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I – PRELIMINARMENTE
Pelas condições financeiras do requerido, Antônio Joaquim Santos, cabe declarar que
este, para fins processuais, é pobre no sentido legal e não possui condições de arcar com as
custas do processo sem comprometer sua própria subsistência. Por este motivo, pede-se o
benefício da justiça gratuita, com fulcro nos artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil
(IRPF atual, extrato bancário recente e declaração de hipossuficiência em anexo).
De acordo com o artigo 337 do Código de Processo Civil, incumbe ao réu alegar na
contestação, além de toda a matéria de defesa sobre os fatos apresentados na petição inicial,
quando existir alguma preliminar relativa aos pressupostos processuais e as condições da
ação.
O CPC prescreve:
“Art. 319. A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união
estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço
eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos
fatos alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de
conciliação ou de mediação.
§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II,
poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências
necessárias a sua obtenção.
§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de
informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao
disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações
tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos
indispensáveis à propositura da ação.
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os
requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e
irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito,
determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou
a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou
completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz
indeferirá a petição inicial.”
Mesmo com a determinação para emendar a petição inicial, a Autora não sanou os
vícios. Houve falha em colocar como parte Felipe Rodrigues da Silva, pessoa a qual Maristela
pretende reconhecer, de maneira socioafetiva, como pai, incluindo seu nome em sua certidão
de nascimento.
Ou seja, trata-se de PETIÇÃO INICIAL INÉPITA, não tendo sito sanados os vícios
em EMENDA A INICIAL de Fls. XX, devendo a mesma ser EXTINTA SEM
JULGAMENTO DE MÉRITO, nos termos do inciso I do artigo 485 do Código de
Processo Civil, “in verbis”:
Trata-se de ação em que a autora, Maristela Pereira dos Santos, pleiteia a exclusão do
nome do pai biológico, Antonio Joaquim dos Santos, o requerido, da sua certidão de
nascimento, e a inclusão do nome do padrasto, Felipe Rodrigues da Silva. Narra a Autora que
aos dois anos de idade foi abandonada por seu pai biológico, após da separação de seus
genitores, não recebendo qualquer apoio afetivo e material por parte do requerido. Maristela
alega que Antonio somente a procurou recentemente por meio das suas redes sociais para
conseguir ajuda financeira.
Ocorre que, diferentemente do que foi narrado na inicial apresentada, a separação não
ocorreu de forma amigável, pois não era da vontade de Antônio que o fato acontecesse. Sua
ex-esposa, Luana do Carmo, infeliz com a renda mensal de Antônio, o coagiu, exercendo
pressão psicológica e causando constrangimento, a assinar os papéis do divórcio. Luana usou
de mecanismos ardilosos que não somente desestabilizaram Antônio, mas o fizeram acreditar
que ele não seria um bom pai por conta de seu salário. Antonio trabalhou, durante 19
(dezenove) anos, como lixeiro. A ex-esposa alegava que o que o requerido obtia de proventos
mensais nunca poderia dar à filha deles, Maristela, uma vida digna.
Não desistindo de ter contato com sua filha, Antonio repassava, mensalmente, quantia
simbólica em meio a sua renda mensal para a conta de Luana, a fim de provar que estava
disposto a oferecer a melhor vida que poderia à filha deles. Luana nunca retornou, e, pela
presente ação, nunca contou à Maristela o que seu pai fazia. Antônio somente parou de efetuar
os pagamentos quando se aposentou, e seu salário se tornou significativamente menor, sendo
suficiente apenas para o prover o básico para sua subsistência.
Depois de muitos anos, e com os adventos das novas tecnologias, o requerido, que na
presente data possui 67 anos, pôde finalmente, com a ajuda de um amigo, acessar as redes
sociais e por fim contatar sua filha, apesar de suas reais dificuldades financeiras e sua idade
avançada.
Fato é que nunca foi a intenção de Antônio tirar proveito de sua filha. Nas mensagens,
é possível perceber que o requerido queria, acima de tudo, reestabelecer qualquer vínculo,
mesmo que mínimo, com a requerente, porém todas as demais mensagens foram
desconsideradas, sendo destacada somente a única em que Antônio explica sua situação
financeira e pergunta se Maristela poderia ajudá-lo.
III – DO MÉRITO
Cita-se o seguinte excerto da petição inicial apresentada por Maristela: “Os anos se
passaram, a requerente nunca teve contado com seu pai biológico, ora este, requerido desta,
que sequer moveu-se de mínimo esforço, para criar qualquer relação de paternidade
com sua filha”. A informação, como exposto anteriormente, é inverossímil. Antônio tentou,
por diversos meios, ter contato com sua filha, inclusive enviando à Luana, mensalmente, parte
de seu salário (extratos bancários, para efeitos de comprovação, em anexo), sem nunca ter
sido solicitado para realizar tal ação.
Não se pode colocar a culpa do ocorrido em Antônio, vez que o mesmo foi atingido
pela atitude maliciosa de sua ex-esposa. Ao citar a separação, a requerente descreve a situação
como “um trauma vivenciado por uma criança logo no seu início de vida”. Conforme Paulo
Lôbo, “A separação dos cônjuges não pode significar a separação de pais e filhos. (...) o
princípio do melhor interesse da criança trouxe-a ao centro da tutela jurídica, prevalecendo
sobre os interesses dos pais em conflito” (LÔBO, Paulo. Direito Civil. Famílias. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2009. p. 168). Fato é que o trauma citado foi causado pela própria mãe, e não
pelo requerido. Antônio foi atingido e coagido pela ação de Luana, se sentindo incapaz de
cuidar de sua filha apenas pelo motivo monetário, o que o levou a assinar os papéis da
separação. É importante ressaltar que Antônio fazia tudo o que estivesse ao seu alcance para
propiciar à sua filha uma vida digna, com amor e tudo o que ela necessitasse. A atitude de sua
ex-esposa não foi apenas reprovável, mas também carregada de um forte preconceito
econômico.
Maria Berenice Dias destaca que a alienação parental ocorre quando um dos genitores,
gerados pelo desejo de vingança, embute a ideia na cabeça do filho do ex- casal, que sofre
com a possível perda decorrente da separação dos pais, a ideia de que fora abandona pelo
outro genitor, aquele que se afastou do lar, o convencendo que ele não é amado pelo seu outro
genitor, fazendo-o acreditar em fatos que não ocorreram como intuito de afastá-lo de seu pai
ou de sua mãe (2007, p. 11).
Segundo destaca o Código Civil: “Art. 1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário
ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro.”
VI – DA RECONVENÇÃO
Entretanto, Alega a autora, em petição inicial apresentada, que Antônio não teria, em
nenhuma hipótese, direito de receber alimentos, pela obrigação nunca ter sido feita da forma
prevista no Código Civil e na Constituição Federal, ou seja, de maneira recíproca, provento
sustento. Tal argumento não encontra embasamento diante do fundo repassado, mensalmente,
à mãe da autora, que o recebia e nunca deu notícia do fato à requerente.
Sabe-se, todavia, que o Réu de fato ajudava a ex-mulher com alimentos para sua prole
e, como narrado pela Autora, aparentemente, tal ajuda era utilizada em prol exclusivamente
da genitora da Autora. Entretanto, não há culpa do Réu quanto à má administração dos
valores.
Como verificado em EXTRATO BANCÁRIO juntado à este petitório, pode-se
evidenciar que mesmo que sem qualquer pedido ou decisão judiciária, o Réu sempre ajudou
enquanto pode.
Outrossim, agora que NÃO POSSUI MAIS CONDIÇÕES DE MANTER SEU
PRÓPRIO SUSTENTO, requer algo que é direito seu, ainda mais por ter ajudado a Autora,
mesmo que indiretamente.
O credor deve buscar alimentos de quem lhe é mais chegado, é o que diz a lei ao
estabelecer que a obrigação recai sobre os parentes de grau mais próximo (CC, art. 1.696), e é
por este motivo que o requerido pede assistência à sua filha Maristela. Como esclarecido
anteriormente, Antônio fez tudo o que estava ao seu alcance, e ao que sua faculdade psíquica
permitiu após a coação praticada por sua ex-esposa, para que sua filha possuísse vida digna,
mesmo com a distância.
Segundo a Constituição Federal de 1988, o cuidado dos filhos com os pais quando
idosos ultrapassam o dever ético ou moral e se impõe uma obrigação cidadã. Os filhos têm o
dever de auxiliar seus pais sendo obrigados a ajudá-los material e moralmente socorrendo-os e
protegendo-os em relação a sua pessoa tanto quanto ao seu patrimônio.
“Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade.
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as
pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo
sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.”
Fica evidente a obrigação de prestar alimentos ao idoso, sendo que sua recusa constitui
violação à Constituição Federal e ao Estatuto do Idoso, sem justa causa para não prover a
subsistência.
V – DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
a) Seja deferida a JUSTIÇA GRATUITA ao Requerido, haja vista que não possui
condições de suportar as custas processuais sem prejuízo de seu próprio sustento, nos
termos da declaração de hipossuficiência e da documentação anexa;
b) O recebimento e o processamento da presente contestação, bem como os documentos
que a acompanham;
c) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em Direito permitidos, em
“máxime” pela prova DOCUMENTAL e pela prova TESTEMUNHAL.
d) Seja dado julgado PROCEDENTE os pedidos da RECONVENÇÃO para fixar
ALIMENTOS no valor de R$ 850,00 (oitocentos e cinquenta reais) mensais, a serem
depositados na conta do Réu/Reconvinte, haja vista sua hipossuficiência e redução da
condição financeira, além de sua idade já avançada e impossibilidade de realizar labor,
além de todo o exposto em sede de reconvenção;
e) A TOTAL IMPROCEDÊNCIA da presente demanda, com a condenação do Autor ao
pagamento de honorários advocatícios nos parâmetros previstos no art. 85, §2º do
CPC;
OUTORGANTE:
Antônio Joaquim Santos, brasileiro, solteiro, portador do RG nº 08.078.989-28, inscrito no CPF sob nº
101.777.748-08, portador do endereço eletrônico antonio.joaquim687@gmail.com, residente e
domiciliado na Rua do Salvamento, no 1045, bairro Alvarenga, São Bernardo do Campo – SP, CEP
03455-668.
OUTORGADO
José Alvim Ferreira, brasileiro, casado, advogado inscrito na OAB-SP 964.238, endereço eletrônico
alvimferreira@gmail.com, com escritório na Rua Floriano Jesus, 398, Jardim Floresta, CEP
09571-388, onde receberá citações, intimações e notificações.
PODERES
Outorgando-lhe amplos, gerais e ilimitados poderes para o foro em geral, com a cláusula "ad judicia",
conforme estabelecido no artigo 38 do Código de Processo Civil, a fim de que, em conjunto ou
separadamente, possam realizar todos os atos que se fizerem necessários ao bom e fiel cumprimento
deste mandato, para, em nome do Outorgante, ajam perante qualquer juízo, instância ou tribunal,
repartição pública e órgãos da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual e municipal,
autarquia ou entidade paraestatal, podendo propor contra quem de direito, as ações competentes e
defendê-lo nas contrárias, seja o outorgante autor ou reclamante, seguindo umas e outras até final
decisão, em primeira e superiores instâncias, inclusive em execução de sentença, usando os recursos
legais e acompanhando-os, conferindo-lhes, ainda, poderes especiais para reconvir, promover
quaisquer medidas cautelares, arrolar, inquirir, contraditar e recusar testemunhas, produzir provas,
arrazoar processos, requerer vistas dos mesmos, concordar com cálculos, custas e contas processuais,
podendo ainda, formar os documentos necessários, requerer, alegar e assinar o que for preciso, juntar e
retirar documentos, apresentar e assinar quaisquer guias, requerer certidões, alvarás diversos e demais
autorizações, receber importâncias, seja a que título, efetuar levantamentos, requerer laudos,
avaliações e perícias, arguir suspeição, falsidade e exceção, bem como confessar, desistir, transigir,
fazer acordo, renunciar, impugnar, receber e dar quitação, assinar termo de compromisso, requerer
benefícios da justiça gratuita, renunciar a valores excedentes a 60 salários mínimos em processos que
tramitam perante ao Juizado Especial, bem como substabelecer a presente com ou sem reserva de
poderes se assim lhe convier, dando tudo por bom, firme e valioso, especialmente para apresentar
contestação contra Maristela Pereira dos Santos.
Sob a pena da Lei cível e criminal, declaro, para fins processuais, que sou pobre no sentido
legal e não tenho condições de arcar com as custas do processo, sem comprometer minha
própria subsistência e de minha família.
Antonio J. Santos
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ANTONIO JOAQUIM SANTOS, CPF/MF n° 101.777.748-0
08.078.989-28 10/12/2015
101.777.748-08