Você está na página 1de 22

Provas de Sociologia – CPII

1 – Nos últimos anos, a pauta da reforma do Judiciário tem estado em voga tanto nos espaços públicos quanto nos
privados. Inclusive, movimentos de “ataque às instituições” têm ganhado notoriedade. Como podemos
compreender sociologicamente o fenômeno da reforma do Judiciário para além do apelo midiático? Indique as
principais pautas tratadas pelos autores estudados.

Resposta: Pela visão de Luiz Werneck Viana a importância do judiciário também se dá pelo fenômeno da
judicialização da vida social e da política. A judicialização não é resultado da escolha de cada um dos juízes, mas
de escolhas feitas de forma legítima pela Constituição de 1988, que inseriu a sociedade brasileira em processos
sociais e políticos de transformações muito relevantes (que começou na década de 80 e que culminou na
promulgação da Constituição).

Para Maria Tereza Sadek a reforma do poder judiciário trouxe avanços nas questões de melhoria ao acesso à
justiça o centro das políticas públicas judiciárias. Principalmente após a reforma, trazem uma maior igualdade
legal e acesso ao Judiciário, tendo ocorrido avanço nesse sentido, como por exemplo a criação dos Juizados
Especiais, mas há ainda muita desigualdade social cumulativa, sendo uma desigualdade institucional.

Na ótica de Maria da Gloria Bonelli, dentro de uma burocracia estatal haveria um discurso sobre uma
neutralidade profissional que anularia as desigualdades entre mulheres e homens. Além disso, os métodos de
escolha dos membros são tidos como uma forma objetiva, já que ocorrem através dos concursos públicos, como
todas as carreiras públicas. Desta forma o corpo da magistratura tem se voltado para essa preocupação de
Intervenção nas questões sociais.

Roberto Kant de Lima, traz que o tipo de administração institucionais de conflitos foi inspirado de outros sistemas
e que, na prática, não garantem por si só um maior acesso à justiça.

2 – Discorra sobre a relação das teorias dos autores considerados fundadores da Sociologia com o Direito e sua
importância para a compreensão desse fenômeno social.

Resposta: Temos como considerados os fundadores da Sociologia Marx, Weber e Durkheim, para eles o direito
não é considerado apenas um conjunto de normas, eles identificaram os efeitos do direito sobre a sociedade de
diferentes formas.

Marx traz que o direito é determinado pela economia e, como reflexo de uma ideologia dominante, é um
instrumento de proteção dos interesses da classe burguesa.

Durkheim entende que o Direito é o reflexo de uma moralidade. Ele procura identificar no direito como a
sociedade procura tutelar e sancionar determinados fatos sociais.

E para Weber, o direito é o reflexo de uma progressiva racionalização das relações sociais. Assim, ele seria uma
característica dos Estados modernos que exercem uma dominação legal através da constituição de um aparato
burocrático.

3 – Disserte sobre a “Reforma do Judiciário”, protagonizada pela Emenda Constitucional n.º 45, de 2004,
discutindo se ela é técnica ou política. Apresente elementos que confirmem seu posicionamento, bem como
justifique com os teóricos estudados.

Resposta: A reforma do judiciário trouxe avanços nas questões de melhoria ao acesso à justiça o centro das
políticas públicas judiciárias. Principalmente após a reforma, trazem uma maior igualdade legal e acesso ao
Judiciário, tendo ocorrido avanço nesse sentido, como por exemplo a criação dos Juizados Especiais, mas há
ainda muita desigualdade social cumulativa, sendo uma desigualdade institucional. Embora tenha ocorrido
mudanças nos institutos jurídicos, sendo assim, portanto, de cunho técnico, os fundamentos que levaram a tais
mudanças possuem estreito relacionamento com os fundamentos políticos.
4 – Em “O Capital” de autoria de Karl Marx”, é abordado o conceito de mais-valia (ou mais-valor). Explique,
de forma simplificada e em poucas linhas, seu significado.

Resposta: Mais-valia seria uma grandeza expressada pelo tempo socialmente necessário para se produzir uma
mercadoria, sendo uma categoria abstrata. Essa grandeza excedente seria de posse do capitalista, haja vista que os
meios de produção são dele, bem como o trabalhador atua para produzir para ele. Ou seja, a mais-valia seria o
tempo que um trabalhador dispende trabalhando a mais daquilo que seria socialmente necessário, sendo tal tempo
apropriado pelo capitalista.

5 – Explique, com suas palavras e em poucas linhas, como era o grau de institucionalização no “Direito de
Passárgada”, conforme Boaventura de Sousa Santos.

Resposta: O grau de institucionalização era muito baixo. O presidente da associação de moradores, que também
era dono de um comércio local e atuava em uma entidade religiosa, agia, além de todas essas funções sociais,
como uma espécie de juiz, para resolves as questões cotidianas daquela localidade. Ou seja, as funções para a
resolução dos conflitos em Passárgada não eram tão definidas e hierarquizadas como no modelo oficial de
Direitos do Estado capitalista.

6 – Boaventura de Sousa Santos explica sobre a coerção pelo Direito Estatal e pelo Direito de Passárgada. Há
alguma diferença entre eles? Explique com suas palavras e em poucas linhas.

Resposta: Em Passárgada, a coerção quase não existia ou era muito insuficiente, onde os principais instrumentos
eram as ameaças e o discurso de violência. Como não era consistente, o presidente da associação preferia explorar
a lógica do razoável que a do irrazoável.

Já os Estados de direito capitalistas dispõem de um serviço coercitivo poderoso e complexo, detentor do


monopólio da violência legítima, onde atuam várias forças, tais como, policiais, paramilitares e militarizadas, as
Forças Armadas (em casos extremos), além do sistema prisional. Este aparelho existe desde a concepção da
lógica do estado liberal em que o Direito se converteu em centro de disciplina, controle e ordem social.

7 – Roberto Kant de Lima constitui a categoria teórica chamada administração institucional de conflitos, que
pode ser aplicada à sensibilidade jurídica brasileira para a compreensão, especialmente do sistema criminal.
Explique a seguinte afirmativa: “Em nossa sensibilidade jurídica, os conflitos são valorados negativamente”.

Resposta: Para os estudiosos da Sociologia, o conflito é permanente, especialmente nas sociedades ditas como
democráticas e plurais, onde vigora o princípio do respeito às diferenças e à liberdade.

Para Marx a natureza do conflito é percebida através das expressões na luta de classes, sendo o motor da história.
É através dele que ocorrem as mudanças sociais e, em última instância, a superação da sociedade de classes.

Durkheim percebe o conflito como revelador do esforço para manutenção da ordem social que estabelece
determinadas sanções por uma compreensão coletiva de necessidade de estabilização de regras sociais.

O conflito para Weber decorre de um processo racional de disputa identificado pela competição por um objeto
desejado pelos conflitantes.

A dogmática jurídica pressupõe que os conflitos devem ser eliminados da sociedade e que este é o papel do
Direito: resolver/extinguir os conflitos. Isso é revelador da nossa sensibilidade jurídica, conceito de Clifford
Geertz, antropólogo norte-americano, incorporado no Brasil por Kant de Lima, que identifica o conflito como
algo que desafia a ordem.

Quando ocorre algum conflito estamos flertando com a desordem, com o esfacelamento da ordem social. Por sua
vez, essa percepção guarda relação com a ideia de que a ordem social e as regras de direito que a regem não são da
sociedade, e sim do Estado. É de cima para baixo que ela é construída, então os setores da sociedade têm que
manter-se cada um no seu lugar. É o que se chama de princípio hierárquico.

8 – “A sociedade brasileira é muito desigual. Logo, o juiz tem que ser parcial para ser imparcial. Deve ser um
agente de transformação social”. Disserte sobre essa afirmação, mobilizando argumentos expostos por Werneck
Viana e Roberto Kant de Lima, principalmente no que tange ao atual protagonismo do Judiciário.

Resposta: Pela visão de Luiz Werneck Viana a importância do judiciário também se dá pelo fenômeno da
judicialização da vida social e da política. A judicialização não é resultado da escolha de cada um dos juízes, mas
de escolhas feitas de forma legítima pela Constituição de 1988, que inseriu a sociedade brasileira em processos
sociais e políticos de transformações muito relevantes (que começou na década de 80 e que culminou na
promulgação da Constituição).

Roberto Kant de Lima, traz que o tipo de administração institucionais de conflitos foi inspirado de outros sistemas
e que, na prática, não garantem por si só um maior acesso à justiça. A dogmática jurídica pressupõe que os
conflitos devem ser eliminados da sociedade e que este é o papel do Direito: resolver/extinguir os conflitos. Isso é
revelador da nossa sensibilidade jurídica, que identifica o conflito como algo que desafia a ordem.

Para os estudiosos da Sociologia, o conflito é permanente, especialmente nas sociedades ditas como democráticas
e plurais, onde vigora o princípio do respeito às diferenças e à liberdade.

Na ótica de Maria da Gloria Bonelli, dentro de uma burocracia estatal haveria um discurso sobre uma
neutralidade profissional que anularia as desigualdades entre mulheres e homens. Além disso, os métodos de
escolha dos membros são tidos como uma forma objetiva, já que ocorrem através dos concursos públicos, como
todas as carreiras públicas. Desta forma o corpo da magistratura tem se voltado para essa preocupação de
Intervenção nas questões sociais.

9 – “O Direito é um fato social”


Disserte sobre essa afirmação, confirmando ou negando, e indique elementos que o Direito qualifica dentro dessa
categoria teórica.

Resposta: Para Durkheim, o direito é um reflexo da moralidade. Ele procura identificar no direito como a
sociedade procura tutelar e sancionar determinados fatos sociais. Portanto, ele é um fato social.

Os elementos do Direito o qualificam como fato social, pois é exterior, observável e descritível tal qual os fatos
sociais. Ademais, constrange a ação dos indivíduos e é utilizável para fins práticos, tais como, maneira de agir, de
pensar, de sentir compartilhada por uma pluralidade de indivíduos e que, de certo modo, impõem-se a nós, que
nos constrangem a agir, pensar e sentir dessa maneira.

Assim, o Direito é um fato social para Durkheim.

10 - Dentro de nossos estudos sobre a pesquisadora Maria da Glória Bonelli, ela retrata uma diferenciação
profissional nos ambientes das carreiras jurídicas. A que a autora se refere?

Resposta: A autora faz referência entre os homens e mulheres que atuam no sistema de justiça brasileiros, que são
vistos de forma diferentes em seus ambientes profissionais. Mulheres por cota de uma construção social
ocidental, não é vista como uma boa profissional, mesmo quando realiza as mesmas funções de um colega do
sexo masculino. Já os homens, por conta de uma presunção de competência, espera-se que ele sempre realize suas
tarefas. Por conta disso, sua ascensão profissional ocorre de maneira natural.

11 – Conforme os estudos de Maria Tereza Sadek vistos em sala de aula, a autora nos apresentou, através dos
resultados de sua pesquisa “A crise no Judiciário vista pelos juízes: resultado de uma pesquisa quantitativa”,
um assunto discutido, ainda hoje, nos meios do sistema de justiça. Responda ao que a autora se referiu e discorra,
em poucas linhas, a respeito.

Resposta: A autora traz uma análise de um grupo de juízes de regiões diversas do país que levantaram o motivo de
ter uma crise no Judiciário brasileiro. Nesse estudo, os magistrados não se veem como agentes provocadores
dessa crise. Ao contrário, trazem elementos externos, como o Legislativo e o Executivo, como os grandes
causadores da crise. Além disso, critica a atuação do MP, onde este parece tentar controlar as ações desse grupo
profissional.

12 – Kant de Lima apresentou, em seu artigo “A administração de conflitos, espaço público e cidadania: uma
perspectiva comparada” (2001), uma comparação entre a sociedade estadunidense e a brasileira. Em seus
estudos, ele usa duas figuras geométricas para explicar ambas as sociedades. Quais seriam essas figuras e
explique seus usos conforme os estudos de Kant de Lima, de forma resumida.

Resposta: Para representar a sociedade estadunidense, Kant de Lima usou um paralelepípedo, e diz que a base é
igual ao topo e todos teria direito à mesma trajetória, trilhada por cada um, dadas suas próprias condições de
capacitação. Já, para representar a nossa, Kant de Lima usou uma pirâmide e diz que quem está no vértice são os
poucos que podem tudo já que os demais, mais abaixo, não possuem a visão total, mas parcial do conjunto social,
de forma distorcida à medida que se chega mais perto da base.

13 – Leia os trechos da reportagem e do artigo abaixo e responda à questão proposta.

Trecho 1 “Liminar da Justiça Federal suspende indicação de Renan Calheiros para relator da CPI”
“Instalação da CPI da Covid no Senado está prevista para esta terça (27). Acordo prevê a indicação de Renan para
relator, o que contraria o governo minoritário na comissão. Senador recorrerá (Por: G1 4/6/21)

“Senadores da CPI da Covid se surpreendem com a lista de acusações ao governo sobre combate à pandemia.

A 2 ª Vara da Justiça Federal de Brasília concedeu nessa segunda-feira (26) liminar (decisão provisória) que
suspende a eventual indicação do senador Renan Calheiros (MDB-AL) para relator da CPI da Covid.

O pedido foi formulado pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP), uma das principais defensoras do presidente Jair
Bolsonaro no Congresso. Renan Calheiros disse que recorrerá (...)”.

Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/04/26/liminar-da-justica-federal-suspende-indicacao-de-renan
-calheiros-para-relator-da-cpi.ghtml

Trecho 2 “A judicialização da política ataca novamente.”


(Por: Gazeta do Povo, 27 de abril de 2021)

“Assistimos, cotidianamente, o Poder Judiciário der instado a decidir questões para as quais não dispõe de
capacidade institucional (...) Tanto quanto possível, os poderes Legislativos e Executivo devem resolver interna
corporis seus próprios conflitos e arcar com as consequências políticas de suas próprias decisões. Imbuído dessa
premissa, conclamo os agentes políticos e os atores do sistema de Justiça aqui presentes para darmos um basta na
judicialização vulgar e epidêmica de temas e conflitos em que a decisão política deva reinar”, foi o apelo de Luiz
Fux quando se tornou presidente do Supremo Tribunal Federal, em setembro de 2020. Ele se queixava da
judicialização da política, prática recorrente no Brasil e que teve novo episódio nas poucas horas em que o
senador Renan Calheiros (MDB-AL) se viu impedido de assumir a relatoria da CPI da Covid, instalada nessa
terça-feira no Senado.”

“Tornou-se hábito, na cultura política nacional, que o lado perdedor em disputas internas ou incapaz de fazer valer
suas plataformas por ter pouca representatividade acione a Justiça para conseguir o que não foi capaz de obter
pelo voto ou pela negociação. A oposição de esquerda é mestra neste expediente, mas desta vez foram políticos
ligados ao presidente Jair Bolsonaro que buscaram o Judiciário e, na segunda-feira, véspera da instalação da
comissão, conseguiram liminar do juiz Charles Renaud Frazão de Morais, da 2ª Vara da Justiça Federal de
Brasília, proibindo que Calheiros fosse designado relatos da CPI. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco
(DEM-MG), chegou a enveredar pelo perigoso caminho do conflito entre poderes quando afirmou que não
cumpriria a decisão; antes da sessão inaugural da CPI, no entanto, a liminar foi derrubada pelo Tribunal Regional
Federal da 1ª Região, permitindo que Calheiros se tornasse relator, por designação do presidente eleito da CPI,
Omar Aziz (PSD-AM)” (...).
Fonte:

A partir dos textos trazidos acima e levando em conta os conteúdos debatidos em aula, comente o fenômeno
da judicialização política e das relações sociais no Brasil com base na sociologia de Luis Werneck Viana,
explicitando como a notícia e o editorial acima podem ser melhor compreendidos a partir das contribuições
do autor nesse campo de estudos.

Resposta: O autor identifica o fenômeno da judicialização da política e das relações sociais no Brasil afim de
demonstrar como o judiciário exerce um protagonismo republicano em nosso sistema jurídico-político, as
transformações da instituição nas últimas décadas em decorrência dos processos sociais que marcam a história do
país, alterando o equilíbrio entre os poderes da República e a proeminência do judiciário em função da explosão
do numero de demandas de todas as naturezas, inclusive política e de suas decisões que muitas vezes interferem
no âmbito das atribuições de outros poderes.

14 – Émile Durkheim, junto com Karl Marx e Max Weber, são três autores fundamentais para o desenvolvimento
da sociologia, considerados clássicos e fundadores da disciplina. Em seus estudos, buscam tratar de diversos
temas relativos à sociedade de seu tempo. Com perspectivas e metodologias distintas, contribuíram, cada um, à
sua maneira, para o desenvolvimento da sociologia como um todo e da sociologia do direito em particular.

Para Marx, o direito seria o reflexo direto das relações de força existentes na sociedade, um instrumento de
dominação voltado para garantir a reprodução da ordem social dominante.

Já segundo Weber, o direito seria um sistema de normas racionais formalmente instituídas que visam a organizar a
burocracia e a regular as ações sociais dos indivíduos na sociedade, conferindo previsibilidade às relações sociais
através da generalidade e universalidade de suas formas.

Por sua vez, em seus estudos Durkheim busca compreender qual é o sentido da modernidade, dando especial
relevo para as formas através das quais as sociedades cada vez, mais complexas garantem sua coesão interna.
Nesse sentido, o direito acaba tendo papel fundamental como elemento a expressasse as diferentes formas de
coesão presentes em cada sociedade.

Cite quais são os tipos de solidariedade social existentes segundo Durkheim e explique a relação de cada
um deles com o Direito, explicitando que tipo de direito corresponde a cada um dos tipos de solidariedade
para o autor.
Resposta: Solidariedade mecânica e Solidariedade orgânica.

Solidariedade mecânica ou por similitude: é aquele tipo de solidariedade social que é estabelecida pela
semelhança entre os membros do corpo social, predominante nas sociedades pouco desenvolvidas (Feudal), onde
a divisão do trabalho é pouco diversificada e difundida. É o vínculo de solidariedade social ao qual corresponde o
direito repressivo/penal, uma vez que através da severidade das sanções por ele cominadas expressam aqueles
aspectos da moralidade que estão fortemente arraigados na consciência coletiva da sociedade, e que representam
a intensidade dos valores compartilhados pelos membros do corpo social. Ou seja, caracterizada pela semelhança,
mesmo conjunto de valores. Típica das sociedades pré-modernas em que na consciência de seus indivíduos
predomina os sentimentos comuns a todos, os sentimentos coletivos (similares); seus membros compartilham
dos mesmos sentimentos, experiências, os mesmos valores, reconhecem os mesmos objetos como sagrados; A
coesão é garantida porque seus membros ainda não se diferenciaram.
Solidariedade orgânica: Essa solidariedade se conforma a partir da interdependência entre os membros do corpo
social, que em uma sociedade industrial devem se especializar cada vez mais para se integrarem ao mercado de
trabalho e à sociedade. A partir do momento em que cada um é instado a se especializar e exercer sua função,
passamos a nos sentir parte integrante e interdependente do todo social. É o direito civil ou contratual aquele que
corresponde a este tipo de solidariedade social, é o direito restaurativo. Isto porque ele expressa em sua
amplitude e diversidade (direitos reais, direito comercial, de família, contratual, de sucessões, etc.) a
complexidade e interdependência entre os indivíduos de uma sociedade que pela crescente divisão do trabalho
social, propiciada pela industrialização, se torna cada vez mais complexa e diversificada. Ou seja, A consciência
individual e a coletiva encontram-se diferenciadas, cabendo à divisão do trabalho o papel de promover a coesão
social.

15 – Para Bourdieu, o direito (ou o campo jurídico) “seria um universo relativamente independente em relação às
pressões externas, no interior do qual se reproduz e se exerce a autoridade jurídica, forma por excelência de um
poder simbólico que emana do Estado e é aceito socialmente como legítimo”. Entretanto, essa independência é
apenas relativa, uma vez que o Direito guarda íntima relação com o Campo Político ou do Poder e deve reafirmar
a legitimidade do exercício desse poder também frente à sociedade.

A partir das reflexões advindas das discussões realizadas em aula acerca da sociologia do direito de Pierre
Bourdieu, explique, com suas palavras, o que seria “a força do direito” para Bourdieu.

Resposta: A força do direito depende da grande medida da necessidade de legitimar política e socialmente o
monopólio do direito de dizer o direito por parte dos juristas. Dessa forma, o direito e a prática jurídica vinculam-
se às estratégias de universalização que estão no princípio de todas as normas e de todas as formas oficiais, pois
visam representar ou expressar o interesse geral. Disso decorre a necessidade de intervenções dentro do próprio
campo para reafirmar externamente a retórica da autonomia, da neutralidade e da universalidade, que em
conjunto são a própria expressão de todo o funcionamento do campo jurídico.

Nesse sentido, segundo o autor o campo jurídico seria apenas relativamente autônomo, sofrendo pressões tanto
por parte do campo político quanto na sociedade em geral. Desse modo, cabe aos juristas reafirmar os aspectos
que fundamenta, o funcionamento de se campo e legitimam sua atividade frente aos demais campos existentes na
sociedade. Não cabe apenas o licenciamento ou o reconhecimento formal para o exercício da atividade jurídica
(seja ela de magistrados, advogados, professores ou etc.) ou apenas negociações com o poder político para
garantir seu monopólio uma vez que a foça do direito advém justamente da legitimidade de uma reinvindicação
eficaz dessa prerrogativa, tanto frente à sociedade quanto ao poder político.

Segundo Bourdieu é através da retórica da autonomia, neutralidade e universalidade que o campo jurídico
consegue reivindicar eficazmente o monopólio do direito de dizer o direito, e de onde extrai a força necessária
para fazer suas decisões, independentemente de seu conteúdo, serem tomadas coo expressões da vontade geral,
ou do bem comum.

16 – Discorra como Émile Durkheim, Marx Weber relacionavam a modernidade com o direito em suas reflexões.

Resposta: Durkheim entendia que o social deveria ser explicado pelo social, existindo explicações sociais para as
causas sociais. Para ele, é a moralidade que norteia a conduta das pessoas na sociedade, sendo o Direito uma
consequência dessa moralidade. O indivíduo, antes mesmo do surgimento do Direito, entendia que ao praticar
determinada conduta fora do que a sociedade entendia como moral, poderia receber sanções sociais e, por tal
razão, age de acordo com a moralidade. Dessa forma, não se faz necessária uma lei para construir uma sociedade,
sendo ela própria, observando o conceito de moralidade, a construir o Direito. Acreditava que cada um tem uma
função na sociedade, havendo uma divisão de tarefas. Classifica determinada sociedade como primitiva,
entendendo haver uma solidariedade mecânica, onde os laços são mais fortes e os sujeitos possuem uma
consciência coletiva maior, punindo com sanções mais severas as condutas que contraria, a moralidade,
direito repressivo. Já no que classifica como sociedade complexa, haveria uma solidariedade orgânica, onde os
laços são mais fracos, existindo uma maior consciência individual e não coletiva, onde os conflitos são resolvidos
em maior parte pelo Direito Privado, onde haveria também sanções menos severas, direito restaurativo. Essa
dinâmica seria uma demonstração de que é a sociedade que cria o Direito.

Weber explicita que a modernidade e Direito também versam sob os três tipos de ideia de dominação legítima do
poder, sendo elas a dominação tradicional, legal e carismática. A dominação racional-legal ou legal consiste na
dominação existente no Estado moderno, a partir da criação de leis abstratas, racionalmente construídas, seguindo
uma ordenação racional do procedimento de criação e elaboração pelo poder legislativo, um exemplo dessa
dominação pode ser dado através de qualquer menção à obediência às leis, uso de cinto de segurança, respeito à
lei de trânsito, respeito a ordenação das etapas do processo, entre outras. A dominação carismática é a dominação
baseada na presença de um líder, carismático, que sendo a ele atribuído o poder pelos demais membros da
sociedade, domina e lidera a organização social. Um exemplo desse tipo de dominação seria a menção à figuras
como Hitler, Berlusconi e outros líderes políticos que exerçam seu poder ao longo da história ocidental. A
dominação tradicional está relacionada com as forças da tradição, como por exemplo, a religião, pode ser
exemplificada pela obediência aos preceitos apresentados pelos padres, como membros da igreja católica. Além
disso, deve indicar que para Weber, o Direito é o reflexo de uma progressiva racionalização das relações sociais.
Assim, ele seria uma característica dos Estados modernos que exercem uma dominação legal através da
constituição de um aparato burocrático.

17 – Após a leitura da matéria abaixo, desenvolva uma reflexão sociológica com base em pelo menos uma das
ideias debatidas ao longo do curso.

Funil profissional: Restrições à atuação de advogados leva grupo a propor reorganização da profissão.

(...)

Resposta: A dogmática jurídica pressupõe que os conflitos devem ser eliminados da sociedade e que este é o papel
do Direito: resolver/extinguir os conflitos. Isso é revelador da nossa sensibilidade jurídica, conceito de Clifford
Geertz, antropólogo norte-americano, incorporado no Brasil por Kant de Lima, que identifica o conflito como
algo que desafia a ordem.

Quando ocorre algum conflito estamos flertando com a desordem, com o esfacelamento da ordem social. Por sua
vez, essa percepção guarda relação com a ideia de que a ordem social e as regras de direito que a regem não são da
sociedade, e sim do Estado. É de cima para baixo que ela é construída, então os setores da sociedade têm que
manter-se cada um no seu lugar. É o que se chama de princípio hierárquico.

18 – Apresente um caso concreto que envolva um fenômeno jurídico que possa ser explicado pela ótica do
conceito de pluralismo jurídico.

Resposta: Direito de Passárgada, onde o presidente da associação de moradores, que também era dono de um
comércio local e atuava em uma entidade religiosa, agia, além de todas essas funções sociais, como uma espécie
de juiz, para resolves as questões cotidianas daquela localidade. Ou seja, as funções para a resolução dos conflitos
em Passárgada não eram tão definidas e hierarquizadas como no modelo oficial de Direitos do Estado capitalista.

19 – O Tribunal do Júri foi inserido no Brasil a partir do modelo inglês, ou seja, de uma sociedade que pode ser
representada por um paralelepípedo de valores igualitários, em que o Direito tem o papel de proteger os
indivíduos. Aponte duas adaptações que o modelo de Trial by Jury sofreu para ser inserido na sociedade brasileira
e o impacto que têm sobre a nossa compreensão dos valores sociais brasileiros, de acordo com o trabalho de
Roberto Kant de Lima.

Resposta: Os jurados passam a ser selecionados pelo juiz e deixam de ser selecionados de forma ampla,
privilegiando aqueles que são pelo juiz conhecidos; há uma redução do número de jurados; é estabelecida a
incomunicabilidade, ou seja, os jurados não podem conversar na sala secreta para decidirem o caso.
Tais mudanças revelam que o nosso paradigma de conhecimento é centrado nas autoridades, demonstrando
desconfiança do conhecimento popular e do senso comum.

20 – Em maio de 2015, o STF julgou, em sede de RE com repercussão geral, favoravelmente a possibilidade de o
MP promover investigações. Consta na ementa do processo RE n.º 593.727 – MG: (...)

Consta, no entanto, oposição à tese eventualmente vitoriosa, posicionamento de associações ligadas a PC: (...)

Defina os dois tipos de competição profissional analisados por Maria da Gloria Bonelli e então classifique o tipo
de competição ocorrido entre o MP e a Polícia Judiciária no RE 593.727 – MG.

Resposta: Os dois tipos de competição são: o Intraprofissional e o Interprofissional.

A competição Intraprofissional são aquelas disputas pelo modo coreto de se desempenhar a profissão, por
posições superiores na hierarquia interna (formal ou informal) e acerca da ideologia profissional.

A competição Interprofissional é o atrito ocasionado pela disputa por espaço de ação profissional e o conflito
entre ideologias de ação distintas.

No caso em análise, trata-se de competição interprofissional, uma vez que são profissões distintas (membros do
MP e Polícia civil) e se trata de uma disputa pelo monopólio de uma competência. A disputa noticiada reforça o
argumento da autora, de que disputas são mais intensas entre em profissões próximas, que atuam em relação e
disputam espaço de ação profissional.

21 – “[A abordagem de Bourdieu] está centrada no poder da doutrina legal e particularmente na linguagem do
direito de tornar a realidade social em uma realidade jurídica e a maneira com que os guardiães deste poder – uma
profissão jurídica cada vez mais institucionalizada – gradualmente constroem para si mesmos uma posição na
administração e evolução do estado. (Bourdieu, 1994, 99-145)” (Dezalay e Madsen, 2012, pp. 437-438)

Discorra sobre a relação entre o monopólio da linguagem jurídica e a “força do Direito”, dentro e fora do campo
jurídico, segundo o sociólogo francês Pierre Bourdieu.

Resposta: O monopólio da linguagem jurídica garante aos juristas também o monopólio do campo jurídico.
Significa que podem disputar a autoridade de ter a última palavra sobre o direito, o poder de dizer o direito, de
forma relativamente independente de fatores externos, uma vez que só estes compreendem o corpo textual de leis
e doutrinas na qual se baseia a atividade jurídica.

Além disto, o esoterismo da linguagem jurídica também é interessante para o Estado e demais forças sociais
dominantes. A força do direito está justamente em ordenar a sociedade politicamente sem fazer política. Mesmo
que no campo jurídico se reproduza a relação de forças da sociedade em geral – por exemplo, pela possibilidade
de pessoas mais ricas poderem contratar melhores advogados -, o resultado favorável às forças dominantes,
descrito na linguagem jurídico, é entendido como resultado técnico neutralizando a percepção de desigualdade
social.

22 – (caso do índio que foi julgado por sua tribo e terá que cumprir a “sentença imposta por eles)

Mobilizando os debates realizados durante o módulo, como podemos analisar sociologicamente o caso exposto
no trecho acima?

Resposta: Trata-se de pluralismo jurídico, que se refere a existência e o reconhecimento de diferentes fontes de
normas jurídicas que coexistem em determinado grupo social. O pluralismo jurídico se opõe a ideia de monismo
jurídico, ou seja, de que o direito provém apenas do Estado. Tal conceito foi trazido por meio de pesquisa por
Boaventura de Sousa Santos.
23 – Discorra sobre o conceito de habitus de Pierre Bourdieu relacionando-o ao campo jurídico.

Resposta: Bourdieu entendeu que a sociologia jurídica não poderia ser encarada apenas sob o enfoque do Direito
em si mesmo, segundo a positivação normativa, assim como não deveria ser abordado apenas pelo prisma
sociológico dos fatos sociais. Segundo Bourdieu a ordem social é dividida em diversos campos onde se travam
batalha pelo acúmulo de capital específico, relacionado ao conhecimento de cada campo, de forma a se estruturar
a dominação de cada qual, distinguindo-se dominantes e dominados.

Porém, Bourdieu destaca que estes campos de conhecimento não são estanques entre si, mas sim interligados, de
forma que a complexa realidade social pode ser analisada como um todo segundo a realidade específica de cada
campo e sua correlação com os demais campos segundo a posição dominante e dominado desempenhada em cada
qual. Para Bourdieu é possível que o capital jurídico no seu campo específico pode ser transportado para outros
campos, coo político e o econômico por exemplo, sendo que a recíproca também é verdadeira, denotando-se
assim a dinâmica social pelo acúmulo de capital e dominação de campos sociais.

A força do Direito, segundo Bourdieu, provém da sua capacidade de transformar um corpo de doutores em um
corpo de doutrina, despersonificando a capacidade de se dizer o que é o Direito e estruturando a dominação no seu
campo de conhecimento. Para o autor, habitus “é o sistema de disposições duráveis, estruturas estruturadas
predispostas a funcionarem como estruturas estruturantes, isto é, como princípio que gera e estrutura as
práticas e as representações que podem ser objetivamente “regulamentadas” e “reguladas” sem que por
isso sejam os produtos de obediência de regras, objetivamente adaptadas a um fim, sem que se tenha
necessidade da projeção consciente deste fim ou do domínio das operações para atingi-lo”.

Para relacionar com a sua realidade e os fenômenos do campo jurídico, a transmissão do saber jurídico se dá a
partir da leitura de textos de doutrina e sem a devida reflexividade sobre os textos jurídicos. Ou ainda o uso das
vestimentas no tribunal, que deve ser formal e implicitamente aprendida na prática.

24 – A partir das questões sobre profissionalismo debatidas ao longo do módulo, analise sociologicamente as
consequências advindas da Operação Lava Jato no que diz respeito às profissões jurídicas e ao cenário político no
Brasil.

Resposta: Em relação a uma análise sociológica possível das consequências advindas da Operação Lava Jato
podemos citar Maria da Gloria Bonelli, na sua concepção de competição intra e interprofissional. A competição
intraprofissional é aquela travada entre profissionais de uma mesma carreira, por exemplo entre juízes mais
antigos e juízes mais jovens ou entre procuradores e promotores estaduais. A competição interprofissional é
aquela que se dá entre os profissionais de profissões diferentes, por exemplo, entre advogados e magistrados ou
entre advogados e promotores. Além disso, há a dinâmica de competição interprofissionais entre os profissionais
de diferentes poderes constituídos. Desse modo, a permanência dos quadros profissionais que ganharam
notoriedade na referida operação o cenário político, alguns deles em cargo em outros poderes, sugere uma lógica
competitiva no arranjo institucional brasileiro.

Outra resposta válida seria a abordagem que Bourdieu entendia que a ordem social é dividida em diversos campos
onde se travam a batalha pelo acúmulo de capital específico, relacionado ao conhecimento de cada campo, de
forma a se estruturar a dominação de cada qual, distinguindo-se dominantes e dominados. Porém, Bourdieu
destaca que estes campos de conhecimento não são estanques entre si, mas sim interligados, de forma que a
complexa realidade social pode ser analisada como um todo, segundo a realidade específica de cada campo e sua
correlação com os demais campos, segundo a posição de dominante e dominado desempenhada em cada qual.
Para Bourdieu é possível que o capital jurídico no seu campo específico pode ser transportado para outros
campos, como o político e o econômico por exemplo, sendo que a recíproca também é verdadeira, denotando-se
assim a dinâmica social pelo acumulo de capital e dominação de campos sociais.

25 – Em sua obra, Durkheim fala sobre dois tipos de solidariedade. Quais são esses tipos e como esses conceitos
afetam a interpretação dele sobre a conformação das sociedades?
Resposta: Segundo os conceitos analíticos elaborados por Durkheim, as duas formas de solidariedade
correspondem às duas formas extremas de organização social. A solidariedade mecânica: laços fortes, pouca
diferença entre os indivíduos, valores comuns, sociedades primitivas, indivíduo não vem 1º lugar, sentimentos
coletivos, direito penal (repressivo) e solidariedade orgânica: laços fracos, cada um exerce sua função,
diferenciação social, valores privados, sociedades complexas, individuo em 1º ligar, direito civil (restitutivo)
contratualismo.

26 – Roberto Kant de Lima constitui a categoria teórica chamada administração institucional de conflitos que
pode ser aplicada, à sensibilidade jurídica brasileira para a compreensão, especialmente, do sistema criminal.
Explique a seguinte afirmativa: Em nossa sensibilidade jurídica, os conflitos são valorados negativamente.

Resposta:

27 – “Pesquisa aponta que o judiciário é o poder menos transparente... Pesquisa feita para a apuração da falta de
transparência nos Tribunais.

Analise sociologicamente o trecho da notícia acima reproduzido.

Resposta: Existe a relação com a burocracia e a forma de organização do Estado moderno, através da burocracia
como explica Max Weber. A estruturação dessa instituição que tem sido alvo de reformas recentes, com aponta
Maria Tereza Sadek. E os aspectos relacionados à sociologia da administração judiciária e os obstáculos para
acesso à justiça debatidos por Boaventura de Souza Santos.

28 – A pesquisadora Jaqueline Sinhoretto, ao analisar as evidências corporais e as diferenças sociais verificadas


entre os grupos de profissionais jurídicos, verificou que “há também segmentações no interior dessa elite
(judiciária) que traduzem disputas, lutas, resistências, deslocamentos, defasagem de poder: os operadores que
procuram fugir da ostentação, material reforçam ainda mais um certo “figurino” que tende ao sóbrio, visando à
mensagem do desprendimento material: qualquer terno, portanto azul ou cinza; qualquer camisa, portanto branca;
qualquer sapato, portanto preto; qualquer gravata, portanto na cor do terno ou vermelha, sempre lisa, de pequenas
estampas ou listrada. A versão feminina geralmente comporta mais variações, acompanhando o padrão de gênero
na sociedade abrangente, mas dificilmente escapa-se da saia reta, do casaquinho e do sapato fechado de salto
médio e bico fino, predominantemente em tons pastéis.”

Qual autor da Sociologia e qual categoria por ele mobilizada é útil para explicar o comportamento descrito pela
pesquisadora?

Resposta: O uso das vestimentas explicita o habitus, segundo Pierre Bourdieu, “é o sistema de disposição
duráveis, estruturas estruturadas predispostas a funcionarem como estruturas estruturantes, isto é, como princípio
que gera e estrutura as práticas e as representações que podem ser objetivamente “regulamentadas” e “reguladas”
sem que por isso sejam os produtos de obediência de regras, objetivamente adaptadas a um fim, sem que se tenha
necessidade da projeção consciente deste fim ou do domínio das operações para atingi-lo”.

29 – Disserte sobre a “Reforma do Judiciário”, protagonizada pela Emenda Constitucional n.º 45, de 2004,
discutindo se ela é técnica ou política. Apresente elementos que confirmem seu posicionamento, bem como
justifique com os teóricos estudados.

Resposta: As reformas do poder judiciário que criaram os Juizados Especiais e tornaram a questão do acesso à
justiça o centro das políticas públicas judiciárias, como aponta Maria Tereza Sadek. Embora tenha ocorrido
mudanças nos institutos jurídicos, sendo de cunho técnico, seus fundamentos possuem estrito relacionamento
com fundamentos políticos.
30 – Na pesquisa realizada por Maria Gloria Bonelli, a autora analisa a convivência entre profissionais da área do
Direito com as observações da pesquisa, existe competição entre eles? Em caso positivo quais seriam esses tipos
de competição? Explique-os.

Resposta: Existe a competição intra e interprofissional.

A competição intraprofissional é aquela travada entre profissionais de uma mesma carreira. Já a competição
interprofissional é aquela que se dá entre profissionais de profissões distintas.

31 – Émile Durkheim, junto com Karl Marx e Max Weber, compõe aquilo que é amplamente considerado como a
tríade dos pensadores clássicos da sociologia. Foi um dos principais sociólogos do que se pode ser considerada a
primeira geração de pensadores dedicados à disciplina, sendo também responsável pela constituição da sociologia
como uma ciência autônoma, cujo objeto, segundo sua teoria, seria o “fato social”.

Em seus estudos sobre a divisão do trabalho social e seus efeitos nas diferentes sociedades, buscou relacionar
cada estrutura social com uma moralidade própria e com o tipo de direito que corresponderia ou seria expressão
dessas diferentes modalidades.

Discorra sobre os tipos de solidariedade social apresentados na obra de Émile Durkheim e explique a forma como
eles se relacionam com o Direito.

Resposta: Solidariedade mecânica e Solidariedade orgânica.

Solidariedade mecânica ou por similitude: é aquele tipo de solidariedade social que é estabelecida pela
semelhança entre os membros do corpo social, predominante nas sociedades pouco desenvolvidas (Feudal), onde
a divisão do trabalho é pouco diversificada e difundida. É o vínculo de solidariedade social ao qual corresponde o
direito repressivo/penal, uma vez que através da severidade das sanções por ele cominadas expressam aqueles
aspectos da moralidade que estão fortemente arraigados na consciência coletiva da sociedade, e que representam
a intensidade dos valores compartilhados pelos membros do corpo social. Ou seja, caracterizada pela semelhança,
mesmo conjunto de valores. Típica das sociedades pré-modernas em que na consciência de seus indivíduos
predomina os sentimentos comuns a todos, os sentimentos coletivos (similares); seus membros compartilham
dos mesmos sentimentos, experiências, os mesmos valores, reconhecem os mesmos objetos como sagrados; A
coesão é garantida porque seus membros ainda não se diferenciaram.

Solidariedade orgânica: Essa solidariedade se conforma a partir da interdependência entre os membros do corpo
social, que em uma sociedade industrial devem se especializar cada vez mais para se integrarem ao mercado de
trabalho e à sociedade. A partir do momento em que cada um é instado a se especializar e exercer sua função,
passamos a nos sentir parte integrante e interdependente do todo social. É o direito civil ou contratual aquele que
corresponde a este tipo de solidariedade social, é o direito restaurativo. Isto porque ele expressa em sua
amplitude e diversidade (direitos reais, direito comercial, de família, contratual, de sucessões, etc.) a
complexidade e interdependência entre os indivíduos de uma sociedade que pela crescente divisão do trabalho
social, propiciada pela industrialização, se torna cada vez mais complexa e diversificada. Ou seja, A consciência
individual e a coletiva encontram-se diferenciadas, cabendo à divisão do trabalho o papel de promover a coesão
social.

32 – Leia os trechos abaixo e responda ao que se pede.

Texto 1: Tráfico impõe toque de recolher e uso obrigatório e máscaras em favelas do Rio durante a pandemia. (...).

Texto 2: Direito de Passárgada (...)

Os trechos apresentados apontam para a existência de fenômenos sociojurídicos que desafiam a tese de que o
Direito provém apenas do Estado.
Qual categoria trabalhada em aula nos guia a compreender sociologicamente a existência de realidades como o
“Direito de Passárgada” e o “tribunal do tráfico”? Discorra sobre o conceito e sua relação como os fenômenos
acima descritos.

Resposta: Pluralismo jurídico. O pluralismo jurídico se refere à existência e o reconhecimento de diferentes


normas jurídicas em determinada localidade ou contexto social. O pluralismo jurídico demonstra a variedade de
lógicas de regulação social que se pode encontrar na sociedade, e que o direito do Estado é apenas mais uma
dentre outras formas de regulação da vida social. Nesse sentido, o pluralismo jurídico se opõe a ideia do minismo
jurídico, ou seja, de que o direito provém apenas do Estado.

33 – Leia os trechos abaixo e responda o que se pede.

Texto 1: ex-ministro de Dilma critica STF: “Está usurpando atribuições do Executivo”. (...).

Texto 2: “É da cena contemporânea de cultura democrática a projeção do papel do juiz em quase todos os aspectos
da vida social...

Explique o conceito sociológico trabalhado em sala que pode ser mobilizado para analisar o fenômeno de
projeção do Judiciário em direção à política e demais aspectos da vida social.

Resposta: O fenômeno explicitado acima refere-se a da judicialização da política e da vida social, segundo Luiz
Werneck Vianna. O judiciário exerce um protagonismo republicano em nosso sistema jurídico-político. Ocorreu a
transformação das instituições nas últimas décadas em decorrência dos processos sociais que marcam a história
do país, alternando o equilíbrio entre os poderes da República e a proeminência do judiciário em função da
explosão do número de demandas de toda a natureza, inclusive política e de suas decisões que muitas vezes
interferem no âmbito das atribuições dos outros poderes.

34 – Com base no que foi trabalhado em sala de aula, em diálogo com a obra de Max Weber, relacione os
fenômenos da racionalização e burocratização, ocorridos com o advento do Estado moderno, com o papel
desempenhado pelo direito para emergência e consolidação do capitalismo.

Resposta: Para Weber o fenômeno da racionalização da vida em sociedade, como por exemplo a burocratização
da organização social, ocorrida no mundo como o fenômeno explicativo da modernidade. Weber analisou a forma
como as transformações sociais, sobretudo a divisão do trabalho social, afetaram as relações na modernidade, a
partir da racionalização. O sociólogo explica que, com a divisão do trabalho social e a decorrente racionalização
das relações sociais surge a dominação racional-legal pelo direito e a burocratização da vida em sociedade.

Segundo Weber, o Direito acabou por fornecer as condições de manutenção do poder do Estado. A objetividade
do Direito racional moderno e da administração formal (burocrática) permite um grau de generalização da
autoridade, ultrapassando os limites das relações pessoais de cunho patrimonial. Assim, pode-se dizer que o
direito teve o papel de conferir a calculabilidade necessária para o desenvolvimento de um mercado capitalista.

35 – Conforme Boaventura de Sousa Santos, em seu “Direito de Passárgada”, quais eram as diferenças entre a
Sociologia do Direito ao final do século 19 e a Antropologia do Direito?

Resposta: No final do século 19, a Sociologia do Direito se preocupava em estudar as sociedades ocidentais e
complexas, enquanto a Antropologia do Direito estudava as primitivas e tradicionais. A partir de 1960, pós
guerras, houve uma subversão e uma passou a se dedicar ao objeto da outra, saindo o conhecimento antropológico
do gueto primitivo.

36 – Boaventura de Sousa Santos fala sobre uma forma de resolução de conflitos usada em uma favela carioca nos
anos de Regime Militar brasileiro, observada por ele ao longo de sua pesquisa. De que o autor está falando?
Resposta: No período de sua pesquisa, ele concluiu que havia mais de uma ordem jurídica no país, chamando isso
de um pluralismo jurídico, capaz de resolver conflitos dentro de determinados locais sem que se usasse as
formalidades do sistema de justiça brasileiro, que ele chamou de Direito de Passárgada.

37 – De acordo com os estudos de Maria Sadek, a Sociologia Jurídica surgiu a partir dos anos de 1970, com a
criação do curso de mestrado em Sociologia na Universidade Federal de Pernambuco por Cláudio e Solange
Souto e Joaquim Falcão. O que isso acarretou para tal campos de estudos, ou seja, para a Sociologia jurídica?

Resposta: Por conta de uma ampliação dos limites do Direito e de sua incursão para as ciências sociais, ocorreu a
obrigatoriedade da disciplina sociologia jurídica no curriculum dos cursos de Direito a partir do final dos anos de
1970. Esta decisão forçou a formação de profissionais nesta área, bem como legitimou postulações de juristas na
Sociologia.

38 – De acordo com os estudos de Maria Bonelli, foi a partir dos anos 1990 que ocorreu um boom na criação de
Faculdades de Direito no Brasil – principalmente de cursos privados, o que facilitou a entrada de pessoas oriundas
de classes e origens sociais das mais diversas, que ingressaram nesse ambiente repleto de tradições masculinas,
que é o ramo jurídico. E nesse boom acadêmico, a entrada de mulheres ocorreu de forma considerável. Ao longo
dos anos 2000, o número de mulheres cadastradas na OAB paulista, ou em processo de adesão, era maior que
50% em relação ao número de homens – proporção que aumentou em 10 anos. O que isso veio demonstrar na
prática das profissões jurídicas?

Resposta: Isso demonstrou, na prática, um processo de feminização na área jurídica do país.

39 – Kant de Lima apresentou um seu artigo “Administração de conflitos, espaço público e cidadania: uma
perspectiva comparada” (2001), uma comparação entre a sociedade estadunidense e a brasileira. O que ele levou
em conta nessa comparação?

Resposta: Ele tratou da oposição do público com o não público por lá e por aqui, analisando questões no âmbito
local e geral e a aplicação do universal e do particular em ambas as nações.

40 – Relacione o monismo jurídico com a ideia de dominação legal em Max Weber.

Resposta: A formação do Estado moderno, passando pelo conceito de secularização, a legitimidade do monopólio
estatal em termos weberianos. Dominação legal tendo características de tipo ideal – com a exclusividade de
produção normativa das burocracias estatais.

41 – Porque os conflitos são vistos como negativos na sensibilidade jurídica brasileira.?

Resposta: Para os estudiosos da Sociologia, o conflito é permanente, especialmente nas sociedades ditas como
democráticas e plurais, onde vigora o princípio do respeito às diferenças e à liberdade.

Para Marx a natureza do conflito é percebida através das expressões na luta de classes, sendo o motor da história.
É através dele que ocorrem as mudanças sociais e, em última instância, a superação da sociedade de classes.

Durkheim percebe o conflito como revelador do esforço para manutenção da ordem social que estabelece
determinadas sanções por uma compreensão coletiva de necessidade de estabilização de regras sociais.

O conflito para Weber decorre de um processo racional de disputa identificado pela competição por um objeto
desejado pelos conflitantes.

A dogmática jurídica pressupõe que os conflitos devem ser eliminados da sociedade e que este é o papel do
Direito: resolver/extinguir os conflitos. Isso é revelador da nossa sensibilidade jurídica, conceito de Clifford
Geertz, antropólogo norte-americano, incorporado no Brasil por Kant de Lima, que identifica o conflito como
algo que desafia a ordem.

Quando ocorre algum conflito estamos flertando com a desordem, com o esfacelamento da ordem social. Por sua
vez, essa percepção guarda relação com a ideia de que a ordem social e as regras de direito que a regem não são da
sociedade, e sim do Estado. É de cima para baixo que ela é construída, então os setores da sociedade têm que
manter-se cada um no seu lugar. É o que se chama de princípio hierárquico.

42 – Bourdieu pressupõe uma abordagem ao Direito a partir de uma interpretação historicamente situada, opondo
-se às visões hegemônicas – a formalista e a instrumentalista. Assim, indique como esse autor propõe a
compreensão do Direito e discorra sobre como esse conceito pode ser entendido sociologicamente.

Resposta: Como campo jurídico, qual seja um campo social autônomo que possui regras próprias de
reconhecimento de um capital simbólico em que há uma disputa entre dominantes e dominados.

Em suas palavras Bourdieu aduz: “Para romper com a ideologia da independência do direito e do corpo judicial,
sem se cair na visão oposta, é preciso levar em linha de conta aquilo que as duas visões antagonistas, internalistas
e externalista, ignoram uma e outra, quer dizer, a existência de um universo social relativamente independente em
relação às pressões externas, no interior do qual se produz e se exerce a autoridade jurídica, forma por excelência
da violência simbólica legítima cujo monopólio pertence ao Estado e que se pode combinar com o exercício da
força física. As práticas e os discursos jurídicos são, com efeito, produto do funcionamento de um campo cuja a
lógica específica está duplamente determinada: por um lado, pelas relações de força específicas que lhe conferem
a sua estrutura e que orientam as lutas de concorrência ou, mais precisamente, os conflitos de competência que
nele tem lugar e, por outro lado, pela lógica interna das obras jurídicas que delimitam em cada momento o espaço
possível e, deste modo, o universo das soluções propriamente jurídicas”.

43 – Discorra como Émile Durkheim relacionava a modernidade com o Direito em suas reflexões.

Resposta: Na visão de Durkheim, a sociedade é que constrói o Direito. Entedia que o social deveria ser explicado
pelo social, existindo explicações para as causas sociais. Para ele, é a moralidade que norteia a conduta das
pessoas na sociedade, sendo o Direito uma consequência dessa moralidade. O indivíduo, antes mesmo do
surgimento do Direito, entendia que ao praticar determinada conduta fora do que a sociedade entendia como
moral, poderia receber sanções sociais e, por tal razão, age de acordo com a moralidade. Dessa forma, não se faz
necessária uma lei para construir uma sociedade, sendo ela própria, observando o conceito de moralidade, a
construir o Direito. Durkheim acreditava que cada um tem uma função na sociedade, havendo uma divisão de
tarefas. Classifica determinada sociedade como primitiva, entendendo haver uma solidariedade mecânica, onde
os laços são mais fortes e os sujeitos possuem uma consciência coletiva maior, punindo com sanções mais severas
as condutas que contrariam a moralidade – Direito repressivo. Já no que classifica como sociedade complexa,
haveria uma solidariedade orgânica, onde os laços são ais fracos, existindo uma maior consciência individual e
não coletiva, onde os conflitos são resolvidos em maior parte pelo Direito Privado, onde haveria também sanções
menos severas. Essa dinâmica seria uma demonstração de que é a sociedade que cria o Direito. – Direito
restitutivo.

44 – Desenvolva sobre os tipos de dominação explicitados por Max Weber em sua obra, enunciando qual desses
tipos melhor se relaciona com o Estado Moderno e por quais razões.

Resposta: Weber explicita os três tipos de ideia de dominação legítima do poder, sendo elas a dominação
tradicional, legal e carismática. A dominação racional-legal ou legal consiste na dominação existente no Estado
moderno, a partir da criação de leis abstratas, racionalmente construídas, seguindo uma ordenação racional do
procedimento de criação e elaboração pelo poder legislativo, um exemplo dessa dominação pode ser dado através
de qualquer menção à obediência às leis, uso de cinto de segurança, respeito à lei de trânsito, respeito a ordenação
das etapas do processo, entre outras. A dominação carismática é a dominação baseada na presença de um líder,
carismático, que sendo a ele atribuído o poder pelos demais membros da sociedade, domina e lidera a organização
social. Um exemplo desse tipo de dominação seria a menção a figuras como Hitler, Berlusconi e outros líderes
políticos que exerçam seu poder ao longo da história ocidental. A dominação tradicional está relacionada com
as forças da tradição, como por exemplo, a religião, pode ser exemplificada pela obediência aos preceitos
apresentados pelos padres, como membros da igreja católica. Além disso, deve indicar que para Weber, o Direito
é o reflexo de uma progressiva racionalização das relações sociais. Assim, ele seria uma característica dos
Estados modernos que exercem uma dominação legal através da constituição de um aparato burocrático.

45 – Disserte sobre o monismo e o pluralismo jurídico trazendo para o debate ideias de pelo menos dois autores
trabalhados ao longo do módulo.

Resposta: O pluralismo jurídico na visão de Boaventura Sousa Santos, se refere à existência e o reconhecimento
de diferentes normas jurídicas. O pluralismo jurídico se opõe a ideia do monismo jurídico, ou seja, de que o
direito provém apenas do Estado. Associando a ideia do Estado moderno tal qual retrata Max Weber. E para
Durkheim existe diferentes normas morais reconhecidas pelo Estado.

46 – Conforme Boaventura de Sousa Santos em seu “Direito de Passárgada”, de qual Direito ele estava falando e
onde esse Direito era aplicado? E por que ele o chamou dessa forma?

Resposta: O autor estava se referindo as formas em que os moradores de uma favela carioca resolviam seus
conflitos, sem terem a formalidade do Direito brasileiro, tal qual é aplicado. À época de sua pesquisa, por conta do
regime militar brasileiro, por três décadas o autor manteve o nome Passárgada (inspirado em um poema de
Manuel Bandeira) a fim de proteger a favela de ataques políticos e militarizados. A partir dos anos 2000, o autor
revelou o nome real: Jacarezinho.

47 – Explique e dê exemplos do que são os “campos” para Pierre Bourdieu.

Resposta: Segundo a teoria explicativa de Pierre Bourdieu sobre a sociedade, o social é constituído por campos,
microcosmos ou espaços de relações objetivas, que possuem uma lógica própria, não reproduzida e irredutível à
lógica que rege outros campos. São tanto campo de forças, uma estrutura que constrange os agentes nele
envolvidos moldando a forma como devem agir dentro de seu âmbito, quanto campos de luta, em que os agentes
atuam conforme suas posições relativas no campo de forças, na luta por posições de maior poder riqueza e
prestígio, conservando ou transformando a sua estrutura.

48 – Leia a notícia abaixo e responda o que se pede.

“O trunfo que Augusto Aras acredita ter nas mãos para tirar o lugar de Mendonça no STF...”

Qual(is) espécie(s) de interação entre os profissionais do sistema de justiça foram observadas por Maria da Gloria
Bonelli em suas pesquisas sobre as profissões jurídicas? Dê exemplos sobre as formas que elas podem ocorrer.

Resposta: A pesquisa identificou uma interação competitiva dada pela posição que os profissionais ocupam no
universo das profissões no sistema de justiça. A estruturação do mundo jurídico gera interdependência entre as
diferentes ocupações, onde existem diferentes perspectivas sobre o seu funcionamento. Os lugares de onde cada
uma dessas profissões e seus segmentos internos se relacionam no universo profissional condicionam as
interações mantidas entre elas ao mesmo tempo que geram possibilidades de ação em busca de melhores posições
dentro do sistema profissional. Tanto os constrangimentos quanto os incentivos que esta estrutura engendra se
materializam nas tensões, nos conflitos e na dinâmica do campo da justiça e pode ser captada na forma como ela
se concretiza na região estudada, facilitando a compreensão de sua lógica. Essa interação gera competições
intraprofissionais (aquelas que se dá entre os pares, relacionada a estratificação das profissões; ocorre no interior
das profissões) e competições interprofissionais (disputas entre distintas profissões que atuam em áreas próximas
e procuram imprimir a forma como lidar com a questão comum a elas).
49 – A reforma do judiciário é um fenômeno amplamente abordado pelos pesquisadores estudados. Explique dois
fatores que impulsionaram a sua implementação, bem como dois instrumentos utilizados para administrar as
críticas do judiciário.

Resposta: Pode-se citar como exemplos a morosidade e eficiência do judiciário, bem como a ausência do controle
externo.

Cito como dois instrumentos a criação do CNJ e a centralidade dos Juizados Especiais.

As reformas do poder judiciário que criou os juizados especiais, por exemplo, tornaram a questão do acesso à
justiça o centro das políticas públicas judiciárias, conforme Maria Tereza Sadek.

O tipo de administração institucional de conflitos foi inspirado de outros sistemas e que, na prática, não garantem
por si só um maior acesso à justiça, conforme indica Roberto Kant de Lima.

50 – Leia atentamente o excerto abaixo:

“Regularização de imóveis vai prever “direito de laje”: Processo dependerá de aval das prefeituras. Área de risco
não pode entrar.

...

Como se pode compreender sociologicamente a reportagem acima a partir da abordagem de Boaventura de Sousa
Santos?

Resposta: Através do pluralismo jurídico no sentido utilizado por Boaventura de Sousa Santos, que se refere à
existência e o reconhecimento de diferentes dimensões de normatividade fora do campo estatal.

Em seu estudo empírico, o autor destaca a vigência de mais de uma ordem jurídica no mesmo espaço geopolítico;
o que pode decorrer de diversas questões sociais, tais como exclusão racial e econômica, por exemplo.

O texto apresentado na questão explicita uma norma já descrita sociologicamente antes do reconhecimento estatal
narrado, sendo certo que conforme exposto na relação das diferentes ordens jurídicas, algumas normatividades,
direitos, podem ser incorporados pela ordem oficial.

51 – Do ponto de vista sociológico, o que significa o maior protagonismo do Judiciário no cenário atual?

Resposta: Para Luis Werneck Vianna é o fenômeno da judicialização das relações sociais no Brasil a fim de
demonstrar como o judiciário exerce um protagonismo republicano em nosso sistema jurídico-político.

Nas últimas décadas, esta instituição passou por transformações substantivas em decorrência dos processos
sociais, que marcam a história do país, alterando o equilíbrio entre os poderes da república. A proeminência do
judiciário em função da explosão do número de demandas de toda a natureza é descrita por Werneck Vianna como
a judicialização das relações sociais.

Além disso, o judiciário passou por reformas com o objetivo de torna-lo mais célere. Este poder concentrado
permitiu ao judiciário orientar diferentes reformas como aponta Sadek.

52 – Luis Werneck Vianna identifica um fenômeno denominado “judicialização da vida social”, demonstrando
um tipo de protagonismo do Judiciário em nosso sistema jurídico-político. Considerando essa afirmativa,
explique o significado desse fenômeno, indicando e comentando os elementos que sustentam a afirmativa do
autor.

Resposta: Luis Werneck Vianna identifica o fenômeno da judicialização das relações sociais no Brasil a fim de
demonstrar como o judiciário exerce um protagonismo republicano em nosso sistema jurídico-político.
Nas últimas décadas, esta instituição passou por transformações substantivas em decorrência dos processos
sociais, que marcam a história do país, alternando o equilíbrio entre os poderes da República. A proeminência do
judiciário em função da explosão do número de demandas de toda a natureza é descrita por Werneck Vianna como
a judicialização das relações sociais.

Além disso, o judiciário passou por reformas com o objetivo de torna-lo mais célere. Este poder concentrado
permitiu ao judiciário orientar diferentes reformas como aponta Sadek.

53 – A carta constitucional brasileira prevê no artigo 37, II a obrigatoriedade de aprovação prévia em concurso
público de provas ou de provas e títulos para investidura em cargo ou emprego público. É possível dizer que tal
procedimento é uma forma de recrutamento da burocracia. A partir disso, disserte sobre esse fenômeno como
estudado por Max Weber.

Resposta: O concurso é um meio típico de recrutamento meritocrático impessoal e fundado nos conhecimentos
dos indivíduos que são aferidos por provas e diplomas.

O corpo profissional do Estado, como os juízes são moldados por este tipo de recrutamento. O perfil dos juízes no
Brasil é heterogêneo em função da multiplicidade de perfis socioeconômicos que os concursos são capazes de
recrutar segundo Maria Glória Bonelli.

As garantias e prerrogativas dos funcionários públicos que em busca de bons salários e estabilidade funcional
prestam esses concursos. Além disso, o prestígio das instituições jurídicas em função do fenômeno da
judicialização da vida social após o período de redemocratização no Brasil, segundo Luiz Werneck Vianna.

54 – Disserte sobre o pluralismo jurídico, relacionando os seguintes autores: Boaventura de Sousa Santos,
Durkheim e Weber.

Resposta: Boaventura de Sousa Santos aborda o pluralismo jurídico que se refere à existência e o reconhecimento
de diferentes normas jurídicas, se opondo a ideia do monismo jurídico, ou seja, de que o direito provém apenas do
Estado. Podendo associar esta ideia ao desenvolvimento do Estado Moderno tal qual retrata Max Weber.

55 – Em “Da democracia na América” Alexis de Tocqueville faz várias reflexões sobre a população na política e
nos valores dos Estados Unidos. Suas reflexões sobre o Poder Judiciário são também bastante relevantes.

De acordo com as discussões em aula, discorra sobre as características do Poder Judiciário nos Estados Unidos
segundo Tocqueville.

Resposta: Tocqueville considerava que o poder judiciário era o traço da aristocracia na América. Eram os juristas
que se distinguiam pelas suas vestimentas, linguagem e saber específico. Tocqueville atribuiu três características
ao poder judiciário na América: a primeira delas era a de servir de árbitro, algo que prescindia (dispensava) da
existência de processo, que por sua vez exigia que houvesse contestação. A segunda era a de apenas se pronunciar
sobre casos particulares e não sobre princípios gerais, ou seja, respeitar os limites subjetivos da coisa jugada. A
terceira era a de somente agir quando provocado, ou seja, ser inerte. A atuação política dos juízes nos Estados
Unidos então era através do controle de constitucionalidade sem interferir em políticas públicas, nem no Direito.
Sua eficácia é derivada da sua força moral.

56 – Cite e descreva as características do “fato social” de acordo com Émile Durkheim.

Resposta: São três as características do fato social de acordo com Durkheim: coerção social, exterioridade e
generalidade. O fato social exerce a força sobre os indivíduos, ele é imperativo e pode ser compreendido como
uma imposição, por isso são caracterizados pela coerção. Eles são exteriores porque agem sobre os indivíduos
independentemente de sua vontade e consciência, eles são padrões de ação anteriores e que são impostos aos
indivíduos pelo exterior. Por fim, o fato social é caracterizado pela generalidade porque ele não diz respeito a um
indivíduo, mas à coletividade, repetindo-se na vida de grupos inteiros.

57 – No filme “12 homens e uma sentença”, doze jurados precisam decidir se um jovem é inocente ou culpado
pela morte do pai. Apenas um dos jurados acredita na inocência do réu e tenta convencer os demais jurados.
Considerando o funcionamento do Tribunal do Júri no Brasil, a situação no filme seria possível? Mobilize um dos
autores para compor a resposta.

Resposta: O autor Roberto Kant de Lima aduz as adaptações sofridas pelo modelo do trial by Jury da tradição
anglo-americana para se tornar Tribunal do Júri brasileiro. Entre as adaptações é estabelecida a
incomunicabilidade, ou seja, os jurados não podem conversar na sala secreta para decidirem o caso. Dessa
maneira, a situação do filme “12 homens e uma sentença” em que os jurados discutem a sentença e um deles tenta
convencer os demais não seria possível.

58 – Explique e cite um exemplo de “conversão de capital” a partir da teoria de Pierre Bourdieu.

Resposta: Se dá quando o capital de um campo é convertido em capital de outro campo. A conversão, ou


reconversão, está ligada aos efeitos simbólicos da economia da troca simbólica, que trata das diferentes formas de
acumulação, reconversão e reprodução de capital por um indivíduo. Um exemplo deste fenômeno se dá quando
um advogado cobra honorários advocatícios transformando o capital social, cultural e profissional que possui,
próprio do campo em que ele atua, em capital econômico ao cobrar os referidos honorários.

59 – Quais espécies de interação entre os profissionais do sistema de justiça foram observadas por Maria da
Gloria Bonelli? De que forma elas ocorrem?

Resposta: Interação competitiva dada pela posição que os profissionais ocupam no universo das profissões no
sistema de justiça. A estruturação do mundo jurídico gera interdependência entre as diferentes ocupações, onde
existem diferentes perspectivas sobre o seu funcionamento. Os lugares de onde cada uma dessas profissões e seus
segmentos internos se relacionam no universo profissional condicionam as interações mantidas entre elas ao
mesmo tempo que geram possibilidades de ação em busca de melhores posições dentro do sistema profissional.
Tanto os constrangimentos quanto os incentivos que esta estrutura engendra se materializam nas tensões, nos
conflitos e na dinâmica do campo da justiça e pode ser captada na forma como ela se concretiza na região
estudada, facilitando a compreensão de sua lógica. Essa interação gera competições intraprofissionais (aquelas
que se dá entre os pares, relacionada a estratificação das profissões; ocorre no interior das profissões) e
competições interprofissionais (disputas entre distintas profissões que atuam em áreas próximas e procuram
imprimir a forma como lidar com a questão comum a elas).

60 – Explique como o Direito se relaciona com os fenômenos políticos e econômicos, utilizando um dos autores
estudados neste módulo.

Resposta: Para Marx os fenômenos políticos e econômicos relacionam-se com o Direito como elementos de
estruturação da ordem social de forma a se estabelecer uma forma de dominação. Para Marx a economia realiza a
infraestrutura da ordem social, exercendo um poder de determinação sobre os elementos que compõem a
superestrutura (ideologia, o Direito, a cultura e religião). Além disso, o autor destaca a ideia de que a ordem social
se identifica um eterno conflito de classes sociais, entre o proletariado e a burguesia, que lutam por dominação no
campo da economia, que detém o poder de determinação dos elementos estruturantes da sociedade em um
determinado momento. Para Marx a dominação dos aspectos econômicos permite que uma determinada classe
social estabeleça e determine os aspectos políticos e até mesmo o próprio Direito de uma sociedade para garantir a
manutenção dessa dominação.
61 – Explique o papel do direito no capitalismo, segundo Karl Marx.

Resposta: Para Marx, o Direito, enquanto fenômeno específico, surge na sociedade capitalista. Analisando a
história dos modos de produção, Marx vai argumentar que apenas no modo de produção capitalista é que passa a
existir instituições que podem ser denominadas especificamente de jurídicas. Assim, para Marx, no capitalismo, o
direito possui uma estrutura muito específica. Marx irá argumentar que, diferentemente dos modos de produção
pré-capitalistas, no capitalismo a dominação é feita de maneira indireta e não direta. Essa dominação acontece por
meio do direito, ou seja, o Estado e o Direito funcionam como intermediadores da dominação pelo capital. Assim,
o capitalismo se associa sempre a uma forma jurídica, que é o meio de intermediação necessário para o exercício
da dominação. O direito e o Estado são, assim, instrumentos da dominação.

Além disso, Marx atribui uma função suplementar ao direito: ele funciona como máscara ideológica. Nesse
sentido, para Marx, o direito, ao tratar as coisas em termos formais, idealista, mascara, dificultando a
compreensão da real estrutura social. Assim, segundo o autor, o direito faz com que as injustiças apareçam
formalmente desligadas da realidade.

62 – Leia o trecho abaixo.

Antes de procurar qual método convém ao estudo dos fatos sociais, importa saber quais fatos chamamos assim...

Durkheim é considerado o pai da sociologia. Afirmando a cientificidade da ciência que desenvolvia, reivindicava
um objeto cientifico próprio para a sociologia: os fatos sociais. Tais fatos sociais teriam características próprias
que os distinguiriam de objetos de estudo de outras ciências. A partir do trecho acima, explique o que Durkheim
entende por fato social, destacando e explicando as suas características principais.

Resposta: Fatos socias são: o modo de agir, de pensar e de sentir, exteriores aos indivíduos, que são suscetíveis de
exercer sobre eles uma coerção; são gerais na extensão da sociedade, possuindo uma existência própria,
independente das manifestações individuais.

Assim, apresentam três características: exterioridade, coercitividade e generalidade. A exterioridade aponta para
o fato de que esses fatos não são nem da dimensão individual nem da dimensão psíquica; assim, esses fatos que
são de outra dimensão não encontram sua base no indivíduo, mas sim na sociedade. Esses fatos sociais são
exteriores porque possuem uma realidade objetiva, eles são estabelecidos pelos próprios indivíduos, existindo
fora das consciências individuais e a elas se impondo. Ao falar sobre a coercitividade e imperatividade, Durkheim
afirma que a maioria das nossas ideias e tendências nos vem de fora e penetra por meio de uma imposição. Essa
correção dica muito evidente nos casos de resistência a ela, o que nos leva a concluir que, mesmo inconsciente,
ele existe também nos casos contrários. Esse poder coercitivo incide necessariamente pela força, mas é
internalizado inconscientemente pelos indivíduos.

63 – Leia a reportagem abaixo e responda a questão proposta.

Juiz nega indenização e invoca bíblia para fundamentar decisão... ... (sobre indenização por esperar em fila de
banco)

Partindo de um olhar sociológico, e mobilizando os principais conceitos de Weber discutidos em sala de aula,
comente a reportagem acima.

Resposta: Partindo dos conceitos de Weber, temos a ideia de racionalidade, de desencantamento do mundo,
desencantamento do direito. A modernidade resulta em uma progressiva substituição de fórmulas mágicas e da
revelação carismática do direito em prol de técnicas mais racionais na hora de decisão.

64 – Explique o fenômeno descrito por Kant de Lima chamado de “igualdade à brasileira”.

Resposta: na cultura jurídico brasileira a abordagem da igualdade na tradição brasileira está explicitada nas
desigualdades formais que são comuns nessa tradição, ou seja, a distinção de tratamento pode ser explicada pelo
fato de vivermos em uma sociedade hierarquizada em que a ordem jurídica reflete o sentido desta estratificação,
como aponta Kant de Lima.

65 – Ao longo dos últimos anos, temos visto uma crescente tensão entre os poderes políticos – Executivo e
Legislativo - e o poder judiciário, no que diz respeito a suas competências...

Um dos conceitos centrais para a análise dessa dinâmica, introduzido no debate público brasileiro, sobretudo,
pelo sociólogo Luiz Werneck Vianna, é o de judicialização da política. Diante disso, discorra sobre as origens do
processo de judicialização da política, apontando seus reflexos para a sociedade e para o sistema político e
constitucional e para a democracia brasileira.

Resposta: As causas de cunho geral estão no estado de bem estar social, a partir dos anos de 1970, com o
consequente desgaste político dos poderes eleitos. Diante disso, o Poder Judiciário passa a ser uma alternativa à
sociedade para ver efetivados direitos previstos em suas constituições, cujas normas possuem forte cunho aberto e
valorativo. Uma consequência disso é a explosão a litigância, com o Judiciário sendo demandado para questões
das mais diversas, muitas delas ligadas às competências e obrigações dos poderes eleitos.

No Brasil, mais especificamente, são causas importantes desse processo o fim da ditadura militar e o retorno à
democracia, com o fortalecimento do Poder Judiciário e do sistema como um todo. É de se ressaltar o novo papel
assumido pelo MP neste cenário, cuja atuação passa a contar como um novo instrumento – as ações civis públicas.
A mudança no modo como a tensão entre os poderes se expressa, tal qual descrito no enunciado, tem como
fundamento o progressivo desgaste da classe política brasileira.

66 – Leia o trecho da reportagem abaixo e responda a questão proposta.

BH registra aumento no número de crimes contra a mulher em 2019. ...

A partir da análise sociológica desenvolvia por Émile Durkheim sobre crime na sociedade, comente
sociologicamente a reportagem acima. Mobilize, especialmente, os conceitos de normalidade e patologia (normal
e patológico), definindo cada um dos conceitos e refletindo sobre sua aplicação ao caso apresentado.

Resposta: Para Durkheim o crime é considerado um fenômeno social normal.

A normalidade e a patologia estão relacionadas à frequência com que determinado fenômeno acontece a
sociedade. Um fenômeno é considerado normal quando ele é observável em toda a extensão da espécie. Por outro
lado, é considerado patológico quando se encontra apenas na minoria ou quando não duram muito tempo; são,
portanto, desvios sociais que agridem a consciência média coletiva. A classificação entre normal e patológico
deve ser construída de maneira contextual, histórica, ou seja, não se trata de um dado absoluto, abstrato. O crime
é, assim, um fenômeno social normal, posto que: 1º é encontrado em todas as sociedades de todos os tipos e 2º a
taxa de criminalidade nem sequer baixou na passagem de um tipo de sociedade para outra. No entanto, Durkheim
prevê a possibilidade de o crime assumir feições patológicas (anormais), quando há o aumento exagerado na taxa
de crimes.

67 – Como explicar a constituição do Estado democrático moderno?

Resposta: A criação do Estado burocrático moderno pode ser explicada através do processo de secularização tal
como descrito por Max Weber.

O processo de secularização retrata a passagem de uma ação social voltada a valores para uma ação voltada a fins.
Ele identifica um processo de racionalização progressivo da vida social. Esta racionalização coincide com o
processo de constituição do Estado-nação que busca seu fundamento no direito. Os Estados conformados pelo
direito se instituíram em torno de organizações burocráticas.
O poder destas burocracias era limitado e estabelecido pelo direito. Além disso, elas se estruturam em torno de u
regime hierárquico; o corpo de funcionários do Estado é recrutado pelo mérito; há uma grande especialização
funcional que institui um tipo de conhecimento próprio das burocracias.

O Estado burocrático moderno é o resultado de um processo de construção do Estado-nação que se seculariza em


razão da forma de ação dos agentes o Estado.

68 – Como podemos compreender sociologicamente a afirmação “O campo jurídico é o lugar de concorrência


pelo monopólio do direito de dizer o Direito, de Bourdieu?

Resposta: o conceito e campo de Bourdieu, quer dizer a boa distribuição (nomos) ou boa ordem, na qual se
defrontam agentes investidos de competência ao mesmo tempo social e técnica que consiste essencialmente na
capacidade reconhecida de interpretar, de maneira mais ou menos livre ou autorizada, um corpus de textos que
consagram a visão legítima, justa, do mundo social.

O direito e suas instituições são marcados, sobretudo, pelo dissenso, pelas disputas e tensões de que tese será
incorporada como oficial. O campo jurídico não é autônomo; se apresenta como um conjunto de regras e
princípios autorreferenciados, mas o que determina que tese será sustentada por que autor e que tese saíra
vitoriosa não são necessariamente elementos puros – o que é diferente de confundir Direito com política; mas
sim, de revelar uma dimensão política de instituições de produção, ou reprodução, do Direito.

69 – O direito é objeto da sociologia, segundo Durkheim? Responda relacionando com as características do fato
social.

Resposta: Sim, porque o Direito é um fato social par Durkheim conforme explica em sua teoria que “O social
deve ser explicado pelo social”. Assim, delimitando o objeto da sociologia pelos fatos sociais definidos como
“maneira de agir, de pensar, de sentir compartilhadas por uma pluralidade de indivíduos e que, de certo modo,
impõem-se a nós, que nos constrangem a agir, pensar e sentir dessa maneira” caracterizado por ser: exterior,
observável e descritível; que constrange e utilizado para fins práticos.

70 – Disserte sobre a teoria de Boaventura de Sousa Santos – pluralismo jurídico – relacionado com o contexto do
Brasil.

Resposta: Através do pluralismo jurídico no sentido utilizado por Boaventura de Sousa Santos, que se refere à
existência e o reconhecimento de diferentes dimensões de normatividade fora do campo estatal.

Em seu estudo empírico, o autor destaca a vigência de mais de uma ordem jurídica no mesmo espaço geopolítico;
o que pode decorrer de diversas questões sociais, tais como exclusão racial e econômica, por exemplo.

No contexto brasileiro existem os casos como o direito ode laje, as associações de moradores. O fenômeno das
milícias não se enquadra na conceituação teórica, pois não se constitui em uma racionalidade própria de uma
cultura especifica. As milícias simbolizam o próprio poder do Estado sendo utilizado para finalidades privadas e
ilícitas.

71 – Relacione, do ponto de vista sociológico, o maior protagonismo do Judiciário, como identificado por
Werneck Vianna, e a Reforma do Judiciário explicada por Sadek.

Resposta: Para Luis Werneck Vianna é o fenômeno da judicialização das relações sociais no Brasil a fim de
demonstrar como o judiciário exerce um protagonismo republicano em nosso sistema jurídico-político.

Nas últimas décadas, esta instituição passou por transformações substantivas em decorrência dos processos
sociais, que marcam a história do país, alterando o equilíbrio entre os poderes da república. A proeminência do
judiciário em função da explosão do número de demandas de toda a natureza é descrita por Werneck Vianna como
a judicialização das relações sociais.

Estando aí a relação ao apontar como o judiciário passou por reformas com o objetivo de torna-lo mais célere.
Este poder concentrado permitiu ao judiciário orientar diferentes reformas como aponta Sadek.

72 – Explique a relação entre moral e direito sociologicamente, mobilizando ao menos dois autores estudados.

Resposta: Tocqueville considerava que o poder judiciário era o traço da aristocracia na América. Eram os juristas
que se distinguiam pelas suas vestimentas, linguagem e saber específico. Tocqueville atribuiu três características
ao poder judiciário na América: a primeira delas era a de servir de árbitro, algo que prescindia (dispensava) da
existência de processo, que por sua vez exigia que houvesse contestação. A segunda era a de apenas se pronunciar
sobre casos particulares e não sobre princípios gerais, ou seja, respeitar os limites subjetivos da coisa jugada. A
terceira era a de somente agir quando provocado, ou seja, ser inerte. A atuação política dos juízes nos Estados
Unidos então era através do controle de constitucionalidade sem interferir em políticas públicas, nem no Direito.
Sua eficácia é derivada da sua força moral.

Durkheim desenvolve a sociologia a partir de um conhecimento das regras morais da sociedade como o direito é
apontado como um reflexo destas regras morais (explicitar os conceitos de consciência individual e coletiva; e a
solidariedade mecânica e orgânica).

Para Boaventura o pluralismo jurídico se refere à existência e o reconhecimento de diferentes normas jurídicas.

73 – Explique o que são campos para Pierre Bourdieu e dê exemplos.

Resposta: Segundo a teoria explicativa de Pierre Bourdieu sobre a sociedade, o social é constituído por campos,
microcosmos ou espaços de relações objetivas, que possuem uma lógica própria, não reproduzida e irredutível à
lógica que rege outros campos. São tanto campo de forças, uma estrutura que constrange os agentes nele
envolvidos moldando a forma como devem agir dentro de seu âmbito, quanto campos de luta, em que os agentes
atuam conforme suas posições relativas no campo de forças, na luta por posições de maior poder riqueza e
prestígio, conservando ou transformando a sua estrutura.

74 – Considerando os estudos realizados por Roberto Kant de Lima acerca do instituto do Tribunal do Júri, quais
são as principais distinções apontadas pelo autor entre o modelo d Trial by Jury e o Tribunal do Júri no direito
brasileiro?

Resposta: O direito subjetivo passa a ser uma instituição judiciária obrigatória, existindo uma restrição de
competência, deixando de ser ampla, para processar e julgar todos os crimes e passa a ser restrita para os crimes
dolosos contra a vida. Os jurados passam a ser selecionados pelo juiz e deixam de ser selecionados de forma
ampla, privilegiando aqueles que são conhecidos pelo juiz. E ainda, que, no que se refere ao nome utilizado, altera
-se o “Trial (procedimento) para tribunal (espaço físico onde ocorrem os julgamentos). Além disso, foi
estabelecida e incomunicabilidade, ou seja, os jurados não podem conversar na sala secreta para decidirem o caso.

75 – Relacione a noção de pluralismo com o desenvolvimento do Estado Moderno.

Resposta: O pluralismo jurídico na visão de Boaventura Sousa Santos, se refere à existência e o reconhecimento
de diferentes normas jurídicas. O pluralismo jurídico se opõe a ideia do monismo jurídico, ou seja, de que o
direito provém apenas do Estado. Associando a ideia do Estado moderno tal qual retrata Max Weber. E para
Durkheim existe diferentes normas morais reconhecidas pelo Estado.

Você também pode gostar