Você está na página 1de 9

0

FACULDADE SANTA TEREZINHA – CEST

CURSO DE DIREITO

LUCINELIO MATOS DINIZ

INFLUÊNCIA DO LIBERALISMO SOBRE O DIREITO OBRIGACIONAL

São Luís

2022
1

LUCINELIO MATOS DINIZ

INFLUÊNCIA DO LIBERALISMO SOBRE O DIREITO OBRIGACIONAL

Trabalho apresentado ao Curso de Direito Vespertino da


Faculdade Santa Terezinha – (CEST), como requisito para
nota do TDE na disciplina Direito Civil II.

Prof. Alexandre Luiz Freire Marques

São Luís

2022
2

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3
2 DESENVOLVIMENTO .......................................................................................... 4
2.1 Breve História do Direito no Contexto Social ................................................. 4
2.2 O Pensamento Liberal no Direito .................................................................... 5
2.3 O Liberalismo no Código Civil Brasileiro ....................................................... 6
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 7
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 8
3

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por finalidade demonstrar a influência do liberalismo no


direito obrigacional, onde o Estado, principalmente nas ações do poder Legislativo e Judiciário,
tem sido provocado a, respectivamente, regular e julgar para dirimir conflitos que, outrora
timidamente suscitados, ganham grande protagonismo e influência ao longo da história
concomitantemente aos movimentos e fatos sociais, até a atualidade. Sob essa ótica, a título de
exemplo Silva (2009) aborda que isto ocorre devido o surgimento da internet,
concomitantemente à radical mudança no modo de pensar e agir dos indivíduos com impacto
social semelhante ao ocorrido na primeira Revolução Industrial no fim do século XVIII.
Além do exposto, pelos resultados de investigação apresentados ao longo deste
trabalho, notar-se-á clarividente cada vez menos a intervenção do estado em diversas temáticas
do direito individual e coletivo, especificamente no que se trata ao escopo do Direito Civil, na
esfera das obrigações oriundas dos negócios jurídicos entre particulares, característica
construída ao longo da história das sociedades tendo como marco principal o surgimento do
Estado Liberal, constituído pela posição antropocêntrica e racionalismo fomentados desde o
pensamento de Descartes até o iluminismo. Mas afinal, quais influências tal fenômeno
(Liberalismo), dentre outros intrínsecos à sociedade impunham sobre o direito obrigacional?
Para responder tal interrogativa, metodologicamente, esta, trata-se de uma pesquisa
bibliográfica de caráter exploratório e descritivo, com apresentação de análises qualitativas,
com objetivos específicos de apresentar os efeitos diretos e indiretos do fenômeno do
liberalismo, disseminado nas instituições políticas e estruturas sociais, desde o seu surgimento
na Europa, na idade moderna até os dias atuais, caracterizado principalmente pela pelo
surgimento de uma nova concepção de homem, em ruptura com a idade média. Tal objetivo, a
partir de breve texto introdutório, seguir-se-á devidamente desenvolvidos em três subtópicos,
assim denominados: Breve história do direito no contexto social; breve história do direito no
contexto social; O pensamento liberal no direito; O liberalismo no Código Civil brasileiro,
cominando com as devidas considerações finais e conseguinte conclusão sobre o tema proposto.
4

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Breve história do direito no contexto social

Em um vídeo aula no canal do IBCCRIM no YouTube, o Professor Zaffaroni


afirma: “O Direito é um fenômeno sempre político, cultural e social. É um fenômeno temporal.”
(ESCOLAS PENAIS, 2021). Logo, refletindo nesta afirmação, entender todo o significado do
Direito ao longo da história, como um processo de retroalimentação em sua relação com os
fatos sociais, se reveste de grande importância para a formação de seus operadores, aos quais
cabe a missão de produzir a interpretação jurídica para promoção da ordem e segurança da
sociedade, incluindo os direitos e obrigações civis no que tange os negócios jurídicos e
congêneres. Neste contexto, se observa historicamente que todo o complexo de normas que
regularam as sociedades ao longo dos tempos, deste os primórdios da humanidade,
principiaram-se de racionalizações oriundas de conflitos por necessidades e vontades dos
indivíduos. Isto não é diferente com o direito obrigacional clássico. Surgido no século XIX,
sobre influência do movimento do constitucionalismo (fruto, dentre outros, do fenômeno
liberal), e ao longo das gerações dos Direitos Fundamentais, tem a autonomia da vontade como
base principal. Isto figura como resultado de conflitos entre a coletividade e o Estado, outrora
com postura absolutista.
Em complemento ao exposto, COSTA (2009, p. 26) infere que:

O direito surge com o aparecimento do homem na terra e com a fixação do homem ao


solo.
Afirmamos que após esse fenômeno, toda a conflituosidade passa a existir. O homem
que vive em uma ilha, isolado, não possui conflitos, nenhum laço o une, quer em
relação ao solo, quer em relação a qualquer coisa.
Posteriormente, com a agregação de vários grupos, o fenômeno da civilização
acontece, e podemos afirmar que nasce verdadeiramente um conjunto de direitos que
mais tarde chamaremos de Direito Positivo.
Este acompanhará o ser humano, onde quer que vá. O homem é o único ser vivente
que possui de fato, uma história a ser contada, tal fator é atribuído, unicamente, em
virtude do homem ser o único ser pensante.

Processos de colonização de exploração, resguardada as crenças espirituais, desde


os povos Hebreus, impulsionados pela hegemonia política, cultural e social, acrescentado de
justificativas econômicas, sempre se viram racionalizados por pensamentos religiosos e
filosóficos que promoviam escravidão, dominação ideológica e genocídios. Seja na eleição
divina iniciada em Abraão, Isaque e Jacó (Israel), desdobrada em 12 tribos e posteriormente em
nação de Israel, seja na raiz de Ismael do qual saiu o povo Islâmico ou na influência inglesa no
direito Estadunidense (colonização Europeia) é possível perceber que cada norma de conduta
5

em todas as sociedades partiram de um conflito inicial, onde sempre residia a necessidade e


vontade imposta pelo mais forte ao mais fraco, com alguns pontos de resistência que logo foram
contendidos pela força da lei, seja esta de origem divina ou fisiológicos do ponto de vista da
evolução humana.
Conhecer a história dos direitos e as influências filosóficas, econômicas, políticas e
socias sobre este é ter bases para entender significados que atualmente podem servir de reflexão
para a operação do direito com maior propriedade e fundamentação necessárias na provisão de
abordagens mais humanas, racionais e assertivas.

2.2 O Pensamento Liberal no Direito

As liberdades individuais e coletivas devem ser colocadas em diálogo com a postura


real do Estado, que sempre figurou, dentro do pensamento oriundo do fenômeno do liberalismo,
o carrasco opressor do indivíduo. Neste pensamento, o Estado primar pela liberdade dos
indivíduos em todas as esferas dos direitos e garantias, buscando sempre alinhamento com a
teoria constitucional da atualidade, desenvolvida ao longo dos anos, através do movimento do
constitucionalismo no mundo.
Os pioneiros na doutrina do liberalismo assim caracterizaram o Estado, e pontuam
cientifica e empiricamente que o poder sempre concorreu com as liberdades. Na esfera do
jusnaturalismo, esperava-se um combate capaz de garantir o aspecto pleno de liberdade do
homem. Algo semelhante ao que este podia viver em todos os seus papeis sociais, antes do
surgimento do Estado como se conhece na atualidade. O Estado, devidamente organizado, surge
após a convivência humana ou, talvez, da necessidade de se “harmonizar” esta convivência.
Segundo DAUD (2001),

O indivíduo, titular de direito inato, exercê-los-ia na Sociedade, que aparece como


ordem positiva frente ao Estado, ou seja, frente ao negativum dessa liberdade, limitada
pela teoria jusnaturalista, indispensáveis à garantia do círculo em que se projeta a
majestade do indivíduo, soberana e inviolável.

O bem comum só pode ser alcançado quando o Estado na figura de um verdadeiro


garante, fomenta a liberdade entre os indivíduos nas relações dos negócios jurídicos, sem
interferência a ponto de constranger o senso criativo limitado pelos termos da lei já devidamente
consolidados.
6

Com base na doutrina dos contratos, há o surgimento do Estado da vontade livre e


consciente nos negócios jurídicos, figurando com ferramenta discricionária para realização de
determinada finalidade entre os sujeitos ativos e passivos.
Neste contexto DAUD (2001) infere que pelas razões expostas “[...] a filosofia
jusnaturalista tenta criar uma técnica da liberdade, para limitar o poder e evitar o
extravasamento irresponsável do grande devorador”.

2.3 O liberalismo no Código Civil brasileiro

No que se refere à materialidade formal do liberalismo no que tange à liberdade nas


relações dos negócios jurídicos, é nítido o esforço dos pensadores liberais em positivá-lo cada
vez mais no Ordenamento Jurídico Brasileiro. Tal esforço tem sua eficácia, não tão recente,
porém atual, reconhecida com a instituição do novo Código Civil (2002), com modificações,
pró-liberdade, ainda longe de representá-la em toda a sua plenitude, porém, pela influência já
dita nos tópicos anteriores, de aspecto mais liberal do que o primeiro de 1916. Sejam por fatores
de estímulo nas obrigações e ‘dar’, ‘fazer’ ou ‘não fazer’, estas são interpretadas e encucados
na sociedade, que passa a constituir novos pensamentos e adotar novos e seguros hábitos, a fim
de um bem comum, que modo geral, ver-se tutelados no Direito Civil que tem a função de
regular as relações privadas de pessoas, jurídicas ou naturais, entre si e entre coisas (bens
materiais ou imateriais, móveis ou imóveis, e assim em diante).

Como registra GRAU (2021, p. 18) “Cotidianamente trocamos nossa insegurança


por submissão ao poder.” Ou seja, pelo aspecto do liberalismo, até mesmo a submissão ao
poder, representa uma autonomia de vontade do indivíduo em prol de segurança nas relações
obrigacionais.

Os principais aspectos do liberalismo materializados no ordenamento jurídico


brasileiro, especificamente no direito obrigacional, dizem respeito a: Individualismo
econômico, intervenção mínima do estado, obediência à lei natural, liberdade de contrato e a
livre concorrência e liberdade de câmbio. Tais aspectos figuram em todo o Código Civil
Brasileiro, porém, e naturalmente, como já expresso nas linhas anteriores, em uma sociedade
cada vez mais complexa e puxada pelo vertiginoso desenvolvimento tecnológico, se faz
necessário atualizações cada vez mais céleres, sem contudo assegurar o bem comum nos
negócios jurídicos em todos os seus elementos, da autonomia da vontade para o negócio
7

jurídico, identificação e responsabilização dos sujeitos (credor e devedor), privilégio ao objeto


(prestação), ou seja, do nascimento da obrigação, até o cumprimento na prestação.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, nota-se que a evolução humana em sociedade influência


diretamente nas relações obrigacionais. Isto, desde quando os indivíduos passaram a viver em
comunidade, passando por influências divinas, religiosas, políticas, atravessando marcos do
desenvolvimento social e filosófico com o iluminismo, revoluções e até os dias atuais, onde os
contratos representam especialmente a materialização da autonomia da vontade influenciada
diretamente pelo liberalismo, desde o século XIX
A norma jurídica brasileira, bem como todo o sistema de poderes do estado, tem o
intransferível desafio de otimizar uma interpretação capaz de garantir a harmonia da sociedade
real, reproduzida nas relações obrigacionais, com a mínima intervenção. Assim como nos
demais direitos, há de se ponderar as mudanças oriundas da cronologia dos fatos sociais, sem,
contudo, reduzir direitos que fazem parte da essência humana (se expressar, ter informações,
celebrar negócios jurídicos etc.) e/ou que possam corroborar para a segurança jurídica
necessária a preservar a referida autonomia da vontade, expressa e firmada nos contratos sobre
a tutela das fontes de direito imediatas e mediatas já consagradas em todo o ordenamento
jurídico já marcado pelo liberalismo necessário.
Com o exposto, percebe-se que a influência do liberalismo sobre o direito
obrigacional, representa uma conquista das liberdades individuais, frente a um Estado outrora
dominante e absoluto, agora, ainda longe de representar uma excelência, mais coadjuvante no
direito civil, e, mais especificamente, no direito obrigacional.
8

REFERÊNCIAS

DAUD, Pedro Victório. O liberalismo e os seus efeitos sobre o Direito. Revista Jus
Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 6, n. 51, 1 out. 2001. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/2146. Acesso em: 2 jun. 2022.

BRASIL. Constituição (1988). In: Vade mecum tradicional / obra coletiva da Saraiva
Educação com a colaboração de Livia Céspedes e Fabiana Dias da Rocha – 31. ed. – São
Paulo: Saraiva Educação. 2021. Pg. 3 – 58.

BRASIL. Código Civil (2002). In: Vade mecum tradicional / obra coletiva da Saraiva
Educação com a colaboração de Livia Céspedes e Fabiana Dias da Rocha – 31. ed. – São
Paulo: Saraiva Educação. 2021. Pg. 120 – 218.

COSTA, Elder Lisbôa Ferreira da. História do Direito: de Roma à história do povo hebreu
muçulmano: a evolução do direito antigo à compreensão do pensamento jurídico
contemporâneo. Belém: Unama, 2007.

GRAU, Eros Roberto. Por que tenho medo de juízes: (a interpretação/aplicação do direito e
os princípios) / Eros Roberto Grau. – 10. Ed. Refundida do Ensaio e discurso sobre a
interpretação / aplicação do direito. – São Paulo: Malheiros, 2021. 192 p.

LOCKE, John. Ensaio Acerca do Entendimento Humano. São Paulo – SP: Editora Nova
Cultural Ltda, 1999.E – book. Disponível em: http://abdet.com.br/site/wp-
content/uploads/2014/12/Ensaio-Acerca-do-Entendimento-Humano.pdf Acesso em: 22
maio.2021.

ROCHAMONTE, Catarina; GHELERE, Gabriela. Filosofia e Sociologia: 2ª série. – 8. Ed.


revista e atualizada para 2018. – Fortaleza: Sistema Ari de Sá de Ensino,2017. (Coleção
Integrada).

Você também pode gostar