2
𝛼∗𝑙 1,0 ∗ 1200 2
[1 − ( ) ] = 1− ( ) = 0,83
32 ∗ 𝑑𝑓 32 ∗ 90

2
𝛼∗𝑙 1,0 ∗ 1200 2
[1 − ( ) ] = 1− ( ) = 0,78
32 ∗ 𝑑𝑓 32 ∗ 80

- Concreto: fck,máximo = 25 MPa ( a resistência característica deve ser multiplicada por 0,85)
- Coeficientes: f=1,4; c = 2,2 e s = 1,15;
- Tensão máxima atuante: 5,0 MPa;

Nsd = (Nsk + NGK ) ∗ γf = (1.200 + 84) ∗ 1,4 = 1.797,6 KN


0,85 ∗ 25
NRd = 0,63 ∗ fcd ∗ Ac ∗ 0,78 = 0,63 ∗ ∗ 0,78 ∗ Ac
2,2

= 4,75MPa ∗ Ac ≤ 5,0 MPa ∗ Ac


4 ∗ Ac
1.797,60 ≤ 0,475 ∗ Ac → Ac ≥ 3.784,4 cm2 → df = √ = 69,4 ≅ 90 cm
π

df ≅ 90 cm para escação manual, para atender NR 18

- Cálculo da altura da base

Fazendo D = a = 2,0 m

(D − df ) (2,0 − 0,9)
h = tgβ ∗ = tg600 ∗ = 0,95 m  95 cm
2 2

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 46


Exemplo 2.

Determinar os esforços nos tubulões da figura, dimensionar e detalhar as partes principais


(cabeça, fuste e base). Considerar solo areia média (Ks(x) – linear).

Figura 2.54 - Exemplo 3.3

Dados:
- Diâmetro do tubulão: df = 1,40 m
- Tubulões iguais morrendo em ponta (sem alargamento de base)
- Esforço horizontal: H = 200 KN aplicado na altura do neuprene.
- Concreto: fck = 20 MPa
- Aço: CA-50

Esforços no nível do aparelho de apoio e no nível terreno

Carga Vertical: N = 200*13 = 2.600 KN


Esforço horizontal: H = 100 KN
Momento Fletor: M = 100*15 = 1.500 KN.m

Figura 2.55 - Cargas na cabeça do tubulão

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 47


Dimensionamento e detalhamento do Fuste

Pelas tabelas de Titze, para areia média Ks(x) = m*x

Tabela 2.10 - Solos arenosos


Coeficiente de
Amostrador SPT MOHR Proporcionalidade Areia
(m).
Solos Compacidade N.º de N.º de (KN/m4) (Granulação)
golpes golpes
Areias Fofa 0–4 0–2 1.000 – 2.000 Muito fina
Pouco 5 – 10 3–5 2.000 – 4.000 Fina
compacta
Siltes Compacidade 10 – 30 6 – 12 4.000 – 6.000 Média
média
Areias Compacta 30 – 50 12 -24 6.000 – 10.000 Grossa
argilosas Muito > 50 > 24 10.000 – 20.000 c/Pedregulho
compacta

Figura 2.56 – Exemplo 3.3 - Característica do elemento estrutural em meio elástico

Para solo: areia média, adotar m = 5.000 KN/m4, Para x = L = 12 m (L – profundidade do


tubulão)

K sL = m ∗ L = 5.000 ∗ 12 = 60.000 KN/m3

- Em seguida calculam-se os parâmetros:

Atuando força horizontal: H = 100 KN


Mfic = H ∗ L = 100 ∗ 12 = 1.200 KN. m
Atuando o Momento: M = 1.500 KN.m
Mfic = Matuante = 1.500 KN. m
Comprimento elástico (solo arenoso):
πd4 3,1416 ∗ 1,44
Ifuste = = = 0,1886 m4
64 64
1⁄ 2
Ec28 = 5.600 ∗ fck 2 = 5.600 ∗ √20 = 25.043,96 MPa

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 48


Ecs = 0,85 ∗ Ec28 = 0,85 ∗ 25.043,96 = 21.287 Mpa = 21 ∗ 106 KN/m2

5 EI ∗ L 5 21 ∗ 106 ∗ 0,1886 ∗ 12
LE3 = √ = √ = 3,55 m
df ∗ K sL 1,4 ∗ 60.000

Para Ks(x) = variável (gráficos 3.6 e 2.7 - anexos 18 e 19 respectivamente)


L 12
 = = = 3,38
LE3 3,55
Com uso das tabelas se obtém Mmax.:
Atuando H
Mfic = H ∗ L = 100 ∗ 12 = 1.200 KN. m
Atuando M
Mfic = Matuante = 1.500 KN. m
Momento Devido a “H” Momento devido a “M”

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 49


Tabela 2.11 - Valores do Momento ao longo do fuste devido:
Devido a H Devido a M Total
Seção i(%) i*Mfic i(%) i*Mfic
0 0,0 0,0 100 1.500 1.500
1 9,5 114 98 1.470 1.584
2 17 204 92 1.380 1.584
3 21 252 82 1.230 1.482
4 22 264 67 1.005 1.269
5 18 216 50 750 966
6 15 180
7 10 120 20 300 420
8
9
10

Figura 2.57 - Exemplo 3.3 - Momento fletor ao longo do fuste

Momento máximo entre seção 1 e 2

Mmax = 1.584 KN. m

Cálculo da armadura para o fuste – Flexo-compressão (Ábacos Motoya – Anexo 8)

Nk = 2.600 KN

Mk = 1.584 KN.m

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 50


Figura 2.58 – Exemplo 3.3 - Gráfico Adimensional para Dimensionamento de peças submetidas à
Flexão Composta – seção circular: d’=0,10df (Anexo 8)

Nd 2600 ∗ 1,4
 = = = 0,165
Ac ∗ fcd 0,785 ∗ 1,42 ∗ 20.000/1,4

Md 1.584 ∗ 1,4
μ = = = 0,076
0,785 ∗ h3 ∗ fcd 0,785 ∗ 1,43 ∗ 20.000/1,4

Utilizando-se do gráfico da figura 3.80 (anexo 8), obtém-se:  = 0,08

Ac ∗ fcd 0,785 ∗ 1,42 ∗ 20.000/1,4


As,tot =ω∗ = 0,08 ∗ = 0,004044 m2 = 40,44 cm2
fyd 500.000/1,15

Nd
0,15 f
As,min. ≥ { yd
0,004 ∗ Ac (item 17.3.5.3.1 da NBR 6118, ABNT, 2014)

Nd 2.600 ∗ 1,4
As,min = 0,15 ∗ = 0,15 ∗ = 12,56 cm2
fyd 50⁄
1,15
3,1416 ∗ 1402
As,min = 0,004 ∗ = 61,6 cm2
4

Utilizando-se  20  As1 = 3,15 cm2 → 20 barras espaçadas a cada 18 cm.

Espaçamento = e = 2r/n.ºb = 18 cm

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 51


Tabela 2.12 - Tabela de aço
Massa Área da
Barras Perímetro
Nominal seção
( - mm) (mm)
(Kg/m)(*) (mm2)
12,5 0,963 122,7 39,3
16,0 1,578 201,1 50,3
20,0 2,466 314,2 62,8
22,0 2,984 380,1 69,1
25,0 3,853 490,9 78,5
Fonte: NBR 7840 (ABNT, 2007)

Tabela 2.13 – Espaçamento para As,min. = 61,6 cm2


Bitola
As1 N.º de Barras Espaçamento entre as
() N.º de barras
(cm2) (inteiro) barras ao longo do
(mm)
perímetro do estribo

12,5 1,250 49,28 50 7


16 2,000 30,8 31 11,5
20 3,150 19,55 20 18
25 5,000 12,3 13 27,5

Dimensionamento e detalhamento da base


Normalmente, a base do tubulão é dimensionada como um bloco de concreto simples, sem
armadura. Para isso, recomenda-se   600

O diâmetro da base é obtido dividindo-se a carga


atuante pela tensão admissível do solo.

Ns πD2
Abase = =
σadm,solo 4

4(2.600+PP)
D = √4P⁄πσadm,solo = √ =
3,1416∗σ adm,solo

Figura 2.59 - Base do Tubulão

3,1416∗1,22
PP = Afuste ∗ L ∗ γconc = ( ∗ 12) ∗ 25 = 340 KN
4

adm,solo = 0,35 MPa = 350 KN/m2

4N 4(2.600 + PP) 4(2.600 + 340)


D = √ s⁄πσadm,s = √ = √ = 3,27  3,3 m
3,1416 ∗ σadm,s 3,1416 ∗ 350

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 52


Cálculo da altura (H) da base (do sino)

O item 8.2.3.6.1 da NBR 6122 (ABNT, 2019) recomenda que os tubulões devem ser
dimensionados de maneira que as bases não tenham alturas superiores a 1,8 m.
H
tan 600 =  H = tan 600 ∗ (Dbase − dfuste )/2
(Dbase −dfuste )/2

Dbase −dfuste (3,3−1,2)


H = tan 600 ∗ = 1,732 ∗ = 1,82  1,8 m  OK
2 2

Detalhamento do tubulão

Figura 2.60 – Detalhamento completo do tubulão

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 53


3. Estacas

As fundações em estacas são consideradas elementos de fundação profunda, cuja execução é


feita por equipamentos ou ferramentas (item 3.11 da NBR 6122, ABNT, 2019), cuja finalidade
é transmitir as cargas a pontos resistentes do solo por meio de sua extremidade inferior
(resistência de ponta) ou do atrito lateral estaca x solo (resistência de fuste).

As estacas classificam-se em dois grandes grupos: as pré-moldadas e as moldadas in loco, e, de


acordo de acordo com Velloso e Lopes (2010), também podem classificadas conforme seu
processo executivo (Quadro 3.1):

 aquelas que, ao serem executadas, deslocam horizontalmente o solo, dando lugar


à estaca que vai ocupar o espaço, são chamadas estacas cravadas de
deslocamentos;

 aquelas que, ao serem executas, substituem o solo, removendo-o e dando lugar à


estaca que vai ocupar o espaço do solo removido, são chamadas de estacas
escavadas de substituição. Tais estacas reduzem, de algum modo, as tensões
horizontais geostáticas.

Alguns processos de estacas escavadas não propiciam a remoção do solo ou, ainda, na sua
concretagem tomam-se medidas tendo em vista restabelecer as tensões geostáticas. Essas
estacas podem ser classificadas em categoria intermediária às apresentadas acima, e são
denominadas estacas sem deslocamentos.

Quadro 3.1 - Tipo de Estacas


Madeira
de deslocamento
Pré-moldada Concreto
Metálica
Broca
de substituição
Estacas Strauss
Moldada in loco Franki de deslocamento
Raiz sem deslocamento
Hélice
de substituição
Escavada com lama

3.1. Tipos de estacas


Embora o objetivo deste trabalho seja discutir elementos de concreto serão abordados, de forma
sucinta, informações sobre os demais tipos de estacas, apresentados no quadro 3.2.

Estacas de Madeira

As estacas de madeiras devem ser de madeira dura, resistente, em peças retas, roliças e
descascadas. O diâmetro da seção pode variar de 18 a 40 cm e o comprimento de 5 a 8 metros,
geralmente limitado a 12 metros com emendas.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 54


No Brasil as madeiras mais utilizadas são: eucalipto para obras provisórias e peroba, ipê,
aroeira, as chamadas madeiras de lei, para as obras definitivas.

Recomenda-se o seu uso abaixo do nível d’água e, existindo variação desse nível d’água, as
estacas correm o risco de se decomporem pela ação de fungos que se desenvolvem em ambiente
água-ar.

Durante a cravação, as cabeças das estacas devem ser protegidas por um anel cilíndrico de aço,
destinado a evitar seu rompimento sob os golpes do pilão, assim como é recomendável o
emprego de uma ponteira metálica, a fim de facilitar a penetração e proteger a madeira.

Quadro 3.2 - Capacidade de cargas das estacas


Diâmetro (cm) Carga admissível (KN)
25 250
30 300
35 350
40 400

Estacas pré-moldadas ou pré-fabricadas de concreto


São segmentos de concreto armado ou protendido com seção quadrada, ortogonal, circular
vazada ou não, cravada no solo com o auxílio de bate estacas. A ABNT NBR 6122 – item 3.10
define que as estacas pré-moldadas de concreto são constituídas de segmentos de concreto pré-
moldado ou pré-fabricados e introduzidas no terreno por golpes de martelo de gravidade, de
explosão, hidráulico ou martelo vibratório.

De acordo com o manual da Associação Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundações e


Geotecnia – ABEF (2011), as estacas pré-moldadas podem ser de concreto armado ou
protendido, vibrado ou centrifugado, e concretadas em formas horizontais ou verticais. Devem
ser executadas com concreto adequado e submetidas à cura necessária para que possuam
resistências compatíveis com os esforços decorrentes do transporte, manuseio e da instalação
bem como resistência a eventuais solos agressivos, atendendo as especificações da ABNT NBR
6118 (2003) e ABNT NBR 9062 (2001).

Nas extremidades das estacas recomenda-se um reforço da armação transversal para levar em
conta as tensões que surgem durante a cravação.

Estacas metálicas ou de aço

De acordo com o item 3.20 da NBR 6122 (ABNT, 2019), a estaca metálica é uma estaca
cravada, constituída de elemento metálico produzido industrialmente, podendo ser de: perfis
laminados ou soldados, simples ou múltiplos, tubos de chapas dobradas ou calandradas, tubos
com ou sem costura, e, trilhos.

De acordo com o item 8.6.2 da NBR 6122 (ABNT, 2019), as estacas executadas em solos
sujeitos a erosão ou ainda que vierem a ficarem expostas ou que tenham sua cota de arrasamento
acima do nível do terreno devem ser protegidas ou ter a sua espessura de sacrifício (Tabela 3.1)
definida em projeto.
prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 55
Tabela 3.1 - Espessura de compensação de corrosão
Espessura mínima de sacrifício
Classe
(mm)
Solos em estado natural e aterros
1,0
controlados
Argila orgânica; solos porosos não saturados 1,5
Turfa 3,0
Aterros não controlados 2,0
Solos saturados (a) 3,2
(a) Caso de solos agressivos devem ser estudados especificamente
Fonte: Tabela 5 da NBR 6122 (ABNT, 2019)

Visando o desgaste natural proveniente de corrosões, o item 8.6.7 da NBR 6122 (ABNT, 2019)
exige que estacas metálicas quando estiverem total e permanentemente enterradas,
independente da situação do lençol freático, tenham uma espessura de sacrifício, indicado na
Tabela 3.1, em toda sua superfície, passando a considerar a área reduzida, para o cálculo da
tensão admissível, ou tensão de cálculo.

Tabela 3.2 - Característica de estacas metálicas


Área reduzida Carga máxima
Tipo de Perfil Denominação Peso (N/m)
(cm2) (KN)
Perfis I (8’’x 4’’) 34,8 273 300
laminados I (10’’ x 45/8’’) 48,1 377 400
(1.ª alma) I (12’’ x 5 ’’)
1/4
77,3 606 700
TR 26 31,4 246,5 250 (200)
TR 32 40,9 320,5 350 (250)
Trilhos
TR 37 47,3 371,1 400 (300)
TR 45 56,8 446,5 450 (350)
Notas: 1 – Os valores entre parênteses referem-se a trilhos velhos com redução máxima
de peso de 20% e com nenhuma seção com redução superior a 40%.
2 - Para calcular a carga de estacas com perfis compostos basta multiplicar a carga da
Tabela pelo número de perfis que compõe a estaca.
Fonte: CSN

Estacas pré-moldadas ou pré-fabricadas em concreto armado ou protendido


O item 3.22 da NBR 6122 (ABNT, 2010) define que as estacas pré-moldadas de concreto são
constituídas de segmentos de concreto pré-moldado ou pré-fabricados e introduzidas no terreno
por golpes de martelo de gravidade, de explosão, hidráulico ou martelo vibratório. Tais estacas
podem ter seção quadrada, ortogonal, circular vazada ou não. Ainda especifica este item da
norma que, exclusivamente geotécnicos não há distinção entre estacas-pré-moldadas e pré-
fabricadas e, para efeito desta norma, elas são denominadas somente como pré-moldadas.

De acordo com o manual da Associação Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundações e


Geotecnia – ABEF (2011), as estacas pré-moldadas podem ser de concreto armado ou
protendido, vibrado ou centrifugado, e concretadas em formas horizontais ou verticais. Devem
ser executadas com concreto adequado e submetidas à cura necessária para que possuam
resistências compatíveis com os esforços decorrentes do transporte, manuseio e da instalação

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 56


bem como resistência a eventuais solos agressivos, atendendo as especificações da NBR 6118
(ABNT, 2014) e NBR 9062 (ABNT, 2017).

No mercado, as formas mais comuns


são: Quadrada, circular e octogonal,
maciças e ocas para ambas as formas
(Figura 3.1).

Na Tabela 3.3 estão especificadas as


capacidades de cargas para algumas
dessas estacas.

Normalmente essas estacas são


moldadas em usinas ou canteiro de
empresas específicas de produção de tais
estacas, que podem ser armadas e
protendidas. Quanto à maneira de
confeccioná-las podem ser: Figura 3.1 - a) Quadrada; b) Circular; c)
 Concreto vibrado Octogonal
 Concreto Centrifugado, e
 Extrusão

Tabela 3.3 - Capacidade de carga de estacas pré-fabricadas


Quadrada – Vibrada Carga Usual Carga Máxima
Observações
 (cm) (KN) (KN)
20x20 300 400 Disponíveis até 8 m.
25x25 450 600 Podem ser emendadas.
30x30 600 900 Tensão de trabalho na
35x35 900 1200 estaca: 6 a 10 MPa.
Circular – Vibrada Carga Usual Carga Máxima
Observações
 (cm) (KN) (KN)
22 300 400 Disponíveis até 10 m.
29 500 600 Podem ser emendadas.
Tensão de trabalho na
33 700 800
estaca: 6 a 10 MPa.
 = Tensão de trabalho na estaca depende da armadura e da qualidade do concreto.
Fonte: Velloso e Lopes (2010)

O item 8.6.5 da NBR 6122 (ABNT, 2019) especifica que o concreto a ser utilizado na fabricação
de estacas pré-moldadas deve limitar o fck a 40 MPa.

Detalhe de emendas

Uma das grandes preocupações com as estacas pré-moldadas diz respeito às emendas. O anexo
E da NBR 6122 (ABNT, 2019), em seu item E6, diz que as emendas, quando necessárias,
devem ser executadas através de anéis soldados ou de outros dispositivos que permitam a
prefeita transferência dos esforços de compressão, tração (mesmo durante a cravação) e flexão,
e ainda a axialidade (manutenção do eixo) dos elementos emendados.
prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 57
- Emenda com luva metálica de justaposição

Este tipo de emenda é mais adequado para


estacas onde predominam esforços atuantes de
compressão. É um sistema simples e feito por
meio de encaixe da luva na estaca já cravada e
que possui espera para a estaca as ser
emendada, conforme ilustra a Figura 3.2 Erro! F
onte de referência não encontrada.. As
dimensões das emendas metálicas são
apresentadas na Tabela 3.4

Tabela 3.4 - Dimensões das emendas metálicas


Estaca (cm) A (mm) H (mm)
(1,5 a 1,7) x
axa a x 10 +10
A

Figura 3.2 - Emenda com Luva metálica de


justaposição

Emenda com luva metálica soldada

Utiliza-se esse tipo de emenda em estacas


solicitadas, além da compressão, também à
tração e/ou flexão. As luvas são previamente
fixadas nas extremidades das estacas e
posteriormente, no momento da emenda, in
loco, aplica-se solda em todo o perímetro das
luvas (Erro! Fonte de referência não e
ncontrada.).

As emendas com luvas metálicas dispensam


tratamento especial desde que suas
espessuras tenham descontadas as espessuras
de compensação de corrosão indicadas na
Figura 3.3 - Emendas de estacas de concreto Tabela 3.1.

Estacas de concreto – moldadas “in loco”

Brocas

O item 3.5 da NBR 6122 (ANBT, 2019) define estaca tipo broca como uma fundação profunda
executada por perfuração com trado (manual, na maioria das vezes), utilizada para pequenas
construções, com cargas limitadas a 100 KN e comprimento mínimo de 3,0 m.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 58


As brocas, como são mais conhecidas, são executadas “in loco” com um trado de concha ou
helicoidais (tipo saca rolha), cuja profundidade média recomendada é da ordem 5 a 6 metros.

São recomendadas para terrenos secos, acima do nível da


d’água (lençol freático) para evitar estrangulamento da
estaca.

Para sua cravação são necessárias duas pessoas (serventes)


devido ao grande desgaste físico (trabalho manual).

Sua capacidade admissível de carga é da ordem de 50 KN


(5 tf) a 150 KN (15 tf), com diâmetros variando entre 15 a
25 cm, respectivamente.

Tabela 3.5 - Capacidade das Brocas


Carga Carga
Broca
Usual Máxima Observação
 (cm)
(KN) (KN)
15 50 100 Executadas
20 100 150 acima do Nível
25 150 200 D’Água

As tensões de trabalho, nas estacas são baixas, variando de


3 a 10 MPa, valores bem inferiores às tensões que
permitem a dosagem, que variam entre 15 e 20 MPa.
Figura 3.4 - Etapas de execução
de broca

a) Strauss

Estacas executadas “in loco” através de equipamento


de perfuração. Segundo definição da ABNT NBR 6122
(2010 – item 3.16), a estaca Strauss é uma estaca
executada por perfuração do solo com uma sonda ou
piteira e revestimento total com camisa metálica,
realizando-se o lançamento do concreto, e retirada
gradativa do revestimento, com simultâneo
apiloamento do concreto.

Figura 3.5 - Estaca Strauss – Equipamento de perfuração

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 59


Tabela 3.6 – Capacidade de Carga das estacas Strauss
Carga Carga
Strauss
Usual Máxima Observação
 (cm)
(KN) (KN)
25 150 200 Não indicadas
32 250 350 para argilas
38 350 450 moles e abaixo
45 500 650 do NA
Tensões na estaca da ordem de 3 a 4 MPa
(Velloso e Lopes – 2010)

Figura 3.6 - Etapas de execução da


estaca Strauss

As estacas Strauss podem ser armadas ao longo de todo seu comprimento, inclusive com a
colocação de estribos. Antes de se iniciar a 3.ª etapa coloca-se a ferragem, tendo o cuidado de
deixar espaço suficiente para passagem do soquete, bem como providencias para que o
cobrimento especificado seja obedecido.

3.2. Estaca Franki

Estaca moldada in loco e executada pela cravação, por meio de sucessivos golpes de um pilão,
de um tubo de ponta fechada sobre uma bucha seca de pedra e areia previamente firmada na
extremidade inferior do tubo por atrito. Esta estaca possui um bulbo alargado em sua ponta e é
integralmente armada (item 3.16 da NBR 6122, ABNT, 2019). A concretagem do fuste da
estaca é executada sem que a água ou o solo possam se misturar ao concreto.

Em relação à resistência do concreto, adota-se uma variação de 300 kg a 450 kg de cimento por
metro cúbico de concreto para sua dosagem. O adensamento desse concreto, por apiloamento
enérgico resulta em um concreto muito compacto e homogêneo de elevada resistência a
compressão.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 60


Figura 3.7 - Etapas de execução da estaca Franki

Tabela 3.7 – Capacidade das estacas Franki


Franki Profundida Carga Usual Carga Máxima Carga Máxima
Carga máxima
 de máxima Compressão Compressão Horizontal
Tração (KN)
(cm) (m) (KN) (KN) (KN)
30 15 450 800 100 20
35 18 650 1200 150 30
40 22 850 1600 200 40
45 25 1100 2000 250 60
52 30 1500 2600 300 80
60 35 1950 3100 400 100
70 35 2600 4500 500 150
Fonte: Adaptação de Velloso e Lopes (2010)

Segundo Velloso e Lopes (2010) as tensões de compressão nas estacas Franki variam em torno
de 7 MPa.

3.3. Estaca Raiz

É uma estaca concretada "in-loco", injetada, considerada de pequeno diâmetro, variando entre
100 mm e 410 mm, elevada capacidade de carga, baseada essencialmente na resistência por
atrito lateral do terreno. De acordo com o item 3.23 da NBR 6122 (ABNT, 2019) é uma estaca
armada e preenchida com argamassa de cimento e areia, moldada in loco executada através de
prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 61
perfuração rotativa ou roto-percussiva, revestida integralmente, por um conjunto de tubos
metálicos recuperáveis

Na Tabela 3.8 estão indicadas, a título de sugestão, capacidades de cargas para algumas bitolas
(diâmetros).

Tabela 3.8 - Capacidade de carga das estacas Raiz


Carga Usual Carga Máxima
Raiz Diâmetro acabado
Compressão Compressão
 (cm) (cm)
(KN) (KN)
17 300 400 20
22 500 600 25
27 700 900 30
32 1000 1100 35
37 1200 1400 40
Tensões na estaca da ordem de 11 a 12,5 MPa (Velloso e Lopes – 2010)

A circulação da água é feita pelo


interior do tubo de revestimento e
saindo por fora do mesmo,
transportando o material. Esse
processo é chamado, também de
circulação direta de água.

Figura 3.8 - Cravação de estaca raiz

O material proveniente da perfuração é eliminado


continuamente pelo refluxo do fluído de perfuração
através do interstício criado entre o tubo de
revestimento e o solo, devido à diferença existente
entre diâmetros (Ø coroa > Ø tubo), lubrificando
ainda a coluna e facilitando a descida do tubo.

Aplicam-se injeções de ar comprimido após a


perfuração do fuste e, simultaneamente retira-se o
tubo de revestimento.

Figura 3.9 - Refluxo do fluído de perfuração

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 62


3.4. e - Estaca Hélice
De acordo com a ABNT NBR 6122 (2012 – item 3.17, 3.18. e 3.19) define estaca hélice, como
estaca de concreto, moldada in loco, executada mediante a perfuração do terreno com a
introdução, por rotação, de um trado helicoidal contínuo e injeção de concreto pela própria haste
central do trado, simultaneamente com a retirada do mesmo, sendo que a armadura é colocada
após a concretagem da estaca.

Tabela 3.9 - Capacidade de carga das estacas


Hélice
Estaca Carga Carga
Hélice Usual Máxima Observações
 (cm) (KN) (KN)
25 300
30 450
35 600 Velloso e
Lopes (2010)
40 750 800
recomendam
50 1200 1300
tensões no
60 1700 1800
concreto
70 2400 entre 5 a 6
80 3200 MPa
90 4000
100 5000
Figura 3.10 - Estaca Hélice contínua

3.5. Estacas Escavadas com fluído estabilizante

O item 3.14 da NBR 6122 (ABNT, 2019) define como estaca escavada com fluido estabilizante
(Erro! Fonte de referência não encontrada.) a estaca moldada in loco cuja estabilidade da p
arede perfurada é assegurada pelo uso de lama bentonítica, ou água, quando existir revestimento
metálico.

Figura 3.11 - Estaca escavada com fluído estabilizante

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 63


Ela recebe a denominação de estaca escavada ou estacão quando a perfuração for circular e
feita por uma caçamba acoplada a uma perfuratriz, com diâmetros variando de 60 a 200 cm
(Figura 3.12), e de estaca barrete ou diafragma quando a seção transversal for retangular e
escavada com a utilização de Clam-Shell (Figura 3.13). No caso, a lama tem a finalidade de
dar estabilidade ao furo escavado.

Figura 3.12 - Estacão Fonte: Este Geotecnia Figura 3.13 - Clam-Shell Fonte: Solonet
e Fundações - http://www.este.com.br/estaca-
Engenharia de Solos e Fundações
escavada.php

Na Tabela 3.10 estão indicadas, a título de sugestão, capacidades de cargas para alguns
diâmetros e capacidade de cargas de estacas escavadas.

Tabela 3.10 - Capacidade de carga de estacas escavadas


Escavadas- Circular Carga Usual Carga Máxima
Observações
 (cm) (KN) (KN)
60 900 1400 Escavação
80 1500 2500 estabilizada com
100 2400 3900 lama ou água
(quando se usa
120 3400 5600
camisa de aço)
As tensões de trabalho nas estacas variam da ordem de 3 a 5 MPa (Velloso e Lopes –
2010)

As capacidades de carga nas estacas moldadas “in-loco” ou pré-moldadas em concreto são


bastante variáveis de empresa para empresa. Os valores indicados nas tabelas apresentadas
neste trabalho são valores sugeridos, necessitando sempre, de uma avaliação mais precisa,
através de ensaios de prova de carga.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 64


3.6. Escolha do Tipo de Estacas
Os fatores fundamentais que devem ser considerados na determinação do tipo de estaca são:

i) Ações nas fundações, distinguindo:

− Nível de carga nos pilares (planta de carga);


− Ocorrência de outros esforços (ações) além dos de compressão (tração e flexão).
− Característica do solo, em particular quanto à ocorrência de:
• Argilas muito moles, dificultando a execução de estacas de concreto moldadas in loco;
• Solos muito resistentes (compactos ou com pedregulhos) que devem ser atravessados,
dificultando dessa forma ou até mesmo impedindo a cravação de estacas pré-
moldadas de concreto;
• Solos com matacões, que dificultam ou impedem o emprego de estacas cravadas, de
qualquer tipo;
• Nível do lençol freático elevado, dificultando a execução de estacas de concreto
moldadas in loco sem revestimento ou uso de lama;
• Aterros recentes (em processo de adensamento) sobre camadas moles, indicando a
possibilidade de atrito negativo, neste caso, a utilização de estacas mais lisas ou com
tratamento betuminoso são mais indicadas.

ii) Durabilidade a médio e longo prazo:


- Estacas de madeira ficam sujeitas à decomposição (especialmente acima do lençol freático)
e ao ataque dos microorganismos marinhos;
- O concreto é suscetível ao ataque químico na presença de sais e ácidos do solo, e as estacas
de aço podem sofrer corrosão, se a resistividade específica da argila for baixa e o grau de
despolarização for alto.

iii) Características do local da obra, em particular:

− Terrenos acidentados, dificultando o acesso de equipamentos pesados (bate-estacas, etc.);


− Local com obstrução na altura, como telhado e lajes, dificultando o acesso de equipamentos
altos;
− Obra muito distante de um grande centro, encarecendo o transporte de equipamento pesado;
− Ocorrência de lâmina d'água.

iv) Características das construções vizinhas, em particular quanto a:

− Tipo e profundidade das fundações;


− Existência de subsolos;
− Sensibilidade a vibrações;
− Danos já existentes.

v) Custos totais para o cliente:

− A forma mais barata de estaqueamento não é necessariamente a estaca mais barata por
metro de construção;

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 65


− Atrasos no contrato, devido à falta de experiência ou à falta de apreciação de um problema
particular por parte do empreiteiro que executa as estacas, podem aumentar consideravelmente
o custo total de um projeto;
− O custo de ensaios deve ser considerado se o empreiteiro que executará as estacas tiver
pouca experiência para estabelecer o comprimento ou o diâmetro exigido para as estacas. Em
particular, a ruptura de uma estaca durante a prova de carga pode implicar em despesas
adicionais muito grandes ao contrato. É conveniente recorrer a uma firma conhecida, com boa
experiência local;
− Deve-se enfatizar que a maioria dos atrasos e problemas em contrato de estaqueamento
pode ser evitada por meio de uma pesquisa completa do local, tão cedo quanto possível.

2.2.1. Capacidade de carga estaca-solo, submetidos à compressão

Uma fundação em estacas deve atender a segurança em relação ao colapso do solo (Estado
limite último - ELU), bem como os limites de deformações em serviço (Estados limites de
utilização ou de serviço – ELS). Diante disso é necessário avaliar a capacidade de carga do solo
para atender essas condições (Velloso e Lopes – 2010).

Existem inúmeros processos e métodos para se calcular a capacidade de carga no solo devido a
elementos cravados ou moldados “in loco”, que transmitem cargas através da resistência lateral
e/ou da resistência de ponta. Esses métodos estáticos utilizam formulários empíricos que
simulam o comportamento real do solo. Esses métodos são conhecidos como:

− Teóricos ou também, racionais, e utilizam de parâmetros do solo e equações matemáticas


que simulam a capacidade e carga;
− Semiempíricos, que se baseiam em resultados de ensaios “in loco”, destacando o de
penetração Standard Penetration Test – SPT;
− Empíricos, onde a capacidade de carga é estimada com base na classificação das camadas
que a sondagem atravessa e apresenta uma estimativa de capacidade de carga grosseira.

A capacidade de carga do solo, nos métodos


estáticos, pode ser obtida pelo equilíbrio dos
esforços que atuam no elemento estrutural.

Esse equilíbrio pode ser escrito fazendo a


somatória de forças, na vertical, igual à zero:

∑ 𝐅𝐲 = 𝟎 3.1

Pk + G − P𝑙,k − Pp,k = 0 3.2

Figura 3.14 - Sistema de equilíbrio da estaca no solo

Os valores de Projeto são:

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 66


Pd ≤ Prd 3.3

Pd = (Pk + G) ∗ γf 3.4
Pp,k +P𝑙,k
Prd = − Pan,k ∗ γf 3.5
γx
Sendo:

G é o peso da estaca ou do tubulão


Prd a carga resistente de projeto;
Pp,k a parcela correspondente à resistência característica de ponta na ruptura;
Pl,k a parcela correspondente à resistência característica por atrito lateral positivo, na ruptura;
Pan,k a parcela correspondente ao atrito lateral negativo na ruptura. O ponto onde ocorre a
mudança de atrito positivo para atrito negativo é chamando de ponto neutro;
x é o fator de minoração de resistência do solo;
f é o fator de majoração das ações.

O atrito lateral é considerado negativo quando o recalque do solo é maior que o recalque da
estaca ou tubulão

Tabela 3.11 - Coeficiente de minoração x, para solicitações de compressão


Métodos para determinação da resistência Coeficientes de minoração da resistência
última (Característica) última (característica)
Semi-empírico (a) Valores proposto no próprio processo e
no mínimo igual a 2,15
Analíticos (b) 2,15
Semi-empíricos ou analíticos (b)
Acrescido de duas ou mais provas de carga,
1,4
necessariamente executadas na fase de
projeto.
(a) Atendendo ao domínio de validade para o terreno local.
(b) Sem aplicação de coeficiente de minoração aos parâmetros de resistência do terreno

2.2.2. Capacidade de carga da estaca – solo, submetidos a esforços de tração


Atualmente tem sido mais frequente a necessidade de se avaliar a capacidade de carga das
estacas submetidas a esforços de tração, principalmente para tender a uma demanda de projetos,
onde efeito lateral de vento tenha uma incidência significativa, na estrutura, como nos edifícios
altos, e também em projetos de base para torre de linhas de transmissão.

Até alguns atrás se adotava, como valor aceitável, que a capacidade de carga dessas estacas era
da ordem de 10% de sua capacidade de carga à compressão.

Atualmente, baseado em pesquisas recentes, tem-se observado que os métodos teóricos, para o
cálculo da capacidade de carga das estacas, conduzem a valores bastante diversos dos valores
obtidos através de ensaio de provas de carga.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 67


Os métodos empíricos e semiempíricos são os mais utilizados para se calcular a capacidade
resistente da estaca tracionada. Dentre esses métodos semiempíricos tem-se adotado considerar
que a capacidade da estaca tracionada corresponde a um percentual da resistência lateral,
quando a estaca estiver solicitada à compressão.

Existem inúmeros métodos para avaliar a capacidade resistente das estacas submetidas à tração,
embora, as divergências de resultados sejam acentuadas. Destaca-se os estudos desenvolvidos
por Campelo (1975) e outros, como: Danziger (1995), Carvalho (1983), Orlando (1999), apud
Albuquerque et AL.; e Martin (1966), Barata et al. (1978), Santos (1985, 1999), apud Velloso
e Lopes (2010).

Segundo Velloso e Lopes (2010) a capacidade de uma estaca vertical, solicitada à tração pode
ser obtida considerando o menor valor entre a:

- Capacidade de carga de uma estaca, considerando a ruptura na interface solo-estaca (Figura


3.15a), utiliza-se dos mesmos processos para estaca comprimida

Figura 3.15 - Capacidade de carga da estaca tracionada

- Capacidade de carga segundo uma superfície cônica (Figura 3.15b). Pode ser calculada de
acordo com Plagemann e Langner (1973) apud Velloso e Lopes (2010)

γ∗L c
Pk = πμ2 L2 (p + + μ) 3.6
3

Sendo:
 = tg = coeficiente de atrito do solo;
c = coesão do solo;
p = sobrecarga aplicada na superfície do terreno;
g = peso específico do solo.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 68


Tabela 3.12 - Coeficiente de atrito e de coesão do solo
Solo SPT  c (MPa)
Areia muito fofa <4 <300
Areia fofa 4 – 10 300 - 350
Areia medianamente compacta 10 – 30 350 - 400
Areia compacta 30 – 50 400 - 450
Areia muito compacta >50 >450
Argila muito mole 2 0,025
Argila mole 2-4 0,025 – 0,05
Argila média 4–8 0,05 – 0,10
Argila rígida 8 – 15 0,10 – 0,20
Argila muito rígida 15 – 30 0,20 – 0,40
Argila dura >30 0,40 – 0,80
Fonte: Terzaghi e Peck apud Moraes (1976)
Recomenda-se, a favor da segurança, desprezar o peso próprio da estaca. Ainda segundo
Velloso e Lopes a ruptura se dá, na maioria das vezes, na interface solo-fundação, portanto, a
capacidade de carga das estacas submetidas à tração pode ser calculada pelos métodos
utilizados para estacas submetidas à compressão, considerando uma redução dessa carga, da
ordem de 30%.

Para estacas inclinadas de um ângulo , a capacidade de carga de estacas submetidas à tração


pode ser calculada pela expressão:
γ∗L
p+ c√1+tg2 α
2 2 3
Pk = πμ L ( + ) 3.7
√1+tg2 α μ

2.2.3. Carga nas estacas – Estaqueamento


Quando se define a utilização de estacas ou grupos de estacas para se distribuir as cargas
provenientes de ações reativas da superestrutura ou mesoestrutura ao solo, o primeiro
procedimento é a distribuição dessas estacas, devidamente coroadas por um elemento estrutural
volumétrico, denominado bloco (objeto de estudo do capítulo IV). Essas cargas não devem
ultrapassar sua capacidade última, bem como da capacidade resistente do conjunto estaca-solo.
Portanto, esse agrupamento de estacas deve estar disposto, de tal forma que as estacas possam
absorver ações verticais, horizontais, momentos fletores e transferi-las ao solo, ao longo de seu
comprimento ou pelo efeito de ponta.

O processo inicia-se determinando, em função das cargas aplicadas, o número de estacas, sua
disposição, bem como, se inclinada ou somente verticais.

Determinação do Número de Estacas

Uma vez escolhido o tipo de estaca, parte-se para a determinação do n.º de estacas necessárias.
Para tanto será necessário ter conhecimento prévio das cargas, suas direções e sentidos:

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 69


- Somente carga vertical: Para se determinação do n.º estacas utiliza-se da carga vertical atuante
acrescida do peso próprio do bloco (deverá coroaras estacas) que, inicialmente será estimado
em 5 a 10% da carga vertical.

(1,05 a 1,1)∗Carga do Pilar


NE = Carga Admissível da estaca 3.8

Importante destacar que esse tipo de cálculo somente é válido para o caso de cargas centradas,
coincidindo com centro de carga do estaqueamento e se, as estacas forem todas do mesmo tipo
e diâmetro. No caso da existência de momentos aplicados ou excentricidade da carga o cálculo
será feito considerando esses efeitos.

- Carga vertical e momento fletor – Para se determinar o n.º de estacas majora-se a ação vertical
em 30% para se levar em conta o peso próprio do bloco (5 a 10%) e o efeito do momento fletor.
Sabe-se de antemão que os momentos aplicados são absorvidos por binários (par de forças
opostas equidistantes). Quanto maior a distância entre as forças do binário, menor a carga nas
estacas, tanto a de tração quanto a de compressão.

1,3∗Carga do Pilar
NE = Carga Admissível da estaca 3.9

- Carga horizontal: A existência de ações horizontais que provoquem nas estacas cargas
horizontais, de até 10% de sua capacidade nominal vertical será aceito e a estaca será cravada
verticalmente. Quando o esforço horizontal ultrapassa esse patamar dever-se-á utilizar de
estacas inclinadas. Recomendam-se para cravação de estacas inclinadas, inclinações da ordem
de 140 a 150 embora, atualmente existem bate-estacas com capacidade de cravar estacas até
horizontalmente, caso de tirantes. O número de estacas será determinado como nos caso
anteriores.

Nestes casos determina-se o n.º de estacas como apresentados anteriormente.

Disposição das Estacas


Deve-se procurar dispor as estacas de modo a conduzir à menor dimensão de bloco possível.
A seguir algumas recomendações e disposições para os casos mais usuais: blocos com uma
até seis estacas.

- Embora a NBR 6122 (2019) não especifica a distância mínima entre estacas, recomenda-se:

2,5 ∗ dE → para estacas pré − moldadas


𝑙 ≥ {3,0 ∗ dE → para estacas moldadas in-loco
60 cm

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 70


Figura 3.16 – Disposição de Estacas

(ver outras especificações em 3.1.3 – Grupos de estacas)

- A distância “a” entre a estacas e a borda do bloco mais próxima deve ser de (1,0 a 1,5)dE ou
ainda dE+15 cm, o maior. A largura “b” do bloco com estacas alinhadas deve ser no mínimo
igual a “2*a”.

- Além das distribuições acima, ainda são consideradas padrões

Figura 3.17 – Distribuição com 05 estacas

Figura 3.18 - Distribuição com 06 estacas

- Distribuições quaisquer – Inclusive estacas inclinadas

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 71


Figura 3.19 - Número maior de estacas (acima de 6 estacas)

- O espaçamento “l” entre as estacas do mesmo bloco, também é o mesmo entre estacas de
blocos contíguos (ao lado).

Figura 3.20 – Distância entre estacas de blocos contíguos

- Quando as estacas estão alinhadas, sempre que possível alinhá-las também com a maior
dimensão do bloco, bem como com a maior dimensão do pilar.

Figura 3.21 - Situação não recomendável

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 72


Efeito de grupo de estacas

De um modo geral as estacas trabalham em grupos, coroadas por um elemento estrutural,


denominado bloco. Esse agrupamento pode influenciar na capacidade de carga do conjunto, em
função da distância entre as estacas e de sua configuração (disposição).

De acordo com Constância e Constâncio (2011) o comportamento da estaca isolada difere,


portanto, do comportamento da mesma estaca, quando em grupo, visto que o recalque de uma
estaca isolada é menor do que o recalque quando essas estacas trabalham em grupo, devido ao
efeito do bulbo de pressões das várias estacas, resultando um bloco de pressões de dimensões
maiores. Consequentemente a capacidade de suporte do um grupo de estacas é menor do que a
soma das capacidades de cargas das estacas consideradas isoladamente.

Segundo Velloso e Lopes (2010) a capacidade de cargas e os recalques do grupo de estacas são
diferentes da estaca isolada. Essa diferença se deve à interação entre estacas próximas, através
do solo que as circundam.

Para grandes espaçamentos entre estacas,


estudos desenvolvidos por Whitaker, apud
Velloso e Lopes (2010), mostram que o
modo de transferência da carga ao solo
não é afetado, e o recalque do grupo pode
ser estimado pela superposição das estacas
analisadas isoladamente. Todavia, quando
o espaçamento é pequeno, as estacas têm
seu modo de transferência afetado e, as
estacas periféricas absorvem mais cargas
que as estacas internas.

Figura 3.22 – Massa do solo mobilizada pelo carregamento das estacas

A primeira abordagem para o cálculo de recalques de grupos de estacas, considerando um radier


fictício (sapata fictícia – NBR 6122) foi desenvolvido por Terzaghi e Peck apud Velloso e
Lopres (2010).

TERZAGHI & PECK (1967) sugeriram avaliar o recalque de grupos de estacas nos solos
coesivos introduzindo uma fundação equivalente, conforme figura acima localizada na
profundidade de 1/3L acima da base das estacas. A pressão é transferida ao solo através desta
fundação. A carga é distribuída dentro de um tronco de uma pirâmide cujas faces têm inclinação
de 1:2 e causa a pressão adicional uniforme no solo subjacente.

A ABNT NBR 6122 (2019 – item 8.3) entende que o efeito de grupo de estacas ou tubulões e
a interação dos diversos elementos que compõem o conjunto (bloco - estaca ou tubulão – solo)

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 73


acarreta uma superposição de tensões, de tal sorte que o recalque do grupo é, em geral, diferente
daquele do elemento isolado.

Ainda considera a ABNT NBR 6122 que a carga resistente admissível ou de projeto não pode
ser superior à da sapata hipotética de contorno do estaqueamento (grupo de estacas). Essa sapata
hipotética é definida como assentada a uma profundidade acima da ponta da estaca de 1/3 do
comprimento da camada de apoio da estaca do apoio.

Figura 3.23 - Sapata hipotética

Essas considerações não são válidas para estacas inclinadas. Sugere ainda a norma que se faça
a verificação de recalques, e prova de carga nas estacas.

No caso de se executar prova de carga estática nas estacas a ABNT NBR 6122 (2019 – item
9.2.2.1) recomenda um número mínimo conforme a tabela que segue, considerando a
necessidade de se executar pelo menos 1% do número de estacas, quando este for superior ao
valor indicado na tabela.

Tabela 3.13 - Quantidade de provas de cargas em estacas


Tensão máxima
Número de estacas, a partir
(admissível), acima da qual
Tipo de estaca do qual as provas de cargas
serão obrigatórios prova de
serão obrigatórias
cargas (MPa).
Pré-moldada 7,0 100
Hélice 5,0 100
Escavadas com ou sem
5,0 75
fluídos (dE  70)
Escavadas sem fluídos
4,0 100
(dE < 70)
Franki 7,0 100
Strauss 4,0 100
dE≤ 310 mm → 15,0
Raiz 75
dE ≥ 400 mm → 13,0
Madeira - 100
Aço 0,5fyk 100
Fonte: Tabela 6 da NBR 6122 (ABNT, 2019)

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 74


Ainda segundo Velloso e Lopes (2010) os elementos de fundação profunda, quando executados
muito próximos aprisionam o solo que os circundam impedindo que este participe da
composição da força decorrente do atrito lateral, principalmente nas estacas internas. Em função
disso é que se recomenda uma distância mínima entre esses elementos.

Figura 3.24 Comportamento das estacas: Individualmente e em Bloco

Recomenda-se que o espaçamento máximo, de eixo a eixo, de estacas seja de 3dE, para todo o
grupo.

Como a eficiência do grupo, depende: do espaçamento entre as estacas, bem como do tipo de
solo em que imersa, algumas considerações são apresentadas:

Também Kezdi e Stuart et al., apud Velloso e Lopes (2010), indicam que quando as estacas
estão com espaçamentos no grupo, entorno de 2dE, e cravadas em areias fofas, o efeito
provocado pela compactação do solo junto às estacas que lhe são contíguas, aumenta a
eficiência acima de 1,0. À medida que o espaçamento cresce a eficiência reduz para 1,0 (Estacas
rugosas).

Recomenda adotar os seguintes espaçamentos mínimos, entre estacas:

Tabela 3.14 - Espaçamento entre eixos de estacas - recomendados


Solo Não Coesivo –
Solo Coesivo
Estacas granular
(Argila)
(Areia)
Moldada “In-loco” sE  2*dE
(Rugosas) sE  2,5*dE Eficiência: g = 1,0
Cravadas
Pré-moldadas Eficiência: g (*) sE  3*dE
(Lisas) Eficiência: g (*)
Escavadas sE  3*dE (Eficiência: g = 1,0)
Para todos os casos o espaçamento mínimo entre eixos de estacas será de 60 cm.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 75


(*) as eficiências dos grupos podem ser estimadas, para sE 2,5*dE, de acordo com os valores
apresentados na Tabela 3.14.

Determinação das cargas nas estacas, para um estaqueamento genérico, devido às ações
verticais, horizontais e momentos.

A determinação das cargas nas estacas, para um agrupamento de estacas, verticais e ou


inclinadas, visando atender suas capacidades de cargas, bem como às ações aplicadas, será feita
de acordo com a proposta apresentada por Nökkentved (Beton-Kalender – 1974).

Algumas hipóteses simplificadoras são adotadas possibilitando o cálculo dos esforços nas
estacas:

− O bloco é rígido;
− As estacas são articuladas nas duas extremidades, no bloco e no solo;
− Todas as estacas possuem o mesmo diâmetro (dE);
− Todas as estacas terminam no mesmo nível.

Figura 3.25 - Hipóteses simplificadores

a) Procedimento para o cálculo do CE

Denomina-se Centro Elástico o ponto onde, ao se aplicar uma carga ela provocará apenas
deslocamento horizontal e vertical do bloco (o bloco não gira).

O procedimento consiste em dar um deslocamento vertical unitário ao bloco e determinar a


resultante dos esforços desenvolvidos nas estacas decorrentes desse deslocamento.

Procede-se da mesma maneira, provocando um deslocamento unitário na horizontal e


calculando a resultante dos esforços nas estacas, decorrente desse deslocamento. O encontro
das resultantes fornece o Centro Elástico.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 76


Figura 3.26 - Deslocamentos unitários do bloco

Denominam-se RV e RH as resultantes decorrentes dos esforços, ao se deslocar o bloco na


vertical e horizontal, respectivamente. O encontro das resultantes RV e RH correspondem ao
Centro Elástico - CE.

F é o carregamento que provoca somente deslocamento horizontal e vertical.

Os deslocamentos do bloco podem ser calculados:

FRH
∆H = 1 ∗ ⁄R 3.10
∆H
FRV
∆V = 1 ∗ ⁄R 3.11
∆V

Sendo:

FRH a projeção de F na direção de RH e

FRV a projeção de F na direção de RV e

Caso a resultante do carregamento externo não passe pelo CE, o bloco sofrerá rotação, além
de deslocamento horizontal e vertical.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 77


b) Determinação dos esforços nas estacas devido ao deslocamento unitário vertical e horizontal.

- Deslocamento vertical: V = 1

Figura 3.27 - Deslocamento vertical

Sendo:
V*cos – valor do encurtamento da estaca;
l – Comprimento da estaca;
A – Área da seção transversal da estaca;
E – Módulo de elasticidade;
P – Carga na estaca;
Pv – carga vertical na estaca = P*cos;
Ph – carga horizontal na estaca = P*sen.

Pode-se escrever:

Pv =  3.12

EA EA cos α EA senα
Ph = ∗ cosα ∗ senα = ∗ cos α ∗ senα ∗ = ∗ cos α2 ∗
𝑙 𝑙 cos α 𝑙 cos α

Ph =  ∗ tg α 3.13

Portanto, Pv = v; Ph = v ∗ tg α

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 78


- Deslocamento horizontal - H = 1

Figura 3.28 - Deslocamento horizontal

Partindo da mesma equação 3.139

P = σ∗A= ε∗E∗A
∆H ∗sen α E∗A
P=E∗A∗ = ∗ sen α ∗ ∆H (= 1) 3.14
𝑙 𝑙

E∗A cos α E∗A


Pv = P cos α = ∗ sen α ∗ cos α ∗ cos α = ∗ cos2 α ∗ tg α 3.15
𝑙 l

Pv =  ∗ tg α 3.16

E∗A cos2 α
Ph = P ∗ sin α = ∗ sen2 α ∗ cos2α =  ∗ tg 2 α 3.17
𝑙

- Determinação das coordenadas do CE (XCE, YCE)

Figura 3.29 – Centro Elástico

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 79


∑n
1 (PVEi ∗Xi )
XRV = 3.18
R∆V ∗cos αRV

∑n
1 (PVEi ∗Xi ) ∑n
1 (PVEi ∗X𝑖 ) ∑n
1 𝑖 ∗X𝑖
XRV = = ∑n
= ∑n
3.19
R∆V ∗cos αRV 1 PVE𝑖 1 𝑖

∑n
1 (PVE𝑖 ∗Xi )
XRH = 3.20
R∆H ∗cos αRH

∑n
1 (PVEi ∗Xi ) ∑n
1 (PVEi ∗X𝑖 ) ∑n
1 (𝑖 ∗tgαE𝑖 ∗X𝑖 )
XRH = = ∑n
= ∑n
3.21
R∆H ∗cos αRH 1 PVE𝑖 1 (𝑖 ∗tgαE𝑖 )

Determinação das coordenadas do ponto “CE” (Centro Elástico)

Figura 3.30 - Coordenadas do CE

YCE tgαRH − YCE tgαRV = C = XRV − XRH 3.22


XRV − XRH
YCE = 3.23
tgαRH − tgαRV

XCE = XRV + YCE ∗ tgαRV = XRH + YCE ∗ tgαRH 3.24

- Procedimento para o cálculo das cargas nas estacas

A relação entre a carga externa “F” aplicada no Centro Elástico “CE” e a carga nas estacas.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 80


Figura 3.31 - Esforços nas estacas devido a FRV

Denomina-se FRV como a componente de “F” na direção de RV e, da mesma forma, FRH como
a componente de “F” na direção de RH.

Diante disso pode-se dizer que a carga vertical na estaca “Ei” é diretamente proporcional à
carga vertical de todas as estacas.

PVE𝑖 = PE𝑖 ∗ cos α𝑖 = FRV ∗ cos αRV ∗ ∑ 𝑖 3.25
𝑖

O que corresponde, para a componente FRV, que a carga vertical na estaca “Ei” será:
FRV FRV ∗cos αRV 
PVE𝑖 = ∗ 𝑖 = ∗ 𝑖 = FRV ∗ cos αRV ∗ ∑ 𝑖 3.26
RV R∆V ∗cos αRV 𝑖

𝑖 = número de estcas no eixo horizontal que passa pelo CE

Com idêntico raciocínio, a carga vertical na estaca “Ei”, devido à componente FRH será:
 ∗tgα
PVE𝑖 = PE𝑖 ∗ cos α𝑖 = FRH ∗ cos αRH ∗ ∑ 𝑖 ∗tgα𝑖 3.27
𝑖 𝑖

Mesmo procedimento para a carga horizontal na estaca “Ei”:


 ∗tgα
PHEi = PEi ∗ sen αi = FRV ∗ sen αRV ∗ ∑ i ∗tgαi 3.28
i i

 ∗tgα2
PHEi = PEi ∗ sen αi = FRH ∗ sen αRH ∗ ∑ i ∗tgαi 2 3.29
i i

Sabendo que PE𝑖 ∗ senα𝑖 = PE𝑖 ∗ cosα𝑖 ∗ tgα𝑖

Pode-se reescrever 3.168:

 ∗tgα2
PHE𝑖 = PE𝑖 ∗ sen α𝑖 = PE𝑖 ∗ cosα𝑖 ∗ tgα𝑖 = FRH ∗ sen αRH ∗ ∑ 𝑖 ∗tgα𝑖 2 3.30
𝑖 𝑖

 ∗tgα
PE𝑖 ∗ cos α𝑖 = FRH ∗ sen αRH ∗ ∑ 𝑖 ∗tgα𝑖 2 3.31
𝑖 𝑖

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 81


Portanto, a carga vertical na estaca “Ei” pode ser escrita, superpondo os efeitos dos
deslocamentos verticais e horizontais unitários (equações 3.71 e 3.76):
  ∗tgα
PVE𝑖 = PE𝑖 ∗ cos α𝑖 = FRV ∗ cos αRV ∗ ∑ 𝑖 + FRH ∗ sen αRH ∗ ∑ 𝑖 ∗tgα𝑖2 3.32
𝑖 𝑖 𝑖

Parcela devido ao Parcela devido ao


deslocamento deslocamento Horizontal
vertical do Bloco do Bloco

Fazendo equilíbrio das forças externas da figura 3.116

V = FRV cosαRV + FRH cosαRH 3.33

H = FRV senαRV + FRH senαRH 3.34

Fazendo a devida substituição das equações 3.172 e 3.173 em 3.171, tem-se:

ni tgαRH − tgαi i tgαi − tgαRV


PVEi = PEi cosαi = V ∗ + H ∗ 2.129
∑ ni tgαRH − tgαRV ∑ i tgαi tgαRH − tgαRV

c) Cálculo dos esforços devido à rotação

Caso o carregamento externo não passe pelo pondo Centro Elástico – CE será necessário
transportá-lo para o ponto “CE”, fazendo acompanhar do momento de transporte
correspondente. Esse momento tenderá a rodar o bloco em torno do ponto “CE”, carregando
algumas estacas e descarregando outras.

Figura 3.32 - Rotação em torno do ponto "CE"

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 82


O esforço na estaca devido a  será:
∆L EA
PEi = σ ∗ A = ε ∗ E ∗ A = ∗ E ∗ A = ∆L ∗ 3.35
L L

A fim de se obter fórmulas mais simples, coloca-se “p” em função de “”. Dessa maneira, todas
as medidas passam a ser feitas utilizando-se da reta horizontal que passa pelo ponto “CE”.

Sendo “” a distância do ponto “CE” à intersecção do eixo da estaca com a horizontal que passa
por “CE”.

Portanto, p =  ∗ cos α; conseqüentemente:

A carga na estaca, em função da rotação , pode ser expressa por:


EA EA
PE𝑖 = ∗ ∆L = ∗ x ∗ cos α ∗ ∆φ 3.36
L L

Em seguida determina-se a expressão do momento devido às cargas nas estacas em torno do


ponto “CE”.

Figura 3.33 - Momento em torno de "CE"

M = ∑n1 P𝑖 ∗ 𝑖 = ∑n1 PE𝑖 ∗ cos α𝑖 ∗ 𝑖 3.37

EA M∗i ∗i
PVEi = ∗ i ∗ cosα2i ∗ ∆φ = i ∗ i ∗ ∆φ = ∑ i ∗2i
3.38
L

E interessante observar a analogia da fórmula encontrada com a equação do cálculo de


tensões normais devido ao momento, da resistência dos materiais.

M
σ= ∗y
I

Dessa analogia pode-se tirar:

∑(i ∗ 2i ) = I; i ∗ i = y 3.39

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 83


Após o cálculo dos esforços nas estacas, separadamente para cada ação, ou seja, deslocamento
vertical do bloco, deslocamento horizontal e rotação, pode-se escrever a equação completa
(equação 2.135), com a superposição dos efeitos:

PVEi = PEi cosαi

i tgαRH − tgαi i tgαi − tgαRV M ∗ i ∗ i


PVEi = V ∗ + H ∗ + 2.135
∑ i tgαRH − tgαRV ∑ i tgαi tgαRH − tgαRV ∑ i ∗ 2i

Quadro 3.3 - Cargas nas estacas, para diversas configurações de estaqueamento

Carga na estaca: R E = R vE √1 + 1⁄m2 ;


Caso de estaqueamento
Inclinação da estaca: m:1
Número de estacas: NE

V m
R V,1 = R V,2 = ±H
2 2

Quando NE1  NE2


m1 m1 ∗ m2
R V,1 = V ±H
m1 + m2 m1 + m2 Utilizar os seguintes
fatores de majoração,
para as cargas
m1 m1 ∗ m2 V, H e M:
R V,1 = V ±H
m1 + m2 m1 + m2
1 1
γf = ou
NE,1 NE,2

R V,1 = H ∗ m1
R E,2 = V − H ∗ m1

Figura 3.34 – Diversos casos de configurações de estaqueamento - Tabela completa se encontra no


anexo 31. Fonte: Beton Kalender (1974)

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 84


Exemplo 3.1 - Esforços nas estacas
Determinar os esforços nas estacas, para o estaqueamento da figura.

Figura 3.35 – Exemplo 3.6 - Estaqueamento

A inclinação de 1:4 para as estacas inclinadas é a inclinação máxima utilizada na prática.


Espaçamento mínimo entre estacas 3dE.

a) Determinação do Centro Elástico

- O estaqueamento sendo simétrico indica que, quando se aplica o deslocamento vertical v =


1, a resultante RV dos esforços que ocorrem nas estavas, devido a v, estará no eixo de simetria
(conforme indicado na figura);

- Para se determinar a posição de RH provoca-se um deslocamento horizontal do bloco de H


= 1.

O deslocamento H irá encurtar ou alongar as estacas de H*sen (valor igual para todas as
estacas), o que quer dizer que a força desenvolvida nas estacas são todas iguais e valem

∆H ∗ sin α
R= ∗ EA
L

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 85


Figura 3.36 – Exemplo 3.6 - Deslocamento horizontal unitário, do bloco

Calculando as resultantes das forças nas estacas comprimidas (estacas à esquerda) pode-se
determinar a posição da resultante, fazendo somatória de momento em relação ao ponto “O”,
ponto de aplicação das estacas E1, E2 e E3, ou em relação ao eixo “Y”, obtendo-se:

Figura 3.37 – Exemplo 3.6 - Sistema de equilíbrio das estacas inclinadas

∑ Mo = 0 ∴ 1R ∗ 1,0 − 4R ∗ X = 0 ∴ X = 0,25 m → XRes. = 1,80 − X = 1,55 m

Ou

Matu. = MRes. → 3R ∗ 1,80 + 1R ∗ 0,80 = 4R ∗ XRes.  XRes. = 1,55 m

Da mesma forma calcula-se a resultante das estacas inclinadas que estão tracionadas.

No ponto onde essas resultantes se encontram pode-se determinar RH (horizontal) e RV
(vertical)

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 86


Figura 3.38 – Exemplo 3.6 - Deslocamento vertical unitário, do bloco

Verifica-se que nos casos de estaqueamento simétrico a resultante RV estará sempre aplicada
no eixo de simetria.

Figura 3.39 – Exemplo 3.6 - Determinação do CE

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 87


b) Transporte das cargas aplicadas para o Centro Elástico (CE)

Fazendo somatória de momentos em trono de CE se obtém:

MCE = 1418,5*10 -1281,5*10 – 250*(10,20-6,20) = 370 KN.m


V = N = 1281,5+1418,5 = 2.700 KN
H = 250 KN

Figura 3.40 – Exemplo 3.6 - Cargas aplicadas no CE

c) Cálculo das Reações nas Estacas:

- Devido à carga vertical (N= 2.700 KN)

Serão desprezadas, a favor da simplicidade, as inclinações nas estacas, admitindo previamente


todas na vertical (erro é de  3% ; cos(14,03º) = 0,97)

V 2.700 KN
R VE = = = 225 KN (cmprimindo as estacas)
n. ºE 12 (estcas)

Como todas as estacas são inclinadas deve-se levar em conta o cos:

V 2.700
RE = = = 231,93 KN
n. ºE ∗ cos α 12 ∗ 0,97

Fazendo uso da fórmula, desenvolvida anteriormente e utilizando-se somente da primeira


parcela, onde RV = 00 e RH = 900, obtém:

i (tg αRH − tg αi ) vi ∞
R VEi = V ∗ ∗ = V∗ ∗ =
∑ i (tan αRH − tan αRV ) ∑ vi ∞

Uma vez que todas as estacas têm inclinações iguais e mesmos valores

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 88


i V
R VEi = V ∗ =
n. ºE ∗ i n. ºE

- Devido à carga Horizontal

Figura 3.41 – Exemplo 3.6 - Decomposição dos esforços aplicados

Decompondo o esforço horizontal “H” nas direções das estacas inclinadas (direção da estaca
equivalente ou resultante) obtêm-se as Resultantes de Tração e de Compressão.

H 1 250 1
Rt = Rc = ∗ = ∗ = ±515,40 KN = 4R
2 sin α 2 0,2425

Esforços de tração e compressão por estaca, devido a H:

RE1=RE2=RE3=RE5 = - 515,4/4 = - 128,85 KN

RE8=RE10=RE11=RE12 = + 515,4/4 = + 128,85 KN

- Devido ao momento fletor

Figura 3.42 – Exemplo 3.6 - Esforços nas estacas devido ao Momento Fletor

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 89


i ∗ i
R Ei = M ∗
∑ i ∗ 2i

Sendo que i é indicado na horizontal que passa pelo ponto “CE”

Paras as estacas:
E1, E2, E3 1=2=3 = 0,25 m
E10, E11, E12 10=11=12 = 0,25 m
E4, E6, E7, E9  4=6=7=9 = 1,00
E5, E8  5=8 = 0,75

∑ 𝑖 ∗ 2i = 6,0 ∗ 0,252 + 4,0 ∗ 1,02 + 2 ∗ 0,752 = 5,5

Reações verticais nas estacas devido ao Momento aplicado no CE:

370KN. m
R Ei = ∗ i (m) =
5,5 m2

RE1 = RE2 = RE3 = 370*0,25/5,5 = 16,82 KN (tração)


RE10 = RE11= RE12 = 16,82 KN (compressão)
RE4 = RE6 = 370*1,0/5,5 = 67,27 KN (tração)
RE7 = RE9 = 370*1,0/5,5 = 67,27 (compressão)
RE5 = 370*0,75/5,5 = 50,45 KN (tração)
RE8 = 370*0,75/5,5 = 50,45 KN (compressão)

Como todas as estacas são inclinadas deve-se levar em conta o cos:

R E1= RE2 = RE3 = 16,82/0,97 = 17,34 KN (tração)


RE10 = RE11 = PE12 = 16,82/0,97 = 17,34 KN (compressão)
RE4 = RE6 = 67,27/0,97 = 69,35 KN (tração)
RE7 = RE9 = 67,27/0,97 = 69,35 KN (compressão)
RE5 = 50,45/0,97 = 52,01 KN (tração)
RE8 = 50,45/0,97 = 52,01 KN (compressão)

Esforços globais nas estacas (superpondo os efeitos) correspondem a somatória das reações,
que o conjunto de ações, aplica na estrutura e, estão apresentados na Tabela 3.15.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 90


Tabela 3.15 - Exemplo 3.7 - Esforços nas Estacas
Reações - Esforços normais nas estacas devido às ações:
Estaca Vertical (V) Horizontal (H) Momento (M) Total (KN)
2.700 KN 250 KN 370 KN.m
RE1 = PE1 -231,93 -128,85 17,34 -343,44
RE2 = PE2 -231,93 -128,85 17,34 -343,44
RE3 = PE3 -231,93 -128,85 17,34 -343,44
RE4 = PE4 -231,93 69,35 -162,58
RE5 = PE5 -231,93 -128,85 52,01 -308,77
RE6 = PE6 -231,93 69,35 -162,58
RE7 = PE7 -231,93 -69,35 -301,28
RE8 = PE8 -231,93 128,85 -52,01 -155,09
RE9 = PE9 -231,93 -69,35 -301,28
RE10 = PE10 -231,93 128,85 -17,34 -120,42
RE11 = PE11 -231,93 128,85 -17,34 -120,42
RE12 = PE12 -231,93 128,85 -17,34 -120,42

Figura 3.43 – Exemplo 3.6 - Esforços finais nas estacas

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 91


Importante destacar que todas as estacas são inclinas, algumas em uma direção e outras na outra
direção ortogonal.

O esforço vertical desenvolvido nas estacas pelo momento “M” irá corresponder ao esforço
horizontal de tal maneira que a resultante Pv + Ph tenha direção do eixo da estaca.

Observa-se que a somatória dos esforços horizontais devido ao momento é zero, pois os
esforços se equilibram.

Admitindo-se, para ampliar a discussão no exemplo, uma força horizontal de 100 KN, na
direção longitudinal (Tabuleiro) aplicada a 9 m de altura, em relação do afundo do bloco, pode-
se determinar os esforços nas estacas com os mesmos procedimentos desenvolvidos
anteriormente, iniciando pelo cálculo do CE.

Figura 3.44 – Exemplo 3.6 - CE considerando esforço horizontal, na direção de y

2.2.4. Dimensionamento e detalhamento das Estacas

Como em todo elemento estrutural o dimensionamento e detalhamento dependem dos esforços


internos que nele atuam e estes das ações a eles aplicadas.

Para se dimensionar e detalhar estacas, sejam elas moldadas in loco ou pré-moldadas, se faz
necessário conhecer:

 Dados e elementos do projeto (lançamento, dimensões, etc.);


 A capacidade resistente do solo;

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 92


 A resistência dos materiais - concreto e aço;
 A forma e as dimensões dos elementos estruturais dentro das tolerâncias especificadas
por norma;
 Os critérios de segurança;
 Os critérios para aceitação ou rejeição; e
 A elaboração das curvas de interação de flexão composta do elemento estrutural.

Os esforços resistentes devem ser calculados conforme especifica a NBR 6118 e NBR 6122
(2019 - item 8.6).

As ações e consequentemente os esforços internos decorrem:

- do manuseio (levantamento, içamento, estocagem) e transporte;


- da cravação e/ou execução;
- do uso efetivo da estaca (esforços a elas aplicados); e
- da eficiência de grupo das estacas

Estacas moldadas in loco


- Submetidas à compressão

A carga de cálculo à compressão das estacas não armadas pode ser calculada de forma
semelhante à de um pilar, com seção de aço inexistente. Dessa forma:

Pd ≤ PR,d 3.40

PR,d = 0,85 ∗ fcd ∗ Ac  Prd,solo 3.41

Pp,k +P𝑙,k
Prd,solo = − Pan,k ∗ γf (veja 3.1.3) 3.42
γx

O fator de redução 0,85 leva em conta a diferença entre os resultados de ensaios rápidos de
laboratório e a resistência sob ação da carga de longa duração.

De acordo com a ABNT NBR 6122 (2019 – item 8.6.3) as tensões e coeficientes de minoração
devem atender os valores limitados conforme Tabela 3.16.

Tabela 3.16 - Parâmetros para dimensionamento das estacas moldadas "in loco"
% de armadura mínima
Tensão média
Classe de (incluindo o trecho de
Classe de atuante abaixo
concreto ligação com o bloco) e
Tipo de Estacas agressividade c da qual não é
(Resistência Comprimento útil mínimo.
ambiental necessário
característica) Armadura Comprimento
armar (MPa)
(%) (m)
Hélice / hélice de
deslocamento / I, II C30 2,7
hélice com trado
0,4 4,0 6,0
segmentado a III, IV C40 3,6
Escavadas s/ I, II C25 3,1
0,4 2,0 5,0
fluído III, IV C40 5,0
I, II C30 2,7 0,4 4,0 6,0

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 93


Escavadas c/
III, IV C40 3,6
fluído
Strauss b I, II 20 MPa 2,5 0,4 2,0 5,0
b
Franki I, II, III, IV 20 MPa 1,8 0,4 Integral -
Raiz b,c,d I, II, III, IV 20 MPa 1,6 0,4 Integral -
b,c,e
Microestaca I, II, III, IV 20 MPa 1,8 0,4 Integral -
Trado Vazado
Segmentado a,d
I, II, III, IV 20 MPa 1,8 0,4 Integral -
(a) Comprimento máximo da armadura é limitada ao processo executivo;
(b) O diâmetro a ser considerado no dimensionamento é o diâmetro externo do revestimento;
(c) Ver nota mais detalhada na NBR 6122 – 2019;
(d) Argamassa (ver anexo K – Estaca Raiz e anexo L - Microestaca);
(e) Calda de cimento (ver anexo L).
Fonte ABNT NBR 6122 (2019 – Tabela 4)

No caso de tensões superiores às indicadas na tabela acima, as estacas deverão ser


dimensionadas de acordo com a ABNT NBR 6118.

- submetida à tração

A capacidade de carga da estaca será calculada pela capacidade resistente das armaduras
tracionadas devidamente posicionadas dentro da estaca de forma que:

Pd ≤ Pr,d

Pr,d = 0,95 ∗ fyd ∗ As 3.43

O fator de redução tem a finalidade de garantir que durante a realização de uma prova de
carga, até o dobro da carga admissível, não ocorra ruptura estrutural (aço). Diante disso
recomenda-se um s = 2,0.

A ABNT NBR 6122 (2019 – item 8.6.2) permite, como forma alternativa, para não se verificar
a fissuração dos elementos de fundação, desde que se reduza 2 mm do diâmetro das barras
longitudinais.

- submetidas à flexão composta

De forma semelhante ao desenvolvido para os tubulões as estacas terão seus esforços internos,
ao longo de sua profundidade, calculados levando-se em conta o coeficiente de elasticidade do
solo (Ks(x) – constante; linear e parabólico). Após a obtenção dos esforços internos e, sendo a
peça submetida à flexão composta, utiliza-se do processo desenvolvido no capítulo 1.5.3.

São obtidas curvas de interação construídas a partir de uma determinada configuração de


armadura, para uma determinada seção transversal específica e, diante dessa configuração,
variando-se a posição da linha neutra (LN) ao longo da seção, obtém pares resistentes MR e NR
no estado limite último.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 94


Figura 3.45 - Curva de interação - Pares resistentes: MRd e NRd

A segurança da peça se da, desde que o par solicitante Nsd e Msd, proporcione um ponto dentro da
curva resistente

MR NR
Verifica-se o FSG = = 3.44
Msd Nsd

Exemplo 3.2 - Curva de interação para estaca


Elaborar a curva de interação, para a estaca com seção quadrada e configuração de armadura
conforme apresentado na figura 3.108.
Dados:
Concreto: fck = 20 MPa
Aço: CA50: fyk = 500 MPa
n.º de barras: 04 (simétricas)
Diâmetro das barras:  = 12,5 mm
Área da armadura: As1 = 1,227 cm2
Área total de armadura: As,tot. = 4,908 cm2
Dimensões da estaca = b = h = 30 cm

Figura 3.46 - Exemplo 3.8 - Configuração

Utilizando-se das equações desenvolvidas em 1.5 e apresentadas no quadro resumo do anexo


3, pode-se montar a curva de interação.

Tabela 3.17 - Pares NRd e MRd


Reta “a” Limite 1 Limite 2 Limite
a 2b
Kx -999999 0 0 0,08 0,111 0,1667 0,1667 0,200 0,250 0,259 0,259
’sd(‰) 10,0000 1,1100 1,1100 0,3370 0,0000 0,6684 0,6684 1,1125 1,8533 1,9973 1,9973
sd(‰)
NRd (KN) -213,42 -163,93 -163,93 -61,13 -19,37 58,92 58,92 108,01 185,54 200,05 200,05
MRd
0,00 5,94 5,94 19,62 24,86 34,25 34,25 39,89 48,47 50,03 50,03
(KN.m)
Limite Limite Limite
3 4 4a
Kx 0,259 0,300 0,450 0,600 0,628 0,628 0,800 1,0 1,0 1,050 1,111

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 95


’sd(‰) 2,0000 2,2050 2,6367 2,8525 2,8814
sd(‰) 2,0732 0,8750 0,0000 0,0000 0,1667 0,3497
NRd (KN) 200,19 236,06 354,09 472,11 494,15 493,98 691,09 893,57 893,57 941,50 1.217,60
MRd
50,05 53,37 61,52 65,84 66,22 66,24 58,25 45,85 45,85 42,01 10,64
(KN.m)
Reta b
Kx 1,111 9 999 999999
’sd(‰) 3,1477 2,0855 2,0007 2,0000
sd(‰) 0,3496 1,8771 1,9990 2,0000
NRd (KN) 1.217,59 1.296,33 1.299,05 1.299,06
MRd
10,64 1,19 0,02 0,00
(KN.m)

Figura 3.47 - Exemplo 3.8 - Curva de Interação

De forma semelhante ao desenvolvido em 1.5.3, pode-se utilizar de diversas curvas de interação


(gráficos ou ábacos), elaboradas considerando os pares resistentes adimensionais (d, d – ver
capítulo 1.5.3), normalmente para distribuição de armaduras simétricas, conforme Montoya et
all. (1973) e, ao invés de se determinar a segurança da peça submetida ao par Msd e Nsd, define-
se uma das curvas , que atenda o critério de segurança, determinando em seguida a área de
armadura necessária, conforme a configuração adotada.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 96


Figura 3.48 - Exemplo 3.8 - Gráfico adimensional para dimensionamento da estaca

- submetida às ações horizontais

Devido à baixa resistência ao corte (devido suas dimensões pequenas), as estacas quando
submetidas à esses esforços, deve-se verificar seu estado limite último quanto ao cisalhamento
(Cap. 1.6). De forma estimada pode-se considerar que a estaca-solo, individualmente, tem uma
capacidade para absorver carga horizontal, da ordem de 10% de sua capacidade nominal,
vertical. Recomenda-se o uso de estacas inclinadas, que ficarão submetidas somente a esforço
de compressão, quando os esforços horizontais ultrapassam os 10%. Em 3.15 serão analisados
as cargas nos estaqueamentos submetidos a cargas, verticais, horizontais e momentos fletores.

ii) Estacas pré-moldadas em concreto armado

As estacas pré-moldadas ou pré-fabricadas são dimensionadas utilizando-se das normas ABNT


NBR 6118 e ABNT NBR 9062.

A ABNT NBR 6122 (2019 – item 8.6.5) limita o fck máximo em 40 MPa

Para a fixação da carga estrutural admissível, deve-se adotar coeficiente de minoração da


resistência característica do concreto γc = 1,3 quando se utiliza controle sistemático, caso
contrário, utilizar γc = 1,4.

- Manuseio e transporte

Importante ter conhecimento da resistência do concreto, da estaca, durante o manuseio, ou


seja, pouco antes de fazer a retirada da forma.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 97


Os casos de carregamentos a serem considerados são dois:

- Içamento e estocagem

Figura 3.49 - Içamento e Estocagem de estacas

Figura 3.50 - Sistema estático da estaca - peso próprio

Fazendo uso das funções singulares (Capítulo 1.9) podem-se escrever as equações da cortante
e momento:

V(x) = g. x − R VA < 𝑥 − 𝑎 >0 − R VB < 𝑥 − b >0 3.45

Sabendo-se que RVA = RVB = gL/2 e, substituindo na equação acima:


gL gL
V(x) = g. x − < 𝑥 − 𝑎 >0 − < 𝑥 − b >0 3.46
2 2

Integrando se obtém a equação do momento

gx2 gL gL
M(x) = − < 𝑥 − 𝑎 >1 − < 𝑥 − b >1 3.47
2 2 2

Para a=0,2L

V(x=0,2L) = g. (0,2L) = 0,2gL 3.48

g(0,2L)2
M(x=0,2L) = 2
= 0,02gL2 3.49

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 98


g(0,5L)2 gL
M(x=0,5L) = − (0,5L − 0,2L)1 = 0,025gL2 3.50
2 2

Figura 3.51 - Esforços solicitantes na estaca - manuseio

Tabela 3.18 - Esforços nas estacas durante o manuseio


VAesq=VBdir VAdir=VBesq MA=MB MVão
a = 0,20L 0,2gL 0,3gL 0,02gL2 0,025gL2
a = 0,25L 0,25gL 0,25gL 0,03125gL2 0,0
a = 0,30L 0,3gL 0,2gL 0,045gL2 -0,025gL2

Observa-se que a melhor situação é de que a estaca seja armazenada e içada com ponto de pega
a uma distância “a = 0,2L” de suas extremidades, conforme figura.

- Levantamento para cravação

Recomenda o item 8.6.5 da NBR 6122 (ABNT, 2019), que nas duas extremidades da estaca
deve ser feito reforço da armadura transversal, para levar em conta as tensões de cravação.

Necessário apresentar as curvas de interação flexo-compressão e flexo-tração do elemento


estrutural.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 99


Figura 3.52 - Manuseio - Içamento da estaca

Figura 3.53 - Esforços solicitantes na estaca - içamento

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 100


- Esforços solicitantes (externos e internos)

• Carregamentos
t A
g v = ρ ∗ Av = ρ ∗ cosα = g 𝑖 /cosα 3.51

g 𝑖 = g v ∗ cosα ∴ g N = g v ∗ senα 3.52

• Reações
g𝑖 ∗b g𝑖 ∗a2 g𝑖 ∗b a2
VA = − = (1 − b2 ) = R VA ∗ cosα 3.53
2 2∗b 2
g𝑖 ∗b g𝑖 ∗a2 g𝑖 ∗b a2
VB,e = + = (1 + ) 3.54
2 2∗b 2 b2

VB,d = g 𝑖 ∗ a 3.55
HA = R VA ∗ senα ∴ HB = R VB ∗ senα 3.56
gv ∗bcosα gv ∗(acosα)2
R VA = − 3.57
2 2∗bcosα

• Esforços internos
V(x𝑖) = VA − g 𝑖 ∗ x𝑖 3.58
g𝑖 ∗x2𝑖
M(x𝑖) = VA ∗ x𝑖 − 3.59
2

H(x𝑖) = HA − g N ∗ x𝑖 + HB ∗< x𝑖 − b >0 → função singular 3.60


Ponto onde a cortante é nula:
VA g𝑖 a2 b a2
x𝑖(V=0) = = (b − b ) = 2 (1 − b2) 3.61
g𝑖 2∗g𝑖

- Momento máximo
g𝑖 ∗x2𝑖(v=0)
Mmax. = VA ∗ x𝑖(V=0) − 3.62
2

- Cravação e/ou execução

(anexo E – NBR 6122-2019 E.3 e E.4) A cravação é normalmente executada com martelo de
queda livre, devendo o peso do martelo ser, no mínimo, igual a 70% peso total da estaca, e não
menor do que 20 kN. No uso de martelos automáticos ou vibratórios devem-se seguir as
recomendações dos fabricantes.

O sistema de cravação deve ser dimensionado de modo que as tensões de compressão durante
a cravação não ultrapassem a 85% da resistência nominal do concreto (exceto estacas
protendidas). A tensão de tração deve ser limitada a 70% da tensão de escoamento do aço
utilizado na armadura.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 101


Exemplo 3.3 - Dimensionamento de estacas
Dimensionamento de estacas, moldadas “in loco”
- Características da estaca:

- Diâmetro da estaca: dE = 50 cm
- Comprimento da estaca: L = 26 m
- Carga de trabalho: Nk = 1.300 KN
- Armadura adotada: 416 - CA 50
- Concreto: fck = 20 MPa

– Características do solo (argila)

Conforme sondagem do local, onde as estacas serão utilizadas, foram adotados os seguintes
parâmetros, para o solo:

- Coeficiente elástico do solo Constante (argila): KsL = 5.000 KN/m3 (Tabela 3.4)
- pressão lateral máxima admissível no solo: 0,05 MPa (50 KN/m2)

1.3 - Considerações sobre a hipótese de atuação de esforços horizontais na cabeça da estaca

a) Dimensionamento

Para as verificações que seguem serão utilizado os gráficos 3.1 e 3.2 dos anexos: 13 e 14
4 4 ∗ EI L
LE1 = √ ; 1 =
df ∗ K sL LE1

- Módulo de elasticidade da estaca:


1⁄ 2
Ec28 = 5.600 ∗ fck 2 = 5.600 ∗ √20 = 25.043,96 MPa

Ecs = 0,85 ∗ Ec28 = 0,85 ∗ 25.043,96 = 21.287 Mpa21,3 ∗ 106 KN/m2

- Inércia da estaca:

πd4E 3,1416 ∗ 0,54


IE = = = 3,07 ∗ 10−3 m4
64 64

- Momento máximo na estca será:

Mmax. = αmax. ∗ Mfic. = αmax. ∗ H ∗ L

Sendo que:

- max. obtido do gráfico 3.1 (anexo 13)


- H é o esforço horizontal aplicado na cabeça da estaca

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 102


- Pressão máxima do solo:
H
pmax. = βmax. ∗ pfic. = βmax. ∗
dE ∗ L
Sendo: max. obtido do gráfico 3.1 (anexo 12)
Como pmax. = 50 KN/m2 pode-se escrever:
KN H 50 ∗ dE ∗ L
50 2
≥ βmax. ∴ H ≤
m dE ∗ L βmax.
Substituindo H, na expressão que fornece o momento máximo, se obtém:

50 ∗ dE ∗ L2
Mmax. = αmax. ∗ H ∗ L = αmax. ∗
βmax.

- Para a estaca em análise:

4 4 ∗ EI 4 4 ∗ 21,3 ∗ 106 ∗ 3,07 ∗ 10−3


LE1 = √ = √ = 3,08 m
df ∗ K sL 0,5 ∗ 5.000

L 26
1 = = = 8,44
LE1 3,08
Utilizando-se do gráfico 3.1, se obtém:

Figura 3.54 - Exemplo 3.8 - Gráfico 3.1 - para aplicação de "H"

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 103


- max. = 3,8%; e max. = 16,9
Com esses valores pode-se determinar o valor do:

- Esforço horizontal máximo absorvido pela estaca


50 ∗ dE ∗ L 50 ∗ 0,50 ∗ 26
Hmax. ≤ = = 38,46 KN
βmax. 16,9
- Máximo momento resistido pelo fuste, devido aplicação de “H” na cabeça da estaca
Mmax. = αmax. ∗ H ∗ L = 3,8% ∗ 38,46 ∗ 26 = 38,0 KN. m
- Verificação do valor da carga vertical máxima na estaca “N”
N M
σE = − ±
AE W
π ∗ d2E 3,1416 ∗ 0,52
AE = = = 0,196 m2
4 4
π ∗ d3E 3,1416 ∗ 0,53
WE = = = 12,27 ∗ 10−3 m3
32 32

Para que não se tenha ruptura da estaca à compressão, pode-se obter a equação:

Segundo a NBR 6122-2019, item 8.6.3, as estacas podem ser executadas em concreto simples,
ou seja, não armado (exceto ligação com o bloco), quando solicitados por cargas de compressão
e observas as condições (Tabela 29):

- Concreto: fck,máximo = 20 MPa ( a resistência característica deve ser multiplicada por 0,85)
- Tensão máxima atuante: 5,0 MPa;

A tensão máxima nas fibras de concreto simples, segundo a NBR 6118-2014, item 24.5.2.1,
não deve exceder os valores das tensões resistentes de cálculo. Nesses casos de concreto
simples, o coeficiente de majoração será: c = 1,2*1,4 = 1,68

- fibra externa comprimida: cRd = 0,85*fcd = (0,85/1,68)*fck = 0,5fck


- fibra externa tracionada: ctRd = 0,85*fctd

Portanto, a solicitação de cálculo, de acordo com a NBR 6118/2014 – item 24.6.1, não deve
ultrapassar Nsd ≤ NRd ≤ 5,0 MPa ∗ Ac

Logo:

Nd Md
σC,E = − − ≤ −0,5 ∗ fck = −0,5 ∗ 20 = −10 MPa ≤ −5,0 MPa
AE W
Nd Md
σt,E = − + = 0,85fctd (fibra tracionada da estaca)
AE W

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 104


2⁄
3 2/3
f f 20
fctd = ctk,inf⁄γc = 0,21 ∗ ck = 0,21 ∗ = 1,10 MPa
cγ 1,4
Nd Md
σt,E = − + = 0,85 ∗ 1,10 = 0,94 MPa = 940 KN/m2
AE W
Substituindo Mmax. encotrado acima na equação cuja tensão limite é de tração:

Nd Md Hd ∗ αmax. ∗ L
− = 940 − ∴ Nd = AE ( − 940)
AE W W
No caso da fibra comprimida:
Nd Md 0,85 ∗ 20 N
σC,E = − − ≤ − 0,85 ∗ fcd = = 10,12 < − 5,0 MPa
AE W 1,68 mm2
Nd Md
+ ≤ 5,0 N/mm2
AE W
Nd Nd ∗ αmax. ∗ L
+ ≤ 5,0 N/mm2
AE W
Nd Hd ∗ αmax. ∗ L N
+ ≤ 5,0 = 5.000 KN/m2
AE W mm2
Hd ∗ αmax. ∗ L
Nd = AE (5.000 − )
W
Com as duas expressões de Nd:

Hd ∗ αmax. ∗ L
Nd ≤ AE (5.000 − )
W
Hd ∗ αmax. ∗ L
Nd ≤ AE ( − 940)
W
Hd ∗ αmax. ∗ L
Nd ≤ AE ( ) → Considerando tensão de tração igual a zero
W

Pode-se montar o gráfico de Nd = f(H)

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 105


Figura 3.55 - Exemplo 3.8 - Gráfico de Nd X Hd

Observa-se que quanto maior a carga vertical aplicada, maior pode ser o esforço horizontal,
para não se ter a estaca tracionada ou com tensão de tração inferior a 0,94 MPa, todavia, a
medida que se aumenta a carga vertical, a força horizontal deverá ser cada vez menor, pois,
poderá romper à compressão. O ponto onde cruzam as curvas, para esse tipo de estaca e
características do solo especificado, leva a se permitir uma carga vertical máxima de 455,53
KN, e uma Horizontal de 33,27 KN, pois, com esses valores não teremos ruptura à compressão
e nem à tração.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 106


prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 107
4. Elementos de transição apoiados em fundações

Elementos de Elementos de Bloco sobre estacas


Fundação transição
Laje sobre estacas

2.2. Blocos sobre Estacas


Os blocos são considerados elementos de transição entre a superestrutura e as estacas ou
tubulões. Em quase todos os trabalhos conhecidos tem-se adotado dois modelos básicos para
análise desse elemento estrutural: a) Análise teórica elástica linear compreendendo: a analogia
das bielas e tirantes, e a teoria das vigas; e b) a análise de ensaios experimentais de modelos
(Ramos – 2009).

O "método das bielas - tirante" é um dos processos aproximados empregados com freqüência
no dimensionamento de blocos. Esse processo foi inspirado no trabalho de Lebelle apud Blévot
(1967) proposto para o cálculo de sapatas diretas. Blévot e Frémy (1967) realizaram uma série
de ensaios de blocos cujos resultados são até hoje utilizados, como modelos de cálculos e
detalhes construtivos..

A ABNT NBR 6118 (2014 – item 22) considera os blocos sobre estacas como elementos
estruturais especiais que se caracterizam por um comportamento que não respeita a hipótese
das seções planas, por não serem suficientemente longos para que se dissipem as perturbações
localizadas e, devem ser calculados e dimensionados por modelos teóricos apropriados.
Recomenda ainda que, tendo em vista a responsabilidade desses elementos estruturais, devem-
se majorar as solicitações de cálculo por um coeficiente de ajustamento n, conforme instruções
da ABNT NBR 8681 (2014 – item 5.3.3).

γn = γn1 ∗ γn2

Onde:

n1 ≤ 1,2 em função da ductilidade de uma eventual ruína;


n2 ≤ 1,2 em função da gravidade das consequências de uma eventual ruína.

Ainda segundo a ABNT NBR 6118 (2014 - 22.5.1) os blocos são estruturas de volume usadas
para transmitir às estacas as cargas de fundação, e podem ser considerados rígidos ou flexíveis
por critério análogo ao definido para as sapatas.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 108


2.1.3 Modelo estrutural – hipóteses básicas
Quadro 4.1 - Bloco rígio e bloco flexível - diferenças
a) Bloco rígido b) Bloco Flexível

Figura 4.2 - Bloco flexível


Figura 4.1 – Bloco Rígido

B−bp
h ≥ 4.1 h<
𝑙−bp
4.2
3
3

Considerando ainda que as cargas aplicadas nos blocos sejam distribuídas diretamente às
estacas, pode-se considerar que são rígidos os blocos, quando:

𝑙−bp
h ≥ 4.3
3

Sendo:

h é a altura do bloco;
B a dimensão do bloco em determinada direção;
l é o vão entre eixos de estacas;
bP a dimensão do pilar, na mesma direção considerada para o bloco.

No caso de blocos e estacas rígidas, e estas Para blocos flexíveis ou casos extremos de
espaçadas entre (2,5 a 3,0)*dE, pode-se admitir estacas curtas, apoiadas em substrato muito
plena a distribuição de cargas nas estacas. rígido, a hipótese de que a distribuição de
carga se da plenamente às estacas deve ser
Admite-se, portanto, para cálculo dos esforços revista.
internos que o bloco seja rígido
(comportamento de treliça) e, considera-se a Já, no caso de se considerar os blocos como
hipótese das estacas serem elementos flexíveis, a análise realizada é mais completa,
resistentes apenas a força axial, desprezando- desde a distribuição das ações nas estacas, dos
se os esforços de flexão. tirantes internos de tração nos blocos, até a
necessidade de verificação à punção (ABNT
De acordo com a ABNT NBR 6118 (2014 – NBR 6118: 2014 – 22.5.2.2)
22.5.2.1) o comportamento estrutural dos

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 109


blocos, considerados rígidos, se caracteriza Neste caso os esforços solicitantes internos
por: são calculados como se o bloco fosse uma
a) trabalhar à flexão nas duas direções, mas barra em cada direção, obtendo-se os
com trações essencialmente concentradas nas momentos e as cortantes, fazendo-se em
linhas sobre as estacas (reticulado definido seguida o equilíbrio interno, calculando em
pelo eixo das estacas, com faixas de largura seguida as forças nas armaduras e, verificando
igual a 1,2 vezes seu diâmetro); as tensões de compressão.
b) transmitir as cargas dos pilares para as
estacas essencialmente por bielas de
compressão;
c) trabalha ao cisalhamento também em duas
direções, não apresentando ruptura por tração
diagonal, e sim por compressão das bielas,
analogamente às sapatas.

Figura 4.3 – Esforços solicitantes

2.1.4 Dimensionamento de Blocos com Cargas Centradas – método das bielas


Em geral os blocos sobre estacas têm dimensões tais que não se aplicam de forma satisfatória
as hipóteses admitidas na resistência dos materiais, para o cálculo de esforços solicitantes em
barras.

O método das bielas consiste em admitir no interior do bloco, uma treliça espacial, onde as
barras tracionadas, situadas no plano médio das armaduras e barras comprimidas inclinadas,
chamadas de bielas, se interceptam nos eixos das estacas e em um ponto do pilar.

As bielas têm suas extremidades: de um lado na intersecção do eixo das estacas com o plano
das armaduras e do outro lado, em ponto conveniente do pilar (que é suposto sempre de secção
quadrada). As forças de compressão das bielas são resistidas pelo concreto e as de tração, que
atuam nas barras horizontais, são resistidas por armaduras colocadas na posição do eixo dessas
barras.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 110


Figura 4.4 – Modelo de treliça espacial e plana

Sempre que o pilar for retangular, pode-se, a favor da segurança, admiti-lo quadrado, de lado
igual ao menor deles. Há teorias mais elaboradas que a das bielas, onde se permite levar em
conta as dimensões dos pilares retangulares.

As forças de compressão nas bielas (montantes inclinados) são resistidas pelo concreto e, as
forças de tração, que atuam nos banzos (barras horizontais) são resistidas por armaduras ali
posicionadas.

Para o dimensionamento é necessário conhecer os esforços atuantes em cada estaca do bloco.


Comumente, para o caso de cargas centradas os estaqueamentos são simétricos com estacas
atingindo a mesma profundidade.

Para cálculo e dimensionamento dos blocos são aceitos modelos tridimensionais lineares ou
não e modelos biela-tirante tridimensionais, sendo esses últimos os preferidos por definir
melhor a distribuição de esforços pelos tirantes. Sempre que houver esforços horizontais
significativos ou forte assimetria, o modelo deve contemplar a interação solo-estrutura (ABNT
NBR 6118:2014 - 22.5.3)

De acordo com esse critério, modelo de treliça, pode-se:

a) determinar a secção necessária das armaduras;


b) verificar a tensão de compressão nas bielas, nos pontos críticos, que são as seções situadas
junto ao pilar e a cabeça da estaca.

Para blocos regulares, com cargas centradas e com duas, três e quatro estacas são apresentadas
os esforços internos de compressão (nas bielas) e de tração (nas armaduras) e, calculados
conforme quadro 4.1.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 111


Quadro 4.2 - Esforços internos nos blocos com 02, 03 e 04 estacas - método das bielas
i) Blocos com duas estacas ii) Blocos com três estacas iii) Bloco com quatro estacas Equações

Inclinação das bielas: Inclinação das bielas: Inclinação das Bielas:


tgθ = d/(𝑙/2 − b/4) 𝐭𝐠𝛉 = 𝐝/(𝒍√𝟑/𝟑 − 𝟎, 𝟑𝐛) 𝑙√2 b√2 4.6
4.5 tgθ = d/( − )
2 4
4.4 Equilíbrio de forças (Esforços):
Equilíbrio de forças (Esforços): Equilíbrio de forças (Esforços):

Ns 1 Ns √2 b
Ns 1 Ns b Ns 1 Ns Rs (diag. ) = ∗ = ∗ (𝑙 − ) 4.7
Rs = ∗ = ∗ (𝑙 − ) Rs(diag. ) = ∗ = ∗ (𝑙√3 − 0,9 b) 4 tgθ 8d 2
2 tgθ 4d 2 3 tgθ 9d Ns Ns
Ns Ns Ns Ns Rc = = 4.8
Rc = = 4 ∗ senθ nE ∗ senθ
Rc = = 3 ∗ senθ nE ∗ senθ
2 ∗ senθ nE ∗ senθ nE = n.º de estacas
nE = n.º de estacas
nE = n.º de estacas
Figura 4.5 - Blocos com 02, 03 e 04 estacas

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 112


Os ensaios desenvolvidos por Blevot e Fremy (1967) e Mautoni (1971) apresentado adiante
justificam, com mais detalhes as recomendações com relação às inclinações das bielas.

Quando existir a possibilidade de dispor as armaduras (barras tracionadas) de maneiras diversas


(normalmente em todos os blocos com mais de duas estacas), pode-se imaginar que a carga seja
resistida por duas treliças, cada uma delas com barras tracionadas e colocadas segundo uma das
disposições possíveis. Por exemplo: no bloco de quatro estacas, o quinhão Ns ( ≤ 1) será
resistido pela treliça com barras tracionadas, segundo os lados da base. O quinhão
complementar (1 - )*Ns caberá à treliça, cujas barras tracionadas estão nas diagonais da base.

- Bloco com 04 estacas

Se as barras tracionadas forem os lados do


quadrado, que tem por vértices as intersecções
dos eixos das estacas com o plano médio das
armaduras, basta decompor o valor de Rs
(diagonais), nas direções dos lados:

Rs(diag.)
Rs(lados) = 4.9
√2
ou
Rs(diag.)
Rs(long. ) = 4.10
√2

Figura 4.6 - Decompoisção da força de tração, nas laterais

Figura 4.7 - Disposição de armaduras em blocos sobre 04 estacas

- Bloco com 03 estacas

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 113


Se as armaduras forem dispostas segundo os lados do
triângulo, basta decompor o valor Rs(diag.), nas direções
dos lados:

Rs(diag.) Rs(diag.)
Rs (lados) = = 4.11
2cos300 √3

Ns Ns √3 bp
Rs(diag. ) = ∗ (𝑙√3 − 0,9 bp ) = (𝑙 − ) 4.12
9d 9d 2

Figura 4.8 – Decomposição da força da armadura, nas laterais

Figura 4.9 - Disposição de armaduras em blocos sobre 03 estacas

Nessas treliças, as bielas se superpõem e o esforço final será sempre o mesmo, qualquer que
sejam os quinhões atribuídos às treliças. Nas barras tracionadas que ocupam a posição dos lados
da base o esforço será *Rs e, nas que barras tracionadas que ocupam as diagonais será igual a
(1-)*Rs.

2.1.5 Ensaios realizados por Blévot e Frémy (1976)


Blévot e Frémy (1967) ensaiaram blocos de 2, 3 e 4 estacas submetidas à força centrada,
variando disposições das armaduras. Numa primeira série empregou modelos de concreto de
tamanho reduzido, com os quais diminuiu o campo das opções a examinar (inclinação máxima
e mínima de bielas, tipos de armação, etc.). Os resultados foram confirmados pelos ensaios de
blocos em tamanho natural, realizados em menor número. Gertsenchtein (1972) apresenta de
forma detalhada os resultados de Blevot e Framy (1967) adaptando nomenclaturas e valores aos
parâmetros usuais. Neste trabalho foi feito um resumo dessas análises com a finalidade de
justificar os coeficientes utilizados.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 114


i) Blocos sobre 02 Estacas

Figura 4.10 - Bloco sobre 02 estacas - Ensaiado por Blévot

Trata-se dos corpos da 2.ª série (tamanho natural). As armaduras de barras lisas eram retas e
terminavam em gancho; as de barras com mossas e saliências, também eram retas, mas não
tinham ganchos nas extremidades.

a) Tipos de ruptura
Sempre que a inclinação da biela se manteve superior a 400 ( > 400):

1. Apareceu fissura ligando a face pilar a


estaca;

2. Com o aumento progressivo da carga,


houve esmagamento da biela junto ao pilar,
junto à estaca, ou nos dois lugares,
simultaneamente.

3. Fez-se exceção aos corpos de prova onde


o escorregamento das armaduras mal
ancoradas se deu prematuramente, e isso só
ocorreu para as barras que tinham mossas e Figura 4.11 - Fissuras junto ao pilar e
saliências. esmagamento da biela

b) Outras considerações

- influência da inclinação das bielas:

• Com  < 400, as tensões no concreto e no aço, calculadas pelos procedimentos de bielas
(treliças) resultam valores inferiores aos encontrados experimentalmente;

• As cargas de ruptura, calculadas com as tensões obtidas pelo método das treliças (bielas),
quando  > 400, também resultam menores que as encontradas experimentalmente;

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 115


• Quando  > 600, admite-se por extensão do que ocorre com blocos de 3 e 4 estacas, poderá
ocorrer para cargas inferiores às calculadas com as tensões médias dos ensaios em que 
> 400, um escorregamento da biela, muito próxima da vertical, em relação à face do pilar;

ii) Blocos sobre 03 Estacas

Na 1.ª série, com modelos reduzidos, as disposições das armaduras utilizadas são as indicadas
na figura 4.14.

Figura 4.12 - Série de modelos, de blocos sobre 03 estcas, ensaiados por Blevot

Na 2.ª série, com modelos em tamanho natural, foram ensaiados dois grupos de blocos:

a) com inclinações de bielas,   400 e, duas disposições de armadura: de acordo a figura 4.14
(a) ou (b) acrescidas de malha para distribuição de fissuras e, 4.14 (d);

b) as mesmas disposições de armaduras citadas em “a”, mas, com inclinação da biela,   550

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 116


a) Tipos de ruptura

Figura 4.13 - Fissuras e ruptura de blocos sobre 03 estacas

- Na maioria dos casos verificou-se a ruptura a partir de fissura que se iniciavam nas estacas,
ocasionando o destacamento de parte do bloco, conforme se observa na figura 4.15 (c);

- Na disposição de armadura apresentada na figura 4.14 (d) verificou-se ruptura por tração no
concreto, do tipo “escorregamento por baixo” indicando a necessidade de armadura de
levantamento de carga (cisalhamento), conforme se destaca na figura 4.15 (d);

- As disposições de armaduras apresentadas em 4.14 (a), (b) e (d) mostram igualmente


eficientes, desde que as armaduras segundo os lados, sejam preponderantes;

- Quando se arma com cintas (figura 4.14 (b)) a fissuração lateral é menor do que quando a
armação tem a disposição de armaduras, segundo os lado (figura 4.14 (a));

- E qualquer das duas, citadas acima, com malha, monstraram-se mais eficientes, com relação
à fissuraçaõ de baixo do bloco;

- As disposições de armaduras 4.14 c) e e) apresentaram carga de ruptura muito baixas;

- Influência das inclinações das bielas

• Quando as inclinações das bielas se mantém entre 400 <  < 550 os valores das cargas de
ruptura calculadas pelo método das bielas são em média inferiores do que aquelas obtidas
nos ensaios, mesmo com o crescimento da percentagem de armadura;

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 117


• Se  < 400 ou  > 550, os ensaios mostraram que as cargas de ruptura obtidas nos ensaios
são menores do que as cargas de rupturas calculadas pelo método das bielas;

• Segundo Gertshenchtein (1972) Blevot e Framy (1972) verificaram que para  < 550
houve escorregamento das bielas, próximo às faces do pilar. Esse escorregamento pode
ser entendido como fissuras decorrentes do efeito de bloco parcialmente carregado;

b) Outras considerações

- De modo geral as rupturas são bastante complexas, todavia, em nenhum dos casos houve
rupturas nitidamente provocadas por punção do pilar. Pode-se, portanto, dizer que, mantidas as
restrições de inclinação e de tensão máxima de compressão nas bielas, a ruptura não se da por
punção, mas, após escorregamento da armadura.

- Os resultados da 2.ª série confirmaram os da 1.ª série

iii) Blocos sobre 04 Estacas

Na 1.ª série, com modelos reduzidos, as disposições das armaduras foram as indicadas na figura
abaixo.

Figura 4.14 - Modelos de blocos sobre 04 estacas, ensaiadas por Blevot

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 118


Na 2.ª série, com modelos em tamanho natural, foram ensaiados dois grupos de blocos:

a) Com bielas inclinadas a 450 e, com duas disposições de armadura: figura 4.16 (a) ou (b)
acrescidas de malha para distribuição de fissuras e, segundo a disposição de armadura da figura
4.16 (d);

b) As mesmas disposições de armaduras citadas em “a”, mas, com a inclinação da biela


aproximadamente 550.

- Tipos de ruptura

Figura 4.15 - Fissuras e rupturas em bloco sobre 04 estacas

- Também para os blocos sobre 04 estacas foram observados vários corpos de prova, que a
ruptura de dava a partir de fissuras saído da estaca, ocasionando destacamento de uma parte do
bloco (Figura 4.16 (a)).

- As configuras de armaduras apresentadas nas figuras 4.15 (a), (b), (c) e (d) apresentaram a
mesma segurança, enquanto a configuração da figura 4.15 (e), com taxa de armadura (em
peso) aproximadamente igual ao da configuração 4.15 (a) apresentou uma carga de ruptura
20% menor que as demais;

- O ensaio do bloco com disposição de armadura da figura 4.15 (c) apresentou fissuras laterais
muito grandes para cargas baixas. Já, para os detalhes de armaduras, indicados nas figuras 4.15
(a) e (b) as fissuras apareceram na face inferior e mostrou a importância de se acrescentar, nessa
face, uma malha de armadura fina para distribuição dessas fissuras;

- O bloco com configuração de armadura do tipo da figura 4.15 (d) apresentou o melhor
comportamento à fissuração, por causa da presença de armaduras na periferia e nas diagonais
da base do bloco.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 119


- Influência da inclinação das bielas

• Relativamente a inclinação das bielas valem as mesmas observações feitas para os blocos
sobre 03 estacas;

• Quanto ao puncionamento, valem os mesmos comentários feitos para blocos sobre 03


estacas.

Segundo Gertsenchtein (1972) adaptando os resultados encontrados por Blevot e Famy (1972)
considera os valores máximos das tensões de compressão superiores às de Blevot, visto que
Blevot e Framy (1972) consideraram a relação entre a tensão última obtida nos ensaios e a
tensão cúbica, certo valor, aplicando a este um coeficiente de segurança, da ordem de 1,65, em
virtude de se considerar a resistência obtida em corpos de provas cilíndricos. Limitou também
a máxima tensão de cisalhamento a 1,6*fck, tendo em vista que as tensões de ruptura obtidas
nos ensaios variaram de 2,6 a 4 vezes fck. O valor de 1,6 corresponde à divisão de 2,6/1,65

Figura 4.16 - Tensões junto ao pilar e junto à estaca

Feitas as considerações acima foi montado o quadro 4.2, com um resumo dos valores a serem
considerados para Blocos de 02, 03 e 04 estacas, respectivamente.

A ABNT NBR 6118 (2014 – item 24.5.7.3) considera que, quando em uma determinada seção
atua uma força inclinada de compressão, com suas componentes de cálculo NSd aplicada em
uma seção eficaz Ae (Acp ou AcE), as condições de segurança devem ser calculadas por:

σc,sd ≤ σc,Rd = 0,85fcd 4.13

Para todos os casos, tanto junto ao pilar, quanto junto às estacas, recomenda:
- junto ao pilar:

γn ∗Nsd γn ∗γmaj. Nsk 0,85∗fck


σcp,d = ≤ 0,85 ∗ fcd → ≤
Acp ∗sen2 θ Acp ∗sen2 θ γmin.

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 120


Nsk 0,85∗fck 0,43
≤ = fck 4.14
Acp ∗sen2 θ 1,4∗1,4∗γn 𝛾𝑛

A ABNT NBR 6118 (2014 – item 22) considera os blocos sobre estacas como elementos
estruturais especiais que se caracterizam por um comportamento que não respeita a hipótese
das seções planas, por não serem suficientemente longos para que se dissipem as
perturbações localizadas e, devem ser calculados e dimensionados por modelos teóricos
apropriados. Recomenda ainda que, tendo em vista a responsabilidade desses elementos
estruturais, devem-se majorar as solicitações de cálculo por um coeficiente de ajustamento
n, conforme instruções da ABNT NBR 8681 (2003 – item 5.3.3).

γn = γn1 ∗ γn2 (Variando, portanto, de 1,0 a 1,44)

Onde:

n1 ≤ 1,2 em função da ductilidade de uma eventual ruína;


n2 ≤ 1,2 em função da gravidade das consequências de uma eventual ruína

- junto às estacas:

γn ∗ Nsd γn ∗ γf,maj. ∗ Nsk fck


σce,d = ≤ 0,85 ∗ fcd → ≤ 0,85 ∗
AcE ∗ nE ∗ sen2 θ AcE ∗ nE ∗ sen2 θ γmin.

nE = n.º de estacas

Nsk 0,85 0,43


≤ f = fck 4.15
AcE ∗nE ∗sen2 θ 1,4∗1,4∗γn ck γn

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 121


Quadro 4.3 - Tensões no concreto e aço, na ruptura, nos blocos ensaiados por Blevot e Framy (1972)
Bloco sobre 02 estacas Bloco sobre 03 estacas Bloco sobre 04 estacas Equações
No caso de bloco sobre 02 estacas a tensão foi de No caso de bloco sobre 03 estacas a tensão foi No caso de bloco sobre 04 estacas a tensão foi
40% superior, resultando um  = 1,4. de 75% superior, resultando um  = 1,75 em torno de 111% superior, resultando um 
= 2,11

Dessa forma se escrevem as tensões: Dessa forma se escrevem as tensões: Dessa forma se escrevem as tensões:

- junto ao pilar C(pilar) - junto ao pilar C(pilar) - junto ao pilar C(pilar)

Nsk  ∗ fck Ns  ∗ fck Ns  ∗ fck


≤ ≤ ≤
Acp 2θ 1,65 Acp 2θ 1,65 Acp 2θ 1,65
NE ∗ nE ∗ sen NE ∗ nE ∗ sen NE ∗ nE ∗ sen

Nsk Ns Ns
≤ 0,85fck ≤ 1,06fck ≤ 1,28fck 4.16
Acp ∗ sen2 θ Acp ∗ sen2 θ Acp ∗ sen2 θ

- junto à estaca C(estaca) - junto à estaca C(estaca) - junto à estaca C(estaca)

Ns  ∗ fck Ns  ∗ fck Ns  ∗ fck


2
≤ 2
≤ 2

AcE ∗ nE ∗ sen θ 1,65 AcE ∗ nE ∗ sen θ 1,65 AcE ∗ nE ∗ sen θ 1,65

Ns Ns Ns
≤ 0,85fck ≤ 1,06fck ≤ 1,28fck
2 ∗ AcE ∗ sen2 θ 3 ∗ AcE ∗ sen2 θ 4 ∗ AcE ∗ sen2 θ 4.17

prof.º M.Sc. João Carlos de Campos Página 122


Comparando os limites, apresentados por Blevot, NBR 6118 (2014) e Montoya e Meseguer
(1973), pode-se observar que os valores limites de tensões encontrados por Blevot e Framy
(1972) são maiores, possibilitando com isso dimensões menores para as seções transversais dos
pilares, junto aos blocos.

Blevot - Gertsenchtein (1972) NBR 6118 (2014) Montoya e Meseguer (1973)


- junto ao pilar C(pilar) - junto ao pilar - junto ao pilar

Nsk  ∗ fck γn ∗ Nsd


≤ 0,85 ∗ fcd
1,5 ∗ Nsd
≤ Acp ∗ sen2 θ ≤ 0,6 ∗ fcd
2
Acp ∗ sen θ 1,65 Acp ∗ sen2 θ

 = 1,4; 1,75 e 2,11 para os Blocos Nsk 0,43 ∗ fck Nsk 0,31 ∗ fck
2
≤ ≤
de 2, 3 e 4 estacas, Acp ∗ sen θ γn = (1,0 a 1,44) 2
Acp ∗ sen θ γn = 1,5
respectivamente.

- junto às estacas C(estaca) - junto às estacas - junto às estacas


Ns  ∗ fck γn∗ Nsd
≤ ≤ 0,85 ∗ fcd 1,5 ∗ Nsd
2
AcE ∗ nE ∗ sen θ 1,65 AcE ∗ nE ∗ sen2 θ ≤ 0,6 ∗ fcd
AcE ∗ nE ∗ sen2 θ
Nsk 0,43 ∗ fck Nsk 0,31 ∗ fck
≤ 2

2
AcE ∗ nE ∗ sen θ γn AcE ∗ nE ∗ sen θ γn = 1,5

Levando-se em consideração os resultados favoráveis apresentados por Blevot e Framy (1972),


os limites de tensões da NBR 6118 (2014) acima podem ser modificados para:

Quadro 4.4 - Limites da NBR 6118, com as considerações de Blevot e Framy (1972)
Blocos sobre 02 estacas Blocos sobre 03 estacas Blocos sobre 04 estacas
- junto ao pilar: =1,4 - junto ao pilar: =1,75 - junto ao pilar:  = 2,11

γn ∗ Nsd γn ∗ Nsd γn ∗ Nsd


≤ 0,85 ∗  ∗ fcd ≤ 0,85 ∗  ∗ fcd ≤ 0,85 ∗  ∗ fcd
Acp ∗ sen2 θ Acp ∗ sen2 θ Acp ∗ sen2 θ

γn ∗ Nsd γn ∗ Nsd γn ∗ Nsd


≤ 1,20 ∗ fcd ≤ 1,5 ∗ fcd ≤ 1,8 ∗ fcd
Acp ∗ sen2 θ Acp ∗ sen2 θ Acp ∗ sen2 θ

- junto às estacas - junto às estacas - junto às estacas

γn∗ Nsd γn∗ Nsd γn∗ Nsd


≤ 0,85 ∗ fcd ≤ 0,85 ∗ fcd ≤ 0,85 ∗ fcd
AcE ∗ nE ∗ sen2 θ AcE ∗ nE ∗ sen2 θ AcE ∗ nE ∗ sen2 θ

Nsk 0,43 ∗ fck Nsk 0,43 ∗ fck Nsk 0,43 ∗ fck


2
≤ 2
≤ 2

AcE ∗ nE ∗ sen θ γn AcE ∗ nE ∗ sen θ γn AcE ∗ nE ∗ sen θ γn

Importante destacar que: Na verificação junto ao pilar considera-se somente a carga que chega
na fundação, mas, na verificação junto às estacas a carga Nsk a ser considerada, deve-se levar
em conta o peso do bloco, diferentemente da sapara, onde a carga de peso próprio desce
diretamente para o solo.

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 123


3.7. Recomendações e considerações sobre a limitação de 400 <   600

a) Importante observar e influência que as inclinações das bielas representam no método.

Figura 4.17 - Inclinação da biela: a) maior que 450, b) menor que 450

Quando o ângulo é menor do que 450, a forças, tanto na biela, quanto no banzo inferior
aumentam, passando o bloco a ter comportamento de viga, cujos esforços são calculados por
flexão e, portando, sendo necessárias armaduras de levantamento de cargas (estribos ou barras
dobradas).

Por outro lado, quando o ângulo for superior a


600, embora os esforços diminuam, podem surgir
esforços de tração, perpendicular à biela,
decorrente do funcionamento de bloco
parcialmente carregado. O bulbo das tensões,
devido à biela, aumenta provocado pela abertura
da carga, ao caminhar do pilar à estaca. Nesses
casos necessitar-se-á de armadura transversal
para absorver essa tração.
Figura 4.18 - Comportamento de bloco parcilamente carregado

No caso do bloco ser muito alto o comportamento de biela descendo diretamente aos apoios se
descaracteriza, como se pode observar, pelas figuras 4.19 e 4.20.

A figura 4.19 indica o caso de um bloco muito alto >>>600. Nesses casos pode-se perceber
claramente o desenvolvimento de dois níveis de tração Ft e F’t, isto é, o andamento da carga do
pilar para atingir as estacas, se faz através de duas treliças.

O aparecimento dessas duas treliças decorre da compatibilização de deformação da peça. Seria,


portanto, falso imaginar apenas uma treliça única unindo o pilar às estacas.

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 124


a) Tensões pela teoria da b) Sistema equivalente de c) Sistema inadequado de
elasticidade bielas bielas
Figura 4.19 - Blocos muito altos

Na figura 4.19: b) e c) os sistemas aparecem simultaneamente e constituem um sistema


hiperestático.

Existe necessidade de se colocar armadura no nível de Ft e no nível de F’t, conforme se observa


no fluxo de tensões.

a) Tensões pela teoria da b) Sistema equivalente de c) Sistema equivalente de


elasticidade bielas bielas
Figura 4.20 –

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 125


a) Tensões pela teoria da Elasticidade b) Sistema equivalente de Bielas
Figura 4.21 - Biela com inclinação < 600

É importante, portanto, que, ao se imaginar o esquema de treliça, ele tenha ângulos que sejam
compatíveis com aqueles que se desenvolve na peça. (figura 4.19-a)

a) Isostáticas – peça não b) Sistema equivalente de c) Sistema equivalente de


fissurada - bielas bielas
Figura 4.22 - Biela para q > 300 e < 300

Os sistemas de b e c coexistem

2.1.6 - Recomendações para o dimensionamento das armaduras


As recomendações que seguem foram extraídas por Gertsenchtein (1972), dos ensaios
realizados por Blevot e Framy (1972).

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 126


Quadro 4.5 – Resumo das recomendações para o dimensionamento (figuras 4.5)
iv) Blocos com duas estacas v) Blocos com três estacas vi) Bloco com quatro estacas Equações

- Altura útil do bloco - Altura útil do bloco - Altura do bloco


Deve-se ter: 400 <  < 600 Deve-se ter: 450 ≤  ≤ 550 Deve-se ter: 450 ≤  ≤ 550
Preferencialmente: 450 ≤  ≤ 550
Resultando: Resultando: Resultando:
bp bp bp bp bp bp 4.18
0,5 (𝑙 − ) ≤ d ≤ 0,71(𝑙 − ) 0,58 (𝑙 − ) ≤ d ≤ 0,825(𝑙 − ) 0,71(1 − ) ≤ d ≤ (𝑙 − )
2 2 2 2 2 2
- Armadura necessária - Armaduras necessárias
Ns 1 Ns b Ns √3 bp Armaduras necessárias
Rs = 1,15 ∗ = 1,15 ∗ (𝑙 − ) R s,diag. = ∗ (𝑙 − ) a) Segundo as diagonais 4.19
2 tgθ 4d 2 9d 2
a) Segundo somente os lados: Ns 1 Ns √2 b
Nsd b R s,diag. = ∗ = ∗ (𝑙 − )
Nsd bp 4 tgθ 8d 2
R sd = 1,15 ∗ (𝑙 − ) → (∗ 1) R sd(lados) = ∗ (𝑙 − )
4d 2 9d 2 b) Segundo somente os lados:
b) Segundo os lados e diagonais: Nsd bp 4.20
R sd(lados) = ∗ (𝑙 − )
8d 2

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 127


α ∗ Nsd bp c) Segundo os lados e diagonais:
R sd(lados) = ∗ (𝑙 − ) α ∗ Nsd bp
9d 2 R sd(lados) = ∗ (𝑙 − )
(1 − α) ∗ Nsd ∗ √3 bp 8d 2
R sd(diag.) = ∗ (𝑙 − ) (1 − α) ∗ Nsd ∗ √2 bp
9d 2 R sd(diag.) = ∗ (𝑙 − )
8d 2
2/3 ≤  ≤ 4/5
1/2 ≤  ≤ 2/3
R 4.21
As = sd⁄f
yd
- Quando se refere, segundo os lados, pode ser barras, segundo os lados, ou cintas, segundo os lados.

- (*1) A tensão de tração no aço, calculada pelo processo das bielas, foi, em média 15% inferior à tensão de escoamento, real ou
convencional, do aço.
- Importante destacar que, para o cálculo da armadura, a carga Nsk a ser considerada, deve-se levar em conta o peso do bloco,
diferentemente da sapara, onde a carga de peso próprio desce diretamente para o solo.

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 128


2.1.7 Recomendações para detalhamento
Disposições Construtivas

Deve-se procurar dispor as estacas de modo a conduzir à menor dimensão de bloco possível.
A seguir algumas recomendações e disposições para os casos mais usuais: blocos com uma
até seis estacas.

- Embora a NBR 6122 não especifica a distância mínima entre estacas, recomenda-se:

2,5 ∗ dE → para estacas pré − moldadas


𝑙 ≥ {3,0 ∗ dE → para estacas moldadas in-loco
60 cm

(ver outras especificações em 3.1.3 – Grupos de estacas)

- A distância “a” entre a estacas e a borda do bloco mais próxima deve ser de (1,0 a 1,5)dE ou
ainda dE+15 cm, o maior. A largura “b” do bloco com estacas alinhadas deve ser no mínimo
igual a “2*a”.

Figura 4.23 - Disposições construtivas

- O espaçamento “l” entre as estacas do mesmo bloco, também é o mesmo entre estacas de
blocos contíguos (ao lado).

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 129


Figura 4.24 - Distância entre estacas de blocos contíguos

- Quando as estacas estão alinhadas, sempre que possível alinhá-las também com a maior
dimensão do bloco, bem como com a maior dimensão do pilar.

Figura 4.25 - Blocos com estacas alinhadas na direção do pilar – recomendação

a) Bloco sobre 02 estacas

Figura 4.26 - Detalhamento bloco sobre 02 estacas

- Armaduras complementares

A princípio somente as armaduras principais seriam suficientes, para absorverem as


imperfeições de obra. No caso do eixo do pilar não coincidir com o eixo das estacas, essa

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 130


armadura torna-se necessária, todavia, recomenda-se que tais armaduras sejam colocadas,
principalmente para o caso de blocos sobre 02 estacas.

- Armadura de pele (lateral ou “costela”)

Recomenda-se além da armadura inferior principal, uma armadura complementar lateral (de
pele) igual a:

(0,2 a 0,3)As,long.
As,lat.  {
0,10% Ac,alma (em cada face)

Não sendo necessária uma armadura superior a 5 cm2/m por face.

Largura fictícia para o cálculo da armadura


lateral:

bfic. = dE + 2t 4.22

Figura 4.27 - Largura fictícia

Deverá ser obrigatório, quando h  60 cm (aumento da vida útil da peça). No caso de blocos
sobre 02 estacas, sempre utilizar a armadura lateral.

Essa armadura tem dupla finalidade, ou seja: auxiliar na absorção de possíveis momentos de
torção decorrente da falta de alinhamento do bloco com as estacas; e dar ao bloco uma ruptura
mais dúctil.

Figura 4.28 - Excentricidade por falha de locação ou cravação

• Diâmetro da armadura lateral: lat.  12,5 mm


• Espaçamento (Recomendação da ABNT NBR 6118 – 2014 – item 18.3.5)
d/3
s ≤ {
20 cm

- Armadura de arranque dos pilares

O bloco deve ter altura suficiente para permitir a ancoragem da armadura de arranque (já visto
em sapatas). Nessa ancoragem pode-se considerar o efeito favorável da compressão transversal
às barras decorrente da flexão (ou biela).

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 131


Mautoni (1971) recomenda alguns detalhes para blocos sobre duas estacas, base de seus estudos

- Blocos com inclinação de bielas superior a 450 usar armadura de pele (armadura lateral) para
absorver esforços da ordem de 20 a 25% da reação da estaca

- Armadura construtiva na face superior do bloco:


1
A′s ≅ 5 As (podendo chegar até 1/8 de As, nos casos de blocos com estacas moldadas “in-
lo” de grande diâmetro)

- armaduras dos estribos:

 10 mm, para aços comuns


• Diâmetro: e ≥ {
 8 mm, para aços especiais

12 cm , quando Ns ≤ 800 KN
• Espaçamentos: st ou se ≤ {
10 cm, quando Ns > 800 KN

- Para blocos com inclinação de bielas inferior a 400 calcular os estribos pelo critério de viga.

Figura 4.29 - Detalhe das armaduras de BL sobre 02 estacas - Mautoni (1971)

- o início do dobramento do gancho deve ser fora da cabeça da estaca;


- dobrar em gancho horizontal as extremidades a armadura de pele.

b) Bloco sobre 03 estacas

- A ancoragem das armaduras deve obedecer aos mesmos detalhes apresentados, para as barras
tracionadas e apresentados na figura 4.18, referente ao bloco sobre 02 estacas;

- No caso de cintas as emendas devem ser feitas por superposição mínima igual ao comprimento
de ancoragem de barras tracionadas.

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 132


- Quando se utilizar armaduras
somente segundo os lados ou
cintas, recomenda-se a colocação
de uma malha para reduzir a
fissuração do fundo do bloco. A
armadura da malha deve ter área de
1/5*As(lados), em cada direção.

Figura 4.30 - BL 03 Estacas com armaduras segundo os lados e malha

c) Bloco sobre 04 estacas

Figura 4.31 - Detalhamento de blocos sobre 04 estacas

- No caso da existência de armaduras somente segundo os lados, recomenda-se a colocação de


malha inferior (na base do bloco) com seção total, em cada direção, pelo menos igual a 1/5 da
armadura principal (As(lados) );

Figura 4.32 - Armadura segundo os lados (ou cinta) e malha

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 133


- Tendo em vista a observação feita para os blocos sobre 03 estacas, de que a eficiência do bloco
com malha se reduz para 80%, recomenda Blevot e Framy (1972) que as armaduras segundo
os lados sejam calculadas por:

α∗Nsd bp
R sd(lados) = (𝑙 − ) 4.23
8d 2

E armadura distribuída da malha igual a:


2,4∗(1−α)∗Nsd bp
R sd(malha) = (𝑙 − ) (em cada direção) 4.24
8d 2

Mantendo 3/4 ≤  ≤ 6/7 (recomenda-se  = 0,8)

- Recomendações gerais

A ABNT NBR 6118 (2014 – item 22.2) considera os blocos sobre estacas como elementos
estruturais especiais que se caracterizam por um comportamento que não respeita a hipótese
das seções planas, por não serem suficientemente longos para que se dissipem as
perturbações localizadas e, devem ser calculados e dimensionados por modelos teóricos
apropriados. Recomenda ainda que, tendo em vista a responsabilidade desses elementos
estruturais, devem-se majorar as solicitações de cálculo por um coeficiente de ajustamento
n, conforme instruções da ABNT NBR 8681 (2003 – item 5.3.3).

γn = γn1 ∗ γn2 (Variando, portanto, de 1,0 a 1,44)

Onde:

n1 ≤ 1,2 em função da ductilidade de uma eventual ruína;


n2 ≤ 1,2 em função da gravidade das consequências de uma eventual ruína

A ductilidade é uma medida da capacidade do elemento estrutural se deformar antes que a


ruptura ocorra e, é definida como a capacidade de um material, seção, elemento ou sistema
estrutural, deformar-se não elasticamente (inelasticamente), antes do colapso, sem perda
substancial de sua resistência.

- Disposição das armaduras sobe as estacas

De acordo com a ABNT NBR 6118 (2014 – item 22.5.4.1.1), a armadura de flexão deve ser
disposta essencialmente (mais de 85%) nas faixas definidas pelas estacas, em proporções de
equilíbrio das respectivas bielas.

Recomenda-se que as armaduras sejam posicionadas sobre a cabeça das estacas, ou seja,
distribuídas em 1,0 a 1,2 vezes o diâmetro da estaca.

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 134


Figura: distribuição das armaduras, sobre a cabeça das estacas

- Ancoragem junto à estaca


- O comprimento de ancoragem necessário pode ser calculado, segundo a ABNT: NBR 6118
(2014 – item 9.4.2.5) por:
As,cal
𝑙b,nec = α𝑙b  𝑙b,min (0,3𝑙b , 10 e 100 mm) 4.25
As,ef

Onde:
 = 1,0 para barras sem gancho;
 = 0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano normal ao do gancho ≥
3 ;
 = 0,7 quando houver barras transversais soldadas conforme 9.4.2.2 (NBR 6118)
 = 0,5 quando houver barras transversais soldadas conforme 9.4.2.2 (NBR 6118) e gancho,
com cobrimento no plano normal ao do gancho ≥ 3 ;

 fyd
𝑙b = 4.26
4 fbd

fbd = 1 2 3 fctd 4.27

(1=2,25; 2=1,0; 3=1,0 - ver ABNT: NBR 6118 – item 9.3.2.1)


2/3
0,7fct,m 0,21fck 2/3
fctd = = = 0,15fck 4.28
γc 1,4

Tabela 4.1 - Valores de *lb


20 25 30 35
Reto s/gancho 44 38 34 30
Com gancho 31 27 24 21
As,cal
𝑙b,nec = α𝑙b  𝑙b,min (0,3𝑙b , 10 e 100 mm)
As,ef

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 135


Figura 4.33 - Ancoragem da armadura principal, junto à estaca

- O valor do comprimento necessário pode ser reduzido em 20% pelo fato da compressão da
biela ser um efeito favorável

- As barras devem se estender de face a face do bloco e terminar em gancho nas duas
extremidades. Para barras com  ≥ 20 mm devem ser usados ganchos de 135º ou 180º.

- Ganchos nas extremidades das barras

Quanto ao detalhamento a ABNT: NBR 6118 (2014 - item 22.4.4.1.1) recomenda que a
armadura de flexão deva ser uniformemente distribuída ao longo da largura da sapata,
estendendo-se integralmente de face a face da mesma e terminando em gancho nas duas
extremidades. Os ganchos das armaduras de tração seguem as determinações da ABNT: NBR
6118 (2014 - item 9.4.2.3).

Figura 4.34 – Ganchos

Para barras com  ≥ 20 mm devem ser usados ganchos de 135° ou 180°. Para barras com  ≥ 25
mm deve ser verificado o fendilhamento em plano horizontal, uma vez que pode ocorrer o
destacamento de toda a malha da armadura.

Tabela 4.2 - Diâmetro de dobramento dos pinos (pino)


Bitola (mm) CA-25 CA-50 CA-60
< 20 4 5 6
 20 5 8 -
Fonte: ABNT: NBR 6118 (2014 – item 9.4.2.3)

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 136


- Deve ser garantida a ancoragem das armaduras de cada uma dessas faixas, sobre as estacas,
medida a partir da face das estacas. Pode ser considerado o efeito favorável da compressão
transversal às barras, decorrente da compressão das bielas.

- Armadura complementar em malha (armadura de distribuição)

Para controlar a fissuração, deve ser prevista armadura adicional em malha uniformemente
distribuída em duas direções para no máximo 20% (1/5) dos esforços totais, completando a
armadura principal, calculada com uma resistência de cálculo de 80% de fyd. (NBR 6118 –
2014 – item 22.5.4.1.2 e 22.7.4.1.2)

- Armadura de suspensão

Se for prevista armadura de distribuição para mais de 25 % dos esforços totais ou se o


espaçamento entre estacas for maior que 3 vezes o diâmetro da estaca, deve ser prevista
armadura de suspensão para a parcela de carga a ser equilibrada (NBR 6118 – 2014 – item
22.7.4.1.3).

Quando a armadura for uniformemente distribuída (malha, por exemplo) há uma tendência da
biela de compressão se apoiar fora da estaca exigindo uma armadura de levantamento. A
inexistência dessa armadura pode permitir uma ruptura por tração do concreto, conforme indica
a figura 4.31. Essa ruptura é típica de carregamento por baixo.

Figura 4.35 - Bielas - Situação idealizada e situação real

Embora o modelo de bielas parte do pressuposto que toda carga vertical seja transmitida às
estacas por meio de bielas principais comprimidas, o comportamento real revela que, à medida
que as estacas se distanciam entre si (acima de 3dE), a carga tende a descer a 450 e, diante disso
surgem bielas secundárias entre as estacas, ou seja, parte da carga vertical se propaga para o
intervalo entre as estacas – região onde não existe apoio. Logo, deve-se levantar essa parcela
da carga por meio de armaduras de suspensão, calculada da seguinte maneira:
Nsd
Asusp. = 4.29
1,5∗nE ∗fyd

Sendo que Nsd é a carga vertical oriunda da superestrutura, acrescida do peso próprio do bloco.
Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 137
Esse tipo de ruptura foi observado por Blevot e Framy ( 1967) com o detalhamento com o
detalhamento da figura 4.31-a) e por Leonhardat.

Figura 4.36 - Blocos sobre 04 (armadura em malha) e 03 estacas (armadura segundo as diagonais)

Leonhardt e Mönnig (1978 – vol.3) sugerem a colocação de estribos segundo os lados.

Figura 4.37 - Armadura de levantamento segundo Leonhardt

Como não tem sido usual a utilização de estribos em blocos, pela dificuldade de detalhamento,
sugere-se evitar a utilização de blocos somente com malhas, nos blocos sobre 04 estacas, bem
como somente armadura segundo as diagonais, no caso de blocos sobre 03 estacas.

Para equilibrar parcela da carga (para blocos com no mínimo 3 estacas), segundo a ABNT NBR
6118 (2014 – item 22.5.4.1.3), deverá ser utilizada nos casos em que a armadura de distribuição
for superior a 25% dos esforços totais ou, se o espaçamento entre estacas for maior que 3*dE.

- Armaduras de pele (armadura lateral)

Em peças de grande altura ou com grandes cobrimentos para armadura principal recomenda-se
a armadura lateral com a finalidade de reduzir fissuras. Essas armaduras devem ser localizadas
nas faces do bloco, com área mínima de:

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 138


(0,2 a 0,3)As,long.
As,lat.  {
0,10% bfic. ∗ h (em cada face)

Não sendo necessário uma armadura superior a 5 cm2/m, por face (NBR 6118-2014 – item
17.3.5.2.3)

Em blocos de 03 ou mais estacas o valor


de bfic. pode ser tomado igual a 2*a.

O espaçamento dessa armadura latreal


não deve ser superior a 20 cm.

Figura 4.38 - Largura fictícia

- No caso de várias camadas de armaduras não se pode ancorar com gancho. Nestes caso
utiliza-se do seguinte detalhe:

Neste caso cria-se um dente para se


conseguir o comprimento de ancoragem
reta necessário. É recomendável fazer
uma fretagem das barras nessa região
(fazer uma gaiola). Utiliza-se apara tanto
armaduras com área igual a 0,2 à 0,3 da
área da armadura principal.

Figura 4.39 - Consolo no bloco para ancoragem reta

Não deve ser esquecida a armadura desse consolo para a carga de terra.

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 139


Exemplo 1 - Dimensionamento de bloco sobre estacas, com carga vertical
centrada
Dado a planta de carga e locação dos pilares, dimensionar e detalhar o Bloco sobre estaca
para o pilar P3. Considerar: a) estaca pré-moldada, vazada, com 26 cm de diâmetro externo e
6 cm de espessura da parede. Sua carga admissível à compressão é de 500KN. A distância
mínima entre eixos de estaca é de 70 cm; b) concreto do bloco fck = 20 MPa; c) Aço CA50,
para armação do Bloco;

Figura 4.40 - Exemplo 4.1

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 140


- Determinação do n.º de estacas

Uma vez escolhido o tipo de estaca: estaca pré-moldada, vazada, com 26 cm de diâmetro
externo e 6 cm de espessura da parede. Sua carga admissível à compressão é de 500KN. A
distância mínima entre eixos de estaca é de 70 cm, determina-se o n.º de estacas necessárias.
P3 (22X50)

Segundo a ABNT: NBR 6122 (2019 – item 5.6) será considerado para peso próprio dos
elementos de fundação (bloco de coroamento e sapatas), um valor mínimo de 5% da carga
vertical permanente.

Recomenda-se, no entanto, 5% a 10% da carga permanente, como peso próprio do bloco mais
peso de terra acima do bloco, se houver: sendo, 5% para sapatas flexíveis e, de 5 a 10% para
as sapatas rígidas.

Quando não se conhece separadamente a parcela permanente, pode-se considerar, para


edifícios residenciais e comerciais, que a carga permanente corresponda a 70% da carga total,
ou ainda, que o peso próprio do elemento de fundação corresponda 5% da carga total (utilizar
o maior valor)

- Carga permanente:

Gk = 1.650 ∗ 0,7 = 1.155 KN (carga permanente da estrutura)

- Carga variável:

QK = 1.650 ∗ 0,3 = 495 KN

- Estimativa do peso bloco, mais terra sobre o bloco

Gsap.+terra =0,1*1.155= 115,5KN ou 0,05*1650= 82,5 KN

[Fsk + Gk,(sap.+terra) ] 1.650 + 0,10 ∗ 1.155


NE = = = 3,53  4E
Carga Admissível da estaca 500

- N.º de estacas  4 estacas

- Dimensionamento do Bloco

- Embora a NBR 6122 (2010) não especifica a distância mínima entre estacas, recomenda-se:

2,5 ∗ dE → para estacas pré − moldadas


𝑙 ≥ { 3,0 ∗ dE → para estacas moldadas in-loco
60 cm

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 141


Figura 4.41 - Exemplo 4.1 - Bloc 04 Estacas

- Cálculo da Altura do Bloco: h = d + c

Para que se tenha 450 ≤  ≤ 550

Obs: Nas equações que se seguem o valor de “b” é sempre a menor dimensão do pilar e não a
distância do eixo da estaca à face do bloco.

b b 22 22
0,71 ∗ (l − ) ≤ d ≤ (l − )  0,71 ∗ (70 − ) ≤ d ≤ (70 − )
2 2 2 2

Logo: 41,89 ≤ d ≤ 52,5 - Adotando d = 50 cm; c = 5 cm; h = 55 cm

Verificação das tensões de compressão nas bielas, junto ao pilar e junto às estacas.

d 50
tgθ = = = 1,29  θ = 52,140
𝑙√2 b√2 (0,707 ∗ 70 − 0,354 ∗ 22)
2 − 4

1. Junto ao pilar

NSK
σcp,k = ≤ 1,28 ∗ fck ∴ Critério Blevot
Ac ∗ sen2 θ

1.650 ∗ 103
σcp,k = ≤ 1,28 ∗ 20
(220 ∗ 500) ∗ 0,7892

σcp,k = 15,14 MPa ≤ 1,28 ∗ 20 = 25,6 MPa → OK

γn ∗ Nsd
σcp,d = ≤ 1,2 ∗ fcd ∴ Critério NBR 6118
Ac ∗ sen2 θ

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 142


γn ∗ 1,4 ∗ 1.650 ∗ 103 20
σcp,d = = γn ∗ 21,22 MPa > 1,20 ∗ = 17,14 MPa → não passa
(220 ∗ 500) ∗ 0,622 1,4

- Alternativas:

1.ª alternativa: Cravar 05 estacas

b b 35 35
0,71 ∗ (𝑙 − ) ≤ d ≤ (𝑙 − )  0,71 ∗ (100 − ) ≤ d ≤ (100 − )
2 2 2 2

58,58 < d < 82,5 – será dotado d = 75

d 75
tgθ = = = 1,29  θ = 52,140
𝑙√2 b√2 (0,707 ∗ 100 − 0,354 ∗ 35)
2 − 4
4
γn ∗ 1,4 ∗ 1.650 ∗ ( ) ∗ 103 20
σcp,d = 5 = γn ∗ 16,95 MPa > 1,20 ∗ = 17,14 → OK
(35 ∗ 500) ∗ 0,623 1,4

2.ª alternativa: Aumentar a resistência do concreto do bloco de fck=20 MPa para fck=25 MPa

b b 35 35
0,71 ∗ (𝑙 − ) ≤ d ≤ (𝑙 − )  0,71 ∗ (100 − ) ≤ d ≤ (100 − )
2 2 2 2

58,58 < d < 82,5 – será dotado d = 75

d 75
tgθ = = = 1,29  θ = 52,140
𝑙√2 b√2 (0,707 ∗ 100 − 0,354 ∗ 35)
2 − 4
4
γn ∗ 1,4 ∗ 1.650 ∗ ( ) ∗ 103 25
σcp,d = 5 = γn ∗ 21,22 MPa > 1,20 ∗ = 21,43 → OK
(22 ∗ 500) ∗ 0,623 1,4

2. Junto à estaca – A cabeça da estaca deve ser maciça junto ao bloco

P
σce,k = ≤ 1,28 ∗ fck
4 ∗ Ae ∗ sen2 θ

1.650 ∗ 103
σcE,k = π ≤ 1,28 ∗ fck
4 ∗ (4 ∗ 2602 ) ∗ 0,7972

1.650 ∗ 103
σcE,k = π = 12,23 MPa ≤ 1,28 ∗ fck = 25,6 MPa → OK
4 ∗ (4 ∗ 2602 ) ∗ 0,7972

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 143


- Cálculo das Armaduras (segundo os lados e diagonais)

Figura 4.42 – Exemplo 4.1

1. Armaduras segundo os lados

Recomenda-se manter 1/2 ≤  ≤ 2/3 - adotando  = 0,6

Nsd= P = 1.650 KN; l = 70 cm ; a = bp (menor dimensão do pilar) = 30 cm;

fyk = 500 MPa = 50 KN/cm2 (tensão de escoamento do aço)

Recomenda ainda que, tendo em vista a responsabilidade desses elementos estruturais,


devem-se majorar as solicitações de cálculo por um coeficiente de ajustamento n, conforme
instruções da ABNT NBR 8681 (2003 – item 5.3.3).

γn = γn1 ∗ γn2

Onde:

n1 ≤ 1,2 em função da ductilidade de uma eventual ruína;


n2 ≤ 1,2 em função da gravidade das consequências de uma eventual ruína.

Como n é um parâmetro difícil de mensurar, será utilizado, o valor de 1,2.

α ∗ γn ∗ Nsd a 0,6 ∗ 1,2 ∗ 1,4 ∗ 1.650


Rs(𝑙) = ∗ (𝑙 − ) = ∗ (70 − 30⁄2) = 255,15 KN
8∗d 2 8 ∗ 55

As(l) = 255,15 / (50/1,15) = 5,87cm2 -- Adotado 4 

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 144


As =5,87 cm2
Bitola () As1 n.º de n.º de Barras
(mm) (cm2) barras Inteiro
12,5 1,227 4,78 5
16 2,011 2,92 3
20 3,142 1,87 2
25 4,909 1,20 2

2. Armadura segundo a diagonal

(1 − α) ∗ γn ∗ NSd √2 a 0,4 ∗ 1,2 ∗ 1,4 ∗ 1.650 ∗ √2


Rs(d) = ∗ (𝑙 − ) = ∗ (70 − 30⁄2) =
8∗d 2 8 ∗ 55

Rs(d) = 196,00 KN

R sd(d)
As(d) =
fyd

As(d) = 196,0 / (50/1,15) = 4,508 cm2 - Adotado 3 

As = 4,508 cm2
Bitola () As1 n.º de n.º de Barras
(mm) (cm2) barras Inteiro
12,5 1,227 3,67 4
16 2,011 2,24 3
20 3,142 1,43 2
25 4,909 0,92 1

3. Detalhamento do Bloco

Figura 4.43 - Exemplo 4.1 - Detalhamento

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 145


Quadro 4.6 - Resumo das condições de dimensionamento e detalhamento dos Blocos
Condição de não
Número de Altura útil Força de tração na armadura principal e esquema de
Esquema do bloco esmagamento das bielas
Estacas mínima disposição
junto ao pilar e estaca

Nsk
≤ 0,85fcd
Ac,p ∗ sen2 θ
bp
02 Estacas 0,58 ∗ (𝑙 − )
2 Nsk
≤ 0,85fcd
2 ∗ Ac,E ∗ sen2 θ

Nsd bp
R sd = 1,15 (𝑙 − )
4d 2

Nsk
≤ 1,06 ∗ fck
Ac,p ∗ sen2 θ
03 Estacas 𝑏 Nsd b
0,58 ∗ (𝑙 − ) Nsk R s1,d = (𝑙 − )
2 Nsd b 9d 2
≤ 1,06 ∗ fck (cintas ou segundo os lados)
3 ∗ Ac,E ∗ sen2 θ R sd = (𝑙 − )
9d 2 (1 − α)Nsd √3 b
(cintas segundo ou segundo R s2,d = (𝑙 − )
cada lado), mais malha de seção 9d 2
1/5 das cintas, em cada direção. (medianas)
2/3≤  ≤4/5

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 146


Junto ao pilar

Nsk
≤ 1,28 ∗ fck
Ac,p ∗ sen2 θ
𝑏 α ∗ Nsd b α ∗ Nsd b
04 Estacas 0,71 ∗ (𝑙 − ) R s1,d = (𝑙 − ) R s1,d = (𝑙 − )
2 Junto às estacas 8d 2 8d 2
(cintas ou segundo cada lado) (cintas ou segundo os lados)
Nsk
≤ 1,28 ∗ fck 2,4(1 − α) ∗ Nsd b (1 − α)Nsd √2 b
4 ∗ Ac,E ∗ sen2 θ R s2,d = (𝑙 − ) R s2,d = (𝑙 − )
8d 2 8d 2
(em cada direção da malha) (medianas ou diagonais)
¾ ≤  ≤ 6/7 ½ ≤  ≤ 2/3
4⁄ ∗ N
5 sk
Igual ao bloco de 4 ≤ 1,59 ∗ fck
05 Estacas 𝑎 Ac,p ∗ sen2 θ
estacas, com uma 0,71 ∗ (𝑙 − ) Mesmas disposições do bloco com 04 estacas
(4+1) 2
estaca central Nsk
≤ 1,28 ∗ fck
5 ∗ Ac,E ∗ sen2 θ

Não há necessidade de
05 Estacas 𝑎 verificação da tensão
0,85 ∗ (𝑙 − )
3,4 máxima de compressão 0,725 ∗ Nsd a
nas bielas R s,d = (𝑙 − )
5d 3,4
(cintas ou segundo os lados)
Malha: Armaduras distribuídas com seção mínima igual a ¼ da
armadura da seção das cintas, em cada direção.
06 Estacas Como acima, com 𝑎 Mesmas disposições que no caso anterior. Substituir nos cálculos
0,85 ∗ (𝑙 − )
Idem Ns, por 5/6*Ns.
(5+1) uma estaca central 3,4

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 147


𝑎
06 Estacas (𝑙 − ) Idem 𝛼 ∗ Nsd 𝑎
4 R s1,d = (𝑙 − )
Nsd 𝑎
6𝑑 4 R s1,d = (𝑙 − )
6𝑑 4
(cintas ou segundo os lados) (segundo as diagonais)
 =1
(1 − 𝛼) ∗ Nsd 𝑎 Malha: Armaduras distribuídas
R s2,d = (𝑙 − )
6𝑑 4 com seção mínima igual a ¼ da
(segundo as diagonais) 2/5 ≤  armadura da seção das cintas,
≤ 3/5 em cada direção.
07 Estacas Como acima, com 𝑎 Mesmas disposições que no caso anterior. Substituir
Idem
(6+1) uma estaca central (𝑙 − ) nos cálculos Ns, por 6/7*Ns
4

Nsd 𝑙 b1
06 Estacas
ldiag. Calcular igual ao bloco ( − )
sobre 04 estacas R s1,d o maior { 6𝑑 4 4
α ∗ Nsd
∗ 𝑙diag.
6
(segundo o lado menor)

(1 − α) ∗ Nsd
∗ 𝑙diag.
6
(segundo o lado maior)

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 148


No caso dos blocos com 06 estacas alinhadas 03 a 03
b2 2 𝑙1 b1 2
= √(𝑙 −
𝑙diag. ) +( − )
3 2 4
Caso 1 > 55 reduzir  para 400 e recalcular a altura útil, ajustando l1 para que todas as bielas fiquem com inclinação entre 400 e 550, de preferência.
0

Sendo: 1 o ângulo que a biela situada no plano vertical paralelo ao lado l1 faz com o plano médio da armadura Rs1 e,  o ângulo que a biela situada
no plano vertical da diagonal faz com o plano média das armaduras.
Figura 4.44 - Detalhes de armação dos Blocos do Quadro 4.6

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 149


2.1.8 Bloco com carga centrada e/ou Momento aplicado – Método da flexão
Determinam-se os esforços solicitantes (Ms e Vs) em cada direção e, em seguida calculam-se
as posições da Linha neutra da peça fletida (no caso o bloco), calculando os pares R cd e Rsd,
para cada direção, determinando-se as armaduras necessárias em cada direção.

O método da flexão consiste em se determinar as armaduras pelo sistema de equilíbrio interno


dos esforços resistentes, de forma semelhante ao procedimento adotado em vigas.

Este processo normalmente se aplica aos caso onde a disposição das estaca é complexa para
imaginar o um sistema de bielas.

Os momentos:
Mxx – vetor momento na direção de
x é igual ao momento My – na
direção de y;
Myy – vetor momento na direção de
y igual ao Mx, na direção de x.

Figura 4.45 - Bloco à flexão – Determinação dos momentos

3.8. Cálculo dos momentos máximos nas duas direções

- Momento no eixo Y-Y (considerar o lado das estacas mais carregadas)


MYY = MX = 𝑥1 ∗ ∑4𝑖=1 R VE𝑖 + x2 ∗ ∑8𝑖=5 R VE𝑖 4.30

- Momento no eixo X-X (considerar o lado das estacas mais carregadas)


MXX = MY =
= 𝑦1 ∗ (R VE4 + R VE8 + R VE12 + R VE16 + R VE20 ) + 𝑦2 ∗ (R VE3 + R VE7 + R VE11 +
R VE15 + R VE19 ) 4.31
Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 150
As reações nas estacas são determinadas conforme apresentado em 3.2.5 – Estaqueamento.

No caso do pilar estar submetido à flexão oblíqua, ou, seja, momento nas duas direções,
simultaneamente, utiliza-se para se calcular o momento máximo, a reação na estaca mais
carregada, tanto na linha, quanto na coluna.

De forma semelhante ao apresentando em 2.12 – VI, os solicitantes nas seções dentro do pilar
podem ser reduzidos, devido à parcela de carga distribuída (Ns/bp).

 é um coeficiente de
proporcionalidade do n.º de
estacas, consideradas para os
cálculos dos esforços nas
direções X e para Y. Para o
cálculo dos momentos,
considerar  = 1,0.

Figura 4.46 - Redução dos solicitantes nas seções dentro do pilar

Ns b2,p 2 1 Ns ∗b2,p
MX,I = MX − ∗( ) ∗ 2 = MX − 4.32
b2,p 2 8

b2,p b2,p
MX,II = (𝑥1 − ) ∗ ∑4𝑖=1 R VE𝑖 + (x2 − ) ∗ ∑8𝑖=5 R VE𝑖 4.33
2 2

Normalmente para dimensionamento à flexão pode-se considerar somente os valores da seção


SII-II, sendo esta seção situada a 0,15bp da face interna do pilar, conforme figura 4.51. Desta
forma:

MX,II = (𝑥1 − 0,35 ∗ b2,p ) ∗ ∑4𝑖=1 R VE𝑖 + (x2 − 0,35 ∗ b2,p ) ∗ ∑8𝑖=5 R VE𝑖 4.34

Considerar o mesmo procedimento para cálculo dos momentos MY,I e MY,II.

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 151


Figura 4.47 - Seção SII -

3.9. Cálculo das cortantes máximas junto ao pilar e, a distância d/2 do pilar

Figura 4.48 – Bloc à flexão - Determinação das Cortantes

A determinação da cortante se faz considerando apenas as estacas que estão contidas nas áreas
hachuradas, nas direções X-X e Y-Y respectivamente. Essas áreas são delimitadas por paralelas
as faces do pilar, distante d/2, e por retas que saem dos cantos dos pilares, formando 450.

Admite-se que as estacas situadas a uma distância menor do que d/2 do pilar transmitem suas
cargas diretamente ao pilar, sem a possibilidade de desenvolver bielas de tração consideráveis.

3.10.Cálculo da altura (d)

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 152


Para o cálculo da altura serão tomados dois parâmetros:

1.º) limitar a posição da linha neutra entre os domínio 2 e 3. De essa forma impor, para o
dimensionamento com CA50: 0,259 < Kx < 0,628.

Tabela 4.3 - Parcial de Kc


Digrama Kc= bd2/Md (b,d em cm; Md em KN.cm)
Retangular fck (Mpa)
Kx= Kz=
Limite 15 20 25 30 35 40 45 50
X/d Z/d
2 0,259 0,8964 5,91 4,43 3,55 2,96 2,53 2,22 1,97 1,77
0,260 0,8960 5,89 4,42 3,54 2,95 2,53 2,21 1,96 1,77
0,300 0,8800 5,20 3,90 3,12 2,60 2,23 1,95 1,73 1,56
0,340 0,8640 4,67 3,5 2,80 2,34 2,0 1,75 1,56 1,40
0,380 0,8480 4,26 3,19 2,56 2,13 1,83 1,60 1,42 1,28
0,440 0,8240 3,79 2,84 2,27 1,89 1,62 1,42 1,26 1,14
0,480 0,8080 3,54 2,65 2,12 1,77 1,52 1,33 1,18 1,06
0,520 0,7920 3,33 2,50 2,00 1,67 1,43 1,25 1,11 1,00
0,560 0,7760 3,16 2,37 1,90 1,58 1,35 1,18 1,05 0,95
CA50 0,600 0,7600 3,01 2,26 1,81 1,50 1,29 1,13 1,00 0,90
3 0,628 0,7487 2,92 2,19 1,75 1,46 1,25 1,09 0,97 0,88

Kc,adot. MII,d
d ≥ √ 4.35
bbloco

2.º) Limitar a cortante na seção III-III, para que não se necessite de armadura para levantamento
de carga, ou seja:

VIII,d ≤ VRd1 4.36

VIII,d é a força cortante solicitante de cálculo, na seção III – III (VIII,k*f). O motivo de se fazer
esta verificação na seção III-III é pelo fato de que a cortante, a partir dessa seção, já está
entrando diretamente no pilar.

- A resistência de projeto ao cisalhamento é dada por:

VRd1 = [τRd ∗ K ∗ 1,2 + 40ρ1 ) + 0,15σcp ] ∗ bw d 4.37

Onde:
Rd = 0,25*fctd (tensão resistente de cálculo do concreto ao cisalhamento) 4.38
2⁄
f f 3
fctd = ctk,inf⁄γc = 0,21 ∗ γck 4.39
c

As1
ρ1 = ⁄(b ∗ d) , não maior do 0,02 (2%) 4.40
w

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 153


As,min
Adotar ρ1 = ⁄(b ∗ d)  0,15%
w
K é um coeficiente que tem os seguintes valores:

- Para elementos onde: 50% da armadura inferior não chegam até o apoio: K = 1,0
- Para os demais casos: K = 1,6 - d , não menor que 1,0, com “d” em metros.

Para pré-dimensionamento da altura útil, considerar K = 1,0

Após o cálculo da altura útil pelas duas considerações, utilizar o maior deles, ou, considerar o
calor calculado em função do momento e, armar o bloco à cortante.

3.11.Dimensionamento à flexão

Utilizando da tabela de Kc, Kx e Ks

Calcula-se o valor de Kc, com o valor da altura útil adotada e, de acordo com o concreto e aço
considerados, obtém na tabela, que se encontra no anexo 1, o valor para Ks
M
Logo: As = K s∗ dd 4.41
A armadura mínima será calculada como:

As,min. = 0,15% ∗ b ∗ h ∴ 0,85 ∗ dE ≤ b ≤ 1,2 ∗ dE

Será considerada para “b” a largura de alojamento da armadura sobre a estaca

3.12.Verificação à cortante

A verificação ao cisalhamento deve ser feita nas duas direções, tanto junto à seção do pilar,
quanto junto à estaca mais solicitada.

A tensão de cisalhamento deve ser verificada como laje, caso a largura do bloco seja  5d.

A resistência ao esforço cortante deve ser verificada, também, junto às estacas de canto mais
solicitada.

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 154


Figura 4.49 - Dimensões para a verificação da cortante junto à estaca de canto mais solicitada

3.13.Especificação para o detalhamento

As barras que compõem as armaduras principais de flexão devem cobrir toda a extensão da
base e ter ganchos de extremidade. Pode-se adotar  ≥ 10 mm e espaçamento e ≤ 20 cm.
Normalmente, estas armaduras podem ser distribuídas de maneira uniforme por toda a base.

Exemplo 2 - Bloco solicitado à flexão


Dimensionar e detalhar o bloco sobre estacas, a ser utilizado para transferir as ações
decorrentes do pilar para a fundação.
Dados:
Pilar 30X45
Ações do pilar: N = 950 KN; Mx = 50 KN.m; My = 40 KN.m (Os momentos não atuam
simultaneamente);
Armadura no pé do pilar: 1216
Concreto: fck = 20 MPa; Aço: CA-50
Estaca: dE= 35 cm; Carga admissível= 300 KN

Figura 4.50 - Exemplo 4.1 - Características da seção e ações do pilar

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 155


1. Determinação do n.º de estacas

1,15 ∗ Nk 1,15 ∗ 950


n. ºE = = = 3,64  4 Estacas
Nadm,E 300

O coeficiente 1,15 corresponde ao acrescimo de carga para se considerar o peso próprio do


bloco (5%), mais o acrescimo de carga na estaca mais carregada, devido ao momento (10%).

Figura 4.51 - Exemplo 4.1 - Detalhe do bloco

2. Cálculo das reações verticais, nas estacas

- Devido à Carga Vertical e Momento atuando na direção x (Mx)


1,05 ∗ Nk Mx 1,05 ∗ 950 50
R V2 = R V4 = + = + = 277,15 KN
4 𝑙 4 2 ∗ 0,9

1,05 ∗ Nk Mx 1,05 ∗ 950 50


R V1 = R V3 = − = − = 221,60 KN
4 𝑙 4 2 ∗ 0,9

- Devido à carga vertical e momento atuando na direção y (My)

1,05 ∗ Nk My 1,05 ∗ 950 40


R V1 = R V2 = + = + = 271,60 KN
4 𝑙 4 2 ∗ 0,9

1,05 ∗ Nk My 1,05 ∗ 950 40


R V3 = R V4 = − = − = 227,15 KN
4 𝑙 4 2 ∗ 0,9

3. Cálculo dos esforços solicitantes no bloco (Mx; My; Vx e Vy)

Utilizando-se das estacas mais carregadas se obtém Mx e My

Mx = My = 2 ∗ R V2 ∗ 𝑙⁄2 = 2 ∗ 277,15 ∗ 0,9⁄2 = 249,44 KN. m


Vx = Vy = 2 ∗ R V2 = 2 ∗ 277,15 = 554,3 KN

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 156


4. Determinação da altura do bloco

- Como bloco rígido – mantendo 450 ≤  ≤ 550

bp bp 0,30 0,30
0,71 (1 − ) ≤ d ≤ (𝑙 − ) → 0,71 ∗ (1 − ) ≤ d ≤ (0,90 − )
2 2 2 2

0,60 ≤ d ≤ 0,75

- Como bloco flexível – impondo a posição da LN no limite do domínio 3 → Kx = 0,629


Para concreto fck: 20 MPa e Aço: CA-50: Kc = 2,19 (conforme Tabela 4.6)

Tabela 4.4 - Valores de Kc (tabela copmleta no anexo 1)


Digrama Kc= bd2/Md (b,d em cm; Md em KN.cm) Ks (Aço
Retangular CA)
fck (Mpa) fyk (MPa)
Kx= Kz=
Limite 15 20 25 30 35 40 45 50 25 50
X/d Z/d
0,020 0,992 69,18 51,89 41,51 34,59 29,65 25,94 23,06 20,75 0,0464 0,0232
0,040 0,9840 34,87 26,15 20,92 17,44 14,95 13,08 11,62 10,46 0,0467 0,0234
0,050 0,9800 28,01 21,01 16,82 14,01 12,00 10,50 9,34 8,40 0,0469 0,0235
0,150 0,9400 9,73 7,30 5,84 4,87 4,17 3,65 3,24 2,92 0,0489 0,0245
2a 0,167 0,9332 8,81 6,61 5,28 4,40 3,77 3,30 2,94 2,64 0,0493 0,0246
0,200 0,9200 7,46 5,59 4,48 3,73 3,20 2,80 2,49 2,24 0,0500 0,0250
0,220 0,9120 6,84 5,13 4,10 3,42 2,93 2,57 2,28 2,05 0,0504 0,0252
0,2400 0,9040 6,33 4,74 3,80 3,16 2,71 2,37 2,11 1,90 0,0513 0,0257
2b 0,259 0,8964 5,91 4,43 3,55 2,96 2,53 2,22 1,97 1,77 0,0513 0,0257
0,540 0,7840 3,24 2,43 1,95 1,62 1,39 1,22 1,08 0,97 0,0587 0,0293
0,560 0,7760 3,16 2,37 1,90 1,58 1,35 1,18 1,05 0,95 0,0593 0,0296
0,580 0,7680 3,08 2,31 1,85 1,54 1,32 1,16 1,03 0,92 0,0599 0,0299
0,600 0,7600 3,01 2,26 1,81 1,50 1,29 1,13 1,00 0,90 0,0605 0,0303
CA50 0,620 0,7520 2,94 2,21 1,77 1,47 1,26 1,10 0,98 0,88 0,0612 0,0306
3 0,628 0,7487 2,92 2,19 1,75 1,46 1,25 1,09 0,97 0,88 0,0614 0,0307

b ∗ d2 150 ∗ d2
K c,lim.3 = 2,19 = = → d2 = 509,86 → d ≥ 23 cm
γf ∗ M k 1,4 ∗ 24944

- Limitar a cortante na seção a d/2 da face do pilar, para que não se necessite de armadura
para levantamento de carga, devido à cortante, ou seja:

V(d),d = (554,3 ∗ 1,4)KN = 776,10 KN ≤ VRd1


2
A resistência de projeto ao cisalhamento é dada por:

VRd1 = [τRd ∗ K ∗ 1,2 + 40ρ1 ) + 0,15σcp ] ∗ bw d

Onde:

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 157


2⁄
fck 3
τRd = 0,25 ∗ fctd = 0,25 ∗ 0,21 ∗ = 0,276 MPa = 0,0276 KN⁄cm2
γc
As1
ρ1 = ⁄(b ∗ d) , não maior do 0,02 (2%)
w
A
Adotar ρ1 = s,min⁄(b ∗ d)  0,15%
w
K é um coeficiente que tem os seguintes valores:

- Para elementos onde: 50% da armadura inferior não chegam até o apoio: K = 1,0
- Para os demais casos: K = 1,6 - d , não menor que 1,0, com “d” em metros.

Para pré-dimensionamento da altura útil, considerar K = 1,0

VRd1 = [0,0276 ∗ 1,0 ∗ 1,2 + 40 ∗ 0,15/100)] ∗ (30 + 70) ∗ d = 9,31 ∗ d

Vd = 776,10 KN ≤ VRd1 = 9,31 ∗ d  d  84 cm


( ),d
2

- Altura para ancoragem das armaduras do pilar

d ≥ 𝑙b,nec. = 44 = 44 ∗ 1,6 = 70 cm

Será adotado d = 85 cm e h = 90 cm

Inclinação das Bielas:

d 85
tgθ = 𝑙√2 b√2
= 90√2 30√2
= 1,60 → θ = 580
− ( − )
2 4 2 4

5. Verificação de tensões junto ao pilar e junto à estaca

- junto ao pilar C(pilar)

Nsk 4 ∗ 277,15 KN KN
2
= = 1,29 2
≤ 1,28fck = 1,28 ∗ 2,0 = 2,56 2 → OK
Acp ∗ sen θ 30 ∗ 45 ∗ 0,848 cm cm

- junto à estaca C(estaca)

Nsk 4 ∗ 277,15 KN KN
= 2 = 0,46 ≤ 1,28fck = 2,56 2 → OK
4 ∗ AcE ∗ sen2 θ 30 cm2 cm
4 ∗ (3,1416 ∗ 4 ) ∗ 0,848

6. Cálculo das armaduras principais

- Como Bloco rígido

¾ ≤  ≤ 6/7 → será considerado  = 0,80

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 158


• Segundo os lados
α ∗ Nsd b 0,8 ∗ 1,4 ∗ 4 ∗ 277,15 30
R s1,d = (𝑙 − ) = (90 − ) = 166,29 KN
8d 2 8 ∗ 70 2

R s1,d 166,29 510


As1 = = = 3,83 cm2 → {
fyd 50/1,15 412,5

Armadura mínima:

As,min. = 0,15% ∗ b ∗ h ∴ 0,85 ∗ dE ≤ b ≤ 1,2 ∗ dE → 25,5 ≤ b ≤ 36 cm

Será considerada para “b” a largura de alojamento da armadura sobre a estaca

0,15∗30∗85
Portanto: adotando b= 30 cm → As,min = = 3,825 cm2
100

Massa Área da
Barras
Nominal seção
( - mm)
(Kg/m)(*) (mm2)
6,3 0,245 31,2
8,0 0,395 50,3
10,0 0,617 78,5
12,5 0,963 122,7
16,0 1,578 201,1
20,0 2,466 314,2
22,0 2,984 380,1
25,0 3,853 490,9
32,0 6,313 804,2
40,0 9,865 1256,6

• Segundo malha em cada direção

2,4(1 − α) ∗ Nsd b 2,4 ∗ 0,2 ∗ 1,4 ∗ 4 ∗ 277,15 30


R s2,d = (𝑙 − ) = (90 − ) = 82,17 KN
8d 2 8 ∗ 85 2

R s2,d 82,17 2
As2 = = = 1,26 cm ⁄m
BBL ∗ fyd 1,50 ∗ 50/1,15
31,2
Espaçamento da armadura da malha: s = = 24 → 6,3c/20
1,26

- Como bloco à flexão

bd2 150 ∗ 852 K = 0,05 → domínio 2


Kc = = = 31,03 → Tabela → { x
Mx,d 1,4 ∗ 24944 K s = 0,0233

Mx,d 1,4 ∗ 24944


As = K s = 0,0233 ∗ = 11,62 cm2
d 70
As 512,5
= 5,82 cm2 sobre cada alinhamento de estacas {
2 316

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 159


No caso da existência de armaduras somente segundo os lados (sobre as estacas), recomenda-
se a colocação de malha inferior (na base do bloco) com seção total, em cada direção, pelo
menos igual a 1/5 da armadura principal (As(lados) );

5,82 2
As,malha = = 1,17 cm ⁄m → 6,3c/20
5

7. Armaduras complementares

- Armadura de pele (ou de costela ou ainda armadura lateral)

Recomenda-se além da armadura inferior principal, uma armadura complementar lateral (de
pele) igual a:

(0,2 a 0,3)As,long.
As,lat.  {
0,10% Ac,alma (em cada face)
• Diâmetro da armadura lateral: lat.
 12,5 mm

• Espaçamento (Recomendação da
ABNT NBR 6118 – 2014 – item
18.3.5)
d/3
s ≤ {
20 cm
Figura 4.52 - Exemplo 4.1 - Armadura lateral

(0,2 a 0,3)As,long. = 0,25 ∗ 3 ∗ 2,01 = 1,51 cm2


As,lat.  { 85
0,10% Ac,alma (em cada face) = 0,1 ∗ 30 ∗ = 2,55 cm2
100

As,lat = 2,55 cm2 → 212,5 em cada face (em função do espaçamento mínimo serão colocadas
312,5

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 160


8. Detalhamento

Figura 4.53 - Exemplo 4.1 - Detalhamento das armaduras

Exemplo 3 - Bloco solicitado à flexão


Dimensionar e detalhar o bloco para o pilar P=600 tf (6.000 KN)
Dados:
Concreto fck= 200 Kgf/cm2 (20MPa)
Estaca 30 (400 KN)
CA-50
N= 6.000 KN; Mx = 1.200KN.m; My = 600 KN.m

1. Cálculo do n.º de estacas

nE > 1,30*N/E = 1,3*6000/400 = 19,5  20 estacas ( O valor de 1,3 corresponde ao acréscimo


de carga devido ao peso próprio do bloco (10%); os outros 20% corresponde ao acréscimo de
carga, para a estaca mais carregada, devido aos momentos nas duas direções)

2. Pré-dimensionamento do Pilar (considerar tensão admissível de no máximo 10 MPa =


1 KN/cm2)

Ac = 6.000KN/1 KN/cm2  6.000 cm2 (60x100)

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 161


3. Distribuição das estacas e dimensões do bloco

Figura 4.54 - Exemplo 4.2 - Estaqueamento

4. Características geométricas do estaqueamento

Ixx = ∑ n𝑖 ∗ x𝑖2 = (5 ∗ 0,452 + 5 ∗ 1,352 ) ∗ 2 = 20,25 m4


→ Inércia em relação ao eixo xx)

IXX = (5*0,452 + 5*1,352)*2 = 20,25 m4 (Inércia em relação ao eixo XX)

IYY = (4*0,92 + 4*1,82)*2 = 32,4 m4 (Inércia em relação ao eixo YY)

5. Cálculo das cargas nas estacas

RV,E1 = - 6.000/20 - 1.200*1,8/32,4 – 600*1,35/20,25 =


= - 300 - 66,7 – 40 = - 406,67 KN

RV,E2 = - 300 - 66,7 – 600*0,45/20,25 = - 380,00 KN

RV,E5 = - 300 – 1.200*0,9/32,4 – 40 = - 373,3 KN

RV,E6 = - 300 – 33,3 – 13,35 = - 347 KN

RV,E9 = - 300 – 00 – 40 = - 340 KN

RV,E10 = - 300 – 00 – 13,35 = - 313,35 KN

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 162


Tabela 4.5 - Reações verticais nas estacas
Momento na Momento na Reação total na
Carga Vertical
Estaca direção de “X” direção de “Y” Estaca
6.000 KN
Mx=1.200 KN.m My=600 KN.m RVEi (KN)
E1 -300,00 -66,67 -40,00 -406,67
E2 -300,00 -66,67 -13,33 -380,00
E3 -300,00 -66,67 13,33 -353,33
E4 -300,00 -66,67 40,00 -326,67
E5 -300,00 -33,33 -40,00 -373,33
E6 -300,00 -33,33 13,33 -346,67
E7 -300,00 -33,33 13,33 -320,00
E8 -300,00 -33,33 40,00 -293,33
E9 -300,00 -40,00 -340,00
E10 -300,00 -13,33 -313,33
E11 -300,00 13,33 -286,67
E12 -300,00 40,00 -260,00
E13 -300,00 33,33 -40,00 -306,67
E14 -300,00 33,33 -13,33 -280,00
E15 -300,00 33,33 13,33 -253,33
E16 -300,00 33,33 40,00 -226,67
E17 -300,00 66,67 -40,00 -273,33
E18 -300,00 66,67 -13,33 -246,67
E19 -300,00 66,67 13,33 -220,00
E20 -300,00 66,67 40,00 -193,33

Observa-se que a estca mais carregada ficou com 406,67 KN aproximadamente igual aos 400
KN da carga admissível da estaca.

6. Cálculo dos Esforços solicitantes - momentos fletores e cortantes

Será admitido, a título de exemplo, que a variação entre as cargas nas estacas seja grande (que
na verdade não está ocorrendo) e conseqüentemente na mesma linha de estacas teremos cargas
variáveis.

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 163


- Momento em torno do eixo XX

MIY = [2(R VE1 + R VE5 ) + R VE9 ] ∗ 1,35


+ [2(R VE2 + R VE6 ) + R VE10 ] ∗ 0,45
Ns ∗ b1,p

8
MIY = [2(406,67 + 373,33) + 340,00] ∗ 1,35
+ [2(380,00 + 346,67) + 313,33]
6.000 ∗ 0,6
∗ 0,45 −
8
= 2.910 KN. m

Figura 4.55 – Solicitantes

- Momento em torno do eixo YY

Ns ∗ b2,p
MIX = 2(R VE1 + R VE2 ) ∗ 1,8 + 2(R VE5 + R VE6 ) ∗ 0,9 − =
8
6.000 ∗ 1,1
MIX = 2(406,67 + 380,00) ∗ 1,8 + 2(373,33 + 346,67) ∗ 0,9 − =
8
MIX = 3.303 KN. m

MIIX = 2(R VE1 + R VE2 ) ∗ (1,8 − 0,15b2,p ) + 2(R VE5 + R VE6 ) ∗ (0,9 − 0,15b2,p ) =

MIIX = 2(406,67 + 380) ∗ (1,8 − 0,15 ∗ 1,1) + 2(373,33 + 346,67) ∗ (0,9 − 0,165) =

MIIX = 3.630,81 KN. m

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 164


- Cortante na direção de X

VIIX = 2(R VE1 + R V2 + R V6 ) = 2(406,67 + 380,00 + 346,67) = 2.266,68 KN

VIIIX = 2(R VE1 + R V2 ) = 2(406,67 + 380,00) = 1.573,34 KN

- Cortante na direção de X

VIIY = 2(R VE1 + R V5 + R V6 ) + R V9 + R V10


= 2(406,67 + +373,33 + 346,67) + 340,00 + 313,33 = 2.906,67 KN

VIIIY = 2(R VE1 + R V5 ) + R V9 = 2(406,67 + 373,33) + 340,00 = 1.900 KN

7. Cálculo da altura do bloco “h” (d – altura útil)

1.ª alternativa: Recomenda-se que a inclinação da biela menos inclinada seja da ordem de 
300. Portanto:
d
tg300 = → d ≅ 105 cm → h = 115 cm
180

2.ª alternativa: Outra alternativa é impor uma posição de Linha Neutra, no limite do domínio 3,
ou seja, para o aço CA-50 e Concreto fck: 20 MPa

bBL ∗ d2 175 ∗ 2 ∗ d2
K c,lim.3 = 0,629 = = ∴ d ≥ 35 cm
Mx,d 1,4 ∗ 412800

3.ª alternativa: Limitar a tensão de cisalhamento, na seção d/2, para não armar à cortante:

- Na direção de X

V(d/2),d = VIIIX,d = (1.573,34 ∗ 1,4)KN = 2.202,67 KN ≤ VRd1


A resistência de projeto ao cisalhamento é dada por:
2⁄
fck 3
τRd = 0,25 ∗ fctd = 0,25 ∗ 0,21 ∗ = 0,276 MPa = 0,0276 KN⁄cm2
γc
As,min
Adotar ρ1 = ⁄(b ∗ d)  0,15%
w
Para pré-dimensionamento da altura útil, considerar K = 1,0

VRd1 = [τRd ∗ K ∗ 1,2 + 40ρ1 ) + 0,15σcp ] ∗ bw d

VRd1 = [0,0276 ∗ 1,0 ∗ 1,2 + 40 ∗ 0,15/100)] ∗ 165 ∗ d = 15,36 ∗ d

VIIIX,d = 2202,67 KN ≤ VRd1 = 15,36 ∗ d  d  143 ≅ 145 cm

Considerando um bW = 190 cm

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 165


2.202,67
d= ≅ 125 cm → h = 135 cm
15,36 ∗ 190/165

- Na direção de Y

V(d/2),d = VIIIY,d = (1.900 ∗ 1,4)KN = 2.660,00 KN ≤ VRd1

VRd1 = [0,0276 ∗ 1,0 ∗ 1,2 + 40 ∗ 0,15/100)] ∗ (125 + 110) ∗ d = 21,88 ∗ d

VIIIX,d = 2.660,00 KN ≤ VRd1 = 21,88 ∗ d  d  121 ≅ 125 cm

- Altura para ancoragem das armaduras do pilar

d ≥ 𝑙b,nec. = 44 = 44 ∗ 1,6 = 70 cm

Será adotado d = 125 cm e h = 135 cm

Inclinação das Bielas:

9. Verificação da tensão de cisalhamento

- junto ao pilar C(pilar)

VIIX,k = 2.266,68 KN

VIIY,k = 2.906,67 KN

VIIX,d ≤ VRd2 = 0,27αv fcd ∗ b1,p ∗ d

fck 20
αV = (1 − ) = (1 − ) = 0,92
250 250

2
VRd2 = 0,27 ∗ 0,92 ∗ ∗ 60 ∗ 125 = 2.661,43 KN
1,4

Passando a dimensão do pilar para 75 X 110 cm

2
VRd2,x = 0,27 ∗ 0,92 ∗ ∗ 75 ∗ 125 = 3.326,78 KN > 2.266,68 ∗ 1,4
1,4
= 3.173,352 KN → OK

2
VRd2,Y = 0,27 ∗ 0,92 ∗ ∗ 110 ∗ 125 = 4879,28 KN > 2.906,67 ∗ 1,4
1,4
= 4069,34 KN → OK

- junto à estaca mais carregada

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 166


RVE1 = 406,67 KN
2
VRd2,x = 0,27 ∗ 0,92 ∗ ∗ (30 + 125) ∗ 125 = 6875,36 KN > 406,67 ∗ 1,4
1,4
= 569,338 KN → OK

10. Dimensionamento e detalhamento

Procedimentos semelhantes a exercícios anteriores.

Prof. M.Sc João Carlos de Campos Página 167

Você também pode gostar