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Sociologia Jurídica

Sociologia jurídica é o ramo da sociologia geral que investiga, através de métodos de


pesquisa empírica, o fenómeno social jurídico em correlação com a realidade social. A
sociologia jurídica exprime uma relação “interativa” entre o social e o jurídico, examina
a influência dos fatores sociais sobre o Direito e as incidências do mesmo na sociedade.
Ou seja, a sociologia jurídica examina as causas e os efeitos sociais das normas
jurídicas.

Objeto de Estudo

A sociologia jurídica estuda os fenómenos jurídicos (fenómenos do direito), podendo


estes ser:

 Primários: cujo carácter jurídico é evidente. Por exemplo: a lei, o julgamento,


etc.
 Secundários: comportam elementos jurídicos. Ex: família, propriedade, contrato,
etc.
 De poder: derivam-se dos governados, e se referem a posição dominante do
governo sobre os governados.
 Em sujeição ao poder: impedem um dever dos governados de obediência e
submissão.
 Contenciosos: resolução de conflitos da sociedade com brasa nos tribunais
oficiais.
 Não-contenciosos: buscam soluções extraconjugais.

História da Sociologia jurídica

1) Antes do Séc.XX

Na antiguidade, a sociologia jurídica apresentava um carácter mais teórico do que


empírico e situava-se no mundo helênico (grego), seus principais percursores foram:

a) Aristóteles: considerado percursor da sociologia jurídica por considerar a


existência de um mundo de relações que não é regido pela amizade,
reconhecendo os limites do jurídico face ao social não jurídico;
b) Augusto Comte: desenvolveu ideias sociológicas em relação ao Direito pelo
método legislativo, ao defender que as leis devem ser retiradas da experiência e
não de conceitos, e pelo fundamento da doutrina ao alegar a necessidade de
reconhecer a propriedade das realidades coletivas;
c) Montesquieu: considerado percursor e também fundador da disciplina. Os
pilares da sua sociologia assentam na relatividade e determinismo do Direito.

Movimento de codificação (Séc.XVIII) – Código Napoleónico, 1804

Inibiu a emergência da sociologia jurídica por considerar o direito a manifestação da


vontade do legislador,

Doutrina do Direito Natural

Postula um direito natural assente na universalidade e imutabilidade de carácter


absoluto, o que contrasta com a perspectiva sociológica do direito que é mais relativo,
histórico e falível.

2) Depois do Séc.XX
a) Emile Durkheim: considerada o direito um facto social. Ele definiu o Direito
como “regras de sanções organizadas” assumindo uma posição de juristas
dogmáticos. Ainda nesta perspectiva, estabeleceu o conceito de solidariedade,
que configura uma estrutura de relações e vínculos recíprocos. Durkheim
distingue dois tipos de solidariedade:
i) Solidariedade Mecânica: típica de sociedades primitivas e simples,
baseadas na tradição e na religião, onde a divisão social do trabalho não está
desenvolvida. Esta solidariedade baseia-se na semelhança e uniformemente
do comportamento dos seus membros;
ii) Solidariedade Orgânica: habitual de uma sociedade complexa e
especializada na divisão social do trabalho onde os indivíduos apresentam
um comportamento não uniformizado. A solidariedade cria-se através de
redes de relacionamentos entre indivíduos e grupos, onde cada um deve
respeitar as obrigações assumidas por contrato social (Direito civil,
comercial, administrativo e constitucional).
b) Max Weber: parte do princípio que o comportamento dos agentes sociais nãos é
previsível. Para Weber, uma relação social é apenas uma probabilidade de
comportamentos padronizados vierem a acontecer entre os agentes sociais.
Weber concebe o direito de forma lógico-dogmática, encarando que “o direito
jamais brota de modo espontâneo na realidade social, mas sempre é obra dos
juristas atuando com finalidades práticas, obras de formalismo especial,
geradores de fórmulas de alta generalização aplicáveis e uma quantidade
inumerável de factos”.
c) Eugen Ehrlich: Apesar da sociologia jurídica ter nascido com Durkheim, ela
tornou-se sistemática com Ehrlich, devendo ser atribuída a ele a paternidade.
Eugen defendeu a teoria do direito vivo, que considera a ciência do direito dos
juristas uma doutrina técnica visando a fins práticos, e, uma técnica relativa,
pelo seu condicionamento pelos diferentes quadros sociais. Ehrlich considera
que o centro de desenvolvimento do direito em todas as épocas, não deve ser
buscado na lei, na jurisprudência ou na doutrina mas sim na própria sociedade.

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