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Realizado o pedido, a Autora teve sua pretensã o negada na via administrativa, sob a incompreensível justificativa de que, por ter sido equivocadamente demitida enquanto grá vida (conforme art. 10, II, b, do Ato das Disposiçõ es Constitucionais Transitó rias da CF/88), recai ao empregador o pagamento do benefício. Ocorre que a demissã o indevida em nada afeta o direito da Autora em ter concedido o benefício em comento perante o INSS. Isto, pois, conforme dispõ e o artigo 72, § 2º da Lei 8.213/91, a responsabilidade final pelo pagamento do benefício de salário- maternidade compete ao INSS, momento em que a empresa, por sua vez, tem o direito de efetuar compensaçã o com as contribuiçõ es incidentes sobre a folha de salá rios e demais rendimentos. Desta forma, é pertinente o ajuizamento da presente demanda, eis que absurdas e vazias as alegaçõ es do INSS, conforme se demonstrará a seguir. Dados sobre o requerimento administrativo 1. Nú mero do benefício XXX. XXX. XXX-X 2. Data do requerimento 22/10/2014 3. Razã o do indeferimento Demissã o por dispensa arbitrá ria/sem justa causa (art. 10, II, b, do ADCT da CF/88). 2. FUNDAMENTOS JURÍDICOS Afirma a parte Autora que preenche todos os requisitos que autorizam a concessã o do benefício de salá rio-maternidade. Nos termos do artigo 71 da Lei 8.213/91, é devido o salá rio-maternidade à segurada da Previdência Social durante 120 dias (ou seja, 04 meses), com início no período entre 28 dias antes do parto e a data de ocorrência deste, perdurando até o 91º dia apó s seu início. O benefício em comento possui natureza de prestaçã o previdenciá ria, tendo por escopo amparar a segurada diante do risco do desemprego feminino, em decorrência da gravidez. Neste sentido, necessá rio destacar a liçã o de Simone Barbisan Fortes e Leandro Paulsen, em sua obra de direito previdenciá rio[1], acerca do benefício em apreço, perceba (com grifos): O salário-família cobre, em primeiro lugar, a contigência social em que se constitui o risco do desemprego feminino, por conta da circunstância biológica da maternidade. É evidente que a maternidade exige envolvimento das mulheres com as crianças, e se tivessem de afastar-se de suas atividades laborativas com ô nus para os empregadores, por evidente que ficariam afastadas do mercado de trabalho. Assim, o Estado, pela via da Previdência Social, chama a si o ônus financeiro de sustento das mulheres no período que a legislação trabalhista garante a título de licença à gestante. A partir do entendimento doutriná rio supra transcrito, observa-se a obrigaçã o estatal em proteger (sustentar) a segurada no período em que esta se encontra em licença, eis que, se afastada do labor em virtude do nascimento do (a) filho (a), certamente tal evento ocasionaria prejuízo ao seu empregador e, consequentemente, promoveria a situaçã o de desemprego da segurada. Neste sentido, dispõ e a Lei 8.213/91, em seu artigo 1º, que a Previdência Social tem por fim assegurar aos seus beneficiá rios, dentre outras coisas, meios indispensáveis de manutenção por motivo de desemprego involuntário. Assim, perceba o dispositivo (grifei): Art. 1º A Previdência Social, mediante contribuiçã o, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisã o ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. Outrossim, necessá rio reiterar que o pagamento do benefício é de responsabilidade (final) do INSS, à luz do artigo 72, § 2º da Lei 8.213/91, veja (grifei): Art. 72. O salá rio-maternidade para a segurada empregada ou trabalhadora avulsa consistirá numa renda mensal igual a sua remuneraçã o integral. (Redaçã o Dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) (...) § 2o A empresa deverá conservar durante 10 (dez) anos os comprovantes dos pagamentos e os atestados correspondentes para exame pela fiscalizaçã o da Previdência Social. (Incluído pela Lei nº 10.710, de 5.8.2003) Ademais, cumpre salientar que a circunstâ ncia bioló gica da maternidade tem proteçã o previdenciá ria garantida pela Constituiçã o Federal, exatamente em virtude do risco de desemprego já mencionado. Nossa Lei Maior estabelece, em seu artigo 201, inciso II, que a Previdência Social atenderá , dentre outras coisas, proteção à maternidade. Assim, pertinente transcrever a redaçã o do referido dispositivo, veja (com grifos): Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de cará ter contributivo e de filiaçã o obrigató ria, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redaçã o dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; (Redaçã o dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Aliá s, vale referir, também, que a Carta Magna assegura, em seu artigo 7º, inciso XVIII, licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, e no artigo 10, inciso II, alínea b do ADCT da CF/88, estabilidade à empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, senã o perceba: Art. 7º Sã o direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condiçã o social: (...) XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; (...) Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituiçã o: I - fica limitada a proteçã o nele referida ao aumento, para quatro vezes, da porcentagem prevista no art. 6º, "caput" e § 1º, da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966; II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: (...) b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. (Vide Lei Complementar nº 146, de 2014) Nesta senda, a jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 4ª Regiã o: PREVIDENCIÁ RIO. SALÁ RIO-MATERNIDADE. DISPENSA ARBITRÁ RIA. MANUTENÇÃ O DA CONDIÇÃ O DE SEGURADA. DIREITO AO BENEFÍCIO. 1. O salá rio-maternidade é devido à segurada da Previdência Social, durante 120 dias, com início no período entre 28 dias antes do parto e a data de ocorrência deste, observadas as situaçõ es e condiçõ es previstas na legislaçã o no que concerne à proteçã o da maternidade, sendo pago diretamente pela Previdência Social. 2. A legislaçã o previdenciá ria garante a manutençã o da qualidade de segurado, até 12 meses apó s a cessaçã o das contribuiçõ es, à quele que deixar de exercer atividade remunerada. 3. A segurada tem direito ao salá rio-maternidade enquanto mantiver esta condiçã o, pouco importando eventual situaçã o de desemprego. 4. O fato de ser atribuição da empresa pagar o salário-maternidade no caso da segurada empregada não afasta a natureza de benefício previdenciário da prestação em discussão. Ademais, a teor do disposto no artigo 72, § 2º, da Lei 8.213/91, na redação dada pela Lei nº 10.710, de 5/8/2003, a responsabilidade final pelo pagamento do benefício é do INSS, na medida em que a empresa tem direito a efetuar compensação com as contribuições incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos. Se assim é, não há razão para eximir o INSS de pagar o que, em última análise, é de sua responsabilidade. 5. A segurada não pode ser penalizada com a negativa do benefício previdenciário, que lhe é devido, pelo fato de ter sido indevidamente dispensada do trabalho. Eventuais pendências de ordem trabalhista, ou eventual necessidade de acerto entre a empresa e o INSS, não constituem óbice ao reconhecimento do direito da segurada, se ela optou por acionar diretamente a autarquia. (TRF4, AC XXXXX-09.2014.404.9999, Quinta Turma, Relatora Maria Isabel Pezzi Klein, D. E. 23/02/2015, com grifos acrescidos) PREVIDENCIÁ RIO. MANDADO DE SEGURANÇA. SALÁ RIO-MATERNIDADE. DISPENSA ARBITRÁ RIA. MANUTENÇÃ O DA CONDIÇÃ O DE SEGURADA. LEGITIMIDADE PASSIVA DO INSS. 1. A legislaçã o previdenciá ria garante a manutençã o da qualidade de segurado, até 12 meses apó s a cessaçã o das contribuiçõ es, à quele que deixar de exercer atividade remunerada. 2. A segurada tem direito ao salá rio-maternidade enquanto mantiver esta condiçã o, pouco importando eventual situaçã o de desemprego. 3. O fato de ser atribuiçã o da empresa pagar o salá rio-maternidade no caso da segurada empregada nã o afasta a natureza de benefício previdenciá rio da prestaçã o em discussã o. Ademais, a teor do disposto no artigo 72, § 2º, da Lei 8.213/91, na redaçã o dada pela Lei nº 10.710, de 5/8/2003, a responsabilidade final pelo pagamento do benefício é do INSS, na medida em que a empresa tem direito a efetuar compensaçã o com as contribuiçõ es incidentes sobre a folha de salá rios e demais rendimentos. Se assim é, não há razão para eximir o INSS de pagar o que, em última análise, é de sua responsabilidade. 4. A segurada nã o pode ser penalizada com a negativa do benefício previdenciá rio, que lhe é devido, pelo fato de ter sido indevidamente dispensada do trabalho. Eventuais pendências de ordem trabalhista, ou eventual necessidade de acerto entre a empresa e o INSS, nã o constituem ó bice ao reconhecimento do direito da segurada, se ela optou por acionar diretamente a autarquia. 5. Demonstrada a maternidade e a manutenção da qualidade de segurada, nos termos do art. 15 da LBPS, é devido à autora o salário-maternidade, ainda que tivesse cessado o vínculo empregatício em data anterior ao nascimento.6. Tratando- se de benefício de natureza previdenciária, é do INSS a responsabilidade pelo seu pagamento. 7. O art. 97 do Dec. N. 3.048/99, ao estipular como requisito para o deferimento do salário-maternidade a existência de vínculo empregatício, mostra-se ilegal, já que extrapola a Lei de Benefícios, a qual apenas exige, para a concessão do benefício, a maternidade e a qualidade de segurada da mãe- condição esta que se mantém, mesmo para a segurada que deixa de ser empregada, pelos interregnos previstos no art. 15 da LBPS. (TRF4, APELREEX XXXXX-61.2013.404.7001, Sexta Turma, Relator p/ Acó rdã o Joã o Batista Pinto Silveira, juntado aos autos em 02/06/2014, com grifos acrescidos) 2.1 DA CARÊNCIA Conforme se observa na certidã o de nascimento acostada aos autos, a filha da Demandante nasceu em outubro/2014. É ló gico concluir que o início da gestaçã o da Autora teve início em período pró ximo a janeiro/2015, momento em que perdurava seu contrato de trabalho junto a EMPRESA XXX (Admissão – 16/08/2013 – Desligamento – 06/06/2014) Neste ínterim, vale destacar, novamente, o artigo 10, inciso II, alínea b do ADCT da CF/88, o qual veda a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmaçã o da gravidez até cinco meses apó s o parto. Como exposto acima, no mês da demissã o (junho de 2014) a Demandante já se encontrava com cerca de cinco meses de gravidez. Diante disto, e conforme previsã o expressa do inciso VI do art. 26 da lei 8.213/91, o benefício de salá rio-maternidade independe de carência para a segurada empregada. 2.1 DA QUALIDADE DE SEGURADA Segundo a Lei 8.213/91, a concessã o do benefício de salá rio-maternidade depende, também, da demonstraçã o da qualidade de segurada da Autora. Na presente demanda, tal requisito restou plenamente demonstrado, eis que, conforme se observa nas có pias da CTPS e CNIS em anexo, a Demandante nutriu contrato de trabalho junto a EMPRESA XXX entre 16/08/2013 a 06/06/2014, de modo que, quando da data do parto (19/10/2014), sua qualidade de segurada era mantida, por força do art. 15, II da Lei 8.213/91. Neste sentido, perceba, novamente, a inteligência jurisprudencial do TRF daª Regiã o: PREVIDENCIÁ RIO. SALÁ RIO-MATERNIDADE. TRABALHADORA URBANA. LEGITIMIDADE PASSIVA. INSS. REQUISITOS LEGAIS. COMPROVAÇÃ O DA MATERNIDADE E DA QUALIDADE DE SEGURADA. O salá rio-maternidade é devido à segurada da Previdência Social, durante 120 dias, com início no período entre 28 dias antes do parto e a data de ocorrência deste, observadas as situaçõ es e condiçõ es previstas na legislaçã o no que concerne à proteçã o da maternidade, sendo pago diretamente pela Previdência Social. O salá rio-maternidade está inserido no â mbito da Previdência Social, porquanto a gestante deve manter a qualidade de segurada para lograr o aludido benefício, consoante disposto no artigo 15, inciso II e § 3º da Lei nº 8.213/91, sendo o INSS parte legítima para figurar no pó lo passivo. A segurada desempregada faz jus ao salário-maternidade, se o nascimento da criança ocorrer até 12 meses após a cessação das contribuições, quando ainda mantém a qualidade de segurada. Entendo que, versando a causa sobre salá rio-maternidade, os honorá rios advocatícios devem corresponder a R$ 678,00, pois, nesse caso, o valor da condenaçã o restringe-se a 04 (quatro) salá rios mínimos. Entretanto, tendo em conta que, no caso concreto, o INSS solicita a reduçã o, restam mantidos os honorá rios fixados em sentença. (TRF4, AC XXXXX-81.2010.404.9999, Quinta Turma, Relatora Vivian Josete Pantaleã o Caminha, D. E. 12/03/2013, com grifos acrescidos) Destarte, fundamental seja deferido o benefício ora pretendido à Requerente, conforme atinam os dispositivos relacionados à matéria, e o entendimento jurisprudencial e doutriná rio. 3. TUTELA DE URGÊNCIA: ENTENDE A DEMANDANTE QUE A ANÁLISE DA MEDIDA ANTECIPATÓRIA PODERÁ SER MELHOR APRECIADA EM SENTENÇA. A Requerente necessita da concessã o do benefício em tela para custear a sua vida e de sua filha, tendo em vista que encontra-se afastada do mercado de trabalho e, consequentemente, nã o pode patrocinar a pró pria subsistência. Assim, apó s a fase probató ria, ficará claro que a parte Autora preenche todos os requisitos necessá rios para o deferimento da concessã o, tendo em vista que houve demissã o sem justa causa apó s o início da gestaçã o. O periculum in mora se configura pelo fato de que se continuar privada do recebimento do benefício, a Demandante terá seu sustento prejudicado, juntamente com o de sua filha. De qualquer modo, a situaçã o de desemprego e o cará ter alimentar do benefício traduzem um quadro de urgência que exige pronta resposta do Judiciá rio, motivo pelo qual se tornará imperioso o deferimento deste pedido antecipató rio em sentença. 4. PEDIDO FACE AO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência: 1) A concessã o do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, pois a parte Autora nã o tem condiçõ es de arcar com as custas processuais sem o prejuízo de seu sustento e de sua família; 2) O recebimento e o deferimento da presente petiçã o inicial; 3) A citaçã o do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para, querendo, apresentar defesa; 4) A produçã o de todos os meios de prova, principalmente documental; 5) A antecipação dos efeitos da tutela, sendo deferido o benefício de salário- maternidade à parte Autora em sentença, pelos argumentos acima expostos; 6) O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a pagar, de forma indenizada, o benefício de salá rio-maternidade à Postulante, acrescido de juros de mora e corrigido. 7) Em caso de recurso, ao pagamento de custas e honorá rios advocatícios, eis que cabíveis em segundo grau de jurisdiçã o, com fulcro no art. 55 da lei 9.099/95 c/c art. 1º da Lei 10.259/01.
Nesses Termos; Pede Deferimento. Dá à causa o valor[2] de R$ x. Xxx, xx. CIDADE, DIA de MÊ S de ANO. NOME DO ADVOGADO OAB/RS XX. XXX
[1] FORTES, S. B.; PAULSEN, L. Direito da Seguridade Social: prestaçõ es e custeio da
previdência, assistência e saú de. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. 528 p. [2] Valor da causa = X parcelas vencidas = R$ X. XXX, XX. Olá , tenho desenvolvido Petiçõ es Cíveis de acordo com o NCPC. Se você deseja acelerar os seus processos, confira o acervo que desenvolvemos.
Ação Previdenciária de Concessão de Benefício Por Incapacidade Temporária e Sua Convesão em Benefício Por Icapacidade Permanente Cumulada Com Pedido de Tutela Antecipada de Urgência Mãe