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TITLE: Criminal guilty: the Trojan horse of the Brazilian Criminal Justice
system.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
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A mentalidade revolucionária, in O mínimo que você precisa saber para não ser
um idiota. 6. ed., p 187.
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Para assegurar que o debate prossiga nesses termos, é preciso controlar o fluxo
de ideias, e, para tanto, torna-se imperioso selecionar o que é “científico” e o
que não é – à luz, com toda a evidência, da ética revolucionária. Essa seleção
somente pode ser empreendida com a aceitação cega das bases do sistema
como dogmas inquestionáveis para, a partir daí, realizar a triagem.
Um garantista deve ser, em última análise, um fundamentalista, como
um membro de uma seita, pronto a silenciar, como heréticas, blasfemas e
perigosas quaisquer críticas às bases fundantes do sistema. O exercício desse
autoritarismo dogmático somente é possível com a obtenção da hegemonia
no debate, no sentido gramsciano da autoridade onipresente e invisível de
um mandamento divino.
Por tudo isso, o garantismo penal é, antes de um sistema, uma men-
talidade, uma cultura, e uma ideologia, no sentido marxiano de ideenkleid
– um vestido de ideias que encobre um projeto de poder. Como já tivemos a
oportunidade de afirmar anteriormente, o Garantismo Penal, filho bastardo
do Marxismo Cultural, gestado no ventre de aluguel do Positivismo Jurídico,
é o verme que declara guerra à vida e corrói as entranhas do cadáver insepulto
da sociedade brasileira2. Este artigo pretende, em breves palavras, explicar
por quê.
2
LEONARDO GIARDIN DE SOUZA e DIEGO PESSI, in Bandidolatria e Demo-
cídio – Ensaios sobre Garantismo Penal e a criminalidade no Brasil, pp. 106-107.
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Livio Pepino, Appunti per una storia di Magistratura Democratica, pp. 20/22,
disponível na Rede Mundial de Computadores no endereço eletrônico http://
www.magistraturademocratica.it/mdem/materiale/storia_md.pdf – grifos nossos,
acesso em 18/jan/2017.
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A primeira, publicada em 17/04/2016 (Compagno Magistrato - https://www.ilfo-
glio.it/gli-inserti-del-foglio/2016/04/17/news/compagno-magistrato-95037/, aces-
so em 04/jun/2018); a segunda, publicada em 21/04/2016 (“Come nasce la strate-
gia politica dei compagni magistrati - https://www.ilfoglio.it/politica/2016/04/21/
news/come-nasce-la-strategia-politica-dei-compagni-magistrati-95222/, acesso
em 04/jun/2018), e a terceira, publicada em 06/05/2016 (Da dove nasce il con-
tropotere dei magistrati di sinistra - https://www.ilfoglio.it/politica/2016/05/06/
news/da-dove-nasce-il-contropotere-dei-magistrati-di-sinistra-95803/, acesso em
04/jun/2018).
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“Tutti i cittadini hanno pari dignità sociale e sono eguali davanti alla legge,
senza distinzione di sesso, di razza, di lingua, di religione, di opinioni politiche, di
condizioni personali e sociali.
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3 O SISTEMA GARANTISTA
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6
Luigi Ferrajoli, Derecho y Razón, Teoria del Garantismo Penal, pp. 459-536.
7
Op. cit., pp. 537-692.
8
Op. cit., pp. 537-692.
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Gilberto Callado de Oliveira, Garantismo e barbárie – A face oculta do garantis-
mo penal, pp. 99-100.
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Ferrajoli, Luigi; Zolo, Danilo. Marxismo y cuestión criminal. De Sociedad - Re-
vista de Ciências Sociales, pp. 59-81.
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A esfera pública resolve o problema da criminalidade, mediante a inserção do
povo nos mecanismos de poder. Na prática, é a sociedade consensual de Antonio
Gramsci, com o partido induzindo o “consenso” do pensamento único, pelo senso
comum fabricado.
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Garantismo e Barbárie, pp. 102-103.
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Eric Voegelin. Science, Politics & Gnosticism.
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Garantismo e Barbárie, p. 124.
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6 O DISFARCE DA REVOLUÇÃO
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O Brasil garantista colhe hoje o que semeou: no ano de 2016 atingiu a marca
inédita de 62.517 assassinatos e superou, pela primeira vez na história, a taxa
de 30 mortes intencionais para cada 100.000 habitantes15. A constante demo-
nização da atividade policial, promovida pela mídia, movimentos e grupos
de pressão através de críticas genéricas à “letalidade” da atuação policial
resulta em fortalecimento do crime e em mortes de policiais. Hoje a taxa
nacional de policiais assassinados em combate é 59,7 para cada 100.00016.
Se contabilizarmos apenas a Polícia Militar do Rio de Janeiro, envolvida em
um autêntico cenário de guerra urbana, esse índice atinge inacreditáveis
249,6 para cada 100.000 policiais da corporação17. Dentre as reformas legis-
lativas promovidas pela visão de mundo garantista, é interessante recordar
a despenalização da posse de drogas para uso próprio, empreendida pela
Lei 11.343/06 sob o argumento de que o usuário de drogas não necessita
punição, mas tratamento – o que não apenas foi ineficaz para impedir que
nosso país se tornasse o segundo maior mercado consumidor de cocaína
e maconha e o primeiro mercado consumidor de crack no planeta, como
assegurou uma expansão cada vez maior do consumo de drogas e, com isso,
cada vez mais lucro ao “maior negócio do mundo”, o narcotráfico. Enquanto
brasileiros desarmados e à mercê de criminosos morrem como moscas, vi-
garistas intelectuais pregam o desarmamento da população civil, protegidos
por carros blindados e seguranças armados com armas de guerra. A pretexto
de “proteger a infância”, criminosos menores de 18 anos ganham carta bran-
ca para matar, estuprar, roubar e viciar, ao traficar drogas, um contingente
inesgotável de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos inocentes. O
Brasil é o país onde se “protege” a infância proibindo a prisão provisória de
gestantes e mães de crianças de até 12 anos de idade que vivem de atividades
criminosas. O Supremo Tribunal Federal, a pretexto de proteger a infância
15
https://exame.abril.com.br/brasil/brasil-supera-taxa-de-30-homicidios-
-por-100-mil-habitantes-pela-1a-vez/. Acesso em: 19 jun. 2018.
16
Pereira, Fábio Costa. O Mito da Polícia Violenta, Revista A Força Policial
(PMSP), n° 01/2017 (http://www3.policiamilitar.sp.gov.br/unidades/caj/wp-con-
tent/uploads/2017/02/N_1_2017/html5forwebkit.html?page=0).
17
Conforme apresentado em curso sobre guerra urbana no Rio de Janeiro.
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SCHÜTT, Júlia Flores. Ferrajoli é o legítimo pai do ‘garantismo penal’ praticado
no Brasil. Estado de S. Paulo. Disponível em https://politica.estadao.com.br/blogs/
fausto-macedo/ferrajoli-e-o-legitimo-pai-do-garantismo-penal-praticado-no-
-brasil/. Acesso em 19/jun/2018.
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8 CONCLUSÃO
19
Disponível em: https://redazioneunacitta.wordpress.com/2013/11/21/nove-
-massime-di-deontologia-giudiziaria-intervento-di-luigi-ferrajoli-al-xix-congres-
so-di-magistratura-democratica/. Acesso em: 9 dez. 2016.
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Walter Coelho, Prova Indiciária em Matéria Criminal, p. 28.
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na criminalização dos honestos, esses sempre prontos a pagar o pato pela im-
punidade irresponsavelmente patrocinada a seus algozes. A dúvida específica
acerca da capacidade de apurar a verdade fática resulta, em última análise,
na dúvida em relação à eficácia e, consequentemente, à própria legitimidade
do sistema de justiça criminal. A quem pode interessar uma coisa dessas?
É autocontraditório que uma doutrina que se pretenda científica
cumpra objetivos políticos. Exatamente por isso, é descabida a acusação, aos
críticos de Ferrajoli de, ao se posicionarem contra o garantismo e contra o
desserviço que a academia, em grande parte dominada por garantistas, tem
prestado à nação, estarem contra a “ciência” e contra o “conhecimento”. Para-
fraseando Bruno Carpes, não nos posicionamos contra a ciência, mas contra
a pseudociência. Contra uma doutrina ativista definida por GILBERTO
CALLADO DE OLIVEIRA como “um saber jusfilosófico de deslegitimação
de todo o sistema penal”21. O que se choca com o verdadeiro conhecimento é o
analfabetismo funcional de quem não entende o que lê e se recusa a enxergar
os objetivos de poder a que servem, e a desonestidade intelectual de quem,
entendendo-os muito bem, se acumpliciam aos revolucionários disfarçados
de cientistas, filósofos e teóricos do direito. Na realidade, isso é inverso da
filosofia: seu fundamento gira em torno de uma “moral arbitrária”, baseada
numa autoproclamada bondade pessoal, que “não deriva do Supremo Bem,
mas da sua própria, arbitrária e inexplicável bondade pessoal”, um modo de
“autobeatificação” característico “dos intelectuais céticos e materialistas”22.
Por tudo isso, o membro do Ministério Público argentino GERMÁN
MOLDES, em recente artigo publicado no jornal Clarín23, ao sumarizar o
papel do sistema garantista nesse processo todo, não deixou por menos:
21
Gilberto Callado de Oliveira, Garantismo e barbárie – A face oculta do garantis-
mo penal, p. 14.
22
Olavo de Carvalho, “De Sócrates a Júlio Lemos”, in A Filosofia e seu Inverso &
Outros Estudos, p. 39.
23
“El garantismo y la gente”, artigo publicado no jornal argentino El Clarín,
disponível em https://www.clarin.com/opinion/garantismo-gente_0_SycfLqmaf.
html. Acesso em: 12 maio 2018.
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REFERÊNCIAS
CARVALHO, Olavo de. O mínimo que você precisa saber para não ser um
idiota. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2013.
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VOEGELIN, Eric. Science, Politics & Gnosticism. 3. ed. ISI Books: Wil-
mington/Delaware/USA, 2004.
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