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Ação para Concessão de Salário-Maternidade à segurada desempregada (concessão durante


o período de graça – Existência de mais de 120 contribuições mensais sem a perda da
qualidade de segurada – Pedido de Demissão)

EXCELENTÍSSIMO JUIZ DA ...ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO DE .................../.......

........................., devidamente qualificada no instrumento de mandato em anexo (doc. 01) –


mediante seu bastante procurador que esta subscreve, Dr. .............., advogado regularmente
inscri-to na OAB/... sob nº .........., com escritório profissional na Av. ..........., nº ...., nesta cidade
de ................../..., devendo em seu nome receber as intimações que se fizerem necessárias
mediante publicação no Diário Oficial – vem mui respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, com fulcro na Legislação pátria vigente, propor a presente

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA

em face de INSS - Instituto Nacional da Seguridade Social, que deverá ser citado por meio de
seu Representante Legal, na Av. ..........., nº ......., nesta cidade, doravante REQUERIDO, pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas:

DA NECESSÁRIA GRATUIDADE

A presente lide objetiva a concessão de SALÁRIO-MATER-NIDADE à REQUERENTE, sendo que


esta atualmente não está exercendo suas atividades e, consequentemente, não possui remu-
neração capaz de lhe prover o próprio sustento e dos seus.

Data maxima venia, não fossem as Benesses da Lei 1.060/50, com as alterações posteriores, a
REQUERENTE estaria impossibi-litada de buscar o seu Direito.

Assim, antes de adentrar o mérito da presente lide a REQUE-RENTE requer, porque faz jus, o
benefício da GRATUIDADE DE JUSTIÇA:

“A simples declaração de miserabilidade jurídica por parte do interessado é suficiente para a


comprovação desse estado, nos termos do artigo 4º, § 1º, da Lei 1.060/50.” (STF-RE 205.029-
RS-DJU de 07.03.97)

DECLARAÇÃO DE MISERABILIDADE JURÍDICA – doc. 02

DOS FATOS

A ora REQUERENTE é devidamente filiada ao REQUERIDO, inscrita sob nº .............

Em .../..../... a REQUERENTE foi admitida na Empresa ...................., sendo recolhidas as


contribuições previdenciárias devidas.

Em .../.../.... a REQUERENTE engravidou e, por opção pessoal, pediu demissão de seu emprego
indo se dedicar, ex-clusivamente, à sua família e a partir de tal data, por não mais possuir
rendimentos, deixou de realizar as contribuições previ-denciárias.

Oportuno ressaltar que quando da sua última contribuição previdenciária a REQUERENTE já


havia completado mais de 120 contribuições mensais, conforme faz prova o documento em
anexo.

Em .../.../.... a REQUERENTE deu à luz uma criança, conforme faz prova o documento em
anexo, e assim compareceu à Sede do REQUERIDO pleiteando a concessão do Salário--
Maternidade.
Tal concessão lhe foi negada, sob a infundada alegação de perda da qualidade de segurada.

Não havendo possibilidade de solucionar amigavelmente o conflito, não restou à REQUERENTE


alternativa que não a propo-situra da presente Ação, buscando a tão costumeira

Justiça !!!

DO DIREITO

É do conhecimento de todos que, após a cessação de contri-buições, mantém-se a qualidade


de segurado, a princípio, por um período de 12 meses; diz-se a princípio porque na hipótese de
o indivíduo haver realizado mais de 120 contribuições mensais, sem a perda da qualidade de
segurado, aquele prazo é ampliado para 24 meses.

Na hipótese de desemprego o prazo para manutenção da qualidade de segurado pode ser


acrescido de mais 12 meses, somando-se 36 meses.

Conforme sabemos, a situação de desemprego pode ser comprovada por qualquer meio
idôneo, sendo que tal prova não é limitada à existência de registros no Órgão do Ministério do
Trabalho e/ou Previdência Social, ou seja, a determinação constante do Artigo 15 deve ser
interpretada de forma lógica e em conformidade com a natureza do Benefício em comento.

Com efeito, há tempos atrás, o salário-maternidade tinha natu-reza jurídica trabalhista, em


razão do caráter salarial e de constituir ônus do empregador. Recentemente, o benefício
ganhou quali-dade previdenciária, pois o encargo econômico é, agora, custeado pelo INSS em
favor dos segurados do RGPS (art. 71-A da Lei nº 8.213/91).

Sob esse prisma, o salário-maternidade se apresenta, muitas vezes, como única fonte de renda
nos 120 dias de licença contados antes e após o parto. E, justamente por ter natureza de verba
alimentar, sua privação joga no desamparo, e deixa em situação de risco, a segurada que tem
indevidamente sua pretensão negada pelo INSS.

Diz-se que o indeferimento é injustificado e portanto ilegal, porque se por um lado é certa a
assertiva de que o salário-mater-nidade substitui o salário da segurada empregada, por outro,
não é correta a afirmação de que esse benefício só é devido durante a relação de trabalho. O
artigo 71 da Lei nº 8.213/91 contempla todas as seguradas da previdência com o salário-
maternidade, sem qualquer restrição à desempregada, que mantém a qualidade de segurada
pelo período de graça.

Mais: O legislador pátrio não apresenta óbice algum ao paga-mento do Benefício em questão
na hipótese de a segurada haver pedido demissão e, seguro é: onde o legislador não restringe,
ao intérprete não é dado o Direito de fazê-lo.

Na verdade, por força do Decreto nº 6.122/2007, durante o período de graça a que se refere o
art. 13, a segurada desempregada fará jus ao recebimento do salário-maternidade nos casos
de demis-são antes da gravidez, ou, durante a gestação, nas hipóteses de dispensa por justa
causa ou a pedido, situações em que o benefício será pago diretamente pela previdência
social.

Assim, inegável o Direito da REQUERENTE ao recebimento do SEGURO-DESEMPREGO, sendo


que somente não faria jus ao mesmo ao término do seu período de graça, ou seja, somente se
não realizada contribuição previdenciária após o 37º mês, a REQUERENTE perderia a qualidade
de segurada por força do disposto no Artigo 15, § 4º, da Lei 8.213/91.
No caso em tela, inegável que à REQUERENTE deveria ter sido admitida a qualidade de
segurada quando da entrada do re-querimento administrativo.

DO PACÍFICO ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL

De acordo com o pacífico entendimento jurisprudencial, o Direito assiste à REQUERENTE.


Senão, vejamos:

Nessas circunstâncias, a Lei nº 8.213/91 prevê que ao período de graça, ordinariamente


estipulado em 24 meses na hipótese de cessação da atividade laborativa quando o segurado já
tenha realizado mais de 120 contribuições para o RGPS (art. 15, § 1º), somam-se mais 12
meses em virtude do estado de desempregado (art. 15, § 2º), de modo que a proteção
previdenciária se estende. (Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais do Rio de Janeiro
Classe: REC - Recurso/Sentença Cível/RJ Número do Processo: 20055151122409201)

PREVIDENCIÁRIO. PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE GRAÇA PARA 24 MESES NOS TERMOS DO


ART. 15, § 2º DA LEI 8.213/91: COMPROVAÇÃO DO RECO-LHIMENTO DE 120 CONTRIBUIÇÕES
SEM INTER-RUPÇÕES QUE ACARRETEM A PERDA DA QUALIDA-DE DE SEGURADO. ACRÉSCIMO
DE 12 MESES PARA O SEGURADO DESEMPREGADO (Número de Origem: 200451540011475
Natureza: Cível Número do Docu-mento: Data do Documento: 25/01/2008)

A condição de segurado é, em regra, mantida pelo prazo de 12 meses (art. 15, II, da Lei nº
8.213/91) conta-dos do último vínculo empregatício ou contribuição in-dividual, sendo que
esse prazo é alargado em mais 12 meses nas situações de desemprego (art. 15, § 2º, da Lei nº
8.213/91), ainda que essa situação não tenha sido registrada no Ministério do Trabalho. Além
do mais a perda da qualidade de segurado não acontece tão-lo-go tais prazos se esvaiam, mas,
apenas no dia seguin-te ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade
Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do
final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos (art. 15, § 4º, da Lei nº 8.213/91).
(Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais do Rio de Janeiro Classe: REC -
Recurso/Sentença Cível/RJ Número do Proces-so: 20045160009379001 Órgão Julgador: 2.
Turma Recursal - 4. Juiz Relator: MARCELO LÚZIO MARQUES ARAÚJO Revisor: Data de
Julgamento: 04/10/2007 Data de Autuação: 04/09/2007 Número de Origem:
200451600093790 Natureza: Cível: Data do Documento: 02/10/2007)

O artigo 71 da Lei nº 8.213/91 contempla todas as seguradas da previdência com o salário-


maternidade, sem qualquer restrição à desempregada, que mantém a qualida-de de segurada
pelo período de graça (art. 15 da Lei nº 8.213/91). (Turmas Recursais dos Juizados Especiais Fe-
derais do Rio de Janeiro Classe: REC - Recurso/Sentença Cível/RJ Número do
Processo:20075151074186501 Órgão Julgador:2. Turma Recursal - 4. Juiz Relator: MARCELO
LÚZIO MARQUES ARAÚJO Relator p/Acórdão: MARCELO LÚZIO MARQUES ARAÚJO)

DO PEDIDO

ISSO POSTO, é a presente para REQUERER de Vossa Excelência:

I. Sejam concedidos à REQUERENTE os benefícios da Justiça Gratuita diante da


própria natureza da causa, que possui cunho alimentar, e por não possuir
condições de arcar com as custas processuais sem o prejuízo de seu próprio
sustento
II. ;II. Seja procedida a citação do REQUERIDO, em nome do seu representante legal,
no endereço sito na Av. .............., para, em querendo, responder a presente,
tempestivamente e sob as penas da lei.
No ato da citação, seja o REQUERIDO intimado a trazer a Este Juízo todos os
documentos pertinentes ao requerimento administrativo.
III. III. Ao final, seja a presente julgada TOTALMENTE PROCE-DENTE, condenando-se o
REQUERIDO a conceder o benefício SALÁRIO-MATERNIDADE à parte REQUERENTE,
condenando-o, ainda, a pagar os valores devidos desde o pleito administrativo em
uma só vez e devidamente corrigidos
IV. IV. A condenação do Réu no pagamento das custas proces-suais, honorários
advocatícios na base usual de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, e
demais verbas de estilo;
V. VI. A produção de todos os meios de prova no direito e nos costumes admitidos,
especialmente a documental, pericial, teste-munhal, depoimento pessoal, e
juntada de novos documentos que se façam necessários no transcorrer da lide;

Dá-se à causa o valor de R$ .......,.. (......................... reais).


Nestes Termos, Pede Deferimento.

(Local e data).

.................................

AdvogadoOAB/... - nº .............

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