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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___________VARA

CÍVEL DA COMARCA DE ARAÇUAI/MG

xxxxxxxxxxx, brasileiro, menor impú bere, nascido em xxxxxxxx, no dia 21 de junho de


2017, neste ato representado por sua genitora xxxxxxxx, brasileira, solteira, dentista,
portador da cédula de identidade nº xxxxxxx inscrito no CPF nº xxxxxxxxx, ambos
residentes e domiciliados na Rua xxxxxxxxx nºxxxxxxxxx, bairro Centro no município de
xxxxxxxx CEPNº 39.630-00, vem à presença de Vossa Excelência, por seu representante
constituído propor:

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE C/C COM ALIMENTOS


Em face de XXXXX, brasileiro, solteiro, dentista, inscrito no CPF sob nº XXXXXXX, residente
e domiciliado na Rua XXXXX nº 365 Bairro Vila RE Sã o Paulo CEP nº 03658010, na cidade
de Sã o Paulo/SP, telefone XXXXX pelos fatos e motivos que passa a expor.

I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
O Autor, sob responsabilidade de sua genitora nã o dispõ e de condiçõ es financeiras para
arcar com as custas processuais sem prejuízo do seu sustento e de sua família, conforme
declaraçã o de hipossuficiência, có pia dos seus contracheques e certidã o de nascimento dos
filhos que junta em anexo.
Por tais razõ es, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituiçã o Federal e pelo artigo 98 do
CPC, requer seja deferida a AJG ao requerente.

II- DOS FATOS QUE AMPARAM A PETIÇÃO INICIAL


O Autor, apesar de ser filho do Réu, nunca teve o reconhecimento de seu vínculo.
A genitora do autor e o réu tiveram um relacionamento em 2016. Como fruto desta relaçã o
nasceu o menor atualmente com 1 ano e 1 mês de idade.
Logo que o Réu soube da gravidez da genitora do Autor, manteve-se indiferente à notícia e
simplesmente se afastou sem deixar notícias de seu paradeiro.
A genitora do autor nã o possui dú vidas quanto à paternidade, conforme comprovará com a
instruçã o do feito, mas nã o conseguiu que o exame de DNA fosse realizado amigavelmente,
conforme mensagens trocadas com o réu (anexo).
Previamente a interposiçã o da açã o houve a tentativa de resoluçã o dos fatos junto ao Réu
sem êxito, pelo contrá rio NÃ O QUIS NEM SABER DA CRIANÇA, razã o pela qual move a
presente açã o.

III. DO DIREITO AO RECONHECIMENTO DA PATERNIDADE


O direito do Autor vem primordialmente amparado no Estatuto da criança e do
Adolescente em especial em seu Art. 27 do ECA, que assim dispõe:
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo,
indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus
herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
Tal artigo consubstancia a pretensã o do Autor, visto que se trata de direito indisponível e
imprescritível, da mesma forma que amparada pela Lei nº 8.560 de 1992, que dispõe em
seu artigo 2º-A:
Art. 2ºA. Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como os
moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos.
Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético - DNA
gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto
probatório.
No presente caso, tem-se que a renú ncia do Autor no exame de DNA já configura presunçã o
da paternidade, razã o pela qual deve ser viabilizado ao Réu que proceda com o exame de
DNA em juízo, ou, o reconhecimento da paternidade, conforme precedentes sobre o tema:
APELAÇÃO. FAMÍLIA. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. EXAME PERICIAL. AUSÊNCIA.
RECUSA. ÔNUS DA PROVA INVERSÃO. Outros indícios de prova. Presunçã o. A recusa do
investigado em realizar o teste de DNA implica em inversão do ônus da prova, que,
somada ao conjunto probatório dos autos, induzem à veracidade dos fatos alegados
na inicial, devendo a ação de investigação de paternidade ser julgada procedente
para reconhecimento da filiaçã o e eventuais direitos daí decorrentes. (Apelaçã o, Processo
nº 0005000-31.2010.822.0102, Tribunal de Justiça do Estado de Rondô nia, 2ª Câ mara
Cível, Relator (a) do Acó rdã o: Des. Marcos Alaor Diniz Grangeia, Data de julgamento:
18/08/2016)
Trata-se, portanto, do necessá rio reconhecimento de paternidade para que a criança tenha
condiçõ es de requerer seus direitos necessá rios para um desenvolvimento saudá vel e o
devido amparo legal.

IV. DOS ALIMENTOS


Apó s analisadas todas as circunstâ ncias que cercam o presente demanda, importa ao Réu
responder ao pleito do Autor quanto aos Alimentos.
A lei estabelece os parâ metros a serem seguidos para que a prestaçã o de Alimentos seja
firmada, devendo atender ao binô mio Necessidade/Possibilidade.
A criança tem resguardados os direitos inerentes à pessoa humana no escopo dos artigos
227 e 229 da Constituiçã o Federal/1988:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e
ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saú de, à alimentaçã o, à educaçã o, ao
lazer, à profissionalizaçã o, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitá ria, além de colocá -los a salvo de toda forma de negligência,
discriminaçã o, exploraçã o, violência, crueldade e opressã o.
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos
maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Trata-se de proteçã o disposta ainda no Estatuto da Criança e pelo Có digo Civil que nã o
exclui a responsabilidade de ambos os pais na manutençã o e desenvolvimento da criança,
mesmo diante da separaçã o:
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situaçã o conjugal, o pleno
exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:
Art. 1.695. Sã o devidos os alimentos quando quem os pretende nã o tem bens suficientes,
nem pode prover, pelo seu trabalho, à pró pria mantença, e aquele, de quem se reclamam,
pode fornecê-los, sem desfalque do necessá rio ao seu sustento.
Art. 1696. O direito a prestaçã o de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a
todos os ascendentes, recaindo a obrigaçã o nos mais pró ximos em grau, uns em falta de
outros.
A jurisprudência, assegurando este direito destaca:
EMENTA: DIREITO DE FAMÍLIA - AÇÃ O DE ALIMENTOS - APELAÇÃ O CÍVEL - FILHO
MENOR - FIXAÇÃ O - BINÔ MIO POSSIBILIDADE/NECESSIDADE - EFEITOS DA REVELIA -
PROVA. Os alimentos devidos pelos pais aos filhos menores decorrem dos deveres
inerentes ao poder familiar. Sua fixação deve se dar na proporção das necessidades
do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada (binômio
possibilidade/necessidade). Diante da total ausência de elementos que permitam ao juiz
aferir a verossimilhança das afirmaçõ es da autora, nã o deve ser aplicada a pena da revelia
pura e simplesmente, pois o magistrado há de buscar, na medida do possível, a verdade
real, e nã o a verdade processual, para que alcance, de forma mais substancial, a justiça no
caso concreto. (TJMG - Apelaçã o Cível 1.0027.14.014466-1/001, Relator (a): Des.(a) Dá rcio
Lopardi Mendes, 4ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em 06/08/0015, publicaçã o da sumula em
12/08/2015)
Assim, considerando que o réu mantém hoje, um emprego apto a garantir sua subsistência
e dos menores, é de bom alvitre que os alimentos provisó rios sejam mantidos, ou seja, 30%
do seu salá rio base.

V. DA NECESSÁRIA RETIFICAÇÃO DO REGISTRO CIVIL.


Apó s o devido reconhecimento da paternidade pleiteada, é devido ao Autor, conforme
direito insculpido na Lei nº 6.015 de 31/12/1973, que em seus artigos 109 e seguintes,
abre a possibilidade de retificaçã o dos registros:
"Art. 109. Quem pretender que se restaure, supra ou retifique assentamento no
Registro Civil, requererá, em petição fundamentada e instruída com documentos ou
com indicação de testemunhas, que o Juiz o ordene, ouvido o órgão do Ministério
Público e os interessados, no prazo de cinco (5) dias, que correrá em cartório."
Afinal, trata-se de direito à retificaçã o consubstanciada no reconhecimento da verdadeira
filiaçã o bioló gica.
Trata-se, portanto, de direito que assiste ao autor conforme jurisprudência:
POSSIBILIDADE. DIREITO CIVIL. INTERESSE DE MENOR. ALTERAÇÃO DE REGISTRO
CIVIL. 1. Não há como negar a uma criança o direito de ter alterado seu registro de
nascimento para que dele conste o mais fiel retrato da sua identidade, sem descurar
que uma das expressões concretas do princípio fundamental da dignidade da pessoa
humana é justamente ter direito ao nome, nele compreendido o prenome e o nome
patronímico.2. É conferido ao menor o direito a que seja acrescido ao seu nome o
patronímico da genitora se, quando do registro do nascimento, apenas o sobrenome do pai
havia sido registrado. 3. É admissível a alteraçã o no registro de nascimento do filho para a
averbaçã o do nome de sua mã e que, apó s a separaçã o judicial, voltou a usar o nome de
solteira; para tanto, devem ser preenchidos dois requisitos: (i) justo motivo; (ii)
inexistência de prejuízos para terceiros. 4. Recurso especial nã o conhecido. (STJ. REsp
1.069.864/DF. Rel. Min. Nancy Andrighi. Julgado em: 18/12/2008, DJe 03/02/2009).”
RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL DE ÓBITO. CORREÇÃO. CABIMENTO. 1. Somente
quando cabalmente demonstrada a existência de erro no registrocivil é que se
admite a retificação, isto é, a sua correçã o. 2. Cabe promover a alteração pretendida
pois flagrante a existência de erro, pois restou comprovado que os recorrentes, que
constaram como sendo filhos da falecida, na verdade nã o o sã o, sendo filhos de outras
pessoas e nã o mantém com ela qualquer relaçã o de parentesco. Recurso desprovido.
(Apelaçã o Cível Nº 70070600358, Sétima Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 26/10/2016).
Desta feita, é patente o direito que assiste ao Autor em ter o seu registro retificado, sendo
imperioso concluir-se pela procedência de seu pedido.
VI. DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS
Diante de provas que serã o realizadas oportunamente suficientes a comprovar o
parentesco, em especial a presunçã o de paternidade pela recusa em realizar o exame de
DNA, fica configurado o direito ao pedido de alimentos provisó rios, para fins de garantir o
sustento dos menores enquanto pendente o litígio, por força da lei 5.478/68 que dispõ e
sobre a Açã o de Alimentos, in verbis:
. Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisó rios a serem
pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles nã o necessita
Art. 13, § 3º. Os alimentos provisó rios serã o devidos até a decisã o final, inclusive o
julgamento do recurso extraordiná rio.
Trata-se de necessidade inequívoca a ser suprida pela fixaçã o de tal provisã o legal, face à
dificuldade financeira enfrentada pela genitora da menor.
A concessã o de alimentos provisó rios visa a garantir a observâ ncia ao binô mio:
possibilidade do alimentante e necessidade do alimentando, conforme latente a
jurisprudência:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA -
ALIMENTOS PROVISÓRIOS FIXADOS - BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE -
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Na fixaçã o de pensã o alimentícia, deve ser
observado o binô mio necessidade e capacidade, de modo que nã o se fixe um valor aquém
das necessidades do alimentando nem além da capacidade do alimentante. 2. Entende-se
que ô nus do sustento dos filhos compete a ambos os genitores, devendo a mantença dos
filhos ser dividida de forma que cada um contribua na medida da pró pria disponibilidade
financeira. (TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0105.15.022790-5/001, Relator (a): Des.
(a) Hilda Teixeira da Costa, 2ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em 02/02/2016, publicaçã o da
sumula em 15/02/2016)
Diante de todo o exposto, diante da demonstraçã o inequívoca da necessidade do
alimentando e da possibilidade do genitor, requer a concessã o imediata ao pagamento de
uma pensã o alimentícia provisó ria no importe de 30% (trinta por cento) do salá rio base,
assim como determina o Art. 4º c/c Art. 13, § 2º, ambos da Lei nº 5.478, de 25.07.1968.

VII. DAS PROVAS QUE PRETENDE PRODUZIR


O Autor pretende instruir seus argumentos com as seguintes provas:
a) depoimento pessoal do Réu, para esclarecimentos sobre a relaçã o que tiveram.
b) a juntada dos documentos em anexo, em especial as mensagens trocadas pela genitora
do Autor com o Réu em relaçã o a sua paternidade que serã o juntadas oportunamente;
c) reproduçã o cinematográ fica a ser apresentada em audiência nos termos do Pará grafo
Ú nico do art. 434 do CPC;
d) análise pericial, por meio de exame de DNA.
VIII. DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, REQUER:
1. A concessã o da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do Có digo de Processo Civil;
2. O arbitramento de alimentos provisó rios, em R$ 477,00 (quatrocentos e setenta e sete
reais), equivalente a 50% do salá rio mínimo, a ser depositada na conta da Genitora.;
3. A citaçã o do réu para responder a presente açã o, querendo;
4. A produçã o de todas as provas admitidas em direito, em especial a pericial para fins de
que seja reconhecida formalmente a paternidade do Autor determinando a realizaçã o do
exame de DNA – segundo praxe legal.
5. Seja designada audiência de conciliaçã o, e nã o havendo êxito, seja designada audiência
de Instruçã o e Julgamento para a oitiva das partes e testemunhas;
6. Expediçã o de Carta Precató ria para os fins legais
7. Intimaçã o do Ministério Pú blico para intervir no feito, nos moldes do artigo 698, do CPC;
8. A TOTAL PROCEDÊNCIA da demanda, para fins de declarar o reconhecimento da
paternidade e fixaçã o de alimentos, no equivalente a 30% do rendimento do Réu;
9. A expediçã o de ofício ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, requerendo
informaçõ es acerca da existência de vínculos empregatícios em nome do executado.
Havendo notícia de vínculo, que seja oficiado o empregador para que seja descontado
diretamente da folha de pagamento do devedor o valor devido a título de alimentos, tanto
vencidos quanto vincendos, evitando novos inadimplementos (art. 529, § 3º, Có digo de
Processo Civil/2015); caso haja deferimento desta Açã o;
10. Dá -se à causa o valor de R$ 5724,00.
Nestes termos, pede deferimento.
Araçuaí, 18 de Setembro de 2018.

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