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Modelo de Acordo Extrajudicial de Investigação de Paternidade


Prevalência da paternidade socioafetiva em detrimento da biológica
Da cumulação dos alimentos na investigatória de paternidade
Súmulas e Julgados do STF e STJ sobre investigação de paternidade

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Observação: importante frisar que o STJ sedimentou o entendimento de que, em
conformidade com os princípios do Có digo Civil de 2002 e da Constituiçã o Federal de 1988,
o sucesso da ação negatória de paternidade, depende da demonstraçã o, a um só tempo:
a) da inexistência de origem biológica (demonstrada com exame de DNA negativo); b) de
que não tenha sido constituído o estado de filiação socioafetiva, edificado, na maioria das
vezes, pela convivência familiar; e c) demonstração inequívoca de vício de consentimento
do pai registral no momento do registro ( leia mais nesse artigo).

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ______VARA DA FAMÍLIA E


DAS SUCESSÕES DA COMARCA DE _________ – ESTADO DE ________

Autor Idoso – Tratamento Prioritário


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GERALDO , idoso com 69 anos e gravemente enfermo, brasileiro, viú vo, aposentado,
portador do RG nº ______, e inscrito no CPF/ MF sob nº _______, telefone ________, e e-mail
________, residente e domiciliado à RUA ___, Nº _____- JARDIM ____, na cidade de _______, estado
de ________, através de seu advogado infra-assinado (procuraçã o anexa - Doc. 01), com
escritó rio profissional no endereço abaixo impresso, onde recebe intimaçõ es e notificaçõ es,
vem respeitosamente à honrosa presença de Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE cumulada com RETIFICAÇÃ O DE REGISTRO CIVIL


em face de MARIA , menor impú bere, nascida aos 04/05/2018, inscrita no CPF/ MF sob o
nº ____________, neste ato representada por sua genitora ADRIANA , brasileira, solteira,
professora, telefone ________, e-mail __________, portadora do RG nº __________ SSP/__, residente
e domiciliada à RUA ____________, Nº ___- BAIRRO _________, na cidade de ___________/___, pelas
razõ es de fato e de direito a seguir aduzidas:
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA:
Inicialmente, requer a concessão dos benefícios da Gratuidade da Justiça, nos termos do artigo 98 e seguintes, da
Lei nº 13.105/ 2.015, artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federale artigo 4º, da Lei nº 1.060/ 50, por não
possuírem condições financeiras para arcar com as despesas e custas processuais, sem prejuízo do próprio
sustento e de seus familiares (declaração anexa - Doc. 02).

I- DOS FATOS:

Em meados de 2017, o Autor, entã o viú vo e contando com 68 (sessenta e oito) anos
conheceu a jovem ADRIANA ______, há época com 32 (trinta e dois) anos, sua entã o vizinha,
com quem passou a manter relaçõ es íntimas e esporá dicas.
Ato contínuo, referida jovem comunicou ao Autor que estava grávida, atribuindo-lhe a
paternidade.
Em 04 de maio de 2018, adveio o nascimento da Requerida MARIA ______ (certidã o de
nascimento anexa - Doc.03).
Pressionado pela genitora da Requerida e por motivos de ordem moral e social e diante da
possibilidade de que fosse o pai bioló gico, o Requerente foi induzido a erro, e nesta
contingência, a registrou como filha.

No entanto, com o passar do tempo, vá rios acontecimentos vieram a contribuir para que o
Autor passasse a desconfiar de que nã o era, de fato, o pai bioló gico da Requerida.

Para surpresa do Requerente, logo que este registrou a criança como sua filha, a genitora
da Requerida estreitou, ainda mais, relacionamento com um antigo companheiro.

Robustecem ainda mais a argumentaçã o, o fato de logo apó s providenciar o


reconhecimento da Requerida, o Requerente começou a ouvir conversas dando conta que a
genitora da menor havia se relacionado sexualmente com outro homem, referido ex-
companheiro, em data pró xima que o Autor, conversa corrente no bairro, onde todos se
conhecem. Salientamos, por oportuno, que à época dos fatos, era o Autor viú vo e a genitora
da Requerida solteira, portanto, ambos desimpedidos.
Tais fatos, de tã o graves, inviabilizaram, inclusive, a frustrada tentativa de coabitaçã o entre
o Autor e a genitora da Requerida, posto que pretendia o Requerente, ante o nascimento da
Requerida, constituir família, abrigando a infante que acreditava sua filha No entanto,
referida uniã o, ante a desconfiança em relaçã o à fidelidade da genitora da Requerida, foi
desfeita em poucos dias.

Cumpre frisar que o Requerente é pessoa totalmente estranha à Requerida, sendo certo,
inclusive, que o Autor e sua família, no que pese o pouco contato com a criança, nã o
reconhecem nenhum traço de semelhança física entre eles e a Requerida.

Acredita agora o Autor que foi “escolhido” para pai, em virtude de, na época dos fatos,
embora com idade avançada, estar empregado, somando-se ao seu salá rio valor que
recebia a título de aposentadoria, gozando, assim, de status superior a média das pessoas
do círculo de relacionamento da genitora da Requerida.
Frise-se, por oportuno, que a genitora da Requerida possui outros 02 (dois) filhos com seu
ex-companheiro, que se desconfia o real pai bioló gico da Requerida, razã o pela qual,
atribuir-lhe mais uma paternidade, pouca ou nenhuma vantagem econô mica traria à mã e
da Requerida.
No entanto, na presente data, recebe o Autor somente o valor líquido mensal de R$ ____
(_______) à título de aposentadoria, estando impossibilitado de exercer qualquer atividade
laboral remunerada tendo em vista que, nã o bastassem as pró prias limitaçõ es naturais em
decorrência da idade avançada (69 anos), está o Requerente padecendo de doença grave:
__________.

II- DO DIREITO
Importante reiterar que o Autor, no momento do registro, acreditava ser ele o pai bioló gico
da Requerida. Em nenhum momento registrou a Requerida sabendo que nã o era seu pai.
Evidente, portanto, o erro e o vício no consentimento, o que torna possível o presente
pedido, posto que presentes a legitimidade e o interesse de agir.

Afastada, portanto, a limitaçã o esculpida no art. 1.609 do Có digo Civil, aplicá vel apenas nos
casos onde a parte, espontaneamente, mesmo sabendo da inexistência do vínculo,
reconhece como seu, filho alheio.

A hipó tese tratada nos presentes autos é justamente oposta, pois o Autor acreditava ser
realmente o pai bioló gico da Requerida.
O artigo 1.604 do Có digo Civil ressalva que “ninguém pode vindicar estado contrá rio ao que
resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro”,
justamente o caso em tela.
Tal preceito é no sentido que deve prevalecer a verdade real sobre a formal, de modo que o
reconhecimento voluntá rio nã o inibe o seu exercício pelo perfilhante, que por defeito do
ato jurídico, quer por nã o espelhar a verdade. Trata-se de irrevogabilidade vitanda que
impede a retraçã o pura e simples do ato, mas nã o a sua anulaçã o por meio de decisã o
judicial (artigos 1º da Lei nº 8.560/92, 1.604 do Có digo Civil de 2002 e 113 da Lei de
Registros Publicos).
Informa ainda o Autor que nã o sente arrependimento, mas sim insegurança quanto à
paternidade assumida, receando pelos efeitos deletérios que o descobrimento tardio da
paternidade bioló gica possa causar à infante, hoje com apenas 07 (sete) meses de vida. A
tenra idade da Requerida demonstra, inclusive, que não se criou vínculo afetivo
entre as partes, sendo este, o melhor momento para se buscar a verdade sobre a
paternidade.
Conforme doutrina do operoso magistrado JORGE LUIS COSTA BEBER (in, “Açã o negató ria
de paternidade aforada por pai registral ou reconhecido judicialmente”, Revista da AJURIS,
nº 73, Porto Alegre, p.202), a norma jurídica precisa ir ao encalço dos avanços científicos
relacionados com a matéria familiar, sobretudo no campo da genética, verbis:
“A identificação digital genética do DNA constitui valiosíssimo recurso na distribuição da justiça, rápida e justa,
possibilitando considerável economia de tempo e dinheiro. Destarte, diante da certeza que dimana do exame
científico pelo sistema DNA, reconhecida tanto na doutrina como na jurisprudência, não vejo como manter, em
sede de ações declaratórias negativas, tanto da paternidade como da maternidade, o pensamento jurídico vigente
a mais de oitenta anos atrás, época em que foi promulgado o vetusto Código Civil Brasileiro. (...) É que, na verdade,
não há como continuar sustentando uma aparente verdade, em desfavor de uma prevalente verdade biológica; No
caso concreto, o que houve, foi uma declaração de vontade não correspondente ao verdadeiro ato volitivo do pai
registral, pois agiu de modo contrário ao que certamente agiria se conhecesse, na época do registro, a verdade
sobre a concepção; Interessa ao Estado manter uma formalidade registral falsa (mesmo que por erro) em
detrimento de uma verdade biológica? Acredito que não”.

Nesse sentido é o entendimento reiterado da jurisprudência: ( veja julgados do STJ nesse


artigo).
Portanto, no caso sob exame, o que houve, foi uma declaraçã o de vontade nã o
correspondente ao verdadeiro ato volitivo do pai registral, ora Autor, pois agiu de modo
contrá rio ao que agiria se conhecesse, na época do registro, a verdade sobre a concepçã o.

III- DOS PEDIDOS


Isto posto, requer respeitosamente a Vossa Excelência:
a) citaçã o da requerida, representada e na pessoa de sua genitora, no endereço informado
no preâ mbulo, para que responda a presente açã o, sob pena de revelia e confissã o;
b) A intimaçã o do ilustre representante do Ministério Pú blico para que intervenha no feito;
c) Seja determinada a antecipação da prova pericial, oficiando-se ao IMESC, solicitando
designaçã o de data para realizaçã o do Exame hematoló gico, principalmente pelo Sistema
DNA, conforme garante a Lei estadual nº _______ para, em caso de nã o exclusã o da
paternidade, seja informado qual a probabilidade (em percentual) de ser o requerente
o pai da requerida. Intimando-se as partes e demais interessados para que compareçam
nos locais e datas previamente designadas, advertindo-se a genitora da requerida acerca
das conseqü ências na eventualidade de desobediência à ordem judicial;

d) Ao final, seja julgada PROCEDENTE a presente açã o, declarando a inexistência de vínculo


de parentesco entre as partes e, via de conseqü ência, a expediçã o de mandado ao Cartó rio
de Registro Civil, para que se exclua do registro de nascimento da requerida, o nome do
requerente, o dos avó s paternos, bem como o sobrenome “_________” do nome da requerida;
e) Seja garantida a prioridade da tramitação do presente processado, mandando anotar
essa circunstâ ncia em local visível dos autos (art. 71, § 1o da Lei 10.741/2003 – Estatuto do
Idoso);
f) Requer ainda, seja concedido os benefícios da Gratuidade da Justiça, por ser o requerente
pessoa pobre na acepçã o jurídica do termo; e
g) A condenaçã o da Requerida nas custas, despesas processuais e honorá rios de
sucumbência.
Protesta provar o alegado por todos os meios em Direito admitidos, especialmente pericial.
Dá -se à causa o valor de R$ 954,00 (novecentos e cinquenta e quatro reais), para fins
meramente fiscais.
Termos em que, P. Deferimento,
(cidade), 30 de dezembro de 2018.
ADVOGADO - OAB/__ Nº ________

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GERALDO __________ (requerente)


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