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AULA 02- 08/11/23- IED II

“Introdução ao Estudo do Direito” Alisson Mascaro


O QUE É O DIREITO
O conceito de direito varia em paralelo ao conceito de justiça na opinião pública.
“A primeira dificuldade para delimitar o conceito de direito reside no fato de que, em
geral, o jurista quer partir de suas próprias definições idealistas e de noções vagas
para, apenas depois, encontrar uma realidade que se adapte às suas teorias.”
O fenômeno jurídico;
O DIREITO COMO FENÔMENO HISTÓRICO
Na perspectiva histórica: a relação entre moral e religiosidade permaneceu durante
séculos interdependentes.
Com o advento do iluminismo ocorre a primeira dissociação de tais elementos.
“Só os tempos modernos, devido a certas condições e estruturas sociais, como a
organização capitalista, deram especificidade à religião, à moral, à política, à
economia e também ao direito.”
O direito foi, de fato, separado dos preceitos religiosos? (Legalização do aborto)
A QUALIDADE DO DIREITO
“Propugnemos um entendimento do direito a partir da soma de duas perspectivas de
identificação. É preciso compreender as coisas que são quantitativamente jurídicas e
aquilo que qualitativamente as torna como tais.”
Qualidade: identifica o fenômeno jurídico moderno, aquilo que determina quais
fenômenos são responsabilidade do direito.
“Todos os assuntos podem ser jurídicos quando haja estruturas jurídicas que os
qualifiquem.”
Direito e capitalismo: o advento do direito como conhecemos hoje ocorre, em grande
parte, devido ao capitalismo, que subordina todos ao poder do Estado. A religião, o rei,
o senhor de escravos, todos faziam suas próprias leis, não estando regulamentados por
nenhuma estrutura externa a si.
Com o capitalismo as relações sociais passam a ser regulamentadas pelo direito;
“O capitalismo dá especificidade ao direito.”
As relações sociais exigem a normatização em um mundo capitalista. Isso porque, em
uma transação comercial os sujeitos envolvidos devem vincular-se por meio de um
contrato no qual trocam direitos subjetivos e deveres.
 O Código Civil de 1916 e a proteção do patrimônio em detrimento dos direitos
humanos (para humanos)
 Os crimes fomentados pelo capitalismo;
“As trocas mercantis – é captar o ponto que dá a qualificação específica ao direito
moderno.”
FORMA JURÍDICA E FORMA MERCANTIL
“Toda vez que se estabelece uma economia de circulação mercantil na qual tanto os
bens quanto as pessoas são trocáveis, um conjunto de formas sociais se estabelece e
uma série de ferramentas jurídicas precisa ser construída em reflexo e apoio a essa
economia mercantil.”
O Estado surge como a mão que estabelece as obrigações em um contrato, e pune
quando as partes não as cumprem
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O capitalismo transforma as relações sociais em relações impessoais;
Com as primeiras expropriações de terras comunais, o trabalhador feudal perde não só
as suas habitações, mas também, os seus âmbitos de trabalho. Sem terras, sem
possibilidade de labor e com a fome crescente na Inglaterra, o camponês migra para as
primeiras cidades industriais, e por extrema necessidade passa a vender o seu único bem
restante: a força de trabalho. Assinando contratos de trabalho, os donos das fábricas
justificam a exploração imposta sobre os operários a partir da ideia de livre arbítrio,
logo, se o trabalhador assinou tal contrato, ele concordou com as condições
exploratórias.
“As concretas relações de produção capitalistas geram uma instância de práticas
jurídicas, controles e repressões.”
“É daí que surgiu a noção de sujeito de direito: todos são sujeitos livres para se
venderem ao mercado.”
“Mais garantias ou menos garantias ao trabalhador não abolem o fato de que ele é
um sujeito de direito tomado no sentido frio e formal da palavra: é mais alguém que
pode explorar ou ser explorado na grande engrenagem da movimentação do capital.”
Portanto, à medida que o Direito modela a sua FORMA de acordo a FORMA do
capitalismo, seus componentes se confundem.
A arte do jurista;
Na idade média, a atividade jurídica era moldada por feudos, cada casta possuía sua
legislação;
Com a influência do capitalismo o Direito deixa de possuir caráter zetético, no qual o
jurista possuía liberdade para realizar a sua arte, o jurista nada mais era do que um
artesão, nesse contexto sua atividade era puramente baseada em avaliação da justeza nas
coisas e nas situações e nas atitudes das pessoas. O que vira mais tarde uma análise
técnica, mecânica e objetiva, o lado humano do jurista e colocado de lado em
detrimento da mecanicidade das relações capitalistas.
“O direito moderno começa a operar segundo mecanismos de equivalência, portanto,
de troca mercantil.”

A QUANTIDADE DO DIREITO
“A omissão do direito também é uma política jurídica. Se o direito nada fala sobre os
direitos dos mendigos, essa é uma política jurídica de abandono.”
O direito não trata mais ações consideradas injustas ou imorais, esse trata apenas,
daquilo que diz respeito a atual configuração capitalista, haja vista, regulamentações
como as normas de trânsito, que a primeira vista pode não parecer relacionada ao
capitalismo mas, se alguém desrespeita uma regra, paga multa, se alguém bate em outra
pessoa, paga-lhe uma indenização.
FORMA JURÍDICA E ESTRUTURA SOCIAL

“Ao seu modo, a sociedade capitalista estrutura relações sociais sexistas, racistas,
xenófobas, conflituosas religiosamente etc. O direito tanto corrobora para formar tais
estruturas sociais quanto é implicado por elas.”
“[...] Pinça um fenômeno isolado do direito e quer fazer dele a razão de ser da
explicação jurídica, sem relacionar a norma com os demais fenômenos.”
O Direito fomenta a desigualdade social a medida que legisla de acordo “um frame
dentro de uma cena inteira”, a partir disso criando fenômenos como o etiquetamento
(Labelling approach), estigmatizando e condenando a marginalidade uma determinada
parcela da população.
DIREITO E CAPITALISMO

São as formas sociais do capitalismo que estruturam a forma jurídica;


O direito garante que o capitalismo seja seguramente injusto;
“No capitalismo, sempre alguém dirá que a comida pertence a alguém, e se alguém
não a tem deve comprá-la, e, se roubá-la porque não tem dinheiro para comprá-la, esse
alguém irá preso.”
O jurista é obrigado pelo capitalismo, a desenvolver sua atividade de modo estritamente
técnico, mecânico, e apartado de suas convicções sociais e morais.
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CAPÍTULO II - UMA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO
O DIREITO É UM DOS CONSTITUINTES DA HISTÓRIA; É ELA QUE PERMITE
ENTENDER O DIREITO.

 A ideia de direito moderno está intrinsecamente ligada ao Estado moderno


capitalista e a forma que ele denomina quais relações devem ou não ser
reconhecidas pelo direito.
AS ORIGENS HISTÓRICAS DO DIREITO
 O direito é uma forma de dominação direta
O direito deixa de ser um produto resultante da moral, da religião ou dos mitos, e passa
a ser uma estrutura própria de explicações e legitimações do domínio.
 A força física, a violência bruta, a guerra, a tradição, a religião, os mitos, a
posse direta da terra, são eles que fazem o papel daquilo que modernamente
chamamos por direito.

O DIREITO MODERNO
Surge então a figura do Estado moderno, que unifica os territórios feudais e começa a
criar legislações, chamando a si o poder de decidir sobre os conflitos sociais.

 Por isso, desde o início, onde há capitalismo há também a necessidade do


Estado, como elemento intermediador das suas atividades econômicas.
O Estado de Direito de Montesquieu*
Em correspondência, desde o século XIX começa a haver, no pensamento jurídico, uma
insistente proposta de se entender o direito apenas como um conjunto de normas postas
pelo Estado, chamando-se este movimento de compreensão do direito de positivismo
jurídico ou juspositivismo.
Um velho sábio que soubesse captar a verdade por detrás das falsas discussões de uma
briga seria um homem justo no passado. Mas um jovem sem virtudes que decorou leis é
o grande jurista da modernidade capitalista
O FENÔMENO JURÍDICO CONTEMPORÂNEO – CAPÍTULO III
O direito contemporâneo se assenta numa dupla característica de exploração e
dominação: como técnica específica de reprodução social e como ideologia, ambas
correlatas.
O DIREITO COMO TÉCNICA
A técnica positivista impõe método, sistematização, no caso do direito, o seu método e
sistema foi determinado pelas vontades do capitalismo, moldando relações sociais no
intento da perpetuação de situações dispares que reproduzem o lucro.
O DIREITO COMO IDEOLOGIA
 Se para o público o direito faz transparecer que há uma igualdade normativa,
uma desigualdade real torna-se escondida e não solucionada;
 Dessa forma, o direito não é um corretivo estrutural da desigualdade e um
promotor da efetiva liberdade, mas age, sim, para camuflar as injustiças
estruturais por meio de normas aparentemente justas no que tange à sua forma.
A CIENTIFICIDADE DO DIREITO
 Tratar o direito como ciência o torna mecânico, vazio de suas perspectivas
humanas;
 O direito não pode ser tido como ciência, haja vista, o seu caráter histórico (em
momentos diferentes da história, haverá direitos diferentes);
E, ainda assim, num tempo específico, que é o moderno e contemporâneo, não é
pacífica a identificação do direito à norma estatal. Há inúmeras normas seguidas pela
sociedade atual que não são emanadas pelo Estado, e que impõem condutas tal qual o
direito estatal, dado o grau de sua coesão nas estruturas da reprodução social.

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AULA 03 IED – 22/11


O que é o capitalismo?
 Um método de organização social, pautada na concentração dos meios de
produção

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