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Sociologia

do
direito
Carga-horária: 40 h/a
CONTEXTUALIZAÇÃO
 A disciplina justifica-se por proporcionar a
compreensão sobre a importância da reflexão
crítica a respeito da presença do homem no
contexto social analisando os paradoxos
presentes no mundo contemporâneo que
destacam o individualismo e o pragmatismo.
CONTEXTUALIZAÇÃO
 Contempla o espírito questionador sobre a
conduta humana presente no meio jurídico -
sentimento de justiça nas relações entre os
homens como operadores do Direito.
OBJETIVOS GERAL
 Desenvolver a capacidade e a habilidade de
observar, concluir e criticar os valores e
comportamentos sociais, de modo a entender a
sociedade e o direito em termos estruturais e
dinâmicos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Contribuir para o desenvolvimento do senso


crítico e para a capacidade de compreender e
interpretar a sociedade a partir de conceitos e
teorias sociológicas, desenvolvendo assim uma
concepção de mundo fundamentada na
realidade e livre do senso comum;
OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Desenvolver o espírito científico no trato das


questões sociais da sociedade da qual faz
parte; e
 Fortalecer no acadêmico a atuação ética e
cidadã tendo como fim último a formação de
uma sociedade justa e democrática
Conteúdo Programático

 1. O pensamento sociológico e o Direito


 2. Sociologia do Direito e Dogmática Jurídica: a
polêmica Weber e Kelsen
 3. Objeto da sociologia do Direito
 4. O Direito como fato social: Émie Durkheim
Conteúdo Programático
 5. Direito nos processos de socialização:
Berger e Luckmann
 6. Controle social e Direito: funcionalismo e
teorias de conflito
 7.Modernidade e Globalização: crise do
Estado-Nação e implicações no Direito Estatal
 8.Do monismo ao pluralismo jurídico: direito
inoficial, "nova" lex mercatoria e direito marginal
Conteúdo Programático
 9. Teoria sistêmica do Direito: Luhman e
Teubner
 10. Direito e Movimentos Sociais
 11. Direito, Conflitualidade e Violência.
 12. O Sistema Brasileiro de Justiça:
contribuições de José Eduardo Faria e
Boaventura de Sousa Santos
Bibliografia
Básica:

 BORDIEU, Pierre. A miséria do mundo. 8ª ed.


Petrópólis: Editora Vozes, 2.011    
 DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social.
4ª ed. São Paulo: Wmf Martins Fontes, 2.010
 SELL, Carlos Eduardo. Sociologia Clássica - Marx,
Durkheim e Weber. 4ª ed. Petrópolis: Editora
Vozes, 2.013
SOCIOLOGIA
JURÍDICA
FONTE: Sabadell, Ana Lucia. Manual de Sociologia Jurídica. 3ª edição. São Paulo: Editora RT,
2005 e Rogério José de Almeida.
DIREITO & SOCIEDADE
A SOCIOLOGIA JURÍDICA

 Tendo surgido num momento de grande expansão


do sistema capitalista, desencadeado pela dupla
revolução – a industrial (iniciada em território inglês
no Século XVIII) e a francesa – a Sociologia foi a
primeira ciência a desenvolver-se no Mundo
Moderno (e a partir dos princípios do Século XIX),
conforme observa Martins (1984, p.5).
A SOCIOLOGIA JURÍDICA

 Com o Iluminismo que colocava a Razão‚ acima de


tudo‛, os métodos científicos começaram a ficar mais
elaborados, levando ao surgimento de uma ciência
que permitisse estudar cientificamente o processo
social. Com diversas correntes, a Sociologia foi se
aprofundando no estudo da Sociedade.
A SOCIOLOGIA JURÍDICA

 Comte (1798-1857) achava que, analisando a


Sociedade, poderia prescrever os remédios para os
problemas da ordem social, observando ainda que,
para ele, a sociedade é concebida de‚ modo
harmônico‛, em que a‚ solidariedade impera‛.
(RIBEIRO, 1982).
A SOCIOLOGIA JURÍDICA

 Para Durkheim (1858 – 1917), a sociedade é um


conjunto de regras e normas, padrões de conduta,
pensamentos e sentimentos que não existem apenas na
consciência individual; os sentimentos não estão no
coração, mas sim na existência social: nas instituições,
que são encarregadas de instituir nos indivíduos tais
valores e referências (SERRANO, [s.d.], [s.p]).
A SOCIOLOGIA JURÍDICA
 Já para Max Weber (1864-1920),

 a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto


das ações individuais. Estas são todo tipo de ação que o
indivíduo faz, orientando-se pela ação de outros. Só existe
ação social, quando o indivíduo tenta estabelecer algum
tipo de comunicação, a partir de suas ações com os
demais (VILELA, [s.d.], [s.p])
SOCIOLOGIA

 A sociologia jurídica emerge através do


olhar desnaturalizador das ciências sociais
sobre o direito, vendo-o como construção
social e histórica de uma dada época.
SOCIOLOGIA

 Ora visto como fator de agregação e pacificação


social, ora visto como instrumento de
legitimação das desigualdades sociais, a
sociologia jurídica tem seu início no âmago do
pensamento de Émile Durkheim, Max Weber e
Karl Marx.
SOCIOLOGIA
 A palavra sociologia é formada através da junção
de duas palavras; do latim “Socius” que significa
associação e do grego “logos” que significa estudo
ou ciência.

 SOCIO / LOGIA
 Socius / logos
 Associação / estudo.
SOCIOLOGIA
 Como afirma Bourdieu, “a Sociologia serve
para que as pessoas reconheçam que a
causas do sofrimento não é pessoal, mas
geral e estrutural”
(apud COSTA, 2005, p.23).
SOCIOLOGIA

 Portanto Sociologia é a ciência que tem por escopo


o estudo da associação humana.
Sociologia Jurídica
 Estuda o Direito como resultante de fatos sociais;
 Estuda o impacto do Direito nas sociedades;
 Ciência ainda pouco organizada;
 Hostilidade dos juristas e sociólogos;
 Hauriou: “ A pouca sociologia nos afasta do Direito
e a muita a ele nos conduz”
A SOCIOLOGIA JURÍDICA
• A sociologia jurídica estuda a realidade social do
direito como é.

• A técnica jurídica estuda a realidade social como


deve ser na tessitura jurídica.

• A filosofia jurídica preocupa-se com o social


enquanto valor, projetando a realidade como
deveria ser.
A SOCIOLOGIA JURÍDICA

* A maior contribuição da sociologia é o


questionamento a que se submete a realidade
social, não aceitando como verdades nem
simples hipóteses, nem conclusões
desconfiguradas.
O DIREITO COMO REFLEXO DA
REALIDADE SOCIAL

* Desde o início das sociedades organizadas


manifestou-se o fenômeno jurídico, como
sistema de normas de conduta a que
corresponde uma coação exercida pela
sociedade, segundo certos princípios
aprovados e obedientes.
 
O DIREITO COMO REFLEXO DA
REALIDADE SOCIAL

* A norma jurídica é um resultado da realidade


social. Ela emana da sociedade, refletindo
seus objetivos, crenças, valores, etc.
(diferentes culturas = diferentes normas).
* Há uma realidade particular de cada
processo histórico nacional, ou grupal,
muito própria e diferenciada. A essa
realidade particular corresponde a
produção de instituições também
particulares, entre elas as jurídicas.
* Às modificações do complexo cultural
de uma sociedade correspondem, a
seguir, alterações na sua ordem
jurídica.
* Direito, mudança social e globalização
(semelhança crescente dos sistemas
jurídicos das diversas sociedades).
* A verdade é que o Direito vai sofrendo
os impactos de tais novas realidades
(tempo das normas, eficiência e eficácia
das leis).
* O costume é um condicionante
sociocultural da normatividade
jurídica, pois reflete práticas que se
revelaram socialmente úteis e
aprovadas, com o tempo tendem a
uniformidade e a adquirir autoridade
própria.
* Essa autoridade é uma conseqüência
da convicção que se forma na
sociedade de que tal ou qual modo de
proceder é adequado e conveniente
aos fins sociais.
* É preciso verificar se a norma jurídica eficaz
do ponto de vista da dogmática é também
eficaz como realidade. Assim, à definição do
dever ser da dogmática, é preciso
corresponder o ser que se investiga na
Sociologia Jurídica.
O DIREITO COMO CONDICIONANTE
DA REALIDADE SOCIAL

* A ordem jurídica se destina,


precisamente, a abranger a vida
grupal, de maneira a estabelecer nela a
regulação dominante da conduta
coletiva e individual.
 
O DIREITO COMO CONDICIONANTE
DA REALIDADE SOCIAL

* Sendo assim, o Direito não é apenas


um modo de resolver conflitos. Ele os
previne e vai mais além, pois
condiciona, direta ou indiretamente, o
comportamento.
Funções do Direito

* Educativa: A simples existência de uma regra


de Direito resulta, geralmente, na convicção,
por parte de quem a conhece, de que a
conduta recomendada na referida norma é
mais conveniente. Aprendizado e
convencimento do que é socialmente útil. 
Funções do Direito

* Conservadora: É a expressão de uma


determinada ordem social cuja regulação, cujo
controle e cuja proteção se destina a realizar.
Ela reflete as várias classes sociais e as
convicções dominantes na sociedade. 
Funções do Direito

* Transformadora: A edição e a aplicação da


norma legal é, sempre, invariavelmente, um fato
de mudança da estrutura social.
* Assim, a maneira como essas funções são
encaradas pela opinião pública constitui algo
que exige reflexão e pode indicar caminhos
legislativos mais apropriados.

* A ordem jurídica é editada, mantida, modificada,


preservada precisamente pela sociedade que a
sentiu necessária, como revelação e expressão
dos interesses sociais ou interesses dominantes.
SUPERAÇÃO DE UMA FORMAÇÃO
POSITIVISTA E INGÊNUA
* A sociologia junto com demais disciplinas
humanísticas para entender o Direito como
instrumento de transformação.

* O Direito é dialético (conflitos), histórico,


ideológico. 
SUPERAÇÃO DE UMA FORMAÇÃO
POSITIVISTA E INGÊNUA
* Transcender a visão tecnicista positivo-
normativa. 

* Insignificância do Direito frente ao social.


* Sociologia do Direito deve partir do Direito Vivo
(concreto) por meio da investigação científica.
O documento só mostra o Direito Vivo que
está documentado.
 

* Determinações de Classe, etnia e gênero.


Poder (abstrato) se apresenta como
proprietário, branco e masculino (concreto). 
• A justiça penal é incapaz de fundar o
consenso em meio às diferenças. Objetividade
e Subjetividade se mesclam e se confundem.

• * A gênese do Direito se dá nos conflitos


sociais (Dialética). É um mediador entre as
classes.
• Então, qual o papel do profissional do Direito?

• O de intelectual orgânico, capaz de construir a


contra-hegemonia. Daí a necessidade de uma
perspectiva sociológica para dialogar com a
realidade concreta.
* Novo paradigma jurídico: pluralismo
participativo e democrático, capaz de
perceber a emergência de novos direitos
nascidos dos movimentos sociais populares.
 
* É preciso um Direito sustentado em bases
sólidas da eficácia social e não engessado
no limitado formalismo das leis.
DOGMÁTICA JURÍDICA
ZETÉTICA E DOGMÁTICA
 Enquanto disciplina introdutória à Ciência
Jurídica, devemos fixar qual enfoque será
adotado, sob qual ângulo vais ser analisado.
Os dois prismas são conhecidos como zetética
e dogmática.
ZETÉTICA E DOGMÁTICA
 O enfoque dogmático releva o ato de opinar e
ressalva algumas opiniões. O zetético, ao
contrário, desintegra, dissolve as opiniões,
pondo-as em dúvida.

 Questões zetéticas têm uma função


especulativa explícita e são infinitas, enquanto
as dogmáticas têm uma função diretiva explícita
e são finitas.
ZETÉTICA E DOGMÁTICA
 Nas questões zetéticas, o problema tematizado
é configurado como um ser (que é algo?). Visa
saber o que é uma coisa.
ZETÉTICA E DOGMÁTICA
 Nas questões dogmáticas, a situação nelas
captadas configura-se um dever- ser (como
deve ser algo?).

 A preocupação neste enfoque é possibilitar uma


decisão e orientar a ação.
ZETÉTICA E DOGMÁTICA
 Zetética deriva de zetein, que significa perquirir,
questionar, a zetética tem como perspectiva
desintegrar e dissolver as opiniões, pondo-as
em dúvida, exercendo função especulativa
explicita e infinita.
ZETÉTICA E DOGMÁTICA
 O refletir zetético liga-se as opiniões pela
investigação e seu pressuposto principal é a
duvida.

 O método zetético é analítico, sendo assim,


para resolver algum problema ou investigar a
razão das coisas, questiona as premissas de
argumentação, ou seja, é cético.
ZETÉTICA E DOGMÁTICA
 Dogmática advém de dokein, que significa
ensinar, doutrinar, a dogmática releva o ato de
opinar e ressalva algumas das opiniões e seu
desenvolvimento, o pensamento dogmático é
uma forma de enfoque teórico no qual as
premissas de sua argumentação são
inquestionáveis, como por exemplo, ocorre com
a religião por ser a fé inquestionável.
ZETÉTICA E DOGMÁTICA
 A dogmática em contraposição a zetética (que
possui caráter amplo), é mais fechada, presa a
conceitos fixos e adapta os problemas as
premissas.
ZETÉTICA E DOGMÁTICA
 Um homem estava na rua, quando vê passar
correndo um sujeito e vários policiais atrás. Um
deste grita: “Agarrem este homem, ele é um
ladrão!”. O homem intrigado, responde: “O que
você entende por ‘ladrão’?”.
ZETÉTICA E DOGMÁTICA
- São duas perspectivas: a do policial e a do
homem que questiona.
- O policial parte da premissa de que o significado
de ladrão já é uma questão definida, uma
‘solução dada’, devendo o homem apenas
imobilizá-lo.

- Por outro lado, o homem questiona a premissa,


considera- a duvidosa, necessita de um
questionamento prévio.
DOGMÁTICA
- O termo dogmática, como já foi dito, vem de dokein, que
significa ensinar, doutrinar.
 A função informativa combina-se com a diretiva e

esta cresce ali em importância.


 Deus na Teologia;

 O enfoque dogmático é mais fechado que o zetético,

pois se prende a conceitos fixados. Obrigando-se a


interpretações capazes de conformar os problemas
às premissas e não, como acontece na zetética
(onde as premissas se conformam aos problemas)
 Dogmas;
DOGMÁTICA JURÍDICA
 A dogmática jurídica é o método de observar,
analisar e atuar perante o Direito segundo
orientações cujos pressupostos são
provados de forma cognitiva ou são
levantados por experiências reais geradas
por casos concretos ocorridos anteriormente.
Há, ainda, a possibilidade de a orientação
ser fundamentada em valores e princípios
gerais do Direito.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 A dogmática jurídica possui funções típicas
da tecnologia, como ensina Tércio Sampaio
Ferraz Júnior. Suas premissas básicas
devem ser tomadas de modo não-
problemático, pois somente assim poderá
criar as condições para a ação, ou seja, a
decidibilidade de conflitos juridicamente
definidos. (FERRAZ JÚNIOR, 1990)
DOGMÁTICA JURÍDICA
 A aproximação frente à tecnologia encontra-
se em dois motivos principais: a adoção de
uma postura não-problemática em face a
seus pressupostos e a adoção de uma
função voltada para a decidibilidade dos
casos concretos.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Desta forma, o saber jurídico-dogmático
pretende alcançar a estabilidade social,
conferindo segurança jurídica, pois
condiciona a solução dos conflitos de forma
a causar a menor perturbação social
possível.
A contribuição de Kelsen e
Weber
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Karl Emil Maximilian Weber 

 Erfurt, 21 de abril de 1864 — Munique, 14 de
junho de 1920)
Desenvolveu uma Sociologia do Direito de caráter
histórico,analisando as divergências metodológicas
entre a dogmática Jurídica e a sociologia.

Entende a sociologia a partir da metodologia


compreensiva.

Demonstra a diferença entre o método sociológico


o jurídico-dogmático: o segundo visa estabelecer a
coerência lógica das proposições jurídicas. A
MAX WEBER primeira no plano do que é e a segunda no plano
do dever-ser.

Utiliza-se de tipos ideais, sendo o direito


racional/formal, que combina a previsibilidade com
os critérios de decisão do sistema jurídico
considerado e o direito racional/material que apela
para sistemas exteriores (religiosos, ético, político)
ao jurídico nos processos decisórios
DOGMÁTICA JURÍDICA
 No desenvolver dos estudos Weber deparou-
se com temas como a racionalidade e ao
analisar seus aspectos propôs que esta
fosse observa sob prisma distinto do que já
vinha sendo estudada.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Max Weber criticou Kantorowicz e Erlich
(autores da época) porque ambos tentaram
reduzir a Ciência do Direito a uma disciplina
sociológica – o caráter valorativo em suas
teorias.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Weber acreditava na neutralidade axiológica

 Entendia que a ciência jurídica ou dogmática


jurídica e a sociologia do direito não
poderiam jamais ser justapostas, de maneira
que ambas ocupam lugares distintos,
isoladamente consideradas.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Weber reduz a tensão entre dogmática
jurídica e a sociologia do direito a um cariz
estritamente metodológico.

 Ele considera que quando tratamos da


primeira ciência servimo-nos do
método lógico-normativo, ao passo que na
segunda utiliza-se o método empírico-causal,
este típico da Sociologia.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 O método lógico-normativo possui a
finalidade de verificar no interior de um
“cosmos de regras abstratas” suas regras de
validade, realizando uma verificação de
compatibilidade lógica das normas em um
ordenamento. Esta operação, portanto, situa-
se no plano ideal, ou seja, no pensamento
racional, no plano das ideias.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Já o método empírico-causal investiga o
comportamento dos indivíduos frente a um
sistema de regras, avaliando a
potencialidade de suas condutas se
subsumirem àquelas disposições, ou ainda,
orientarem-se segundo o conteúdo da
norma, ainda que não cumprindo o que
disposto nela.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 A dogmático-jurídica para Weber possui uma
peculiaridade especial: ela se situa na esfera
do dever-ser (Sollen), conquanto que lida
com a forma de melhor regular (prescrever)
condutas e organizá-las sistemática e
logicamente de modo a se criar um sistema
isento de contradições e exigível perante
seus destinatários.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Max Weber é tido como o sociólogo mais
influente do século XX, sendo a sociologia
do direito um de seus temas principais e
recorrentes. Antes de adentrar no tema
específico da sociologia do direito, torna-se
indispensável uma passagem geral sobre os
principais aspectos da teoria sociológica
weberiana.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Diferentemente da concepção transcendental
da racionalidade, que vigorava durante o
início do liberalismo moderno, Weber
representa a racionalidade de uma forma
prática, como a adequação de meios aos
fins.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Podendo ser divididas em quatro tipos,
segundo Kalberg, uma vez que o termo
racionalidade não possui sempre a mesma
acepção na vasta obra de Weber (SORIANO,
1997, p. 100).
DOGMÁTICA JURÍDICA
 São elas:

 a. Racionalidade teórica – que tem por objeto o


conhecimento da realidade social;
 b. Racionalidade prática – que interpreta a realidade social
em função dos interesses dos atores;
 c. Racionalidade substantiva - que interpreta a realidade
social em função dos valores;
 d. Racionalidade formal - que interpreta a realidade social
em função das regras prévias de aplicação generalizada;
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Importante contribuição de Weber para a
sociologia moderna foi sua defesa da ideia
de que deveria a sociologia se afastar da
noção de leis gerais, próprias das ciências
naturais, isto porque não se poderia
conhecer a realidade social em si mesma,
uma vez que é complexa, estando
em permanente construção.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Além disso, toda tese representa um ponto
de vista de um investigador, sendo mais
abstrata quanto mais geral e menos
conectada com a realidade (SORIANO,
1997, p. 100).

 Dito de outra forma, as leis sociais, para


Weber, estabelecem relações causais em
termos de regras de probabilidade.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Hans Kelsen

 (Praga, 11 de outubro de 1881 — Berkeley,


19 de abril de 1973)
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Kelsen já havia tecido severas críticas a
Kantorowicz e Erlich contestando o
posicionamento desses autores conquanto a
afirmarem ser a Sociologia do Direito a única
ciência capaz de definir o fenômeno jurídico,
de forma a reduzir a ciência do direito a uma
disciplina sociológica. 
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Assim, Kelsen entendia que a Sociologia
Jurídica não era uma ciência autônoma, visto
que, necessariamente, para definir seu
objeto, teria de recorrer a conceitos
elaborados pela Ciência do Direito, fato este
que encerrava uma substancial dependência
conceitual daquele campo de conhecimento
para com esta ciência.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 E tal razão, dentro do esquema analítico
kelseniano, possui uma fecunda coerência.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Kelsen, ao tratar o fenômeno jurídico como um
sistema de normas válidas, ou seja, leis que
estariam em conformidade com aquelas que
lhes seriam diretamente superiores,
hierarquicamente organizadas, até se chegar ao
preceito fundamental (Grundnorm), fundamento
de validade de todo o sistema jurídico...
DOGMÁTICA JURÍDICA
 ... o pensador vienense reduz o âmbito do
estudo da Ciência Jurídica à norma (ou ao
conjunto delas), excluindo da ciência jurídica os
fenômenos sociais, políticos e psicológicos, os
quais seriam objetos da Sociologia, Ciência
Política e Psicologia, respectivamente. 
DOGMÁTICA JURÍDICA
  Era assim que conferia “pureza” à teoria do
Direito. De tal sorte, as definições de “norma”,
“ordenamento jurídico”, “ordem jurídica” eram de
incumbência da dogmática jurídica resolver,
visto que estes eram seus objetos próprios.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 A sociologia jurídica, portanto, para Kelsen, não
poderia jamais ser considerada como uma
ciência autônoma por lhe faltar conceitos
próprios, sendo que para isso teria de recorrer à
Ciência do Direito (dogmática jurídica) e dali
extrair a definição de “norma”, “ordenamento” e
“ordem jurídica” para fundamentar suas teorias.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Note-se a proximidade da ideia divisória entre
Kelsen e Weber no que toca à dogmática
jurídica e à sociologia do direito.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Enquanto uma se preocupa com o exame
das normas e suas relações lógico-
sistemáticas, a outra se atém ao campo de
perquirição do comportamento do indivíduo
perante essas normas.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Esse é o ponto que mais coincide entre os
autores concernente às suas conceituações.

 Ao passo que a sociologia jurídica se ocupa


das tarefas do “ser” (Sein), a dogmática
jurídica está ligada ao teor prescritivo, do
dever-ser (Sollen). 
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Sem embargo, o principal enfoque
diferenciador entre os estudiosos reside na
questão da total autonomia da sociologia do
direito.
DOGMÁTICA JURÍDICA
 Enquanto Weber irá afirmar que a sociologia
jurídica tem método e objeto próprios, quais
sejam, o método empírico-causal e como objeto
o comportamento humano perante a norma, ...
DOGMÁTICA JURÍDICA
 ... Kelsen, apesar de concordar com o âmbito
desta última categoria (esfera do “ser”), insiste em
afirmar que, para esse comportamento ser
estudado, há a necessidade da sociologia jurídica
recorrer ao conceito de “norma” (entenda-se
“norma”, “ordenamento jurídico”, “ordem jurídica”)
elaborado pela ciência do direito, o que afetaria
terminantemente sua autonomia como ciência,
visto que teria de se valer de conceitos que estão
fora da sua esfera de alcance.
AMARTYA SEN
Annapurna precisa de alguém para fazer a
limpeza do jardim, e três desempregados – Dinu,
Bishanno e Rogini – desejam ardentemente o
emprego.
AMARTYA SEN
Qualquer que seja a sua escolha, obterá o mesmo
trabalho, exactamente pelo mesmo preço.

Dinu é o mais pobre, e isso faz com que se incline


fortemente para o contratar  (“que poderá ser mais
importante do que ajudar o mais pobre?”).

Mas Bishanno empobreceu recentemente, e


encontra-se deprimido.
AMARTYA SEN
Todos concordam que Bishanno é o mais infeliz dos
três, o que faz com que Annapurna encare
muito favoravelmente a possibilidade de o contratar
(“eliminar a infelicidade tem de ser a primeira das
prioridades”).
AMARTYA SEN
Por sua vez, Rogini sofre de uma doença crónica –
estoicamente suportada – e poderia usar o dinheiro
para livrar-se dessa terrível moléstia.

Annapurna pergunta-se se não seria justo dar o


trabalho a Rogini (“faria toda a diferença para a
qualidade de vida e superação da doença”).
AMARTYA SEN
Sendo os três factos conhecidos, a decisão
depende da informação a que se der mais peso.

A favor de Dinu a igualdade de rendimentos, por


Bishanno a utilidade ou métrica da felicidade e por
Rogini a qualidade de vida.
AMARTYA SEN
Os dois primeiros casos são muito debatidos em
economia, mas neste livro serão apresentados
argumentos em favor do terceiro.

Analisa-se em seguida a importância da base


informacional.
OS CLÁSSICOS
OS CLÁSSICOS DADA SOCIOLOGIA:: MARX,
SOCIOLOGIA MARX, DURKHEIM
DURKHEIM EE
WEBER
WEBER
Os Clássicos da Sociologia

No século XIX, três pensadores desenvolveram teorias buscando


explicar a sociedade capitalista: Karl Marx , Emile Durkheim que
continuou o positivismo de Augusto Comte e Max Weber . Estes três
pensadores são denominados os clássicos da Sociologia.

1818-1883 1858-1917 1864-1920


Os Clássicos da Sociologia

Objeto da
Sociologia Método

Emile Durkheim Fato Social Explicação


(1857 – 1917)

Max Weber Ação Social Compreensão


(1864 – 1920) Social

Karl Marx (1818 Classes Sociais Dialética


– 1883)
OS CLÁSSICOS DA
SOCIOLOGIA

EMILE DURKHEIM
1857-1917
CONCEITOS BÁSICOS

FATO SOCIAL
COERÇAO SOCIAL

CONSCIÊNCIA COLETIVA
DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO
SOLIDARIEDADE MECÂNICA

SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
DIREITO REPRESSIVO

NORMAL E PATOLÓGICO DIREITO RESTITUTIVO

ANOMIA SUICÍDIO
CONTEXTO HISTÓRICO

Vivendo no período que vai da segunda metade do século XIX


até o final da Primeira Guerra Mundial foi contemporâneo dos
acontecimentos significativos do período

Inicio da IIIª Republica na França

Progresso tecnológico
O capitalismo
consolidado e suas Produtividade nas fábricas
contradições
Comuna de
Paris(1871)
Sindicatos - Greves
CONTEXTO HISTÓRICO

Toda reforma social deve


Preocupa-se com o
estar baseada no
estabelecimento de
conhecimento prévio e
uma nova ordem social
científico da sociedade e
não numa ação política

Procurou conhecer a
sociedade Com amplo conhecimento
cientificamente com das Ciências Naturais,
racionalidade, para que passa a ver a sociedade
a ciência pudesse como um imenso corpo
resolver as questões biológico.
sociais
Objeto Fato
A preocupação Social

1ªcontribuição em estabelecer
para a Sociologia
Metodo Explicação

As Regras do Método Sociológico


“ Fato social é toda maneira de fazer, fixa ou
não,suscetível de exercer sobre o indivíduo uma
coação exterior;ou ainda, que é geral no conjunto de
cada sociedade tendo ao mesmo tempo existência
Fato
própria, independente de suas manifestações
Social
individuais.”

Fato social consiste em “maneiras coletivas de


pensar, sentir e agir, exteriores ao indivíduo e
dotadas de um poder de coerção em virtude do
qual se lhe impõem”
por ser coletivo e estar
GENERALIDADE presente em toda a
sociedade

CARACTERÍSTICAS
DO FATO SOCIAL EXTERIORIDADE por se apresentar fora
do individuo

por exercer uma


força sobre o
COERCITIVIDADE individuo,
obrigando-o a se
conformar com as
maneiras de pensar,
sentir e agir,
MÉTODO

Independente de qualquer
filosofia, visando apenas o
principio da causalidade

Características
do método Garantia da objetividade

Um fato social só pode ser


explicado por outro fato social
MÉTODO

Os fatos sociais devem ser tratados como


Regra coisas
fundamental
MÉTODO

A explicação científica exige que o pesquisador mantenha


certa distância e neutralidade em relação ao fato a ser
estudado.

O sociólogo deve deixar de lado suas pré-noções, isto é,


seus valores e sentimento pessoais. Não pode haver
envolvimento afetivo ou interferência do sujeito em
relação ao objeto.

Enfatiza a posição de neutralidade e objetividade que o


pesquisador deve ter em relação à sociedade: deve
descrever a realidade social sem deixar que suas idéias e
opiniões interfiram na observação dos fatos sociais
CONSCIÊNCIA COLETIVA

Trata-se da idéia do que seja o psíquico social.

A consciência coletiva é objetiva (não vem de uma só pessoa), é


exterior (é o que a sociedade pensa), age de uma forma
coercitiva.
É, de certo modo a moral vigente da sociedade.

A consciência coletiva manifesta-se nos sistemas jurídicos, nos


códigos legais, na arte, na religião, nas crenças, nos modos de
sentir, nas ações humanas. Existe difundida na sociedade e é
interiorizada pelos indivíduos.

Para Durkheim, a sociedade è mais do que a soma dos


indivíduos e o todo (a sociedade) prevalece sobre as partes(os
indivíduos).
A preocupação em
estabelecer normas que
justifiquem a manutenção da
2ª sociedade capitalista
contribuição

A Divisão do Trabalho Social


A Divisão do Trabalho Social

Em sua obra A Divisão do Trabalho Social procura


compreender as repercussões da divisão do trabalho
e do aumento do individualismo na integração social.

Durkheim tenta entender o funcionamento da


sociedade da mesma forma que a Biologia entende o
funcionamento de um corpo. Cada indivíduo tem uma
função a cumprir que é importante para o
funcionamento de todo o corpo social.
A Divisão do Trabalho Social
Divisão Social do trabalho vem a ser a especialização
de funções entre os indivíduos de uma sociedade.

Quanto mais for especializada sua atividade, mais o membro


de uma sociedade passa a depender dos outros membros.

Daí o efeito mais importante da divisão do trabalho


não é o seu aspecto econômico (aumento de
produtividade) mas a integração e a união entre os
membros, que Durkheim denomina
SOLIDARIEDADE.
SOLIDARIEDADE SOCIAL
SOCIEDADE PRE-CAPITALISTA SOCIEDADE CAPITALISTA

Tradicional Moderna
Não diversificada Diversificada
Pré-industrial Industrial
Semelhanças de funções: Especialização de funções:
união dependência
Simples Complexa

Pouca divisão do trabalho Muita divisão do trabalho


Causa da coesão social : Causa da coesão social :
Solidariedade Solidariedade

Solidariedade mecânica Solidariedade orgânica


divisão do trabalho pouco desenvolvida

Não havia um grande número de


especializações

As pessoas se uniam não porque


dependiam do trabalho das outras
Solidariedade
Todos tinham a mesma religião, as
Mecânica mesmas tradições, os mesmos
sentimentos, os mesmos valores

A consciência coletiva era forte e


pesava sobre o comportamento de
todos.
Predominava o Direito Repressivo (Penal)
pois o crime feria os sentimentos coletivos.
Há divisão de trabalho porque há mais
especialização de funções..

O que une as pessoas é a interdependência


das funções sociais.

Solidariedade
Orgânica A consciência coletiva é fraca pois é difusa,
difundindo-se pelas diversas instituições

Predomina o Direito Restitutivo (Civil) , pois a


função do Direito mais do que punir o
criminoso, é restabelecer a ordem que foi
violada.
As causa sociais do aumento da divisão do trabalho nas sociedade
complexas decorre de uma combinação de fatores que envolvem : o
volume populacional e a densidade natural e moral da população

um aumento do volume da população


Causas do
aumento da
divisão do uma maior aproximação dos membros da
trabalho sociedade no espaço físico

uma maior comunicação e interdependência


dos indivíduos no espaço social
FATO PATOLÓGICO E ANOMIA

O crescente desenvolvimento da industria e da


tecnologia faz com que Durkheim tivesse uma
visão otimista sobre o futuro do capitalismo.

O capitalismo é uma sociedade perfeita, pois a maior


divisão de trabalho aumenta a especialização de funções
que aumenta a dependência, tendo maior solidariedade.

Como explicar os problemas sociais, tais como favela,


criminalidade, suicídio, fome, miséria, poluição,
desemprego?

A crise da sociedade é moral. Ou as normas estão


falhando (fato patológico) ou há ausência de
normas (anomia)
A sociedade, como todo organismo, apresenta estados normais e
patológicos, saudáveis e doentios.

Fato quando se encontra generalizado na


Social sociedade ou desempenha alguma
Normal função social importante.

Fato Social aquele que se encontra fora dos limites


Patolológico permitidos pela ordem social e pela
moral vigente
Para Durkheim, um fenômeno quando agride os preceitos
morais, pode ser considerado normal desde que encontrado
na sociedade de forma generalizada desde que não coloque
em risco a integração social..

Considerou o crime um
fato social normal porque
é encontrado em todas
as sociedades e serve de
parâmetro para a
sociedade. Se o crime
põe em risco a
integração social é
considerado patológico
Carência de regulamentação social, ausência de
regras sociais. As crises econômicas e conflitos
capital-trabalho se devem a uma situação de
anomia..

Atribui essa crise moral às mudanças rápidas


ocorridas na sociedade no final do século XIX e
ao descompasso entre o avanço material e as
ANOMIA
normas morais e jurídicas.

Ao estudar o suicidio, refere-se ao suicídio


anômico que acontece devido ao
enfraquecimento das regras morais.

Tal estado deanomia se deve à propria sociedade


que apresenta uma situação de desregramento
levando os indivíduos a pedrderem a noção dos
fins individuais e dos limites
ANOMIA EM DURKHEIM

Aparece na análise que Durkheim faz do suicídio: as


causas do suicídio seriam sociais, dependendo do maior
ou menor grau de coesão social.
Três tipos de suicídio:

EGOÍSTA Falta de integração

ALTRUÍSTA Excesso de
integração

ANÔMICO Falta de limites e


regras
Direito e anomia

a coesão é garantida
por um conjunto de
princípios, ou seja,
uma moral e um
conjunto de regras e
normas, ou seja ,o
direito, porque todos se
Sociedade conhecem
simples

A função do direito é
punir aquele que,
com suas
transgressão, ofende
todo o conjunto. É o
que conhecemos por
direito penal.
Precisamos ser solidários
não porque somos iguais
mas porque somos
diferentes. A falta, o
rompimento da regra não
afeta o coletivo e sim as
pessoas separadamente.
Sociedade
complexa

A punição será dirigida


para a devolução,
`aquele que foi
prejudicado, daquilo
que lhe foi tirado. É o
direito restitutivo.
CONCLUSÃO

Foi com Durkheim que a Sociologia passou a ser


considerada propriamente uma ciência, dotada de um
objeto especifico, os fatos sociais, e de uma metodologia.

Os problemas sociais não se resolveriam dentro de uma luta


política e sim através da ciência, ou seja, da Sociologia.

Trata-se apenas de conhecer os seus problemas e de buscar


uma solução científica para eles: curar as suas doenças.

A Sociologia tem por finalidade não só explicar a sociedade


como também encontrar soluções para a vida social.
CONCLUSÃO

A tarefa da Sociologia é compreender o funcionamento


da sociedade capitalista de modo objetivo, para
observar, compreender e classificar as leis sociais,
descobrir as que são falhas e corrigi-las por outras mais
eficientes.

Durlkheim, ao lado de Marx e Weber, representa uma


contribuição importante para a Sociologia e para as
Ciências Sociais de modo geral. Sua construção
metodológica permanece obrigatória aos pesquisadores
do campo social,
(Figura in: Durkheim Sociologia-org.José Albertino Rodrigues, coord. Florestan Fernandes. 9ª Ed. 2ª imp. Àtica, 2000 ,p 31.)
Ponto fundamental : o direito é um fato social.

1. a sua criação, evolução e aplicação


podem ser entendidas através da
análise de fatores, de interesses e de
forças sociais.
Ele se manifesta
como uma das 2. Os sociólogos do direito consideram
realidades que o direito possui uma única fonte
observáveis na que é “ a vontade do grupo social”.
sociedade
Assim a sociologia jurídica deve
pesquisar “os fatos jurídicos”
(Ehrlich) cuja manifestação não
depende da lei escrita mas sim da
sociedade.
A CONTRIBUIÇÃO DE
DURKHEIM, WEBER E
MARX
Utiliza na SJ o método funcionalista que
emprega na sociologia.
Enfatiza a estabilidade e a durabilidade
do direito enquanto organização social.

Direito: símbolo da coesão social

DURKHEIM Dois tipos de direito : repressivo


numa sociedade concretizada em
interesses e valores compartilhados
pelos membros da sociedade:
solidariedade mecânica
Restitutivo: numa sociedade
estruturalmente diferenciada por
funções especializadas:
solidariedade orgânica
A passagem de uma a outra se faz
pela divisão do trabalho
Não escreveu especificamente sobre o
direito
Sua teoria sobre o conflito estabelece
relações entre o direito, Estado,
economia e sociedade.
Utilizando-se do método do materialismo
histórico e dialético, constrói uma teoria
social onde encontramos uma visão do
direito.
KARL MARX No modo de produção capitalista, a
classe detentora dos meios de produção
impõe seus interesses à classe
proletária.
Essa infra-estrutura econômica
condiciona a super-estrutura jurídico-
estatal a fim de manter a dominação de
classe.
O direito e o Estado aparecem como
instrumento de coerção da classe
dominante, servindo à imposição de
sua ideologia.
Desenvolveu uma Sociologia do Direito de caráter
histórico,analisando as divergências
metodológicas entre a dogmática Jurídica e a
sociologia.
Entende a sociologia a partir da metodologia
compreensiva.

Demonstra a diferença entre o método


sociológico o jurídico-dogmático: o segundo
visa estabelecer a coerência lógica das
MAX WEBER proposições jurídicas. A primeira no plano do
que é e a segunda no plano do dever-ser.

Utiliza-se de tipos ideais, sendo o direito


racional/formal, que combina a previsibilidade
com os critérios de decisão do sistema jurídico
considerado e o direito racional/material que
apela para sistemas
exteriores(religiosos,ético,político) ao jurídico
nos processos decisórios
ABORDAGEM SOCIOLOGIA DO
POSITIVISTA DIREITO

DUAS
ABORDAGENS

ABORDAGEM SOCIOLOGIA NO

EVOLUCIONISTA DIREITO
é um estudo sociológico,
colocando-se numa perspectiva
externa ao sistema jurídico.
a sociologia do direito faz parte
das ciências sociais.O direito tem
seu método tradicional e sua
ABORDAGEM
POSITIVISTA autonomia.
(Sociologia do Direito)
considera que a sociologia
jurídica não pode ter participação
ativa dentro do direito.
o direito é “a lei e as relações
entre as leis” (Kelsen).Tudo o mais
fica fora da ciência jurídica.
a sociologia jurídica pode
estudar e criticar o direito, mas
não pode ser parte integrante
desta ciência.
também são excluídas do direito,
a filosofia do direito, a história do
ABORDAGEM
POSITIVISTA
direito, a criminologia e a
(Sociologia do Direito) psicologia jurídica.
a aplicação imparcial do direito é
possível e constitui uma garantia
para todos. As indagações
sociológicas sobre o direito são
muito interessantes mas não
podem intervir na aplicação do
mesmo.
adota uma perspectiva interna com
relação ao sistema jurídico, pois a
sociologia jurídica deve interferir
ativamente na elaboração, no
estudo dogmático e inclusive na
aplicação do direito.
ABORDAGEM não há ciência jurídica autônoma
EVOLUCIONISTA
(Sociologia no Direito)
porque o direito deve empregar
métodos próprios das ciências
sociais.
é uma ruptura com o conceito
kelseniano de que o direito é “a
norma e as relações entre as
normas”.
coloca em dúvida a suposta
neutralidade do jurista
o jurista-sociólogo pode influenciar o
processo de elaboração das normas
(que é incumbência do legislativo) e da
doutrina ( os estudiosos do direito).
pode influenciar também a aplicação
da lei, pois quando o conflito surge, o
juiz e os outros profissionais do direito
ABORDAGEM
EVOLUCIONISTA
devem fazer interpretações levando em
(Sociologia no Direito) conta o ponto de vista social.
o magistrado sempre faz juízos de
valores e nunca aplica a lei de modo
“puro” pois, nas suas decisões, projeta
seus valores individuais, exprimindo
sua visão de mundo.
não existe neutralidade e o direito é
uma forma de política.
OUTRAS CONCEPÇÕES DA SOCIOLOGIA
JURÍDICA
Questão fundamental :

As duas abordagens
colocam o problema da

Positivismo autonomia das ciências Evolucionismo

jurídicas e neutralidade
do legislador e do
interprete do direito
OUTRAS CONCEPÇÕES DA
SOCIOLOGIA JURÍDICA

Tentativas de unificar as duas perspectivas : o


sociólogo do direito realiza uma análise externa
daquilo que é considerado como direito pelo
ponto de vista da dogmática jurídica

A sociologia jurídica tem os dois aspectos : o


interno e o externo. Não se pode ignorar nenhum
deles.
QUESTÕES

A sociologia jurídica constitui um ramo do


direito ou da sociologia ?

Existem duas maneiras diferentes de


trabalhar, na sociologia do direito, a
perspectiva do sociólogo e a do jurista ?
SOCIOLOGIA DO DIREITO – OU
SOCIOLOGIA JURÍDICA ?

Sociologia do Direito : ramo da sociologia


que tem como objeto de estudo o direito.
Leitura sociológica do direito feita
preferencialmente pelos sociólogos

Sociologia Jurídica: estudo das dimensões


sociológicas das normas jurídicas feito
preferencialmente pelos juristas.
outros autores utilizam os dois termos como
sinônimos

Jurista : pode pecar pelo pouco conhecimento


sociológico e por uma tendência a justificar o
sistema jurídico.

Sociólogo: desconhece completamente o


direito (Carbonnier – Souto e Souto)
OUTRA DISTINÇÃO:

Sociologia do direito pura : explica o sistema


jurídico através da teoria sociológica.

Sociologia do direito aplicada : estudo do


sistema jurídico com a finalidade de ajudar o
legislador e os profissionais do direito a
tomarem melhores decisões. ( Rehbinder)
OBJETIVOS

sensibilizar e influenciar o processo da


elaboração das leis
participar ativamente no debate dogmático é
um dever da sociologia

analisar o elo entre o direito positivo e a


realidade social.
Como pode existir um direito
sem fundamento, sem ideal de
justiça, sem que se mantenha um
vínculo real com a sociedade ?
DEFINIÇÃO DE SOCIOLOGIA
JURÍDICA
A Sociologia Jurídica examina a influência dos
fatores sociais sobre o direito e as incidências
deste último na sociedade, ou seja, os elementos de
interdependência entre o social e o jurídico,
realizando uma leitura externa do sistema jurídico.

Em outras palavras : a Sociologia Jurídica examina


as causas (sociais) e os efeitos(sociais) das
normas jurídicas.
Procura responder três questões
fundamentais :

Por que se cria uma norma jurídica ou um sistema


jurídico?

Quais são as conseqüências do direito na vida social ?

Quais são as causas sociais da “decadência” do


direito que se manifesta por meio do desuso e da
abolição de certas normas ou mesmo mediante a
extinção de determinado sistema jurídico ?
O jurista sociólogo examina as relações entre o
direito e a sociedade em três momentos : a
produção, a aplicação e a decadência da norma

O jurista sociólogo observa o direito “de fora”


(leitura externa) examinando as relações entre
direito e sociedade

Niklas Luhman :

a) o que significa “ olhar o direito“de fora”.


b) a relação entre o direito e a sociedade
O jurista sociólogo analisa a interação entre
o direito e a sociedade. Seu trabalho não é
descrever como funciona internamente o
sistema jurídico, mas sim o modo de atuação
do direito na sociedade ou seja, o exame das
relações recíprocas entre o sistema social
global e o subsistema jurídico.
TÂNIA MARIA SANTANA BOTÊLHO
1.1 Durkheim: método sociológico. Divisão do
trabalho. O suicídio.
 Considerado Pai da Sociologia. Fundador
da Escola Sociológica Francesa.
 Nasceu em Épinal, a 15 de abril de 1858. De
Família Judaica, foi educado na França e na
Alemanha, onde cursou Direito, Filosofia e
Ciências Sociais. Na Alemanha estudou
também Psicologia das Sociedades Arcaicas
e Antropologia.
Nascimento: 15 de abril de 1858 - Épinal,
França

Falecimento: 15 de novembro de 1917 - Paris,


França

Acadêmico, sociólogo, antropólogo, filósofo

Escola/tradição: Positivismo, Funcionalismo,


Evolucionismo
As obras

 Influenciaram bastante a metodologia de


todos os ramos das Ciências Sociais. Seu
primeiro livro de importância foi a própria
tese de doutoramento, “A Divisão do
Trabalho Social”, onde demonstra a relação
entre o indivíduo e a coletividade, ou seja, a
forma pela qual um gruo de indivíduos se
comporta e forma uma sociedade.
Ao realizar estudos sobre o relacionamento
humano...
 Aplicou métodos semelhantes ao usados nas
Ciências Exatas, insistindo no fato que as
correlações puramente estatísticas só são
adequadas quando se estabelecem correlações
lógicas.
 Enfatizou a importância de estudar os “fatos
sociais” ( como por exemplo, as regras sociais e as
crenças) que são objetivos para o observador
empírico e possuem aspectos morais porque
afetam o bem-estar do indivíduo.
Durkheim é também admirado pelo estudo dos problemas da
personalidade, realizado em sua obra “O Suicídio”(1897),

 Em que a divisão do trabalho é tratada


como um desenvolvimento normal da
sociedade humana, que propicia o aumento
da iniciativa pessoal em detrimento da
autoridade exercida pela tradição. Entretanto,
o número crescente de suicidas nas
sociedades desenvolvidas foi por ele
considerado um traço patológico na
organização social.
Durkheim descreve três tipos de suicídios:

 Altruísta: quando o indivíduo fortemente ligado a um grupo não


distingue entre seus próprios interesses e os do grupo, sendo capaz de
sacrificar-se por ele. É o caso de soldados que sacrificam para salvar
companheiros.
 Egoísta: é o suicídio que ocorre quando o indivíduo não está envolvido
com nenhuma causa, faltando-lhe laços emocionais que lhe tornem a
vida digna de viver.
 Anômico: é o suicídio que se manifesta quando o indivíduo participa
de uma sociedade caracterizada pela anomia (ausências de regras,
sem normas), sendo comum em época de depressão econômica.
 A importância de “O Suicídio” está intimamente relacionada aos
esclarecimentos que presta quanto ao relacionamento humano, tanto
no que se refere aos grupos, quanto ao que diz respeito às normas dos
grupos.
 Procurou opor–se ao pensamento de
Auguste Comte que faria da Sociologia um
raciocínio a partir de leis universais, o que
para Durkheim era metafísico. Para
Durkheim, a Sociologia, como ciência,
deveria dedicar-se ao conhecimento
racional, objetivo, observacional e
necessário da sociedade. “...é preciso tratar
o fato social como uma coisa” exatamente
como o cientista da natureza trata os
fenômenos naturais.
O princípio da Integração Social: coesão e
equilíbrio.
 Para Durkheim, a questão da objetividade
científica na Sociologia não se coloca, a
rigor, nos termos em que levantamos aqui.

 Não reconhecendo, por princípio qualquer


distinção fundamental entre Sociologia e
Ciências Naturais, a primeira regra do
método de Durkheim é que os fatos sociais
devem sem tratados como coisas exteriores
ao investigador.
 Durkheim não pretende que uma forma de
organização social seja encarada como objeto da
mesma natureza que uma pedra ou planta. Insiste
várias vezes em que, a sociedade consiste
essencialmente de “representações”, ou seja, de
crenças e sentimentos.

 As crenças e sentimentos são um tipo de realidade


que estamos acostumados a localizar no interior da
consciência dos indivíduos. Como estudá-los,
então, como se estivessem fora da consciência do
investigador?
Como estudá-los, então, como se estivessem fora da consciência do
investigador?

 A resposta põe em jogo uma distinção básica entre


consciência Individual e consciência coletiva. O que
Durkheim entende por consciência individual é
aproximadamente o mesmo o que hoje se entende por
“personalidade” na Psicologia – o conjunto de traços mentais
e emocionais que identificam um indivíduo e o distinguem
de todos os outros. Por outro lado, em certa passagem ele
define a consciência coletiva como “o conjunto de crenças e
sentimentos comuns ou comum dos membros de determinada
sociedade”, acrescentando que tal conjunto “forma um sistema
determinado com vida própria”.
Explica a origem da consciência coletiva e o sentido da sua autonomia
em relação às consciências individuais.

 Para todos os efeitos ele argumenta como se as duas


consciências existissem separadas em cada indivíduo. Em
última análise, é a possibilidade de separá-las claramente que
fundamenta a afirmação de que, para fins de pesquisa
científica, os fatos sociais devem ser tratados como coisas
exteriores.
 Durkheim acredita, que isso seja possível. Daí que para ele
as representações (incluindo o que temos chamado de
interesses e valores) só possam entrar de duas maneiras na
Sociologia. Enquanto expressão da consciência coletiva, as
representações caem no domínio do objeto da investigação
sociológica. São, assim, fatos como quaisquer outros fatos
estudados pela Ciência, a partir de manifestações
observáveis.
Durkheim comenta, dizer que os fatos sociais são coisas equivale a
opô-los às idéias como:

 “(...) tudo o que o espírito não pode chegar a


compreender senão sob a condição de sair
de si mesmo, por meio da observação e da
experimentação, passando
progressivamente dos caracteres mais
exteriores e mais imediatamente acessíveis
para os menos visíveis e mais profundos.”
 Como expressão da consciência individual do
sujeito-pesquisador, tudo o que as
representações podem significar para a
investigação sociológica é uma fonte de erros e
deformações. Tratar os fatos sociais implica então,
segundo Durkheim, reconhecer que eles são coisas
ignoradas. Isso, porque “as representações que
podem ser formuladas no decorrer da vida, tendo
sido efetuadas sem método e sem crítica, estão,
estão destituídas de valor científico e devem ser
afastadas.”
 Ele refere geralmente a estas representações com
pré-noções. Um conhecimento perfeitamente
depurado de pré-noções ( portanto da influência
dos interesses e valores do pesquisador), isto é,
o ideal de objetividade científica defendido por
Durkheim para Sociologia. Tudo que a primeira
regra do método sociológico exige nesse sentido,
afirma ele, é que o pesquisador “se coloque num
estado de espírito semelhante ao dos físicos,
químicos, fisiologistas, quando se aventuram
numa região ainda explorada de seu domínio
científico.”
1.1. 2. Sociologia, a ciência das instituições.

 A afirmativa de que os fatos sociais devem ser tratados como


coisas serve Durkheim para assinalar aquilo que os fatos sociais
têm em comum com todos os objetos da Ciência. A construção
do objeto da Sociologia supõe que se defina o que os fatos
sociais têm de específico, isto é , aquilo que distingue de outras
categorias de fatos.
 Os primeiros esforços de Durkheim nesse sentido se
encaminham para o conceito de consciência coletiva. O autor
mostra a preocupação de traçar uma fronteira clara entre o
individual e o social no domínio de fatos humanos.
A consciência coletiva
 A consciência coletiva se caracteriza tanto por constituir um
sistema de crenças e sentimentos difundidos na sociedade
como, também, independente dos indivíduos, embora só através
destes se realize. Esclarece Durkheim que a origem da
independência está em que a consciência individual exprima
apenas a natureza orgânica e psíquica de cada membro da
sociedade tomado separadamente, enquanto que a consciência
coletiva exprime a combinação de uma pluralidade de
indivíduos no processo de vida social.
 O conceito de consciência coletiva é amplamente empregado
em “A Divisão do Trabalho Social”, onde analisa seu papel
como um dos princípios da integração dos indivíduos e grupos
na sociedade.
1.1.3. FATOS SOCIAIS –
REPRESENTAÇÕES COLETIVAS
 Em “As Regras do Método Sociológico”, Durkheim trata o
conceito de representações coletivas em estreita conexão com o
conceito, mais abrangente, de fatos sociais.
 “ é um fato social”, esclarece Durkheim, “toda maneira de
fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo
uma coação exterior; ou ainda, que é geral no conjunto de cada
sociedade tendo, ao mesmo tempo, existência própria,
independente de suas manifestações individuais”.
 “maneira de fazer”, entenda-se: maneira de agir, de pensar e
de sentir, o que inclui as representações coletivas. Estas,
como todo fato social, apresentam as seguintes
características:
FATO SOCIAL E AS SUAS
CARACTERÍSTICAS:
 1. São exteriores à consciência individual.
 2. possuem uma capacidade de coação sobre os indivíduos;
 3. são a mesmo tempo gerais numa dada sociedade e
independentes de suas expressões individuais.
 Se é verdade que são os próprios homens que elaboram as
“maneiras de fazer” vigentes nas sociedade, também é
verdade que quase sempre elas nos são legadas das gerações
anteriores, de modo que as encontramos já prontas. Além
disso, mesmo quando participamos da sua elaboração, o que
fazemos em conjunto com uma multidão de outros indivíduos
que sequer conhecemos, de modo que o resultado final da
atividade comum escapa inteiramente a nosso controle.
A relação de “síntese”
 A relação dos indivíduos para com os produtos da atividade
coletiva é uma relação de “síntese” semelhantes a outras que se
verificam na natureza – uma relação onde as propriedades de
todos transcendem as das partes que entram em sua
composição.
 Sublinha Durkheim: “para que exista fato social é preciso que
pelo menos vários indivíduos tenham misturado suas ações, e
que dessa combinação se tenha desprendido um produto novo.
E como essa síntese ocorre fora de cada um de nós ( uma vez
que para ela concorre uma pluralidade de consciências), seu
efeito é necessariamente fixar, instituir certas maneiras de
agir e certos julgamentos que existem fora de nós e que não
dependem da vontade particular à parte.”
 A primeira característica implica do ponto de
vista da relação entre sujeito e o objeto da
Sociologia. Durkheim dá a impressão de
considerar a segunda característica dos fatos
sociais – a capacidade de coação sobre os
indivíduos – com mera extensão da característica
de exterioridade. Como os fatos sociais existem fora
de nós e não somos capazes de suprimi-los ou
modificá-los à vontade, não temos outro remédio
senão nos conformar com sua existência.
Steven Lukes, um dos mais respeitados estudiosos da obra
de Durkheim,

 Assinala que sob a noção de coercitividade a teoria


durkheimiana engloba, na verdade, diferentes aspectos da
relação indivíduo-sociedade. Ela se refere à existência de
normas sociais apoiadas em sanções que obrigam os
indivíduos a obedecê-las. Em outros, à existência de condições
sociais que o indivíduo deve obrigatoriamente levar em
conta como meios necessários para alcançar os fins que se
propõe. Em outros contextos ainda, a noção se refere à
influência das multidões sobre o comportamento individual.
Finalmente, há referências ao aprendizado das normas
sociais pelos indivíduos, fazendo que eles as obedeça
espontaneamente ao mesmo tempo em que são comandadas
por elas.
Durkheim se refere `a coação social como algo que se
apóia no “prestígio” das representações coletivas.

 A última característica dos fatos sociais –


generalidade e independência – Durkheim
busca distinguir os fatos sociais, por um lado,
de supostos atributos universais da natureza
humana, e, por outro, da sua realização no
comportamento individual. De outra parte,
enquanto normas, os fatos sociais são
pensados como aquilo que governa a
conduta do indivíduo mas não se confunde
com ela.
“...a ciência das instituições, de sua gênese e
de seu funcionamento”.
 Maneiras de agir, de pensar e de sentir socialmente
estabelecidas como síntese exterior de uma pluralidade de
ações individuais, e que uma vez estabelecidas adquirem a
capacidade de comandar essas ações sem, no entanto, se
confundir com elas. “Como se sabe, conclui Durkheim, “existem
um termo que exprime razoavelmente essa maneira de ser
muito especial, uma vez ampliado um pouco seu significado
habitual: é o termo instituição. Com efeito, pode-se chamar
instituição toda a crença, todo o comportamento pela
coletividade, sem desnaturar o sentimento da expressão; a
Sociologia seria então definida como a ciência das
instituições, de sua gênese e de seu funcionamento”.
INDIVÍDUO E SOCIEDADE
 Quando o objeto da sociologia passa a ser tratado
por Durkheim em termos de representações
coletivas e instituições: ele trata de separar o social
do individual como duas esferas independentes da
realidade humana. Insiste que “a sociedade não é
mera soma de indivíduos; ao contrário, o sistema
formado por sua associação representa uma
realidade específica que tem suas próprias
características”, e é “na natureza dessa
individualidade (...) que se deveriam buscar as
causas imediatas e determinantes dos fatos que lá
aparecem.”
O SUBSTRATO DA VIDA SOCIAL

 Durkheim invoca inúmeras vezes a diferença de substrato entre


os fatos sociais e as manifestações da consciência individual.
“Os fatos sociais não diferem dos fatos psíquicos apenas em
qualidade; apresentam um substrato diferente, não evoluem no
mesmo meio, não dependem das mesmas condições.” Isto
significa a propósito a oposição entre consciência coletiva e
consciência individual. Enquanto essa oposição exprimiria a
natureza orgânica e psíquica de cada indivíduo isoladamente, o
substrato exprimiria a combinação de uma pluralidade de
indivíduos num processo de síntese social.
Durkheim explica sua concepção de substrato
social:
 “A sociedade tem substrato o conjunto de indivíduos associados.
O sistema que eles formam ao se unir – e que varia segundo
sua disposição na superfície do território, a natureza e o número
das vias de comunicação – constitui a base sobre a qual se
estabelece a vida social. As representações, que são a trama
dessa vida social, decorrem das relações que se estabelecem
entre os indivíduos assim combinados, ou entre os grupos
secundários que se interpões entre o indivíduo e a sociedade
total.”
 A distinção entre a “base”da vida social e a “trama”constituída
pelas representações
“morfologia social”
 A distinção entre a “base”da vida social e a “trama”constituída pelas
representações é rica de implicações para o modelo de explicação
sociológica que Durkheim desenvolveu. A teoria durkheimiana
considera os fatos que constituem a base da vida social como
pertencentes ao que denomina “morfologia social”. Eles consistem
no número e na natureza das artes elementares de que se compõem a
sociedade , a maneira como são arranjadas, o grau de aderência que
atingiram, a distribuição da população sobre a superfície do território, o
número e a natureza dos canais de comunicação, a forma de
habitação, etc. Observa Durkheim que, embora representem “maneiras
de ser”antes que “maneiras de fazer”, os fenômenos da morfologia
social também constituem fatos sociais. Eles não só se impõem aos
indivíduos com a força de uma coação exterior como são o
produto cristalizado de ação humana submetida a normas sociais.
A relação entre “maneira de ser”e “maneira de
fazer” é explicada assim:
 “A estrutura política de uma sociedade é apenas a maneira
como diferentes segmentos que o compõem adquiriram o hábito
de viver uns com os outros. Se suas relações são
tradicionalmente estreitas, os segmentos tendem a confundir-se;
caso contrário tendem a distinguir-se”.
 Não confunde sua morfologia social com a Geografia Humana,
ou Geografia Econômica. Interessa-se apenas pela distribuição
espacial da população e alguns de seus atributos sociais e
econômicos. Interessa antes pela integração dos diferentes
grupos ou “partes elementares” – famílias, clãs, aldeias, tribos,
cidades, Estados – na sociedade.
FISIOLOGIA SOCIAL
 Sobre essa base se estabelece a trama da vida
social constituída pelas representações coletivas e,
em termos mais gerais, pelos fatos atinentes ao que
Durkheim denomina “fisiologia social” – as normas
institucionalizadas em vários graus de
formalização ( “regras legais e morais, dogmas
religiosos, sistemas financeiros, etc.”); as
crenças e práticas estabelecidas na sociedade
como um todo ou menos estáveis, mais ou menos
passageiras, que expressam os aspectos ainda não
definitivamente amoldados da vida social.
Durkheim sugere que a morfologia tem precedência sobre
a fisiologia em seu modelo de explicação sociológica.

 Escreve que: “com efeito, se a condição determinante dos


fenômenos sociais consiste, como mostramos, no próprio fato da
associação, isto é, consoante as maneiras como estão
agrupadas as partes constituintes da sociedade. Por outro lado,
dado que o conjunto determinado que deriva da reunião dos
diferentes elementos integrantes da composição de uma
sociedade constitui o meio interno dessa sociedade, tal como
conjunto dos elementos anatômicos, dispostos no espaço de
certa maneira, constitui o meio interno dos organismos, poder-
se-á afirmar: a origem primária de qualquer processo social de
certa importância deve ser procurada na constituição do meio
social.”
...

 Por essa regra metodológica a Sociologia


durkheimiana norteará o estudo tanto da
gênese como do funcionamento das
instituições sociais, as quais, são para
Durkheim o objeto principal da Sociologia.
AS FORMAS DE SOLIDARIEDADE
SOCIAL
 Durkheim pretendia que a Sociologia, através da
morfologia social, chegasse a elaborar uma
classificação geral das sociedades segundo o seu
grau de complexidade de seu “meio social interno”.
Em sua concepção, a classificação em espécies ou
tipos homogêneos seria um instrumento
fundamental para o estabelecimento de
comparações válidas entre sociedade diferentes –
único método pelo qual a Sociologia poderia
descobrir relações necessárias de causa e efeito
entre os fatos sociais.
O próprio Durkheim não chegou a desenvolver tal
esquema classificatório.

 Limitou a esboçar o que seriam as bases teóricas para sua elaboração,


inspirando-se em idéias interiores de Spencer.
 Como Spencer, Durkheim acreditava que as “espécies”sociais, à
semelhança das espécies vivas, podem ser classificadas numa escala
evolutiva das mais simples às complexas. Em “As Regras do método
Sociológico”, caracteriza a “horda” como espécie mais simples da
sociedade, apresentando-a como “um agregado social que não
abrange e que nunca abrangeu qualquer outro agregado mais
elementar e que se decompõe imediatamente em indivíduos”.
Definida essa unidade social irredutível, a Sociologia estaria apta a
“construir a escala completa dos tipos sociais”, distinguindo “tantos
tipos fundamentais quantas são as maneiras como estas se combinam
entre si.”
 Mais significativa e original, no entanto, é a contribuição
durkheimiana na caracterização dos dois tipos extremos de
sociedade que corresponderiam ao inferior e superior da escala
evolutiva que deixou apenas sugerida.
Tais tipos consistem em duas formas de
“solidariedade social”
 Ou em dois princípios de integração entre
indivíduos e grupos no interior da sociedade: a
solidariedade mecânica e solidariedade
orgânica.
SOLIDARIEDADE MECÂNICA: O PRINCÍPIO DAS
SEMELHANÇAS
 Do ponto de vista da oposição entre consciência
coletiva e consciência individual, isso implica que
nas sociedades baseadas na solidariedade
orgânica a integração social será tanto maior
quanto a consciência individual se identificar com a
consciência coletiva.
 Com efeito, se a integração dos indivíduos e
grupos na sociedade se baseia inteiramente
nas semelhanças entre eles, qualquer
conduta que se afaste, por pouco que seja,
do tipo coletivo acarreta necessariamente um
enfraquecimento da solidariedade social. Por
isso, observa Durkheim, nas sociedades
onde a solidariedade mecânica está muito
desenvolvida, “o indivíduo não se pertence
(...), ele é literalmente uma coisa, da qual a
sociedade dispõe.”
A Solidariedade Mecânica
 Para Durkheim, a solidariedade mecânica é o princípio que
preside a organização das sociedades ditas primitivas –
como as tribais – onde se observa realmente uma
extraordinária homogeneidade econômica e cultural entre
clãs, famílias e os próprios indivíduos. Em “A Divisão Social
do Trabalho”ele defende a tese – posteriormente revista – de
que o papel deste tipo de solidariedade tende a declinar nas
sociedades modernas. Mas mesmo admitindo essa hipótese
Durkheim não pretendia que a solidariedade mecânica fosse o
princípio exclusivo das sociedades menos evoluídas. Ele via
esse tipo de solidariedade antes como um princípio de
integração operante em todas as sociedades,das mais simples
às mais complexas, embora com graus diferentes.
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA:
PRINCÍPIO DA DIFERENCIAÇÃO
 Como conceitos extremos (polares), solidariedade
mecânica e solidariedade orgânica representam,
nas palavras de Durkheim, “as duas faces de uma
única realidade, mas nem por isso têm a menor
necessidade de ser distinguidas.”
 Pode-se dizer que enquanto a solidariedade
mecânica é a integração social baseada nas
semelhanças, a solidariedade orgânica é a
integração realizada a partir da diferenciação entre
indivíduos e grupos no interior da sociedade.
 Onde predomina esse princípio de integração, sublinha
Durkheim, a sociedade aparece com um “sistema de funções
diferentes e especiais, que unem relações definidas”. Trata-
se da solidariedade produzida pela divisão de trabalho, que
supõe precisamente a diferenciação e a complementaridade de
funções como forma de cooperação e entre membros da
sociedade.
 Quando a divisão do trabalho é pouco desenvolvida, todos
fazem de tudo um pouco e cada grupo, às vezes cada indivíduo,
precisa muito pouco do concurso dos outros para aquilo que
necessita para a sobrevivência. Cabe então à força das crenças
e costumes comuns ( à consciência coletiva) manter os
indivíduos e grupos integrados num todo maior que eles próprios
– a sociedade – vencendo a tendência ao isolamento. Com o
desenvolvimento da divisão do trabalho rompe-se a
tendência ao isolamento. Com o desenvolvimento a divisão
do trabalho supõe, no entanto, especialização.
 E consequentemente, enquanto a solidariedade mecânica é
tanto mais forte quanto mais a consciência individual for
recoberta pela consciência coletiva, a solidariedade orgânica
só se fortalece quando “cada um tem uma esfera de ação que
lhe é própria”e pode, assim, afirmar sua individualidade.
Durkheim esclarece que se por um lado cada um depende mais
estreitamente da sociedade quando mais dividido esteja o
trabalho, por outro a atividade de cada um é um tanto mais
pessoal quanto mais especializada.
 É claro que solidariedade orgânica atinge seu máximo nas
sociedades modernas. Nela a indústria e o comércio levam às
últimas conseqüências a divisão do trabalho, ampliando em
todos os níveis o campo para a especialização dos indivíduos e
grupos ao mesmo tempo que os integra numa vasta teia de
dependência mútua.
 DIREITO E FORMAS DE SOLIDARIEDADE
 Durkheim busca definir um índice observável que
lhe permita detectar a influência relativa a
solidariedade mecânica e da solidariedade orgânica
em diferentes sociedades em distintas fases de sua
evolução. Ele encontra tal índice no direito. Para
preservar a harmonia, a sociedade deve
assegurar acima de tudo a subordinação da
consciência individual à consciência coletiva,
que é a pedra de toque da integração social.
Por isso, onde prevalece a solidariedade
mecânica as leis proíbem e punem:
 1º Os desvios muito grandes da conduta individual em relação
à conduta prevista pela consciência coletiva.
 2º As ofensas ao “órgão da consciência comum”- chefe tribal,
hierarquia religiosa, suserano feudal, Estado centralizado – visto
por Durkheim como símbolo que exprime, resume e garante o
primado da consciência coletiva.
 A função primordial da punição e manter intacta a coesão
social, mantendo toda a vitalidade da consciência comum. À
solidariedade mecânica corresponde um tipo especial de
direito: O DIREITO REPRESSIVO.
 Em contraste, onde predomina a solidariedade orgânica, a
integração de todo social não depende tanto da vigência de uma
sistema de crenças e sentimentos comuns a todos, mas de uma
moral profissional para cada atividade especializada e de
normas legais que viabilizem sua dependência mútua.
 Segundo Durkheim, a sociedade que repousa o
mais completamente possível sobre a divisão do
trabalho seus membros permanecem unidos por
laços que se estendem bem além dos breves
momentos de troca entre eles. Cada função que
eles exercem é constantemente dependente das
demais, e forma com elas um sistema solidário.
Assim, da natureza da tarefa escolhida derivam
deveres permanentes. Em tais condições, a função
do direito não é tanto punir as condutas
desviantes, mas impor a reparação dos prejuízos
causados pelo descumprimento das obrigações
profissionais ou funcionais. Assim, a
solidariedade orgânica corresponde um outro
tipo de direito: o direito restitutivo.
 CAUSAS DO PROGRESSO DA DIVISÃO DO TRABALHO
 O que Durkheim classifica como direito repressivo compreende
tudo aquilo que em linguagem jurídica se denomina direito
penal; e o que ele classifica como direito restitutivo inclui o
direito civil, o direito comercial, o direito processual, o direito
administrativo e constitucional, com exclusão das regras penais
que podem se encontradas nesses ramos do Direito.
 Comparando a extensão desses dois tipos de direito em
diferentes situações históricas, Durkheim conclui pelo aumento
progressivo da importância do direito restituitivo nas sociedades
modernas.
 O progresso da divisão do trabalho lhe aparece como fio
condutor do processo evolutivo que liga as formas de sociedade
mais simples às mais complexas.
 Quais causas explicam, entretanto, o
progresso da divisão do trabalho ao
longo da evolução social?
 Responde Durkheim que a divisão do trabalho progride devido ao
fato de que os segmentos sociais perdem sua individualidade, e as
barreiras que os separam se tornam permeáveis. Em outros
termos, efetua-se entre os segmentos sociais uma aderência que
deixa a matéria social livre para entrar em novas combinações. Fiel
à orientação do seu método, Durkheim busca assim explicar um
processo relevante observado ao nível da fisiologia social ( a
extensão das “maneiras de fazer” características da divisão de
trabalho) por mudanças concomitantes da morfologia social – a
saber, progressiva coalescência dos segmentos ou grupos
secundários que compõem a sociedade.
 Ele afirma que o sentido geral da evolução das
sociedades conduz de uma “estrutura segmentar” a
uma “estrutura organizada”. Na primeira, a
debilidade dos laços entre segmentos sociais se
traduz na existência de “vazios morais” que os
separam. A vida social se degeneraliza quando tais
vazios se somam, desaparecendo. Desse modo a
sociedade se torna madura para o aparecimento de
formas mais complexas de cooperação entre
indivíduos e grupos. Portanto, a divisão de trabalho
progride tanto mais quanto mais existam indivíduos
que estejam suficientemente em contato para poder
agir e reagir uns sobre os outros.
 Ele afirma que o sentido geral da evolução das
sociedades conduz de uma “estrutura
segmentar” ( que se traduz em “vazios morais” que
os separam) a uma “estrutura organizada”. A
sociedade se torna madura para o aparecimento de
normas mais complexas de cooperação entre
indivíduos e grupos.Destaca Durkheim que “se
convencionarmos chamar de densidade dinâmica
ou moral a esse relacionamento e ao comércio ativo
que dele resulta, poderemos dizer que os
progressos da divisão do trabalho estão em relação
direta com a densidade moral dinâmica da
sociedade.”
 O aumento da densidade moral ou dinâmica é
acompanhado e exteriormente identificável, pelo
aumento da densidade material da sociedade, ou
seja, pelo estreitamento da distância física entre os
indivíduos. A progressiva “condensação” da
sociedade pode ser apreendida em três
processos:
1º A concentração da população no território,
traduzindo-se em aumento da densidade populacional
e acompanhando a união de grupos anteriormente
dispersos.
2º A formação e o desenvolvimento de cidades, cuja
multiplicação e crescimento têm por pressuposto
precisamente o aumento da densidade moral da
sociedade.
3º O aumento do número e da rapidez das vias de
comunicação e transmissão.
FATO PATOLÓGICO E ANOMIA

 Do ponto de vista de Durkheim, a Sociologia se dedica basicamente ao


estudo da gênese e do funcionamento das instituições sociais. A
explicação sociológica consiste, por um lado, na determinação das
causas do aparecimento das instituições( causas estas que devem ser
buscadas de preferência na constituição do meio social interno), e, por
outro lado, na determinação dos efeitos socialmente úteis.
 Nesse sentido implica afirmar que as instituições “funcionam”, ou seja,
possuem funções sociais – as atividades por elas governadas
correspondem a determinadas necessidades da sociedade.
 Durkheim preocupou em determinar a gênese das instituições ligadas à
divisão do trabalho na sociedade moderna, descobrindo-lhes a causa
primária da expansão no aumento progressivo do volume e da
densidade dinâmica da sociedade. Ao mesmo tempo, ele indaga da
função da divisão do trabalho, caracterizando-a do ponto de vista dos
seus efeitos como princípio de integração social.
 Na teoria durkheimiana o suposto de que
toda instituição cumpre ou pode ter
cumprido uma função social determinada
liga-se de perto a outra concepção: a de
que cabe ainda à Sociologia determinar o
caráter normal ou patológico dos fatos
sociais. Durkheim lança mão dessas noções
para caracterizar, ao lado dos efeitos úteis,
as conseqüências por ele consideradas
indesejáveis do progresso da divisão do
trabalho na sociedade moderna.
NORMAL VERSUS PATOLÓGICO
 Durkheim assevera que “a função social deve ser procurada na
relação existente entre ele e determinado fim social”. Como os
fins ou necessidades da sociedade mudam ao longo da evolução,
muitas vezes as instituições sobrevivem à sua função – já não
produzem efeitos socialmente úteis, mas por inércia continuam a
existir.
 Isso significa que a funcionalidade de uma instituição é um dado
relativo ao tipo de sociedade a que ela pertence e à fase de
desenvolvimento em que se esta se encontra.
 O mesmo se aplica à distinção entre normal e o patológico.
Partindo de uma analogia entre sociedade e ser vivo, Durkheim
define a normalidade dos fatos sociais pela sua generalidade na
“espécie”social a que pertence.
 Dado um fenômeno sociológico qualquer, assim
como um fenômeno biológico, para Durkheim são
normais aquelas de suas formas que se repetem
em todos os casos observados, ou pelo menos na
maioria, invariavelmente ou variando dentro de
limites estreitos. Em Biologia tais limites são
definidos pelo “tipo médio” que reúne os traços
anatômicos e fisiológicos gerais numa espécie
animal ou vegetal e aquele que se afasta
significativamente dele. Analogamente, em
sociologia, uma instituição, uma pratica costumeira,
uma regra moral, serão consideradas normais ou
patológicas conforme se aproximem ou afastem,
respectivamente, do tipo “médio” da sociedade.
 As “espécies”sociais mudam muito mais depressa que as
espécies biológicas. Isso cria um problema complicado para o
sociólogo. É muitas vezes, em períodos de transição acelerada, “o
único tipo normal no momento realizado e encontrado nos fatos, é o
tipo vindo do passado, que portanto não está mais em relação com
as novas condições de existência. Um fato pode, assim, persistir
em toda a extensão da espécie, embora não correspondendo mais
às exigências da situação.”
 Ao lado da normalidade “de fato” representa pela generalidade do
fenômeno na espécie social correspondente, cabe ao sociólogo
determinar-lhe a normalidade “de direito”. Será considerado
normal, desse ponto de vista, o fenômeno que “se liga às condições
de existência da espécie considerada, seja como efeito
mecanicamente necessário de tais condições, seja como meio que
permite aos organismos se adaptarem as essas condições.”
DIVISÃO DE TRABALHO E ANOMIA
 Como bem observa Steven Lukes, o critério “de direito”de
normalidade - correspondência do fenômeno às condições
gerais de vida social – por vago que seja, é necessário a
Durkheim para definir o caráter anormal ou patológico de certos
efeitos da divisão do trabalho, não em relação à sociedade atual
de sua época, mas a uma hipotética sociedade ajustada do
futuro.
 Para Durkheim a divisão de trabalho é o fator preponderante de
integração social na sociedade moderna. Mas, para que a
diferenciação dos indivíduos e grupos trazida pela divisão do
trabalho resulte em solidariedade orgânica efetiva, não basta
que eles se sintam solidários por que são mutuamente
dependentes – “é preciso ainda que por que eles devem
cooperar, se não em toda espécie de encontros pelo menos nas
circunstâncias mais freqüentes, seja predeterminada”.
 A solidariedade orgânica requer uma regulamentação
suficientemente complexa das condições de cooperação entre
indivíduos e grupos diferenciados.
 Na falta de regras específicas, as condições de cooperação
deveriam ser rediscutidas em cada caso pelas partes
interessadas. Com isso os conflitos se tornariam inevitáveis e
recorrentes, e a solidariedade seria mais virtual que real.
 Mas é precisamente essa ausência de regras, ou seja, essa
situação de anomia, o que se observa em importantes
aspectos da vida econômica na sociedade moderna – assevera
Durkheim.
 Para ele, a fusão dos mercados locais em mercados
nacionais e num único mercado mundial rompeu o contato
direto entre produtores e consumidores. Em conseqüência “a
produção sente falta de freios e regras; ela só pode tatear às
cegas e, assim é inevitável que a medida exata não seja
atingida, ocorrendo faltas e excessos. Vêm daí as crises que
periodicamente perturbam as funções econômicas. O
crescimento das crises locais e restritas, que são as falências, é,
muito provavelmente, uma efeito dessa mesma causa.”
 Idêntica falta de regras é observada nas
relações entre capital e trabalho . Com o
desenvolvimento da grande indústria, a
intensificação do ritmo de trabalho e a influência
das grandes aglomerações contribuem para
aumentar as necessidades dos trabalhadores. Ao
mesmo tempo, nas novas condições de trabalho, o
operário se vê afastado da família e do contato
direto com o empregador. “As novas condições
da vida industrial reclamam, naturalmente, uma
nova organização”, observa Durkheim; “porém,
tais transformações aconteceram com extrema
rapidez e os interesses em conflito ainda não
tiveram temo de se equilibrar.”
...
 Durkheim assinala que em todos os casos é o
estado de anomia em que se encontram as
relações sociais a razão pela qual a divisão do
trabalho engendra conflito em vez de
solidariedade. Em síntese, não há
correspondência entre regras jurídicas e morais
estabelecidas e as condições sociais geradas
pelo progresso da divisão do trabalho, o que
caracteriza uma situação anormal ou patológica.
Weber:conceitos sociológicos básicos. Ação social.
Sociologia das religiões.
...

 Max Weber em 1894


 Nascimento: 21 de abril de 1864
Erfurt, Alemanha
 Falecimento:14 de junho de 1920
Munique, Alemanha.
 Nacionalidade: alemã
 Ocupação: Jurista, economista e sociólogo
...
 Principais trabalhos: *
A ética protestante e o espírito do capitalismo
* Sistema econômico e sociedade
 Cônjuge: Marianne Schnitger
 Maximillian Carl Emil Weber (Erfurt, 21 de Abril de
1864 — Munique, 14 de Junho de 1920) foi um
intelectual alemão, jurista, economista e
considerado um dos fundadores da Sociologia. Seu
irmão foi o também famoso sociólogo e economista
Alfred Weber. Sua esposa era a socióloga e
historiadora de direito Marianne Schnitger.
...
 Foi o mais velho dos sete filhos de Max Weber e sua mulher
Helene Fallenstein. Seu pai, protestante, era uma figura
autocrata. Sua mãe uma calvinista moderada. A mãe de Helene
tinha sido uma huguenote francesa, cuja família fugira da
perseguição na França. Ele foi, juntamente com Karl Marx,
Vilfredo Pareto e Emile Durkheim, um dos modernos fundadores
da Sociologia. É conhecido sobretudo pelo seu trabalho sobre a
Sociologia da religião.
 De importância extrema, Max Weber escreveu a
Ética protestante e o espírito do Capitalismo. Este é um ensaio
fundamental sobre as religiões e a afluência dos seus
seguidores. Subjacente a Weber está a realidade econômica da
Alemanha do princípio do século XX.
As obras ...
 A idéia de Karl Marx sobre o determinismo econômico constituía
o grande desafio enfrentado por Weber. Por isso, em sua obra
“A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, procurou
demonstrar que as idéias religiosas e éticas são de importância
fundamental. Buscou também esclarecer os caracteres
específicos do capitalismo – regime econômico de grande
desenvolvimentos, principalmente nos países protestantes
(especialmente naqueles em predominava o calvinismo). Este
estudo o levou a pesquisar também a história religiosa e
social da Índia, da China e do povo judeu. O resultado desse
trabalho foi publicado em três volumes sob o título “Estudos
Reunidos sobre a Sociologia das Religiões.”
Weber escreveu outros livros de grande
importância...
 Como “Ciência como Vocação, Economia e
Sociedade”, “História Econômica Geral e “Sobre
Sociologia e Política Social”. Nessas obras
desenvolver os princípios metodológicos da História
e da Sociologia como ciências, e estudou as
tendências futuras , propondo soluções éticas para
esses problemas.
 Weber acreditava firmemente nos ideais
democráticos e, embora não negasse a
racionalização (achava que o mundo se dirigia para
a racionalização total).
 Durkheim nega por princípio toda distinção
entre Sociologia e Ciências Naturais no que
se refere aos requisitos da objetividade
científica. Max Weber parte do princípio de
que existe uma distinção para, numa linha
de argumentação de grande originalidade,
mostrar que nem por isso a Sociologia está
obrigada a se conformar com um padrão
inferior ou menos rigoroso de
objetividade.
 Weber, como Durkheim, considera a
observação rigorosa dos fatos a base
insuperável do conhecimento científico em
qualquer tempo. Mas Durkheim inclui entre
os “fatos”sociais o suposto básico do qual
pretende deduzir as próprias regras do seu
método sociológico, ou seja, que a sociedade
constitui um todo orgânico integrado,
exterior aos indivíduos. Para Weber, o que
a observação da vida social revela de
imediato é uma multidão de ações humanas
cujo próprio caráter social reside
exclusivamente no significado interior, ou seja,
no sentido objetivo que possuem para os
indivíduos que as praticam.
 Para se dedicar ao estudo da classe especial
de fenômenos que são as ações humanas, o
sociólogo, segundo Weber, pode conhecer
seu objeto de uma maneira inacessível ao
cientista natural. Este limita-se a estabelecer
relação de causalidade mecânica exterior
entre os fenômenos. O sociólogo, por ser
ele próprio homem, é capaz, além disso,
de compreender as ações humanas em
suas conexões significativas interiores.
 E O QUE ISSO QUER DIZER?
 Exemplo: O fisiologista, quando se pergunta “por que
pulsa o coração?”, busca uma explicação que se
destacará as causas e os efeitos do pulsar do
coração na atividade do organismo. O sociólogo,
quando se pergunta “por que o empresário capitalista
reinveste maior parte do lucro em vez de esbanjá-lo?”,
não quer conhecer apenas as causas e os efeitos do
investimento no conjunto da atividade econômica; quer
antes saber dos interesses, das idéias, dos motivos
que levam o empresário, como ser consciente e
inteligente, a organizar sua atividade dessa maneira
e não de outra.
...
 Mas só o indivíduo é capaz de atividade
significativa, pois só ele – e não a sociedade e
grupos e seus grupos intermediários – tem
consciência e inteligência para dar sentido subjetivo
a suas ações. Por isso as formas de organização
social, das mais simples às mais complexas, são
na Sociologia weberiana reduzidas
ao mínimo denominador comum da
ação humana individual.
 Se os indivíduos admitem corretamente a
existência de “formações sociais” como o
Estado, a família, a Igreja, cabe ao
sociólogo tentar compreender essas
representações e determinar exatamente
com elas influenciam a ação efetiva dos
que elas se orientam. E no plano prático,
“não são mais que desenvolvimentos e
entrelaçamentos de ações específicas de
pessoas individuais, já que tão-somente
essas podem sujeitos de uma ação orientada
por seu sentido.”
 Podendo aceitar a idéia durkheimiana de que a vida
social consiste principalmente de representações,
Weber rejeitaria terminantemente toda tentativa
de descrevê-la em termos de “representações
coletivas” exteriores aos indivíduos e
independentes de sua vontade.
 Para Weber a vida social constitui a trama
inesgotável de ações individuais cujas
regularidades de fato ( aquelas de que se ocupa
especificamente a Sociologia) representam
arranjos transitórios no fluxo contínuo e
essencialmente caótico da História.
 Mas, como produzir uma ciência do que em
si mesmo é desordenado – sociedade em
perpétua mudança – quando se sabe que o
conhecimento científico supõe a
ordenação do objeto estudado?
 Weber encontra a solução desse dilema
nos valores culturais do pesquisador, que
são os valores culturais do pesquisador,
que são valores da sua época e do grupo
social que pertence.
 Contrariando Durkheim, Weber considera que
os valores não podem ser pura e simplesmente
jogados fora como pré-noções, mas devem ser
usados pelo qual o pesquisador introduz um
princípio de ordem na realidade, dela seleciona
aspectos culturalmente significativos para
estudo.
“Todo conhecimento da realidade infinita mediante o
espírito humano finito baseia-se na premissa tácita
de que só um fragmento de tal realidade pode
constituir o objeto da compreensão científica, e
que só ele é “essencial” no sentido de ser “digno de
ser conhecido.”
 “ Esse caos só pode ser ordenado sob a
condição de em cada caso unicamente uma
parte da realidade individual tem importância
para nós, já que só essa parte está
relacionada com as idéias de valor
cultural com as quais abordamos a
realidade. Só alguns aspectos dos
fenômenos particulares infinitamente
diversos, precisamente aqueles aos quais
conferimos significado geral, merecem ser
conhecidos, pois só eles são objetos de
explicação causal.”
 Weber, como cientista, estima que só a
observação dos fatos pode dar resposta
às questões levantadas a respeito da
realidade. Mas, a própria observação não
lhe parece capaz de determinar que
questões são relevantes, isto é, quais
aspectos da realidade social devem ser
selecionados para estudo. Tal seleção
reflete necessariamente os valores do
pesquisador.
 Do ponto de vista weberiano significa que a
OBJETIVIDADE CIENTÍFICA será sempre
relativa a VALORES.
 SOCIOLOGIA , A CIÊNCIA DA AÇÃO SOCIAL
 Para Weber a Sociologia é uma ciência que pretende
compreender a ação social, interpretando-a, para dessa maneira
explicá-la causalmente em seus desenvolvimentos e efeitos. Em
sua metodologia a compreensão consiste na captação do
sentido subjetivo de ação - algo distinto dos nexos exteriores
de causa e efeito que a envolvem. E ele distingue a Sociologia
e a História (ciência empírica da ação) das ciências
“dogmática”como “Jurisprudência, Ética, a Lógica, que se
preocupam em definir o sentido “exato”, “verdadeiro”ou “justo” de
seus objetos. A Sociologia e a História só se interessam pelo
sentido visado subjetivamente pelos indivíduos no curso de
sua atividade real, o sentido pelo qual eles orientam suas
ações práticas. Portanto, é necessário compreender esse
sentido para tornar inteligível a atividade humana.
 A COMPREENSÃO - Compreender a ação
humana, para Weber, é captar seu sentido
subjetivo. De compreender as ações de
outras pessoas, embora nem sempre se dê
conta disso.
 A COMPREENÃO ATUAL – esse tipo de
captação de sentido que decorre diretamente
do curso observável da ação. É quase
sempre possível descobrir numa ação, por
mais transparente que pareça, sentidos que
não podiam ser apreendidos à primeira vista.
 COMPREENSÃO EXPLICATIVA – esta que não se
detém no sentido aparente da ação, mas apela para
seu motivos subjacentes.
 Em qualquer hipótese, seja a compreensão atual ou
explicativa, damos uma ação por compreendida
quando seu sentido nos parece evidente.
Compreender é captar a evidência do sentido de
uma ação, independentemente de qualquer
investigação científica.
 Para Weber, o grau máximo de evidência é o obtido
na compreensão intelectual de uma atividade
racional. E é também o que torna compreensível as
ações nas quais se verifica uma congruência
racional entre fins visados pelo indivíduo e os meios
que ele emprega.
TIPO IDEAL E CAUSALIDADE

 Na Sociologia weberiana a compreensão é um instrumento


básico, mas não é tudo.
 A acão de tipo ideal decorre da concepção acerca de a infinita
complexidade do real diante do alcance limitado dos conceitos
elaborados pela mente humana. Todo conceito seleciona
alguns aspectos da realidade infinita, enquanto exclui outros.
Seleção que sempre é, consciente ou inconsciente, orientada
por valores.
 Na construção de um tipo ideal, o sociólogo seleciona
aspectos da ação humana que considera culturalmente
relevantes para o estudo. Ele faz segundo seus valores.
 Do ponto de vista weberiano essa simples escolha de um tema
de investigação já implica uma seleção baseada em critérios
de valor.
 Weber indica que a seleção não termina na
escolha do problema. É óbvio que verá grande
variedade de respostas e situações, e cada uma
delas bastante complexa por si só.
 A QUESTÃO, ENTÃO É COMO POR ORDEM
NESSA CONFUSÃO DE DADOS?
 EXEMPLO: O TRABALHO DAS MULHERES FOR DE
CASA
 A metodologia weberiana indica como correto o
seguinte procedimento: o pesquisador deve partir de
pontos de vista escolhidos unilateralmente para
estabelecer, com a máxima clareza possível, um ou
vários tipos de motivos que levam as mulheres
casadas a trabalhar ou não trabalhar fora. Um motivo
típico é o econômico;outro poderia ser a necessidade
de realização pessoal.
...
 Poderiam ser criados numerosos tipos
semelhantes enfocando diferentes aspectos da
mesma situação.
 Para Weber, uma dimensão qualquer da ação
humana admite sempre construção de vários tipos,
sem que nunca se esgote a complexidade infinita
da realidade.
 OS TIPOS IDEAIS NÃO CONSTITUEM MAIS DO
QUE HIPÓTESE DE INTEPRETAÇÃO QUE
DEVEM SER CONFIRMADAS OU DESMENTIDAS
PELA IMPUTAÇÃO CAUSAL OU PELA
OBSERVAÇÃO ESTATÍSTICA.
Tipo de ação social
 A interpretação da ação humana através de tipos
ideais vota-se para apreensão do sentido subjetivo
da ação. É pelo seu sentido subjetivo que uma ação
se define ou não como social, do ponto de vista
weberiano. (Galliano,1981, p.78)
 O que importar fixar como essencial é que, é social
a ação cujo sentido visado subjetivamente se refere
a ações de outros, de tal maneira que o seu sentido
não seria o mesmo se – segundo a percepção do
sujeito – os outros não agissem ou pudessem agir
desta ou daquela maneira.
 Segundo o critério weberiano, o próprio
contato entre os homens pode não ter
caráter social. Weber cita o exemplo de dois
ciclista, que se chocam acidentalmente, para
ilustrar essa possibilidade; como o acidente
se caracteriza precisamente pelo fato de que
um não notou ou não soube prever as ações
do outro, seu encontro é tão vazio de
conteúdo social como o choque de duas
pedras.
 Weber constrói os conceitos sociológicos básicos a
partir de uma tipologia geral de ação social. Distingue
quatro categorias de ação por seu sentido
subjetivo:
 A ação racional com relação a fins (um objetivo) é
determinada por expectativas no comportamento tanto
de objetos do mundo exterior como de outros homens
e utiliza essas expectativas como condições ou meios
para alcance de fins próprios racionalmente avaliados
e perseguidos. É uma ação concreta que tem um fim
específico, por exemplo: o engenheiro que constrói
uma ponte.
 A ação racional com relação a valores é
aquela definida pela crença consciente no
valor - interpretável como ético, estético,
religioso ou qualquer outra forma - absoluto
de uma determinada conduta. O ator age
racionalmente aceitando todos os riscos, não
para obter um resultado exterior, mas para
permanecer fiel a sua honra, qual seja, à sua
crença consciente no valor, por exemplo, um
capitão que afunda com o seu navio.
 A ação afetiva é aquela ditada pelo estado de
consciência ou humor do sujeito, é definida por uma
reação emocional do ator em determinadas
circunstâncias e não em relação a um objetivo ou a
um sistema de valor, por exemplo, a mãe quando
bate em seu filho por se comportar mal.
 A ação tradicional é aquela ditada pelos hábitos,
costumes, crenças transformadas numa segunda
natureza, para agir conforme a tradição o ator não
precisa conceber um objeto, ou um valor nem ser
impelido por uma emoção, obedece a reflexos
adquiridos pela prática.
 A AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A FINS ÉA
QUE GERALMENTE PROPORCIONA AO
PESQUISADOR, DE ACORDO COM Weber, o grau
máximo de evidência interpretativa.
OPORTUNIDADE E ESTRUTURA SOCIAL

 Quanto à relação social, Weber esclarece que ela deve ser entendida
como conduta de vários – “referida reciprocamente conforme seu
conteúdo significativo, orientando-se por essa reciprocidade”.Ele
afirma: “A relação social consiste só exclusivamente – ainda que se
trate de formações sociais como Estado, igreja, corporação,
matrimônio, etc. – na probabilidade de que determinada forma de
conduta social, de caráter recíproco pelo seu sentido, tenha existido,
exista ou venha a existir. Isso deve ser sempre considerado, para evitar
a substancialização desses conceitos.”
 Weber aplica a noção de oportunidade à análise das atividades
sociais duradouras que constituem o objeto específico da
sociologia. Esta aplicação serve para evitar a substancialização e
explicitar o significado da ação humana individual como única base real
dos conceitos sociológicos.
 ALIENAÇÃO:
É na vida econômica que a alienação tem origem quando
o operário vende sua força de trabalho, o produto não mais
lhe pertence e adquire uma existência independente dele
próprio.
• Ele não mais projeta ou concebe o que vai executar
(separação entre pensar e agir)
• O ritmo do trabalho é dado exteriormente e não obedece
ao próprio ritmo natural do seu corpo
• O produto do trabalho do operário subtrai-se à sua
vontade, à sua consciência e ao seu controle, e o produtor
já não mais se reconhece no que produz. O produto surge
como um poder separado do produtor, como uma realidade
soberana e tirânica que o domina e ameaça – fetichismo da
mercadoria.
• A MERCADORIA SE HUMANIZA e o próprio homem se
desumaniza, se reifica (res=coisa).
 Ele explica que são quatro os tipos fundamentais da atividade social
duradoura:
 1ª Atividade societária, corresponde à maioria das associações
voluntárias (como clubes recreativos, partidos políticos, sindicatos)
onde os participantes se orientam por regulamentos que eles
estabelecem ou aceitam livremente.
 2ª Atividade por entendimento, envolvendo relações cujo conteúdo
significativo não é estabelecido por regulamento formal, mas mesmo
assim é obrigatório pelos participantes. Ações efêmeras de pessoas
que se unem para socorrer uma que se afoga.
 3ª Atividade Institucional, característica de organizações políticas
como Estado ou a tribo, assim como a família, das quais o indivíduo
participa e cujas normas se submete por nascimento,
independentemente de sua vontade.
 4ª Atividade de agrupamento, da qual os indivíduos participam sem
obrigação e na ausência de qualquer regulamento explícito, mas que,
mesmo assim envolve uma autoridade capaz de determinar o sentido
da ação recíproca. É por exemplo, o caso ente o mestre e o discípulo,
entre o profeta e os adeptos, entre chefe carismático e partidários.
3
 A sociologia weberiana distingue três tipos de dominação
legítima: a legalidade, a tradição, o carisma.
 Para Weber, três tipos puros de dominação legítima: a racional (legal
ou burocrática), a tradicional, e a carismática.
 Legitimidade por tradição
 A dominação tradicional ocorre

"... em virtude da crença na santidade das ordenações e dos poderes


senhoriais de há muito existentes. Seu tipo mais puro é o da
dominação patriarcal. A associação dominante é de caráter
comunitário. O tipo daquele que ordena é o 'senhor', e os que
obedecem são 'súditos', enquanto que o quadro administrativo é
formado por 'servidores'. Obedece-se à pessoa em virtude de sua
dignidade própria, santificada pela tradição: por fidelidade. O
conteúdo das ordens está fixado pela tradição, cuja violação
desconsiderada por parte do senhor poria em perigo a legitimidade do
seu próprio domínio, que repousa exclusivamente na santidade
delas. (...) No quadro administrativo, as coisas ocorrem exatamente da
mesma forma. (...) Conforme a modalidade de posição dese quadro
administrativo, é possível observar, contudo, duas formas distintas em
suas características:
 1. A estrutura puramente patriarcal de administração: os
servidores são recrutados em completa dependência pessoal do
senhor, seja sob a forma puramente patrimonial (escravos, servos,
eunucos) ou extrapatrimonial, de camadas não totalmente
desprovidas de direitos (favoritos, plebeus). Sua administração é
totalmente heterônoma e heterocéfala: não existe direito próprio
algum do administrador sobre o cargo, mas tampouco existem
seleção profissional nem honra estamental para o funcionário; os
meios materiais da administração são aplicados em nome do
senhor e por sua conta. Sendo o quadro administrativo
inteiramente dependente dele, não existe nenhuma garantia contra
o seu arbítrio, cuja extensão possível é, por conseguinte, maior aqui
do que em qualquer outra parte. O tipo mais puro dessa
dominação é o sultanato. Todos os verdadeiros 'despotismos'
tiveram esse caráter, segundo o qual o domínio é tratado como um
direito corrente de exercício do senhor.
 2. A estrutura estamental: os servidores não o são
pessoalmente do senhor, e sim pessoas independentes, de
posição própria que lhes angaria proeminência social. Estão
investidos em seus cargos (de modo efetivo ou conforme a
ficção de legitimidade) por privilégio ou concessão do senhor, ou
possuem, em virtude de um negócio jurídico (compra,
penhora ou arrendamento) um direito próprio do cargo, do qual
não se pode despojá-lo sem mais. Assim, sua administração,
embora limitada, é autocéfala e autônoma, exercendo-se por
conta própria e não por conta do senhor. É a dominação
estamental. A competição dos titulares dos cargos em relação
ao âmbito dos mesmos (e de suas rendas) determina a relação
recíproca dos seus conteúdos administrativos e figura no lugar
da 'competência'. (...)
 A dominação patriarcal (do pai de família, do chefe da
parentela ou do 'soberano') não é senão o tipo mais puro da
dominação tradicional.
 Legitimidade por carisma
 A dominação carismática ocorre
 "...em virtude de devoção afetiva à pessoa do senhor e a seus
dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente: a faculdades
mágicas, revelações ou heroísmo, poder intelectual ou de oratória.
O sempre novo, o extracotidiano, o inaudito e o arrebatamento
emotivo que provocam constituem aqui a fonte de devoção pessoal.
Seus tipos mais puros são a dominação do profeta, do herói
guerreiro e do grande demagogo. A associação dominante é de
caráter comunitário, na comunidade ou no séquito. O tipo que
manda é o líder. O tipo que obedece é o 'apóstolo'. Obedece-se
exclusivamente à pessoa do líder por suas qualidades excepcionais
e não em virtude de sua posição estatuída ou de sua dignidade
tradicional; e, portanto, também somente enquanto essas
qualidades lhe são atribuídas, ou seja, enquanto seu carisma
subsiste. Por outro lado, quando é 'abandonado' pelo seu deus ou
quando decaem a sua força heróica ou a fé dos que crêem em suas
qualidades de líder, então seu domínio também se torna caduco.
 O quadro administrativo é escolhido segundo carisma e
vocação pessoais, e não devido à sua qualificação profissional
(como o funcionário), à sua posição (como no quadro
administrativo estamental) ou à sua dependência pessoal, de
caráter doméstico ou outro (como é o caso do quadro
administrativo patriarcal). Falta aqui o conceito racional de
'competência', assim como o estamental de 'privilégio'. São
exclusivamente determinantes da extensão da legitimidade do
sequaz designado ou do apóstolo a missão do senhor e sua
qualificação carismática pessoal. A administração - na medida
em que assim se possa dizer - carece de qualquer orientação
dada por regras, sejam elas estatuídas ou tradicionais. São
características dela, sobretudo, a revelação ou a criação
momentâneas, a ação e o exemplo, as decisões
particulares, ou seja, em qualquer caso - medido com a
escala das relações estatuídas - o irracional."
 CABE RESSALTAR UM ASPECTO DA DOMINAÇÃO
CARISMÁTICA BASTANTE PRESENTE NAS ORGANIZAÇÕES
CARISMÁTICAS DE NOSSOS DIAS: a rotinização ou a
racionalização do carisma:
 "Em sua forma genuína, a dominação carismática é de caráter
especificamente extracotidiano e representa uma relação
social estritamente pessoal, ligada à validade carismática de
determinadas qualidades pessoais e à prova destas. Quando
esta relação não é puramente efêmera, mas assume o caráter
de uma relação permanente - 'comunidade' de correligionários,
guerreiros ou discípulos, ou associação de partido, ou
associação política ou hierocrática - a dominação carismática,
que, por assim dizer, somente in statu nascendi existiu em
pureza típico-ideal, tem de modificar substancialmente seu
caráter: tradicionaliza-se ou racionaliza-se (legaliza-se), ou
ambas as coisas, em vários aspectos. Os motivos que
impulsionam para isso são os seguintes:
a) o interesse ideal ou material dos adeptos na
persistência e reanimação contínua da comunidade;
b) o interesse ideal ou material, ambos mais fortes, do
quadro administrativo: dos sequazes, discípulos,
homens de confiança de um partido, etc., em
1. continuar a existência da relação, e isto
2. de tal forma que esteja colocada, ideal e
materialmente, a posição própria sobre um
fundamento cotidiano duradouro: externamente, o
estabelecimento da existência familiar ou, pelo
menos, da existência saturada, em lugar das 'missões'
estranhas à família e à economia, e isoladas do
mundo.
 Esses interesses tornam-se tipicamente atuais
quando desaparece a pessoa portadora do carisma e
surge a questão da sucessão.(...)"
A BUROCRACIA
 Legitimidade legal, racional ou burocrática
 Ressaltou-se as outras duas categorias (tradicional e carismática)
servem-nos como o estudo de tribos distantes servem ao antropólogo
urbano: fornecem a alteridade necessária à análise de nosso tipo de
organização social.
 É esta dominação racional que se faz acompanhar do aparato
legal-burocrático como quadro administrativo. Suas características
são o exercício impessoal da autoridade, vinculado sempre a normas
aceitas pelos membros da comunidade, exercidas em geral por
delegação através dos membros do aparato administrativo, de
acordo com uma hierarquia definida. Necessita ainda de qualificação
técnica de seus membros, que caracteriza a competência através da
qual estes podem galgar a hierarquia, num sistema meritocrático.
Objetiva, através de tais meios, a racionalidade dos fins
organizacionais:
"[§3.] A dominação legal baseia-se na vigência das seguintes
idéias, entrelaçadas entre si:
1. que todo direito, mediante pacto ou imposição, pode ser
estatuído de modo racional - racional referente a fins ou racional
referente a valores (ou ambas as coisas) - com a pretensão de
ser respeitado pelo menos pelos membros da associação,
mas também, em regra, por pessoas que, dentro do âmbito de
poder desta (...), realizem ações sociais ou entrem em
determinadas relações sociais, declaradas relevantes pela
ordem da associação;
2. que todo direito é, segundo sua essência, normalmente
estatuídas com determinadas intenções; que a judicatura é a
aplicação dessas regras ao caso particular e que a
administração é o cuidado racional de interesses previstos
pelas ordens da associação, dentro dos limites das normas
jurídicas e segundo princípios indicáveis de forma geral, os
quais encontram aprovação ou pelo menos não são
desaprovados nas ordens da associação;
 3. que, portanto, o senhor legal típico, o
'superior', enquanto ordena e, com isso, manda,
obedece por sua parte à ordem impessoal pela qual
orienta suas disposições; (...)
 4. que - como se costuma expressá-lo - quem
obedece só o faz como membro da associação e
só obedece 'ao direito'; (...)
 5. que se aplica, em correspondência com o
tópico 3, a idéia de que os membros da
associação, ao obedecerem ao senhor, não o
fazem à pessoa deste mas, sim, àquelas ordens
impessoais e que, por isso, só estão obrigados
à obediência dentro da competência objetiva,
racionalmente limitada, que lhe foi atribuída por
essas ordens.
 
As categorias fundamentais da dominação
racional são, portanto,
1. um exercício contínuo, vinculado a
determinadas regras, de funções oficiais,
dentro de
2. determinada competência, o que significa:
a) um âmbito objetivamente limitado, em
virtude da distribuição dos serviços, de
serviços obrigatórios,
b) com atribuição dos poderes de mando
eventualmente requeridos e
c) limitação fixa dos meios coercivos
eventualmentee admissíveis e das condições de
sua aplicação.
A um exercício organizado dessa forma
denominamos 'autoridade institucional'. (...)
A essas categorias se junta
3. o princípio da hierarquia oficial, isto é, de
organização de instâncias fixas de controle e
supervisão para cada autoridade institucional, com
o direito de apelação ou reclamação das
subordinadas às superiores. Regula-se de forma
diversa a questão de se e quando a própria
instância de reclamação repõe a disposição de ser
alterada por outra 'correta' ou dá as respectivas
instruções à instância subordinada à qual se
refere a reclamação.
4. As 'regras' segundo as quais se procede podem
ser:
a) regras técnicas;
b) normas.
 Na aplicação destas, para atingir a racionalidade
plena, é necessária, em ambos os casos, uma
qualificação profissional. Normalmente, portanto,
só estão qualificados à participação no quadro
administrativo de uma associação os que podem
comprovar uma especialização profissional, e só
estes podem ser aceitos como funcionários. Os
'funcionários' constituem tipicamente o quadro
administrativo de associações racionais, sejam
estas políticas, hierocráticas, econômicas
(especialmente, capitalistas) ou outras.
5. Aplica-se (em caso de racionalidade) o princípio
da separação absoluta entre o quadro
administrativo e os meios de administração e
produção. Os funcionários, empregados e
trabalhadores do quadro administrativo não estão
de posse dos meios materiais de administração e
produção, mas os recebem em espécie ou em
dinheiro e têm responsabilidade contábil. Aplica-se
o princípio da separação absoluta entre o
patrimônio (ou capital) da instituição (empresa)
e o patrimônio privado (da gestão patrimonial),
bem como entre o local das atividades profissionais
(escritório) e o domicílio dos funcionários.
6. Em caso de racionalidade plena, não há
qualquer apropriação do cargo pelo
detentor. Quando está constituído um
'direito' ao 'cargo' (como, por exemplo, no
caso dos juízes, e, recentemente, no de
seções crescentes dos funcionários públicos
e mesmo dos trabalhadores), ele não serve
normalmente para o fim de uma apropriação
pelo funcionário, mas sim para garantir
[investir] seu trabalho de caráter puramente
objetivo ('independente'), apenas vinculado a
determinadas normas, no respectivo cargo.
7. Aplica-se o princípio da documentação dos
processos administrativos, mesmo nos casos em
que a discussão oral é, na prática, a regra ou até
consta no regulamento: pelo menos as
considerações preliminares e requisitos, bem
como as decisões, disposições e ordenações finais,
de todas as espécies, estão fixadas por escrito. A
documentação e o exercício contínuo de atividades
pelos funcionários constituem, em conjunto, o
escritório, como ponto essencial de toda a moderna
ação da associação.
8. A dominação legal pode assumir formas muito
diversas. Limitar-nos-emos, em seguida, à análise
típico-ideal da estrutura de dominação mais pura
dentro do quadro administrativo: do
'funcionalismo', ou seja, da 'burocracia'.
[§4.] O tipo mais puro de dominação legal é aquele que se
exerce por meio de um quadro administrativo burocrático.
Somente o dirigente da associação possui sua posição de
senhor, em virtude ou de apropriação ou de eleição ou de
designação da sucessão. Mas suas competências senhoriais
são também competências legais. O conjunto do quadro
administrativo se compõe, no tipo mais puro, de funcionários
individuais (monocracia, em oposição à 'colegialidade' [...]), os
quais:
1. são pessoalmente livres; obedecem somente às obrigações
objetivas de seu cargo;
2. são nomeados (e não eleitos) numa hierarquia rigorosa dos
cargos;
3. têm competências funcionais fixas;
4. em virtude de um contrato, portanto, (em princípio) sobre a
base de livre seleção segundo
5. a qualificação profissional - no caso mais racional: qualificação
verificada mediante prova e certificada por diploma;
6. são remunerados com salários fixos em dinheiro, na maioria
dos casos com direito a aposentadoria; em certas circunstâncias
(especialmente em empresas privadas), podem ser demitidos
pelo patrão, porém sempre podem demitir-se por sua vez; seu
salário está escalonado, em primeiro lugar, segundo a posição
na hierarquia e, além disso, segundo a responsabilidade do
cargo e o princípio da correspondência à posição social;
7. exercem seu cargo como profissão única ou principal;
8. têm a perspectiva de uma carreira: 'progressão' por tempo de
serviço ou eficiência, ou ambas as coisas, dependendo dos
critérios dos superiores;
9. trabalham em 'separação absoluta dos meios
administrativos' e sem apropriação do cargo;
10. estão submetidos a um sistema rigoroso e homogêneo de
disciplina e controle do serviço.
 
 [§5.] A administração puramente burocrática,
portanto, a administração burocrática-
monocrática mediante documentação,
considerada do ponto de vista formal, é,
segundo toda a experiência, a forma mais
racional de exercício de dominação, porque
nela se alcança tecnicamente o máximo de
rendimento em virtude de precisão,
continuidade, disciplina, rigor e confiabilidade
- isto é, calculabilidade tanto para o senhor
quanto para os demais interessados -,
intensidade e extensibilidade dos serviços, e
aplicabilidade formalmente universal a todas
as espécies de tarefas.
Marx:conceitos fundamentais. Classe, ideologia,
modos de produção.

Idéias notáveis materialismo histórico


, materialismo dialético,
socialismo científico,
modo de produção, mais-valia,
luta de classes,
teoria marxista da ideologia,
teoria marxista da alienação
Influências Kant, Hegel, Feuerbach,
Rousseau, Vico, Robert Owen,
Charles Fourier, Dante, Goethe,
Ésquilo, Balzac, Adam Smith,
David Ricardo
Nascimento 5 de Maio de 1818
Tréveris, Alemanha
Falecimento14 de Março de 1883 - Londres, Inglaterra
Nacionalidade alemã
Ocupação economista, sociólogo e filósofo Magnum opus O Capital
Escola/tradiçãoMarxismo (co-fundador, junto com Engels),
Principais interesses sociologia, economia, história, política,
teoria social, ideologia
Influenciados marxistas,Mikhail Bakunin, Karl Kautsky,
Antonio Labriola, Benedetto Croce, Rosa Luxembourg, Leon Trotsky,
Vladimir Lênin, Georg Lukács, Henri Lefebvre, Antonio Gramsci,
Lucien Goldman, Max Weber, Theodor W. Adorno, Herbert Marcuse,
Walter Benjamin, Erich Fromm, Louis Althusser, Guy Debord, Galvano
Della Volpe, Lucio Colletti, Domenico Losurdo, Slavoj Zizek, Jon
Elster, Claude Lévi-Strauss, Bertold Brecht, Jean-Paul Sartre,
Maurice Merleau-Ponty, Fredric Jameson, Terry Eagleton, Eric John
Hobsbawm, E. P. Thompson, Marshall Berman, Peter Dews,
Ferdinand Braudel , Wilhelm Reich
KARL MARX

Marx e Engels formularam seu pensamento a


partir da realidade social por eles observada:
• De um lado o avanço técnico, aumento do poder
etc X empobrecimento da classe operária
Hegel
CONCEITO DE DIALÉTICA
TEORIA MARXISTA COMPÕE-SE DE UMA
TEORIA CIENTÍFICA – MATERIALISMO
HISTÓRICO E DE UMA FILOSOFIA –
MATERIALISMO DIALÉTICO.
Materialismo = mundo material é anterior ao
espírito e este deriva daquele.
MATERIALISMO DIALÉTICO –
OS FENÔMENOS MATERIAIS SÃO PROCESSOS.
O mundo é uma realidade dinâmica, é um
complexo de processos. Por isso a abordagem
da realidade só pode ser feita de uma maneira
dialética, que considera as coisas na sua
dependência recíproca, e não linear. O espírito
não é conseqüência passiva da ação da matéria,
podendo reagir sobre aquilo que o determina. Isso
implica dizer que a consciência do homem,
mesmo sendo determinada pela matéria, e
estando historicamente situada, não é pura
passividade: o conhecimento do determinismo
liberta o homem por meio da ação deste sobre o
mundo, possibilitando inclusive a ação
revolucionária.
 MATERIALISMO HISTÓRICO – É a aplicação do materialismo
dialético na história. É a explicação da história por fatos
materiais (econômicos, técnicos).
INFRA-ESTRUTURA – a estrutura material da sociedade –
sua base econômica – que consiste nas formas pelas quais os
homens produzem os bens necessários à sua vida.
SUPERESTRUTURA – estrutura jurídico –política (Estado,
direito etc) e à estrutura ideológica (formas da consciência
social).
A infra-estrutura determina a superestrutura. Ex.: As
manifestações da superestrutura (moral e direito) passam a
ser determinadas pelas alterações da infra-estrutura
decorrentes da passagem econômica do sistema feudal para o
capitalista.
Para se estudar a sociedade não se deve partir do que os
homens dizem, imaginam ou pensam, mas da forma como
produzem os bens materiais necessários à sua vida.
 RELAÇÕES FUNDAMENTAIS DE TODA
SOCIEDADE – relações de produção que revelam
a maneira pela qual os homens, a partir das
condições naturais, usam as técnicas e se
organizam através de uma divisão do trabalho
social. As relações de produção correspondem a
um certo estágio das forças produtivas (conjunto
formado pelo clima, água, solo, matérias-primas,
máquinas, mão-de-obra,instrumentos de trabalho).

MODO DE PRODUÇÃO – a maneira pela qual as


forças produtivas se organizam em determinadas
relações de produção num dado momento
histórico.
 A luta de classes é o motor da história –
movimento dialético.

O sistema capitalista consiste na produção


de mercadorias (é tudo o que é produzido
não tendo em vista o valor de uso), mas o
valor de troca (a venda do produto).
...

 IDEOLOGIA – faz com que os homens não


percebam a reificação e não reajam
prontamente à exploração.
 O PRINCÍPIO DA CONTRADIÇÃO: CONFLITO E
TRANSFORMAÇÃO(MARX)
Método dialético
 Os elementos do esquema básico do método dialético são a
tese, a antítese e a síntese.
 A tese é uma afirmação ou situação inicialmente dada.

 A antítese é uma oposição à tese.

 Do conflito entre tese e antítese surge a síntese, que é


uma situação nova que carrega dentro de si elementos
resultantes desse embate. A síntese, então, torna-se uma
nova tese, que contrasta com uma nova antítese gerando uma
nova síntese, em um processo em cadeia infinito.
 A filosofia descreve a realidade e a reflete, portanto a
dialética busca, não interpretar, mas refletir acerca da
realidade. Por isso, seus três momentos (tese, antítese e
síntese) não são um método, mas derivam da dialética
mesma, da natureza das coisas.
 A dialética é a história do espírito, das
contradições do pensamento que ela repassa
ao ir da afirmação à negação. Em alemão
aufheben significa supressão e ao mesmo tempo
manutenção da coisa suprimida. O reprimido ou
negado permanece dentro da totalidade.
 Esta contradição não é apenas do pensamento,
mas da realidade, já que ser e pensamento são
idênticos. Esta é a proposição da dialética
como método a partir de Hegel. Tudo se
desenvolve pela oposição dos contrários: filosofia,
arte, ciência e religião são vivos devido a esta
dialética. Então, tudo está em processo de
constante devir.
 História da dialética
 A dialética hegeliana é idealista, aborda o
movimento do espírito. A dialética marxista é um
método de análise da realidade, que vai do
concreto ao abstrato e que oferece um papel
fundamental para o processo de abstração.
Engels retomou, em seu livro, "A Dialética da
Natureza", alguns elementos de Hegel,
concebendo a dialética como sendo formada
por leis; esta tese será desenvolvida por Lênin e
Stálin. Por outro lado, outros pensadores irão
criticar ferrenhamente esta posição, qualificando-a
de não-marxista. Assim, se instaurou uma
polêmica em torno da dialética.
 Heráclito foi o pensador dialético mais radical da Grécia
Antiga. Para ele, os seres não têm estabilidade nenhuma,
estão em constante movimento, modificando-se. É dele a
famosa frase “um homem não toma banho duas vezes no
mesmo rio”, porque nem o homem nem o rio serão os
mesmos.
 No Século XX, Osho Rajneesh, nascido na Índia, retoma o
pensamento de Heráclito sobre a dialética com a publicação
do livro "A Harmonia Oculta:Discursos sobre os fragmentos de
Heráclito".
 Na época, os gregos preferiram acreditar na metafísica de
Parmênides, da qual pregava que a essência do ser é
imutável, e as mudanças só acontecem na superfície. Esse
pensamento prevaleceu, por atender aos interesses da classe
dominante, na época. Para sobreviver, a dialética precisou
renunciar às expressões mais radicais, conciliando-se com a
metafísica.
 Depois de um século, Aristóteles
reintroduziu a dialética, sendo
responsável, em boa parte, pela sua
sobrevivência. Ele estudou muito sobre o
conceito de movimento, que seriam
potencialidades, atualizando-se. Graças
a isso, os filósofos não deixaram de
estudar o lado dinâmico e mutável do
real. Com a chegada do feudalismo, a
dialética perdeu forças novamente,
reaparecendo, no Renascimento e no
Iluminismo
Dialética e trabalho
 Com o trabalho surge a primeira oportunidade do ser humano
em contraposição atuar como participante sujeito à natureza.
O homem faz parte da natureza, mas com o trabalho, ele vai
além.
 Para Hegel, o trabalho é o conceito chave para
compreensão da superação da dialética, atribuindo o verbo
suspender (com três significados): negação de uma
determinada realidade, conservação de algo essencial dessa
realidade e elevação a um nível superior. Mas Marx criticou
Hegel, pois Hegel não viveu nessa realidade, apenas em
sala de aula e bibliotecas, não enxergando problemas
como a alienação nesse trabalho.
 Na ordem, a segunda contradição é justamente essa
alienação. O trabalho é a atividade que o homem domina as
forças naturais, se cria a si mesmo, e tornou-se seu algoz.
Tudo isso devido à divisão do trabalho, propriedade
privada e o agravamento da exploração do trabalho sob o
capitalismo. Mas não são apenas os trabalhadores que foram
afetados. A burguesia também, pela busca do lucro não
consegue ter uma perspectiva totalizante.
Método Dialético
As Leis da Dialética
Por causa das diferentes interpretações quanto
ao número de leis fundamentais do método
dialético pelos autores, para facilitar, podemos
dizer que são quatro leis:
 ação recíproca, unidade polar ou "tudo se
relaciona";
 mudança dialética, negação da negação ou "tudo
se transforma";
 passagem da quantidade à qualidade ou
mudança qualitativa;
 interpenetração dos contrários
 Ação recíproca
 Segundo Engels (In: Politizer, 1979:214), a
dialética é a "grande idéia fundamental
segundo a qual o mundo não dever ser
considerado como um complexo de coisas
acabadas, mas como um complexo de processos
em que as coisas, na aparência estáveis, do
mesmo modo que os seus reflexos intelectuais no
nosso cérebro, as idéias, passam por uma
mudança ininterrupta de devir e decadência, em
que finalmente, apesar de todos os insucessos
aparentes e retrocessos momentâneos, um
desenvolvimento progressivo acaba por se fazer
hoje".
 Isso significa que para a dialética, as
coisas não são analisadas na qualidade
de objetos fixos, mas em movimento:
nenhuma coisa está "acabada",
encontrando-se sempre em vias de se
transformar, desenvolver; o fim de um
processo é sempre o começo de outro.
 Stalin, pelo metódo de interdependência e ação
recíproca, afirma "que o método dialético
considera que nenhum fenômeno da natureza
pode ser compreendido, quando encarado
isoladamente, fora dos fenômenos circundantes;
porque, qualquer fenômeno, não importa em que
domínio da natureza, pode ser convertido num
contra-senso quando considerado fora das
condições que o cercam, quando destacado
destas condições; ao contrário, qualquer
fenômeno pode ser compreendido e explicado,
quando considerado do ponto de vista de sua
ligação indissolúvel com os fenômenos que o
rodeiam, quando considerado tal como ele é,
condicionado pelos fenômenos que o circundam".
 Politizer et al. citam dois exemplos referentes à
primeira lei do método dialético. Determinada
mola de metal não pode ser considerada à parte
do universo que a rodeia, pois foi produzida pelo
homem com o metal extraído da natureza. Ela
está sujeita a modificação pelo fato de atuar sobre
a gravidade, o calor, a oxidação e assim por
diante. Se um pedaço de chumbo for suspenso na
mola, este distenderá seu ponto de resistência de
modo a formar, junto à mola, um todo, tendo estes
interação e conexão recíproca. A mola é formada
por moléculas ligadas entre si e quando não pode
se distender mais, quebra, ou seja, rompe-se da
ligação entre determinadas moléculas. Portanto, a
mola não distendida, a distendida e rompida
apresentam, de cada vez, um tipo diferente de
ligações entre as moléculas.
 A planta não existe a não ser em unidade e
ação que provoca com o meio ambiente.
 Todos os aspectos da realidade prendem-se por
laços necessários e recíprocos.
Mudança Dialética
 Todo movimento, transformação ou
desenvolvimento opera-se por meio das
contradições ou mediante a negação de uma
coisa - essa negação se refere à transformação
das coisas. A dialetica é a negação da negação.
 A negação da afirmação implica negação, mas a
negação da negação implica afirmação. "Quando
se nega algo, diz-se não. Ora, a negação, por sua
vez, é negada. Por isso se diz que a mudança
dialética é a negação da negação.
 A união dialética não é uma simples adição de
propriedades de duas coisas opostas, simples
mistura de contrários, por isso seria um obstáculo
ao desenvolvimento. A característica do
desenvolvimento dialético é que ele prossegue
através de negações.
 Segundo Engels (In: Politzer, 1979:2002), "para a
dialética não há nada de definitivo, de absoluto, de
sagrado; apresenta a caducidade de todas as
coisas e em todas as coisas e, para ela, nada
existe além do processo ininterrupto do devir e do
transitório".
Escola de Frankfurt

 A Escola de Frankfurt é nome dado a um


grupo de filósofos e cientistas sociais de
tendências marxistas que se encontram no
final dos anos 1920. A Escola de Frankfurt se
associa diretamente à chamada Teoria
Crítica da Sociedade. Deve-se à Escola de
Frankfurt a criação de conceitos como
"indústria cultural" e "cultura de massa".
 Escola de Frankfurt, corrente clássica da Sociologia, sobretudo nas
figuras de Adorno Horkheimer, procurou questionar as amarras
sociais que impediam o indivíduo de tornar-se pleno.
 Os autores procuraram fazer a crítica do pensamento do século XIX,
particularmente o evolucionismo.
 O evolucionismo significava uma apologia ao desenvolvimento
tecnológico e científico como caminho necessário da
humanização do homem e da sociedade.
 Tomava o progresso material como mola propulsora da sociedade
e visava o aperfeiçoamento da humanidade e à crítica ao
obscurantismo. Essa concepção desvinculava o progresso técnico de
apropriação da natureza do desenvolvimento do homem em sua
individualidade e em sua autonomia e da diminuição das contradições
sociais;
 pelo contrário o evolucionismo aumentava a divisão aumentava a
divisão social do trabalho e postulava a estandartização da cultura
e dos hábitos, ou seja, a inseparabilidade da apropriação da
natureza e da subjugação do homem .
 Ao fazer sua crítica, essa escola procurou
integrar as perspectivas de Marx e Weber.
Na obra de Adorno e Horkheimer, é possível
ver a demarcação dos limites da razão
ocidental quando separa o sujeito e o
objeto do conhecimento. A técnica, que
tinha como fim tornar o mundo acessível
através do domínio da natureza, “coisifica”
o homem.
 A técnica opera como “instrumento”de
dominação.
 “(...) o preço da dominação não é meramente a alienação dos
homens com relação aos objetos dominados; com a
“coisificação” do espírito, as próprias relações dos homens
foram enfeitiçadas, inclusive as relações de cada indivíduo
consigo mesmo. O animismo havia dotado a coisa de uma alma,
o industrialismo coisifica as almas”.
 Para eles, o avanço dos recursos técnicos de informação é
acompanhado de um processo de desumanização, no qual
o homem passa a ser dependente da máquina.
 O papel da razão ocidental no domínio dos homens e da
natureza tornou-se valor operacional, o único critério para
avaliá-la.
 As necessidades do capital fizeram com que o particular
tomasse o lugar do universal. A própria razão identificou-se com
essa faculdade reguladora. Ao invés de buscar nas entranhas
do processo industrial e da tecnicização da cultura
ocidental, a libertação do homem, a razão ocidental
contribuiu, cada vez mais, para a dominação do homem, por
meio de uma sociedade e de um Estado.
 A história da civilização ocidental poderia ser escrita em termos
de interiorização das ordens do senhor por parte do
subordinado.Todos os meios da cultura de massas servem
para reforçar as pressões sociais sobre a individualidade,
evitando todas as possibilidades de que o indivíduo preserve-se
de algum modo em face dos mecanismos de dominação da
sociedade.
Frase lapidar de Theodor Adorno e Max
Horkheimer
 “O esclarecimento tem perseguido sempre o objetivo de livrar os
homens do medo e de investi-los na posição de senhor. Mas a
terra resplandece sob o signo de uma calamidade triunfal.”
 O mérito dessa crítica é justamente mostrar que não basta
somente a crítica interna ao conhecimento para denunciar a
arrogância da razão ocidental. É preciso demonstrar os
problemas surgidos em uma ordem social e econômica que
subjugou os homens e enumerar os vencidos pelo processo
de acumulação de homens e bens.
 A Sociologia percebeu o quanto a razão ocidental
não cumpriu suas promessas, em grande parte
devido aos condicionamentos sociais existentes no
capitalismo. A antiga continuidade homem-natureza
e a autonomia do indivíduo perderam chão, na
nossa modernidade, em prol da abissal separação
entre um e outra pela determinação do indivíduo
pela sociedade. A Sociologia da escola procurou
dar prosseguimento ao projeto iluminista na qual
razão e sociedade eram consideradas inseparáveis,
embora, no contexto histórico tenham separado-se.
...

 A contribuição do pensamento
sociológico não se restringe a uma
discussão acadêmica de autores
clássicos; mais do que isso, permiti
compreender os dilemas nos quais se
assentou a própria idéia de sociedade e
possibilita enfileirarmos nossas perguntas á
nossa modernidade. As respostas continuam
ser aguardadas.
Dados Biográficos

 O grupo emergiu no Instituto para Pesquisa Social


de Frankfurt (em alemão: Institut für
Sozialforschung) da Universidade de Frankfurt-am-
Main na Alemanha.
 O instituto tinha sido fundado com o apoio
financeiro do mecenas judeu Felix Weil em 1923.
Em 1931, Max Horkheimer, discípulo de Guile,
tornou-se director do Instituto. É a partir da gestão
de Horkheimer que se desenvolve aquilo que ficou
conhecido como a Teoria Crítica da Sociedade,
comumente associada à Escola de Frankfurt.
...
 Com a chegada de Hitler ao poder na Alemanha, os membros
do Instituto, na sua maioria judeus, migraram para Genebra,
depois a Paris e finalmente, para a Universidade de Columbia,
em Nova Iorque.
 A primeira obra coletiva dos frankfurtianos são os Estudos
sobre Autoridade e Família, escritos em Paris, onde estes
fazem um diagnóstico da estabilidade social e cultural das
sociedade burguesas contemporâneas. Nestes estudos, os
filósofos põem em questão a capacidade das classes
trabalhadoras em levar a cabo transformações sociais
importantes.
...
 Esta desconfiança, que os afasta progressivamente do
marxismo "operário", se consuma na Dialética do
Esclarecimento de 1947, publicado em Amsterdã onde o termo
marxismo já se encontra quase ausente. Em 1949-1950
publicam os Estudos sobre o Preconceito que representa uma
inovação significativa nas metodologias de pesquisa social,
embora de pouca significação teórica.
 Com Erich Fromm e Herbert Marcuse inicia-se uma frente de
trabalho que associa a Teoria Crítica da Sociedade à
psicanálise. Fromm, precursor desta frente de trabalho, logo se
distancia do núcleo da Escola, e este perde o interesse pela
Psicanálise até o início dos trabalhos de Marcuse.
...
 Marcuse, que permanece nos EUA após o retorno do Instituto
para a Alemanha em 1948, foi o mais significativo dos
frankfurtianos, do ponto de vista das repercussões práticas de
seu trabalho teórico, já que teve influência notável nas
insurreições anti-bélicas e nas revoltas estudantis de 1968 e
1969.
 Adorno continuará o trabalho iniciado na Dialética do
Esclarecimento, de reformulação dialética da razão ocidental,
em sua Dialética Negativa, sendo considerado ainda hoje, o
mais importante dos filósofos da Escola. Com a sua morte,
começa o que alguns chamam de segundo período da Escola de
Frankfurt, tendo como principal articulador o antes assistente de
Adorno e, depois, seu crítico mais ferrenho: Jürgen Habermas.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
 Textos: “A SOCIOLOGIA, SUA HISTÓRIA E SUAS
PRINCIPAIS ABORDAGENS” p. 09 – 35 ; (LOCHE,
Adriana et al. Sociologia Jurídica. Porto Alegre:
Síntese, 1999. 270p. LOCHE, Adriana et al.
Sociologia jurídica. Porto Alegre: Síntese, 1999. 270
p.)

 GALLIANO, A. Guilherme. Introdução à Sociologia.


São Paulo: Harper& Row do Brasil, 1981. ( Capítulo 3)
REFERÊNCIAS
1. COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à ciência da sociedade. 2 a ed. São
Paulo: Moderna, 1997.

 DINIZ, M.H. Compêndio de introdução à ciência do direito: introdução à teoria


geral do direito, à filosofia do direito, à sociologia do direito, à sociologia
jurídica e aplicação do direito. 22 ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

 FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia: dos clássicos à sociedade da


informação. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2006.

 GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4ªED. Porto Alegre: Ed. ArtMed, 2005

 OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. Série Brasil. 25ª ed.
São Paulo: Ática. 2005.

 TOMAZI, Nelson Dácio. Iniciação à Sociologia. 2ª ed. São Paulo: Atual, 2000.

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