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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (ÍZA) DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL

DA COMARCA DE ARAÇATUBA - ESTADO DE SÃ O PAULO.


, brasileiro, vive em uniã o está vel, pedreiro, portador da Cédula de Identidade RG nº ,
devidamente inscrito no CPF/MF sob o nº , residente e domiciliado na CEP , neste ato
representado por seus advogados que esta subscreve (procuraçã o anexa), os quais
recebem intimaçõ es em seu endereço profissional, localizado na CEP , endereço eletrô nico ,
vem respeitosamente perante Vossa Excelência propor a presente
AÇÃ O DE NEGATÓ RIA DE PATERNIDADE c/c ANULAÇÃ O DE REGISTRO
CIVIL
em face de , brasileiro, menor impú bere, nascido em 12 de abril de 2017, onde foi lavrado
sua certidã o de nascimento no livro A, nº 310, folha nº 251 V sob o nº 117814,
devidamente inscrito no CPF/MF sob o nº , neste ato representado por sua genitora ,
brasileira, portadora da Cédula de Identidade RG nº -X SSP/SP, devidamente inscrita no
CPF/MF sob o nº, residente e domiciliada na Bairro Claudionor Cinti, nesta cidade e
comarca de Araçatuba, Estado de Sã o Paulo, CEP: , pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos:

I. DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA.
Douto Juízo, a parte Autora pugna pela concessã o da benesse da gratuidade judiciá ria,
tendo em vista ser pessoa de pequenas posses, além de nã o possuir nenhum recurso
financeiro para arcar com qualquer custa processual sem o comprometimento de seu
pró prio sustento e o de sua família.
Neste diapasã o o inciso LXXIV , do artigo 5º da Carta Magna aduz que "o Estado prestará
assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos" .
É imperioso destacar, que o artigo 98, caput, do Có digo de Processo Civil descreve que "a
pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para
pagar as custas, as despesas processuais e os honorá rios advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei".
Neste diapasã o, o Autor informa ser profissional autô nomo, o qual exerce a profissã o de
pedreiro, recebendo aproximadamente o importe de , neste passo, nota-se que arenda
recebida pelo Autor é quase insuficiente para adimplir as despesas mais bá sicas de seu lar,
quais sejam, á gua, energia elétrica, alimentos, farmá cia, (...).
Nesta senda, diante das explanaçõ es alhures é demonstrado de maneira cristalina a
hipossuficiência do Autor em arcar com as despesas processuais sem comprometimento de
sua subsistência, rogando o Autor pela concessã o da benesse da gratuidade da justiça.
II. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇAO OU MEDIAÇÃO.
A parte Autora em atençã o à audiência de conciliaçã o/mediaçã o descrita no artigo 319,
inciso VII, do Có digo de Processo Civil, informa a desnecessidade do agendamento, haja
vista, que referido processo é voltado exclusivamente à prova documental e pericial (DNA).

III. DOS FATOS


O Autor atualmente reside na cidade de Bataguassu, estado de Mato Grosso do Sul, no
entanto, em meados do ano de 2015, esteve residindo nesta cidade de
Araçatuba, sendo que nesta oportunidade teve um breve relacionamento amoroso com a
parte Demandada, a qual no decorrer deste relacionamento veio a engravidar.
No entanto, o Autor nã o acompanhou a gestaçã o da Demandada, pois neste período já havia
retornado a sua cidade de origem, o qual somente voltou à cidade de Araçatuba para
registrar o menor, pois acreditava ser seu filho bioló gico.
Neste passo, em razã o do relacionamento e a confiança na fidelidade que o Autor depositou
em sua companheira, ora Demandada, acreditou que o filho que esta havia concebido era
fruto do relacionamento havido entre ambos, entretanto, o Autor em erro, acabou por
registrar como se fosse seu filho a pessoa de , nascido em 12 de abril de 2017, onde foi
lavrado sua certidã o de nascimento no livro A, nº 310, folha nº 251V sob o nº 117814,
devidamente inscrito no CPF/MF sob o nº .
Nesta senda, o Autor informa que o menor conta atualmente com 1 (um) ano e 3 (três)
meses de vida, conforme comprova a certidã o de nascimento anexa, contudo, desde o
nascimento até os dias atuais, as partes nã o manteve nenhuma proximidade em razã o da
distâ ncia entre elas.
Assim, o Autor informa ainda, que acompanhou o crescimento do menor apenas por fotos
encaminhadas via wathsApp pela Demandada, sendo que apó s 5 (cinco) meses de vida do
menor, o Autor notou a nã o semelhança entre eles, e, entã o passou a desconfiar da
paternidade de tal modo, que solicitou à Demandada a realizaçã o do exame de DNA para
confirmaçã o da paternidade.
Desta feita, em atençã o ao pedido, o Autor, a parte Demandada e o suposto filho realizaram
no dia 27 de setembro de 2017 o exame de DNA, o qual confirmou que o Autor nã o é o pai
bioló gico do menor. (exame anexo)
Por derradeiro, diante da negativa do exame realizado, e da nã o filiaçã o socioafetiva entre
ambos, haja vista que o Autor reside a mais de 290 km de distâ ncia do menor, nã o restou
alternativa ao Autor senã o se socorrer ao judiciá rio por intermédio da presente demanda.

III. DO DIREITO
III.1 Da Negató ria de Paternidade - Exame de DNA negativo - Da Nã o Afetividade.
O artigo 1.601 do Có digo Civil, caput, menciona que "cabe ao marido o direito de contestar
a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal açã o imprescritível" , nesta
senda, em ato contínuo o artigo 1.604 do mesmo diploma legal, aduz que "ninguém pode
vindicar estado contrá rio ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro
ou falsidade do registro" .
Neste passo, o Autor por estar envolvido em um relacionamento com a parte Demandada,
acreditava que esta havia gerado um fruto desta relaçã o, e assim, por acreditar em sua
fidelidade, e em evidente estado de erro, acabou por registrar uma criança que nã o é seu
filho bioló gico.
Ademais, em momento algum durante da gestaçã o, a parte Demandada informou ao Autor
que havia tido uma relaçã o com outra pessoa, o qual somente passou a ser assombrado por
esta dú vida apó s 5 (cinco) meses do nascimento do menor.
Assim, o Autor solicitou a parte Demandada a realizaçã o do exame de DNA para
confirmaçã o da paternidade, a qual prontamente atendeu seu pedido, e na data de 27 de
setembro de 2017, fora realizado entre ele, a parte Demandada e o suposto filho, o exame
de vínculo genético de filiaçã o por DNA, o qual confirmou a nã o filiaçã o entre o Autor e
menor, . (laudo anexo)
Neste passo, apó s a negativa do exame, o qual concluiu que o Autor nã o é o pai bioló gico do
menor, e sendo que apó s o nascimento do menor o Autor nã o manteve nenhuma relaçã o
afetiva com a criança, o qual possui atualmente 1 (um) ano e 3 (três) meses, é medida de
direito a anulaçã o do registro civil, afim de que seja retirado do assento de nascimento do
menor a filiaçã o paterna e nome dos avó s paternos.
Neste sentido, a professora , explica em seu Manual de Direito das famílias. 12a ed. Revista
dos tribunais: 2017. Ebook. 24.5 - Açã o do Pai, a relaçã o do nã o vínculo afetivo, in verbis:
"não havendo vínculo de qualquer ordem entre pai e filho - a não ser uma sentença que afirma um fato que não
existe - essa inverdade jurídica não pode prevalecer. Quem não é pai, nem afetivo, nem biológico, não é pai. A
justiça precisa curvar-se a essa verdade, mesmo que alguém, eventualmente, acabe sem genitor. Essa situação,
ainda que lastimável, não cabe ser solucionada pelo Judiciário. Desarrazoado que seja criado ou mantido vínculo
de paternidade inexistente, encobrindo-se de forma injustificada a verdade real." (DIAS, Maria Berenice.) - grifos
não originais.

Ademais, é bom por em relevo que a pró pria Demandada concordou com o resultado do
exame de DNA, e também manifestou o interesse da retirada do nome do Autor no assento
de nascimento do menor, e, diante da negativa da paternidade e da nã o afetividade entre o
Autor e o menor, é medida de direito a anulaçã o do registro civil.
Neste sentido, também caminha a jurisprudência, vejamos:
APELAÇÃO. NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. PROVA DE ERRO E INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO AFETIVO. PROCEDÊNCIA.
Autor/apelante que registrou o filho concebido e nascido durante a união estável que manteve com a genitora.
Situação em que vigorava contra o autor/apelante a presunção do pater is est. Comprovada a inexistência de
vínculo biológico, por exame de DNA . Também restou comprovado o erro na manifestação de vontade do
autor/apelado ao efetuar o registro , aliás, a própria genitora também se disse em estado de erro, pois pensava
que o autor era o pai do filho. Comprovada a inexistência de vinculação socioafetiva , na medida em que a parte
apelada, desde o início do processo, concorda com o pleito negatório e informa que já está tomando providências
para demandar o pai biológico. Hipótese de julgamento de procedência da ação negatória de paternidade. DERAM
PROVIMENTO. (Apelação Cível Nº , Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado
em 12/04/2018). grifos não originais.
APELAÇÃO. AÇÃO ANULATÓRIA DE RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE . INEXISTÊNCIA DE PATERNIDADE BIOLÓG
ICA OU SOCIOAFETIVA . FALSIDADE DO REGISTRO E ERRO. Caso no qual o pai registral não era casado nem vivia em
união estável com a genitora da menina, razão pela qual não vigia a presunção pater est.Hipótese de verdadeira
ação de anulação de registro, na qual a procedência do pedido depende apenas de prova de falsidade do registro
ou de vício de vontade. O exame de DNA provou a inexistência de paternidade biológica. E o curtíssimo tempo
transcorrido entre o registro e ao ajuizamento da ação (pouco mais de 02 meses), não autorizam a conclusão de
que se formou paternidade socioafetiva , cuja inexistência foi confirmada pela parte ré. Hipótese de registro que
não espelha verdade biológica ou socioafetiva , e que portanto foi feito com falsidade, o que autoriza a sua
desconstituição. Ademais, o apelante efetuou o registro porque a genitora da apelada lhe disse que ele era o pai,
mas sonegando dele a informação de que, na época da concepção, ela mantinha relação com outra (s) pessoa (s); e
se negando a fazer o exame de DNA, antes do ajuizamento da ação. Em face disso, tem-se que o registro foi feito
em estado de erro, pois teve por base uma mentira, e a sonegação de informações relevantes... que poderiam
perfeitamente ter levado o apelante a, se soubesse de tais informações, agir de forma diferente. DERAM
PROVIMENTO. (Apelação Cível Nº , Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado
em 22/06/2017). Grifos não originais

Diante dos julgados e das explanaçõ es alhures, é medida de direito a declaraçã o da


anulaçã o do registro de nascimento do menor, .

IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Diante de todo o exposto , o Autor vem respeitosamente perante Vossa Excelência requerer
o que adiante segue:
1. Seja deferida os benefícios da Justiça Gratuita, uma vez que o Autor nã o possui condiçõ es
de custear as despesas do processo, se subsumindo ao conceito de pessoa juridicamente
pobre, conforme comprova declaraçã o anexa;
2. A citaçã o da parte Demandada na pessoa de sua representante legal, para se querendo,
possa apresentar a defesa cabível, sob pena de revelia;
3. A participaçã o do ilustre Representante do Ministério Pú blico como custos legis ;
4. Da nã o designaçã o da audiência de conciliaçã o/mediaçã o descrita no artigo 319, inciso
VII, do Có digo de Processo Civil, tendo em vista que processo é voltado exclusivamente à
prova documental e pericial (DNA);
5. A procedência dos presentes pedidos afim de que seja declarada a negató ria da
paternidade bioló gica entre Autor e a parte Demandada;
6. E em razã o da nã o afetividade entre ambos, que seja oficiado o cartó rio de registro civil
das pessoas naturais da cidade de Araçatuba, para que anule o assento de nascimento do
livro A, nº 310, folha nº 251 V sob o nº 117814, a fim de que seja retirado o nome do Autor
como pai bioló gico, bem como a exclusã o do nome dos avó s paternos;
7. A condenaçã o da parte Demandada nas custas processuais e honorá rios advocatíciospara
os patronos da parte Autora, cujo valor submete-se ao arbítrio desse Douto Juízo;
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas legalmente permitidos, como
depoimento pessoal da representante da parte Demandada, testemunhas, documentos,
exame de DNA, etc.
Dá -se a causa o valor de .
Nestes termos,
Pede deferimento.
De Bataguassu/MS para Araçatuba/SP, 03 de agosto de 2018.

-A

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