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JUÍZO DE DIREITO DA __ VARA ESTADUAL DA COMARCA DE ___

PEDRO MANSO, nacionalidade......, estado


civil......., mecânico de manutenção de máquinas,
CPF n. ........, RG n. ....... residente e domiciliado na
Rua ..., n. ..., bairro , cidade ......, estado ,
vem respeitosamente, perante este juízo,
devidamente representado por sua advogada,
instrumento de procuração anexo, propor a
presente:

AÇÃO DE RECONSIDERAÇÃO DE AUXÍLIO-


ACIDENTE COM PEDIDO DE TUTELA DE
URGÊNCIA,

em desfavor do Instituto Nacional de Seguro Social –


INSS, Autarquia Previdenciária com sede no Setor
de Autarquias Sul, Quadra 02 – Bloco O – 10º andar
CEP 70070-946 – Brasília/DF, E-mail:
pres@inss.gov.br, pelos motivos de fato e de direito
que passa a expor:

I – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Preliminarmente, requer-se a concessão dos benefícios da justiça


gratuita nos termos da Lei Federal n. 1.060/50, uma vez que não dispõe de
recursos econômicos suficientes para pagar as custas e eventuais despesas do
processo, conforme declaração de hipossuficiência em anexo (doc.).

Nesse interim, destaca-se o que diz a Lei n. 5.478/68 em seu artigo 1º, §
2º:

A parte que não estiver em condições de pagar as custas do


processo, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família, gozará
do benefício da gratuidade, por simples afirmativa dessas condições
perante o juiz, sob pena de pagamento até o décuplo das custas
judiciais.

Salienta-se que, o Autor encontra-se afastado das suas atividades


profissionais, sendo, inclusive, cessado o seu benefício previdenciário,
conforme restará demonstrado na sequência.

Dessa forma, é evidente que a parte autora não possui meios suficientes
para arcar com as despesas processuais sem prejuízo do seu sustento, razão
pela qual, respeitosamente, requer que seja concedido os benefícios da justiça
gratuita, na forma do artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal e dos
artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil, sob pena de privar o direito de
acesso à justiça.

II – DOS FATOS

O Autor labora na empresa Metalúrgica Silva LTDA, exercendo,


atualmente, a profissão de mecânico de manutenção de máquinas.
Entretanto, no dia 15 de outubro de 2021, decorrente de acidente de
trabalho, o Autor sofreu múltiplas fraturas do braço direito, resultando na perda
do movimento do membro, hipótese em que o foi afastado das suas atividades.
Na mesma oportunidade, a empresa empregadora emitiu à
Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).
A partir do dia 01/11/2021 iniciou o salário benefício auxílio-doença
acidentário, no importe de R$1.400,00 (um mil e quatrocentos reais). Após o
processo de Reabilitação Profissional junto ao INSS, sendo julgado apto, pelo
perito médico, para retornar às atividades laborativas, o benefício foi cessado
em 28/02/2022.
Não obstante, ao retorna à empresa, o médico desta informou que o
Autor não estaria apto para o trabalho, diante da visível incapacidade para a
prestação de serviços.
Desamparado, o Autor efetuou pedido administrativo à Autarquia
Previdenciária, visando reestabelecer o seu auxílio-doença, todavia, o pedido
foi negado pelo INSS.
Destarte, infere-se que o Autor embora tenha sido julgado apto para
retornar ao trabalho, com a consequente cessação do benefício auxílio-doença,
o médico do trabalho da empresa impossibilitou o retorno do Autor, ao passo
que este encontra-se sem nenhuma renda para sua subsistência.

III – DA TUTELA DE URGÊNCIA


O Código de Processo Civil, preconiza no artigo 300, caput, que a
tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.
Infere-se que o perito médico da autarquia previdenciária, considerou o
Autor apto para o trabalho, razão pela qual teve o seu benefício auxílio-doença
cessado, contudo, ao retornar à empresa, o médico desta informou que o Autor
não estava apta para retornar as atividades laborativas.
Diante da situação apresentada, o Autor encontra-se há,
aproximadamente, 03 (três) meses sem perceber qualquer tipo de renda,
considerando que seu benefício foi cancelado, bem como não está recebendo
salário
Neste sentido, evidente o direito do autor tendo em vista a sua situação
econômica, aliada aos problemas de saúde que o incapacitam de trabalhar,
dependendo exclusivamente de seu trabalho para se manter.
O direito do autor encontra-se fundamentado no artigo 6º da
Constituição Federal que dispõe:
Art. 6º – São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer,
a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
constituição.

No que concerne a probabilidade de direito, resta evidente o direito do


autor quanto ao benefício. Ao passo que o perigo de dano resta demonstrando
pelo desamparo do Autor que não está percebendo nenhum tipo de renda.
Nestes termos, requer o deferimento da tutela de urgência a fim de que
se antecipe os efeitos da tutela concedendo o benefício do auxílio-doença ao
autor.

IV – DO DIREITO

DA QUALIDADE DE SEGURADO

A Lei n. 8.213/91 em seu artigo 11 e 12 c/c os artigo 12 e 13 da Lei 8.212/91


dispõe acerca dos segurados obrigatórios, sendo aqueles que exercem atividade
remunerada, como o empregado, o empregado doméstico, o contribuinte individual, o
trabalhador avulso e o segurado especial.

No caso em apreço, verifica-se que o autor é segurado obrigatório da


Previdência Social, considerando que presta serviços na empresa Metalúrgica Silva
Ltda, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração.
Por oportuno, resta evidente o dever da Previdência Social em prestar auxílio ao
Autor, considerando a sua qualidade de segurao da Previdência Social.

DA RECONSIDERAÇÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA

Diante da qualidade de segurado do autor, incontestável o direito ao


restabelecimento do auxílio-doença, conforme exposto.

Nesse interim, a Lei n. 8.213/91 dispõe em seu artigo 59:


Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo
cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei,
ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual
por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

Ainda, referido diploma em seu artigo 62, §1ª, caput, estabelece que o
segurado em gozo de auxílio-doença deverá ser submetido ao processo de reabilitação
profissional para o exercício de outra atividade, devendo o benefício ser garantido até
que o segurada seja considerado reabilitado para o desempenho da atividade laborativa
ou, quando considerado não recuperável, seja aposentado por invalidez.

Infere-se que, entre o período de 01/11/2021 à 28/02/2022, o Autor recebeu


auxílio-doença no valor de R$1.400,00 (um mil e quatrocentos reais), em razão de
acidente de trabalho que ocasionou múltiplas fraturas no braço direito, resultando na
perda do movimento.

Após, junto ao INSS passou por processo de Reabilitação Profissional, sendo


julgado “apto” para retornar as atividade laborativas, contudo, não lhe sendo concedido
o benefício do auxílio-suplementar.

Ainda, cumpre salientar, que embora tenha sido julgado “apto” para o trabalho,
o médico da empresa impossibilitou o retorno do Autor, pois sua incapacidade ainda era
visível.

Dessa forma, verifica-se que o Autor não vem recebendo o auxílio-doença por
conta do processo de Reabilitação Profissional feito pelo INSS que o julgou “apto” e,
ainda, não consegue retornar ao trabalho tendo em vista que o médico da empresa o
julgou inapto para o trabalho porque a incapacidade era visível.

Diante do exposto, resta claro o direito do autor de ter seu benefício


restabelecido até que, de fato, esteja apto para retornar ao trabalho, motivo pelo qual
pugna pelo restabelecimento do auxílio-doença no valor de R$ 1.400,00 mensais, com o
consequente pagamento das parcelas vencidas e vincendas até o restabelecimento de
referido benefício.
DO AUXÍLIO-ACIDENTE

Subsidiariamente, caso Vossa Excelência não entenda que o autor preencha


os requisitos para o restabelecimento do auxílio-doença, requer-se desde já, a concessão
do auxílio-acidente.
Acerca do conceito de acidente de trabalho, a Lei n. 8.213/91 dispõe:

Art. 19.  Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do


trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo
exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11
desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho.  

No presente caso, se trata de um acidente de trabalho, haja vista que o autor


sofreu o acidente quando laborava na empresa Metalúrgica Silva Ltda.

Ainda, referida lei regulamenta:

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao


segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de
acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem
redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
[...]
§ 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da
cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer
remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua
acumulação com qualquer aposentadoria.

Destarte, verifica-se que o Autor sofreu múltiplas fraturas no braço direito,


resultando na perda do movimento, enquanto laborava na empresa. Isso se confirma
com a emissão da Comunicação do Acidente de Trabalho – CAT e, ainda pela autarquia
federal, com a concessão de benefício acidentário ao autor.

Ainda, ressalta-se que a Autarquia Federal cancelou o benefício do


auxílio-doença alegando que o Autor já estava apto para exercer suas
atividades. Entretanto, sabe-se que a Lei n. 8.213/91, em seu artigo 86, § 2º,
determina que o auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do
auxílio-doença, no entanto o autor não está recebendo o benefício previdenciário.

Assim, de acordo com o disposto na legislação acidentária, o auxílio-acidente


será concedido ao segurado que, após a consolidação das lesões decorrentes de
qualquer natureza, apresentar sequelas que impliquem redução da capacidade para o
trabalho habitual.

Nesse diapasão, restou demonstrado o direito do Autor em perceber o benefício


auxílio-acidente, no percentual 50% (cinquenta por cento) do salário-de-benefício, a
partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença por acidente de trabalho, qual
seja, 29/02/2022, vez que preenchidos todos os requisitos legais.

V – DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer-se:

A) a concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita, vez que não


possui condições de arcar com as custas processuais sem o prejuízo do
próprio sustento;
B) a concessão da tutela provisória de caráter de urgência em liminar,
conforme artigo 300, § 2° do Código de Processo Civil, para determinar o
restabelecimento do benefício de auxílio-doença do Autor, com a imposição de
multa diária pelo descumprimento da obrigação;
C) a intimação pessoal do Ministério Público, nos termos do artigo 236, § 2º do
Código de Processo Civil;
D) a citação da parte ré para, querendo, oferecer sua resposta, sob pena de
revelia na forma da lei;
E) a total procedência dos pedidos para que seja restabelecido o benefício de
auxílio-doença ao autor, calculando na forma da legislação vigente, desde a
data da cessação do benefício, com o pagamento das verbas vencidas e
vincendas, devidamente atualizadas, acrescidas dos juros moratórios a partir
da citação;
F) subsidiariamente, a concessão do auxílio-acidente na forma requerida e;
G) a condenação da requerida ao pagamento das custas judiciais e honorários
advocatícios.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidas, sem exceção, especialmente a juntada de documentos e
testemunha.

Dá-se à causa o valor de R$ 21.000,00 (vinte e um mil reais).

Içara, 28/05/2022
Advogado .....…
OAB ........

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