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(ADAPTAR DE ACORDO COM O CASO CONCRETO)

AO JUIZO FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE XXXXXXXXXXXXXXX - UF

COM PEDIDO DE TRAMITAÇÃO ESPECIAL

XXXXXXXXX, qualificação, vem, com o devido respeito, por meio de seus procuradores,
perante Vossa Excelência, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE COM


PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pelos seguintes


fundamentos fáticos e jurídicos:

I – DOS FATOS E FUNDAMENTOS

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AJURÍDICA
A Autora, nascida em XX de xxxxxx de XXXX (certidão de casamento anexa), contando
atualmente com XX anos de idade, filiou-se à Previdência Social em abril de XXXX, sendo
que até a presente data realizou diversas contribuições à Autarquia. A tabela a seguir
demonstra de forma objetiva estes períodos:
Data Inicial Data final Atividade Tempo de serviço
XX/XX/XXXX XX/XX/XXXX xxxxxxxxxxxxxxxx Xx mês e xx dias
XX/XX/XXXX XX/XX/XXXX xxxxxxxxxxxxx xx meses e xx dias
XX/XX/XXXX XX/XX/XXXX NB: 31/XXXXXXXXXX xx meses e xx dias
XX/XX/XXXX XX/XX/XXXX Contribuinte individual xx anos, xx mês e xx dias
CARÊNCIA xx anos, xx meses e xx dias

No dia xx de xxxxxx de XXXX a Autora pleiteou junto a Autarquia Ré o benefício da


aposentadoria por idade, o qual foi indeferido com a justificativa de falta de período de
carência.

Tal decisão indevida motiva a presente demanda.

A aposentadoria por idade possui previsão constitucional no art. 201, § 7º, II, e
regulamentação nos arts. 48 a 51 da Lei 8.213/91, sendo apontado como marco etário os 60
anos para as mulheres. Portanto, no caso em comento, o requisito etário foi preenchido em
XX de xxxxxxxxx de XXXX.

Firmou-se entendimento no Superior Tribunal de Justiça de que sua concessão não


demanda a satisfação simultânea dos requisitos idade, carência, e qualidade de segurado, ou
seja, torna-se necessário que o segurado tenha a idade mínima e o número de contribuições,
mesmo que implementados em momentos distintos. Este entendimento está albergado pela
Lei 10.666/2003, a qual dispõe que a perda da qualidade de segurado não será considerada
para a concessão do benefício.

Carência

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AJURÍDICA
É o número mínimo de contribuições que um segurado deve ostentar para fazer jus ao
benefício previdenciário, sendo que o regramento permanente sobre o estabelecimento da
carência vem disposto nos arts. 25 e 26, de tal forma que para a aposentadoria por idade
torna-se necessário verter 180 contribuições.

Dessa forma, a carência também se mostra implementada, haja vista que o tempo de
serviço desenvolvido corresponde a XXX recolhimentos.

Sendo assim, preenchidos os requisitos previstos em lei, a Autora adquiriu o direito ao


benefício da aposentadoria por idade.

DOS PERÍODOS EM GOZO DE AUXÍLIO-DOENÇA

O tempo em gozo de benefício previdenciário, intercalado com período de atividade,


deve ser computado para efeito de carência. Tal entendimento se baseia no art. 29, § 5º, da
lei 8.213/91, que estabelece:

Art. 29. O salário-de-benefício consiste:


(...)
§ 5º Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por
incapacidade, sua duração será contada, considerando-se como salário-de-
contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da
renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não
podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário mínimo.

Dessa forma, se os salários-de-benefício do auxílio doença são considerados no


período básico de cálculo de outro benefício, é imperioso concluir que também devem ser
utilizados para o cômputo da carência da aposentadoria por idade.

Nesse sentido se manifesta a jurisprudência do STJ e do Tribunal Regional Federal da


4ª Região e da Turma Nacional de Uniformização:

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AJURÍDICA
PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CONVERSÃO DA
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ EM APOSENTADORIA POR IDADE.
REQUISITO ETÁRIO PREENCHIDO NA VIGÊNCIA DA LEI 8.213/1991.
DESCABIMENTO. CÔMPUTO DO TEMPO PARA FINS DE CARÊNCIA.
INEXISTÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO EM PERÍODO INTERCALADO.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.
1. A Lei 8.213/1991 não contemplou a conversão de aposentadoria por
invalidez em aposentadoria por idade. 2. É possível a consideração dos
períodos em que o segurado esteve em gozo de auxílio-doença ou de
aposentadoria por invalidez como carência para a concessão de
aposentadoria por idade, se intercalados com períodos contributivos.(...)
(STJ, REsp 1422081 / SC, MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 02/05/2014.
grifos acrescidos)

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. REQUISITOS


LEGAIS. COMPROVAÇÃO. ANOTAÇÃO NA CTPS. PERÍODOS DE AUXÍLIO-
DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. . Nas ações ajuizadas contra
o INSS, desde que se cuide de prestações de trato sucessivo, prescrevem
apenas as parcelas anteriores ao qüinqüênio legal, sem prejuízo do direito
(Súmula 85 do STJ). . A aposentadoria por idade deve atender aos requisitos
previstos no artigo 48 , caput, da Lei nº 8.213/91, quais sejam, idade mínima de
60 anos para mulher e 65 anos para homem e cumprimento de carência. . As
regras de transição previstas no art. 142 da Lei nº 8.213/91, são aplicáveis aos
segurados inscritos na Previdência Social até 24 de julho de 1991. . As
anotações contidas na Carteira de Trabalho e Previdência Social constituem
prova material suficiente do vínculo empregatício, pois gozam de presunção
iuris tantum de veracidade e não houve qualquer alegação que ilidisse essa
presunção. . O recolhimento das contribuições previdenciárias ao Regime
Geral de Previdência Social é encargo do empregador, sendo que a autora não
pode ser prejudicada pelo não cumprimento de uma obrigação tributária pela
qual não é responsável. . Os períodos em que o segurado esteve em
gozo de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, desde que
intercalados com períodos de atividade, devem ser incluídos como
tempo de contribuição e de carência. . A contar de 01/07/2009, data em
que passou a viger a Lei n.º 11.960/2009, para fins de correção monetária e
juros moratórios haverá a incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento,
dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de
poupança. . Honorários advocatícios mantidos em 10% sobre o valor das
parcelas vencidas até a data da prolação da sentença. (TRF4 5004746-
28.2011.404.7100, Quinta Turma, Relatora p/ Acórdão Cláudia Cristina
Cristofani, D.E. 17/08/2012, grifos acrescidos).

EMENTA PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO


DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ EM APOSENTADORIA POR IDADE.
POSSIBILIDADE SE IMPLEMENTADOS OS REQUISITOS DURANTE A
VIGÊNCIA DO ART. 55 DO DECRETO 3.048/99. CÔMPUTO DE PERÍODO
EM GOZO DE BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE COMO CARÊNCIA.
NECESSÁRIO QUE O PERÍODO ESTEJA INTERCALADO COM O

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AJURÍDICA
EXERCÍCIO DE ATIVIDADE LABORAL. IMPOSSIBILIDADE NO CASO
CONCRETO. AUXÍLIO-DOENÇA IMEDIATAMENTE SUCEDIDO POR
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REVOGAÇÃO DA CONVERSÃO
PROCEDIDA. CONHECIMENTO E PARCIAL PROVIMENTO DO INCIDENTE.
1. Acaso implementados os requisitos autorizadores durante a vigência do art.
55 do Decreto n.° 3.048/99 – revogado pelo Decreto n.° 6.722/08 - é possível a
conversão de benefício de aposentadoria por invalidez em aposentadoria por
idade. 2. O cômputo do entretempo em que o segurado esteve no
gozo de benefício por incapacidade para efeitos de carência, só é
possível quando intercalado com períodos de atividade laboral.
Precedentes desta TNU e do e. Superior Tribunal de Justiça. 3. No caso
concreto, não é possível o cômputo do período de 04.04.1969 a 30.07.1975
para efeitos de carência, uma vez que, desde 01.08.1975 o autor é beneficiário
de aposentadoria por invalidez (NB 020.657.565-3), a qual sucedeu
imediatamente o benefício de auxílio-doença até então recebido. O autor,
então, passa a contar somente com 96 contribuições para efeito de carência, o
que não supre a previsão do art. 142 da Lei n. ° 8.213/91 para o ano de 2005,
qual seja, 144 meses. 4. Revogação da concessão do benefício de
aposentadoria por idade em lugar do benefício de aposentadoria por invalidez
percebido pelo autor. 5. Incidente conhecido e parcialmente provido. (PEDIDO
200972540044001, JUIZ FEDERAL ADEL AMÉRICO DE OLIVEIRA, DOU
25/05/2012, sem grifos acrescidos).

Assim sendo, a Autora preencheu todos os requisitos ensejadores da


aposentadoria por idade, adquirindo o direito ao benefício.

III – DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

A antecipação de tutela assenta-se na existência de prova inequívoca, desde que


ocorra a verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação (periculum in mora), conforme preceitua o art. 273 do Código de Processo Civil.

A prova inequívoca está caracterizada pelo reconhecimento da Autarquia


Previdenciária de XXX meses de carência, conforme pode ser observado através do
resumo de documentos do processo administrativo (fl. 27 / 29), que somados aos períodos
ora pleiteados (XX/XX/XXXX a XX/XX/XXXX, XX/XX/XXXX a XX/XX/XXXX, XX/XX/XXXX a
XX/XX/XXXX) perfazem um total de xxx recolhimentos. É importante destacar que estas
contribuições se referem ao interregno em que a Autora recebeu auxílio doença em

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períodos intercalados de atividade, os quais foram reconhecidos pela Autarquia
Previdenciária para efeito de tempo de contribuição.

Como anota Fredie Didier Júnior, “a verossimilhança das alegações refere-se à


plausibilidade da subsunção dos fatos à norma invocada, conduzindo aos efeitos
pretendidos”, de forma que não pode ser confundida com a incontrovérsia da matéria de
direito, ou seja, a existência de divergências jurisprudenciais não impede a concessão da
antecipação de tutela. No presente caso, a concessão da aposentadoria por idade encontra-
se baseada no entendimento pacificado do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e da
Turma Nacional de Uniformização, no sentido de que é possível o cômputo dos períodos em
gozo de auxílio-doença para efeito de carência, desde que intercalados com períodos de
atividade.

O prejuízo que a demora da prestação jurisdicional pode ocasionar se configura pelo


fato de que se continuar privada do recebimento do benefício a Autora terá seu sustento
prejudicado. A idade avançada e o caráter alimentar do benefício traduzem um quadro de
urgência que exige pronta resposta do Judiciário, tendo em vista que nos benefícios
previdenciários resta intuitivo o risco de ineficácia do provimento jurisdicional final, em virtude
do fato de a Autora estar afastada do mercado de trabalho e, conseqüentemente, desprovida
financeiramente.

Dessa forma, se torna imperioso o deferimento deste pedido antecipatório.

IV – DO PEDIDO

ANTE O EXPOSTO, requer:

a) A concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, tendo em vista que a Autora


não tem como suportar as custas judiciais sem o prejuízo de seu sustento e de sua
família;

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b) O recebimento e deferimento da presente peça inaugural, bem como a concessão de
prioridade na tramitação, com fulcro no art. 71 da lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso), e o
art. 1211-A do CPC, tendo em vista que a Autora conta com mais de 60 anos;

c) O deferimento liminar da antecipação de tutela, ordenando a imediata implantação do


benefício de aposentadoria por idade em favor da Autora;

d) A citação da Autarquia, por meio de seu representante legal, para que, querendo,
apresente defesa;

e) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente o


documental;

f) O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:

1) Reconhecer os seguintes períodos para efeito de carência: XX/XX/XXXX a


XX/XX/XXXX, XX/XX/XXXX a XX/XX/XXXX, XX/XX/XXXX a XX/XX/XXXX;

2) Conceder à Autora o benefício da APOSENTADORIA POR IDADE, a partir


do requerimento administrativo (xx/xx/xxxx), com a condenação do
pagamento das prestações em atraso, corrigidas na forma da lei,
acrescidos de juros de mora desde quando se tornaram devidas as
prestações.

Nesses termos.
Pede Deferimento.

Dá à causa o valor de R$ XXXXXXXX.

Local, data

Advogado
OAB/UF

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