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18/10/2023, 10:52 Capitalismo e sistema penal: evidências da atuação jurídica a favor da classe dominante - Jus.com.

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Capitalismo e sistema penal: evidências


da atuação jurídica a favor da classe
dominante
Gabriela Serra Pinto de Alencar 22/01/2017 às 12:10

O sistema penal atua de forma a sustentar a lógica de exploração capitalista. A partir da


análise dos dispositivos legais e sua aplicação prática, evidencia-se a atuação jurídica a
favor de interesses da classe dominante.

Resumo: O Sistema Penal atua de forma a sustentar a lógica de exploração capitalista. A partir da análise
dos dispositivos legais e sua aplicação prática, evidencia-se a atuação jurídica a favor de interesses da
classe dominante. A rotulação do criminoso, a função simbólica por trás do real objetivo do Direito Penal, a
análise do texto constitucional e das políticas penais são alguns dos exemplos que norteiam a
compreensão da atuação jurídica, marcadamente capitalista. Pretende-se expor o real sentido das leis e
provar que seu objetivo maior é o de privilegiar a classe burguesa.

Palavras-chave: Capitalismo. Sistema Penal. Justiça.

1 INTRODUÇÃO
O sistema econômico adotado por uma sociedade é, por conseqüência, o sistema
jurídico e estrutural do Estado. Reconhecendo a natureza genuinamente opressora sob a qual
o Capitalismo se sustenta, torna-se necessário refletir acerca de como o Direito posiciona-se
frente aos interesses da classe dominante.

A existência do sistema capitalista, no entanto, só é possível se houver um esforço


constante a fim de mascarar a relação desigual entre as classes sociais. O Direito, que possui
como finalidade máxima garantir a justiça social sem qualquer distinção, torna-se,
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contraditoriamente, aliado do Capitalismo, na medida em que prevalece os interesses dos


detentores de poder. Essa atuação, no entanto, é disfarçada no próprio bojo das leis.

Ao discutir a problemática, pretende-se instigar a sociedade a desmascarar o tratamento


desigual ofertado pelo sistema jurídico, a fim de que se lute pela justiça social em seu real
sentido. A balança, símbolo do Direito, representa a igualdade, de modo que é inconcebível
que uma classe seja privilegiada em detrimento de outra.

O foco da discussão, no entanto, será voltado às evidências que se tornam observáveis


dentro do sistema penal, à medida que se percebe a desproporcionalidade das penas
aplicadas. Para melhor compreender a questão, tornou-se necessário recorrer às teorias
sociológicas capazes de explicar a rotulação do criminoso, bem como ressaltar o caráter
simbólico que, por vezes, o Direito Penal assume. Para tanto, tomou-se como base o livro de
Nilo Batista, “Punidos e mal pagos”, no qual se encontra um capítulo destinado a discutir a
ligação entre capitalismo e sistema penal. Para auxiliar a compreensão, recorreu- se a autores
como Tânia Quintaneiro, Arnaldo Lemos Filho, Claúdio Luiz Frazão Ribeiro, Anthony Giddens e
Celso A. de Pinheiro de Castro.

2 ROTULAÇÃO DO CRIMINOSO SOB A ÓTICA CAPITALISTA


A influência do capitalismo sob o Direito começa muito antes da aplicação da pena. A
própria determinação dos padrões da sociedade nasce a partir do ponto de vista burguês,
que prevalece, por conseqüência, seus interesses. A ideologia dominante numa sociedade,
como bem ressalta Karl Marx, nada mais é que o conjunto de ideais que interessam aos
poderosos.

Cria-se, portanto, um modo de viver tipicamente burguês, e os indivíduos se encontram


diante de uma liberdade limitada, tendo em vista que fugir aos padrões implica em sanções
morais e sociais. Anthonny Giddens (2005, p. 172), ao dissertar sobre Crime e Desvio, atesta
que “aqueles que se recusam a viver de acordo com as regras seguidas pela maioria” são
considerados desviantes.

Nilo Batista (1990, p.44) estabelece uma distinção entre conduta desviante e conduta
delituosa. A conduta desviante seria aquela desaprovada socialmente, enquanto a desviante
seria penalmente típica, ou seja, implicaria uma pena prevista em lei. As ações ditas
desviantes, no entanto, são desaprovadas a partir de uma visão burguesa, que controla a
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mentalidade da sociedade, ainda que de forma implícita. A tendência, portanto, é acreditar


que os indivíduos desviantes possuem maior probabilidade de cometer delitos, rotulando-se
o perfil do criminoso.

A criminologia positiva, representada por Lombroso, determinou o tipo antropológico do


delinquente, que seria uma espécie a parte do gênero humano, predestinada a cometer
crimes. De acordo com Claúdio Luiz Frazão (2006, p. 17):

Lombroso, principal representante da criminologia positiva, sustentava, inicialmente, a


tese do criminoso nato, segundo a qual a causa do crime seria localizada no próprio
criminoso. Partindo, portanto do determinismo biológico e psíquico do crime.

O criminoso típico, tendo em vista a dinâmica da sociedade atual, possui como


característica o sexo masculino, a raça negra e a baixa condição financeira. Pré-determinar
essas características, no entanto, é condizer com a ideologia burguesa e, de forma
involuntária, encobrir as condutas delituosas praticadas por esta. Os crimes praticados pelos
setores mais afluentes da sociedade, conhecidos como “crimes do colarinho branco”, são
julgados pelas próprias autoridades a partir de um ângulo bem mais tolerante. A própria
sociedade não manifesta o mesmo tipo de reprovação quando condutas delituosas são
praticadas por indivíduos bem vistos socialmente.

É claro que crimes como a corrupção, por exemplo, são alvo de repúdio e indignação
social. Os praticantes, contudo, dificilmente recebem pena merecedora pelo crime.

Percebe-se, portanto, que as características típicas de um criminoso, determinadas sob


um viés burguês, são um dos aspectos que tornam visível a força da ideologia disseminada.
Exercendo influência, inclusive, no modo de se julgar os crimes - julgar aqui não no sentido
apenas jurídico, mas também social – e de se aplicar sanções.

3 FUNÇÃO SIMBÓLICA DO DIREITO PENAL


O Direito, em sentido amplo, é paradoxal à medida que falta correspondência entre o
momento de sua criação e o momento de sua execução. Ao constatar esse fato, Claúdio Luiz
Frazão (2006, p.23) exerce a seguinte crítica:

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A ineficácia praticada daquilo programado normativamente se deve a uma


incapacidade dos órgãos executores de implementar as previsões legais – seja devido à
corrupção, à falta de vontade política ou às deficiências estruturais.

A corrupção, a falta de vontade política e as deficiências estruturais refletem, sobretudo,


a influência capitalista. A corrupção e a falta de vontade política decorrem da estabilidade
que o sistema proporciona ao fazer prevalecer a impunidade. As deficiências estruturais
mencionadas refletem as contradições inerentes ao Capitalismo, tendo em vista que as
instâncias responsáveis pela criação de leis obedecem, por vezes, a lógica desigual
burguesa.

O discurso jurídico é pautado em múltiplas relações de poder que, ao mesmo tempo em


que o limitam, revelam sua força e capacidade coercitiva. O que importa ressaltar é que, além
da análise da eficácia dos propósitos legais, do fracasso ou sucesso da concretização
desses, há uma questão política.

Percebe-se, portanto, que a eficácia dos objetivos do Direito não depende,


simplesmente, da simples leitura do texto. Decorrem, sobretudo, das relações de poder sob
as quais está imerso o sistema jurídico. As instâncias capazes de nortear o Direito são
representadas pelas classes sociais dominantes que, ao terem em suas mãos o controle do
discurso jurídico, o fazem da maneira mais conveniente aos seus interesses. A partir daqui é
possível perceber como o sistema penal atinge seu caráter simbólico, tendo em vista a
desproporcionalidade das penas e a negligência da sua maior função de igualdade e justiça
social. Celso A. Pinheiro de Castro (1999, p.332), ao dissertar sobre a questão, atesta que:

Como os chefes ou representar não são abstrações mas entes configurados


geotemporalmente e em determinado estrato social (sic), as normas refletirão seu
complexo de status, suas condições de classe. Então, os processos de secularização e
racionalização refletem apenas mudanças do pólo catalisador, persistindo os
ordenamentos e sistemas na dependência da ideologia e interesses do grupo dominante.

Para compreender o simbolismo que atinge o Direito Penal, pode-se analisar, por
exemplo, o tratamento que se dá frente ao aumento da criminalidade e violência. O que se
percebe é que a percepção, por parte da sociedade, tem mais importância para a definição
de uma política de segurança, que a ameaça real do problema. As medidas que se adotam
não visam à garantia real da segurança, o que se adotam são leis exasperadoras da pena
e dos delitos cometidos ou criminalização de outras condutas. A função simbólica
caracteriza-se por dar menos valor à proteção do bem jurídico, e mais a disseminar a
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impressão tranquilizadora de um legislador atento e engajado. O Direito Penal passa, pois, a


representar meramente um símbolo do poder do Estado.

É necessário ressaltar que, quando a conduta delituosa é praticada por grupos


dominantes, como no caso dos já mencionados crimes do colarinho branco, o sistema penal
adota medidas contraditórias à opinião pública. Torna-se claro que a atuação penal varia de
acordo com as conveniências do sistema, ressaltando sua função meramente simbólica.
Importa ao Direito Penal prevalecer quem possui poder e influência na sociedade. A partir
desse aspecto, instala-se uma crise de funcionalidade, que surge a partir da distância entre a
reprovação comunitária e os dispositivos da legislação criminal. Segundo Nilo Batista (1990,
p.46), é preciso que:

O sistema penal e suas conexões administrativas, em todos os níveis, têm que


recondicionar seus sensores para os crimes dos poderosos, que são cometidos à sua
frente sem que nada aconteça; e a crise, aqui, não é funcional e sim política e moral.

As normas e sanções penais não são efetivas no combate ao crime, mas precisam
apresentar uma mera aparência de eficácia, mesmo que a política criminal esteja
desvinculada de programas mais amplos de política social. É necessário disfarçar a crise pela
qual passa o sistema penal, fruto do contexto capitalista em que está inserido. É bem sabido
que o Capitalismo, para se manter, precisa disseminar uma ideologia de conformidade,
sobrevivendo diante de aparências de igualdade. Do mesmo modo, o Direito Penal necessita
criar na sociedade a ilusão de segurança e de confiança no ordenamento jurídico e nas
instituições.

4 EVIDÊNCIAS DA ATUAÇÃO PENAL A FAVOR DA CLASSE DOMINANTE


A rotulação das características do criminoso, bem como a função simbólica que o
sistema penal assume, já são evidências da atuação jurídica a favor da classe dominante. É
preciso, no entanto, partir para argumentos práticos, de modo que melhor se visualize o
caráter capitalista que embasa o Direito Penal.

Para desmascarar as reais finalidades da lei, é preciso ter em vista que as intenções dos
grupos políticos não podem ser confundidas com o que está escrito em seus documentos ou
estatutos. Segundo Karl Marx, a lei é uma espécie de documento por meio do qual as classes
manifestam o seu pensamento. O sentido do texto legal não é evidente, mas oculto, dotado
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de objetivos profundos e dissimulados das classes interessadas na criação desse texto.


Conforme asseveram José Roberto Cabrera e Luís Fernando Lobão Morais (2004, p. 126), não
se pode tentar entender a lei de acordo com sua letra, nem de acordo com o seu “espírito”.
Buscar as intenções por trás dos dispositivos legais e observar suas aplicações na prática
torna-se, portanto, necessário para que se evidencie a atuação penal a favor de
determinados interesses.

Observando a atuação penal no decorrer da história, percebe-se que o capitalismo


recorreu a esta para concretizar dois objetivos, o de garantir a mão-de-obra e o de impedir a
cessação de trabalho. (BATISTA, 1990, p. 46).

Ao analisar tais interesses burgueses e compará-los com os dispositivos penais,


compreende-se que existe conformidade entre ambos. Visando atender a necessidade de
mão-de-obra, a lei criminalizou o pobre que não se convertesse em trabalhador. O delito de
greve, por sua vez, foi criado a fim de impedir a cessação de trabalho.

Com a Revolução Industrial, triunfo do Capitalismo, criou-se o delito da vadiagem. Desse


modo, aqueles que, por qualquer razão, se recusassem a trabalhar ou não conseguissem
vender sua força de trabalho, passariam a ser tratados pela justiça como criminosos.
Temendo sanção penal, os trabalhadores viam-se obrigados a aceitar quaisquer condições
de trabalhos impostas pela burguesia industrial. Os “vadios” eram, portanto, funcionais ao
sistema, tendo em vista que formavam o que Marx denomina de “exército de reserva”.

No Brasil, o período da ditadura militar propiciou uma maior visibilidade da relação entre
capitalismo e sistema penal, principalmente ao analisar a criminalização da greve. A
constituição proibia “greve nos serviços públicos e atividades essenciais, definidas em lei”
(art. 162). O Decreto-Lei nº. 510, de 29 de setembro de 1969 (arts. 38, 39, inc. V e 40), diploma
legal que marcou os anos de chumbos, atribuiu reclusão de 4 a 10 anos ao grevista, a mesma
pena do roubo. A greve, que deveria ser um instrumento pelo qual o trabalhador poderia
expor suas insatisfações acerca das condições de trabalho, tornou-se inviável. O proletário,
dadas às circunstâncias, resigna-se diante da situação, o que é extremamente conveniente à
burguesia.

A Constituição atual ainda não é completamente eficaz em garantir, de fato, o direito de


greve. Ao assegurar o direito de forma ampla, ressalva que “os abusos cometidos sujeitam os
responsáveis às penas de leis”. (art. 9, § 2º). Percebe-se que a ressalva tem puramente o
objetivo de limitar expressamente o direito, tendo em vista que todo e qualquer abuso implica
em sanções jurídicas.

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O artigo 37, inciso VII, assevera que “o direito de greve será exercido nos termos e nos
limites de lei específica”. Tal norma constitucional possui, portanto, eficácia limitada, ou seja,
só produz efeito a partir de elaboração de lei futura. O dispositivo está presente na
Constituição desde sua elaboração, em 1988, porém, a lei específica nunca foi elaborada.
Percebe-se que, embora a greve tenha deixado de ser crime, ainda há negligência do
judiciário no que tange a promulgação de seu direito efetivo.

Outra contribuição que se observa, na prática, ao sistema capitalista, é perceptível ao


analisar-se o Código de 1980, que colaborou com “a implantação da ordem burguesa e sua
articulação com a exploração da mão-de-obra infantil”. (BATISTA, 1990, p. 43). Necessitando
de mão-de-obra, a burguesia industrial influencia os dispositivos penais. A lei passou a
garantir o trabalho infantil e, de forma mascarada, contribuiu para a violência contra as
crianças, tendo em vista que as condições as quais foram submetidas eram marcadas pela
exploração.

A própria pena privativa de liberdade, marco fundamental do sistema penal, é condizente


com a lógica de acumulação capitalista. O Capitalismo, para se manter, pressupõe uma
exclusão dos setores marginalizados da sociedade. Não é por acaso que a classe dominada,
normalmente enquadrada no perfil do criminoso típico, é quem sofre sanções penais que
retiram sua liberdade.

Os setores desfavorecidos, ao perceberem a situação de desigualdade em que se


encontram, tendem a questionar a exploração própria do Capitalismo. Para evitar uma
revolução proletária, a classe dominante recorre ao principal instrumento da política penal: o
cárcere. A ideia de que o encarceramento propicia a ressocialização do indivíduo é errônea,
tendo em vista que o cárcere é um ambiente que causa repúdio e constante desagrado
pessoal. O verdadeiro sentido da privação da liberdade é, portanto, “limpar” a sociedade das
classes marginalizadas, permitindo que a classe dominante estabeleça livremente o controle
social.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao expor certos dispositivos penais e sua aplicação prática, formulam-se argumentos
suficientes para que se possa afirmar que o sistema penal obedece a lógica desigual
capitalista.

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A rotulação do criminoso, o simbolismo por trás do Direito Penal, a criminalização da


vadiagem e da greve, bem como a própria prática do encarceramento, são evidências reais
da atuação jurídica em conformidade com interesses burgueses. É preciso, pois, expor a
situação à sociedade como um todo, na tentativa de ultrapassar os limites impostos pela
ideologia dominante.

Tal tarefa, contudo, não é simples. A burguesia, diante de toda sua influência e poder, foi
capaz de inebriar grupos sociais a partir de seus próprios ideais. Alterar valores tão enraizados
na sociedade e fazê-la compreender os interesses por trás dos mesmos só é possível se
houver comprometimento dos próprios profissionais do Direito.

O Direito, representação máxima do que é ser justo, tem como obrigação zelar pelo bem
estar de todos os grupos sociais, principalmente daqueles visivelmente desfavorecidos.
Ressalta-se a necessidade de se alterar dispositivos penais e torná-los condizentes com uma
sociedade que vise à igualdade. As decisões do judiciário precisam pautar-se no contexto
concreto do caso, sem levar em consideração condições financeiras dos litigantes. A própria
política de encarceramento necessita ser revista, a fim de que o cárcere se torne,
efetivamente, um instrumento de ressocialização. É preciso reacender nos juristas o amor à
justiça plena, a equidade, livre de distinções de classe e poder.

REFERÊNCIAS
ALENCAR, Luciana Nepomuceno; NOGUEIRA, Líria Almeida. A função da dogmática
penal no sistema penal capitalista: de uma política penal a uma política criminal. Disponível
em: < http://www.webartigos.com/artigos/a-funcao-da-dogmatica-penal-no- sistema-
penal-capitalista/48762/#ixzz2RFmkDPZN> Acesso em 23 abril, 2013.

BATISTA, Nilo. Punidos e mal pagos. Rio de Janeiro: Revan, 1990. p. 35-46.

CABRERA, José Roberto; MORAIS, Luís Fernando Lobão. Sociologia Geral e do Direito.
Campinas: Alínea, 2004.

CASTRO, Celso A. de Pinheiro de. Sociologia do Direito. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

GIDDENS, Anthony. Crime e desvio (cap.8). In: Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. p.
173-202.

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RIBEIRO, Cláudio Luiz Frazão. O mito da função ressocializadora da pena: a intervenção


do sistema penal como fator de estigmatização do indivíduo criminalizado. São Luís:
Amapem, 2006.

OLIVEIRA, Mônica de; QUINTANEIRO, Tânia. Um toque de Clássicos: Marx, Durkheim e


Weber. 2. ed. Belo Horizonte: UFME, 2009.

Assuntos relacionados
Direito Penal Penas Criminologia Finalidades da pena

Sobre a autora
Gabriela Serra Pinto de Alencar
Acadêmica do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)


ALENCAR, Gabriela Serra Pinto. Capitalismo e sistema penal: evidências da atuação jurídica a
favor da classe dominante. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 22, n. 4953, 22
jan. 2017. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/55123. Acesso em: 18 out. 2023.

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