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I. DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA.
Douto Juízo, a parte Autora pugna pela concessã o da benesse da gratuidade judiciá ria,
tendo em vista ser pessoa de pequenas posses, além de nã o possuir nenhum recurso
financeiro para arcar com qualquer custa processual sem o comprometimento de seu
pró prio sustento e o de sua família.
Neste diapasã o o inciso LXXIV , do artigo 5º da Carta Magna aduz que "o Estado prestará
assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos" .
É imperioso destacar, que o artigo 98, caput, do Có digo de Processo Civil descreve que "a
pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para
pagar as custas, as despesas processuais e os honorá rios advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei".
Neste diapasã o, o Autor informa ser profissional autô nomo, o qual exerce a profissã o de
pedreiro, recebendo aproximadamente o importe de , neste passo, nota-se que arenda
recebida pelo Autor é quase insuficiente para adimplir as despesas mais bá sicas de seu lar,
quais sejam, á gua, energia elétrica, alimentos, farmá cia, (...).
Nesta senda, diante das explanaçõ es alhures é demonstrado de maneira cristalina a
hipossuficiência do Autor em arcar com as despesas processuais sem comprometimento de
sua subsistência, rogando o Autor pela concessã o da benesse da gratuidade da justiça.
II. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇAO OU MEDIAÇÃO.
A parte Autora em atençã o à audiência de conciliaçã o/mediaçã o descrita no artigo 319,
inciso VII, do Có digo de Processo Civil, informa a desnecessidade do agendamento, haja
vista, que referido processo é voltado exclusivamente à prova documental e pericial (DNA).
III. DO DIREITO
III.1 Da Negató ria de Paternidade - Exame de DNA negativo - Da Nã o Afetividade.
O artigo 1.601 do Có digo Civil, caput, menciona que "cabe ao marido o direito de contestar
a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal açã o imprescritível" , nesta
senda, em ato contínuo o artigo 1.604 do mesmo diploma legal, aduz que "ninguém pode
vindicar estado contrá rio ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro
ou falsidade do registro" .
Neste passo, o Autor por estar envolvido em um relacionamento com a parte Demandada,
acreditava que esta havia gerado um fruto desta relaçã o, e assim, por acreditar em sua
fidelidade, e em evidente estado de erro, acabou por registrar uma criança que nã o é seu
filho bioló gico.
Ademais, em momento algum durante da gestaçã o, a parte Demandada informou ao Autor
que havia tido uma relaçã o com outra pessoa, o qual somente passou a ser assombrado por
esta dú vida apó s 5 (cinco) meses do nascimento do menor.
Assim, o Autor solicitou a parte Demandada a realizaçã o do exame de DNA para
confirmaçã o da paternidade, a qual prontamente atendeu seu pedido, e na data de 27 de
setembro de 2017, fora realizado entre ele, a parte Demandada e o suposto filho, o exame
de vínculo genético de filiaçã o por DNA, o qual confirmou a nã o filiaçã o entre o Autor e
menor, . (laudo anexo)
Neste passo, apó s a negativa do exame, o qual concluiu que o Autor nã o é o pai bioló gico do
menor, e sendo que apó s o nascimento do menor o Autor nã o manteve nenhuma relaçã o
afetiva com a criança, o qual possui atualmente 1 (um) ano e 3 (três) meses, é medida de
direito a anulaçã o do registro civil, afim de que seja retirado do assento de nascimento do
menor a filiaçã o paterna e nome dos avó s paternos.
Neste sentido, a professora , explica em seu Manual de Direito das famílias. 12a ed. Revista
dos tribunais: 2017. Ebook. 24.5 - Açã o do Pai, a relaçã o do nã o vínculo afetivo, in verbis:
"não havendo vínculo de qualquer ordem entre pai e filho - a não ser uma sentença que afirma um fato que não
existe - essa inverdade jurídica não pode prevalecer. Quem não é pai, nem afetivo, nem biológico, não é pai. A
justiça precisa curvar-se a essa verdade, mesmo que alguém, eventualmente, acabe sem genitor. Essa situação,
ainda que lastimável, não cabe ser solucionada pelo Judiciário. Desarrazoado que seja criado ou mantido vínculo
de paternidade inexistente, encobrindo-se de forma injustificada a verdade real." (DIAS, Maria Berenice.) - grifos
não originais.
Ademais, é bom por em relevo que a pró pria Demandada concordou com o resultado do
exame de DNA, e também manifestou o interesse da retirada do nome do Autor no assento
de nascimento do menor, e, diante da negativa da paternidade e da nã o afetividade entre o
Autor e o menor, é medida de direito a anulaçã o do registro civil.
Neste sentido, também caminha a jurisprudência, vejamos:
APELAÇÃO. NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. PROVA DE ERRO E INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO AFETIVO. PROCEDÊNCIA.
Autor/apelante que registrou o filho concebido e nascido durante a união estável que manteve com a genitora.
Situação em que vigorava contra o autor/apelante a presunção do pater is est. Comprovada a inexistência de
vínculo biológico, por exame de DNA . Também restou comprovado o erro na manifestação de vontade do
autor/apelado ao efetuar o registro , aliás, a própria genitora também se disse em estado de erro, pois pensava
que o autor era o pai do filho. Comprovada a inexistência de vinculação socioafetiva , na medida em que a parte
apelada, desde o início do processo, concorda com o pleito negatório e informa que já está tomando providências
para demandar o pai biológico. Hipótese de julgamento de procedência da ação negatória de paternidade. DERAM
PROVIMENTO. (Apelação Cível Nº , Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado
em 12/04/2018). grifos não originais.
APELAÇÃO. AÇÃO ANULATÓRIA DE RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE . INEXISTÊNCIA DE PATERNIDADE BIOLÓG
ICA OU SOCIOAFETIVA . FALSIDADE DO REGISTRO E ERRO. Caso no qual o pai registral não era casado nem vivia em
união estável com a genitora da menina, razão pela qual não vigia a presunção pater est.Hipótese de verdadeira
ação de anulação de registro, na qual a procedência do pedido depende apenas de prova de falsidade do registro
ou de vício de vontade. O exame de DNA provou a inexistência de paternidade biológica. E o curtíssimo tempo
transcorrido entre o registro e ao ajuizamento da ação (pouco mais de 02 meses), não autorizam a conclusão de
que se formou paternidade socioafetiva , cuja inexistência foi confirmada pela parte ré. Hipótese de registro que
não espelha verdade biológica ou socioafetiva , e que portanto foi feito com falsidade, o que autoriza a sua
desconstituição. Ademais, o apelante efetuou o registro porque a genitora da apelada lhe disse que ele era o pai,
mas sonegando dele a informação de que, na época da concepção, ela mantinha relação com outra (s) pessoa (s); e
se negando a fazer o exame de DNA, antes do ajuizamento da ação. Em face disso, tem-se que o registro foi feito
em estado de erro, pois teve por base uma mentira, e a sonegação de informações relevantes... que poderiam
perfeitamente ter levado o apelante a, se soubesse de tais informações, agir de forma diferente. DERAM
PROVIMENTO. (Apelação Cível Nº , Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado
em 22/06/2017). Grifos não originais
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