QUESTÃO 01:

A) Como Émile Durkheim definia os conceitos de crime e pena?

Émile Durkheim afirmou que o crime é um fenômeno social que reflete os padrões
morais e a consciência coletiva de uma sociedade. Ele argumentou que o crime é
inevitável e necessário para fortalecer a coesão social e reafirmar as normas morais
e sociais. A punição, por sua vez, desempenha um papel importante ao reafirmar os
limites do comportamento aceitável e desencorajar a prática de crimes, contribuindo
para o controle social.

B) Qual a diferença, na visão de Durkheim, entre a moral e o direito?

Émile Durkheim distinguia entre moralidade e direito. A moralidade refere-se a normas

não oficiais baseadas em ideais compartilhados que guiam o comportamento
individual e mantêm a coesão social. Por outro lado, o direito é um conjunto formal de
regulamentos codificados e mantidos pelo estado, aplicados universalmente em uma
jurisdição específica. A moralidade é internalizada através de normas sociais e
mecanismos de controle informacional, enquanto o direito é aplicado por meio de
instituições legais e agências de execução.

C) O crime pode ser considerado “normal” e/ou desejável à sociedade?

Émile Durkheim argumentava que o crime é uma parte esperada e inevitável da existência
social. Ele via o crime como um reflexo das normas e valores sociais e argumentava que o
crime desempenha um papel importante na manutenção da coesão social. Durkheim
sustentava que o crime tem funções desejáveis, mas que é
necessário manter um equilíbrio entre o crime e a ordem social para evitar tanto a
estagnação quanto a desintegração da sociedade.

QUESTÃO 02:

A) Como Max Weber definia o fenômeno do direito?

Max Weber argumentava que os aspectos únicos do direito europeu não eram
principalmente influenciados por fatores econômicos. Ele também contribuiu para a
definição do objeto de estudo sociológico, destacando a "ação social" como
fundamental para compreender a mudança social. Weber classificou como afetiva,
tradicional em relação aos objetivos e racional em relação aos valores.

B) Explique, em suas palavras, porque o direito moderno pode ser considerado

“formal-racional”, de acordo com a perspectiva weberiana.

De acordo com a perspectiva weberiana, o direito moderno é caracterizado como

"formal-racional". Isso significa que ele se concentra no formalismo e na racionalidade
em sua estrutura e funcionamento. O formalismo refere-se à adesão a regras e
procedimentos legais estabelecidos, enquanto a racionalidade implica em tomar
decisões jurídicas com base na análise lógica e raciocínio. O objetivo do direito
moderno é promover princípios como justiça, igualdade e proteção dos direitos
individuais.

QUESTÃO 03:

A) Como Karl Marx compreendia o fenômeno do direito?

Segundo Marx, o direito é influenciado pela estrutura econômica e pelas relações de
classe em uma sociedade. Ele acredita que o sistema jurídico não é neutro, mas serve
aos interesses da classe dominante, protegendo a propriedade privada e perpetuando
as desigualdades socioeconômicas. Marx defende uma revolução social que
transforme o sistema capitalista em um sistema socialista, no qual o direito seja
voltado para os interesses da classe trabalhadora e promova igualdade e justiça. Em
suma, o direito reflete as desigualdades e injustiças do sistema capitalista, de acordo
com a visão de Marx.

B) Qual seria, na visão de Marx, o papel do direito na utopia comunista do

futuro?

Na utopia comunista de Marx, o direito perderia sua função central de proteger

propriedades privadas e perpetuar desigualdades. Seria substituído por normas
sociais baseadas em igualdade, cooperação e solidariedade. O sistema jurídico
predominante nas sociedades capitalistas é criticado por Marx por sua função de
dominação e manutenção das desigualdades.

QUESTÃO 04:

A) O que é, na visão de Pierre Bourdieu, o campo jurídico?

O campo jurídico é uma esfera social autônoma que engloba instituições, agentes e
práticas relacionadas ao sistema jurídico. Ele é composto por diferentes campos que
possuem regras, hierarquias e lógicas internas. No campo jurídico, ocorrem relações
de poder, disputas e lutas simbólicas. O capital jurídico refere-se à posse de
habilidades jurídicas. O campo jurídico interage constantemente com outros campos,
como o político, econômico e cultural, e envolve estratégias para a aplicação do
direito. As disputas nesse campo visam o reconhecimento e a legitimação das práticas
jurídicas, definindo normas e valores dessa área.
B) O que está em jogo no campo jurídico?

No espaço jurídico, as questões relacionadas ao poder e à interpretação do direito

são centrais. Os agentes envolvidos competem pelo reconhecimento e pela definição
das normas e práticas jurídicas. Um fator crucial nesse campo é o capital jurídico, que
se refere ao conhecimento, habilidades e qualificações jurídicas dos agentes.

C) Ele é autônomo em relação a outras esferas, como a política e a economia?

Bourdieu considera o campo jurídico como relativamente autônomo, pois embora

esteja interligado às esferas política e econômica, ele possui uma certa independência
em relação a elas. No campo econômico, por exemplo, agentes com alto capital
contratam especialistas jurídicos para evitar punições ou altas indenizações. No
campo político, as leis precisam ser aprovadas por autoridades políticas, e a
nomeação de juízes envolve considerações políticas. Apesar dessas interconexões,
o campo jurídico mantém uma autonomia relativa, exigindo análises das relações e
influências entre essas esferas.

D) Argumente, por fim, acerca das aproximações de Bourdieu em relação ao

pensamento sobre o direito de Marx e de Weber.

Pierre Bourdieu abordou o direito de forma distinta de Marx e Weber, embora haja
pontos de convergência. Bourdieu critica a sociedade e as estruturas de poder,
reconhecendo o papel do direito na manutenção da ordem social e na promoção dos
interesses das classes dominantes. Ele amplia a análise para além da dimensão
econômica de luta de classes, considerando também as dimensões culturais e de
legalização presentes no campo jurídico. Assim como Weber, Bourdieu reconhece a
importância das instituições legais na sociedade, mas ele vai além das questões
formais de legalidade e autoridade, destacando as estruturas sociais, as relações
poder e as práticas cotidianas para a compreensão do direito. Enquanto Marx e Weber
enfocam o direito como uma estrutura macro e identificam conflitos de classes ou
formas de legitimidade, Bourdieu enfatiza os aspectos micro e analisa as relações e
dinâmicas presentes no campo jurídico, destacando as dimensões simbólicas, de
poder e culturais. Ele também ressalta a autonomia relativa do campo jurídico em
relação a outras esferas sociais.