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Jakobs postula aqui que a norma pode não só atribuir ao ser humano a qualidade de
pessoa como também pode negá-la, tal negação ocorre em situações em que o indivíduo se
nega a viver em um estado de civilidade e, dessa forma, passa a ameaçar o corpo social,
transformando-se em um inimigo. Nesse contexto, o direito do cidadão (seria um
pleonasmo) tem função de se contrapor a violação das normas (e assim reafirmá-las) ao
mesmo tempo que pressupõe expectativas cognitivas de comportamento, enquanto o direito
do inimigo tem a função de eliminar uma ameaça.
O conceito de direito do inimigo “surge” com os contratualistas (na prática ele não
existe, todavia é defendido por Jakobs), sendo voltado para quem ferir o contrato social,
mas apenas ganha força após o atentado de 11 de setembro. No Brasil, o conceito chega a
ser aplicado em algumas situações, todavia fere o estado democratico de direito, devendo
assim, segundo Manuel Cancio, ser abolido, pois se transforma em um não direito com
aspectos punitivistas, além de ameaçar a própria ordem estatal, dado que exclui indivíduos
do corpo social, permitindo eles contestarem a ordem vigente.
Para Jakobs seu conceito não pode ser aplicado em estados de não-direito
(autoritário), ao mesmo tempo que afirma que nenhum estado de direito pode negar a
ocorrência do conceito na prática (pela existência de condutas repressivas). Além disso, o
autor postula que a não delimitação de tal direito na realidade é mais perigosa do que sua
delimitação, pois abre margem para interpretações variadas
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PARTE GERAL
DEFINIÇÃO
Pode vir a ser definido como a parte do direito que reúne princípios e normas a fim
de limitar o poder punitivo do Estado, o que leva muitas vezes a uma imagem de utilização
exacerbada da pena, assim, outras nomenclaturas como Direito Criminal seriam melhor
aceitas, dado que se trata de um ramo do direito público.
TEORIA DISCURSIVA DO DIREITO:
Aqui se percebe que a argumentação funciona como pilar base do direito, seja em
sua elaboração ou aplicação. Dessa forma, deve-se colocar em foco como essa
argumentação atua com a ética, moral e o próprio corpo social, o que nos leva a concluir o
direito penal como um processo discursivo de legitimação da intervenção punitiva, o qual se
fundou em múltiplas perspectivas.
ANOTAÇÕES AULA
O direito penal expressa as opções políticas por meio das quais a sociedade, em
dado momento e espaço, trata as condutas tidas como relevantes.
Aqui a comunicação é posta como dialógica e base das ciências sociais (onde a
racionalidade livre é dada como morta devido às limitações de comunicação impostas pelas
sociedades modernas, o que faz Habermas querer alterar tal realidade). Nesse sentido,
toda argumentação humana é pautada na inserção de argumentos com a intenção de
validação ou crítica por meio de discursos variados
A partir disso, o discurso jurídico é tido como prático, ou seja, a argumentação é
desenvolvida sobre pretensão de correção (se distingue o verdadeiro do correto)
O PROCESSO EMANCIPATÓRIO:
Aqui, Habermas, coloca a sociedade como o mundo da vida devido a interação via
linguagem, que pretende a obtenção da verdade. Já a sociedade como sistema, em virtude
da racionalidade que institucionaliza o poder político, tem pretensão de correção por meio
do direito, o qual realiza também a interação de mão dupla entre o mundo da vida e o
sistema.
Aqui, Robert Alexy, postula que o discurso jurídico é uma forma especial do discurso
prático geral, isso é evidenciado por 4 fatores, sendo eles: a necessidade do discurso
jurídico, a coincidência em pretensão de correção, a coincidência estrutural de regras e
formas e a necessidade de argumentação prática. A existência da argumentação jurídica
decorre do fato de que determinados problemas concretos não podem vir a serem
resolvidos por um discurso geral, pois além de necessitarem de conformidade com a lei,
precisam do precedente e da dogmática. (os quais devem vir a ser defendidos por meio de
argumentos práticos gerais)
Além disso, Alexy, acredita que o próprio discurso jurídico possui formas especiais
em determinados casos e, por fim, postula que o direito possui um ideal de correção que é
obtido por meio de uma participação não só de pessoas externas ao processo, mas também
internas, sendo assim um pensamento não positivista, pois desacredita da visão da norma
jurídica apenas como um poder de autoridade.
JUSTIFICAÇÃO DA PENA
REGRA
CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
● III - a dignidade da pessoa humana (sendo um princípio)
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
● XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação (previsão em abstrato, ou seja, o mínimo e o máximo) legal;
OBS: Tais artigos limitam a ação do direito penal, devido ao estabelecimento de limites
claros.
→ PENA APLICADA: pena posta pelo juiz após a análise do caso, tendo como base a pena
de prévia de cominação.
INTERVENÇÃO MÍNIMA
Com o liberalismo se desenvolve a ideia de que o direito penal deve ter ação
mínima dentro do Estado, isso não quer dizer que o direito não será aplicado ou
remodelado dentro das especificidades de cada área, mas sim que tal intervenção só irá
ocorrer em caso de necessidade.
→ PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE: o direito penal não defende todos os
bens jurídicos. Além disso, dentre os bens jurídicos protegidos, o direito penal escolhe por
aplicar penas perante algumas ofensas e não todas.
CRFB: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - (...) direito penal.
CRFB : Art . 2 2 - P a r á g r a f o ú n i c o . Lei complementar poderá autorizar aos
estados legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
→ lei
Posta em decorrência do princípio político-criminal da reserva legal (CRFB: Art. 5º,
XXXIX). Além disso, aqui se faz importante salientar que a própria constituição, por meio do
(CRFB: art. 62, §1º,I,b); veda a possibilidade de medidas provisórias atuarem sobre o
direito penal, todavia, o STF propõe que medidas provisórias benéficas são permitidas.
Ademais, tratados internacionais ao serem inseridos no cotidiano interno não podem
ser fontes criadoras de crimes, devendo existir a necessidade de leis específicas para isso,
assim, os tratados podem ser vistos como um ponto de partida interpretativo que possibilita
a modificação da legislação vigente.
→ Analogia: Onde há a mesma razão deve haver a mesma solução (ubi eadem ratio ibi
idem jus). Assim, faz-se necessária a aplicação de analogia em favor do réu (in bonam
partem).
→ Interpretação Analógica: após uma observação o jurista passa a atuar na abertura das
normas, permitindo que elas sejam aplicadas de maneira fechada posteriormente, ou seja,
aqui se elabora as normas, enquanto na analogia se aplica às já existentes.
OBS: é vedada a combinação de leis que sofreram a alteração benéfica ao réu, assim, seria
necessário a escolha da mais benéfica
ABOLITIO CRIMINIS
CP: Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
CP: Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração
ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência.
A lei excepcional é aquela posta sem um limite definido de duração, enquanto a lei
temporária tem seu limite de validade previamente definido
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro
fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida
ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Legislação especial: Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso (tratamento específico)
OBS: não se realiza extradição de indivíduos estrangeiros que cometeram crimes políticos
em outros países.
→IMUNIDADE MATERIAL: Determinadas pessoas não respondem por certos crimes, pois
suas profissões exigem determinada estabilidade. O que teve início com o direito penal e a
imunidade diplomática
→ IMUNIDADE PRESIDENCIAL: O presidente apenas pode vir a ser julgado após pedido
de dois terços da câmara dos deputados apenas em caso de crime de responsabilidade,
pois o presidente não pode ser julgado por crimes estranhos a sua função. Em caso o
pedido for aceito, apenas pode ser comandado pelo STF ou pelo Senado Federal, além de
não existir prisão preventiva nesse caso.
→IMUNIDADE PRISIONAL: Atua como uma versão da imunidade processual, aqui nenhum
membro da magistratura pública pode ser preso sem flagrante e, quando feito, deve ser
enviado para órgãos especializados
OBSERVAÇÕES
PRINCÍPIOS
POSITIVISMO NATURALISTA
Aqui o crime é lido como um elemento natural e também social, sendo assim uma
conduta humana, o qual é determinado por um referencial valorativo posto pela norma, o
que confere determinada segurança. Isso ocorre em função de um princípio de legalidade,
que impõe o que é proibido
→ TEORIA CAUSAL NATURALISTA: Parte do referencial da ação (um bom referencial, pois
pode ser acometido por qualquer pessoa e que julga ações conscientes), onde é possível
determinar que tudo que seja ilegal (externo), é discutido no ambito objetivo, enquanto o
que é posto como culpavel (interno, onde não é possivel uma visualização do ato), é
pautado como subjetivo.
Posteriormente, a ação é novamente subdividida, passando a adotar de forma
consequente, ou seja, só se avança na análise se o preceito anterior já foi observado:
● A tipicidade: o que se observa aqui é o “o que” e “como” foi feito, trata-se de
elemento de fato típico, ou seja, se não houver tipicidade, o fato será considerado
atípico, logo, não haverá crime. Nesse sentido, não há tipicidade em caso de coação
física, erro inevitável, sonambulismo e ato de reflexo e insignificância ou adaptação
social da conduta.
● A ilicitude: é um termo utilizado em referência a contradição entre uma conduta e o
que está previsto na lei. Ou seja, há ilicitude quando o comportamento/ação de uma
pessoa desrespeita alguma lei
● A culpabilidade: passa a ser analisado as condições do indivíduo que cometeu
determinada ação e sua intenção, organizando aspectos subjetivos , a qual se divide
em dolo, possuindo um conteúdo muito amplo (é mais grave, pois aqui existe a
intenção de cometer certa conduta) e culpa (realiza-se o ato sem intenção).
Tais discursos são conciliáveis, pois o tipo penal incriminador reflete as expectativas
sociais de comportamento e, dessa forma, protege o bem jurídico.
→ TEORIA DA AÇÃO SIGNIFICATIVA: Aqui a teoria da ação não deve centrar suas
atenções no que o homem faz, mas no sentido do que ele faz, podendo ser atribuído a
pessoas que sequer realizaram uma ação física. (teoria do espanhol Vives Antón).
TIPO PENAL
O tipo penal é conceito classificatório, do ponto de vista técnico-jurídico, que colhe
o que é comum ou repetitivo repetitivo nos fenômenos de comportamento humano relevante
para estabelecer um padrão para o que seja proibido ou permitido, que serve para
selecionar a matéria de proibição, garantir a liberdade individual (não se pode defender em
excesso caso contrário a uma ameaça aos titulares de direito e objetos), motivar os
membros da sociedade e definir espécies de erro relevante. Podendo ser classificado de
diferentes maneiras:
● P. E OBJETIVO _____________________________________________
conduta —---- nexo de causalidade jurídico —---- resultado jurídico
Ex de ação não naturalística: Vender drogas, dirigir embriagado, pois podem ou não
apresentar um resultado naturalístico hipotético (dano a outrem), mas possuem um
resultado jurídico.
● P. E SUBJETIVO____________________________________________
dolo / culpa
OBSERVAÇÕES:
→É necessário entender, de forma concisa, o núcleo do tipo, por meio do verbo descritivo
da conduta final e não da conduta meio. Dessa forma, identifica-se os requisitos do tipo em
questão são suficientes para aplicá-lo.
→ OMISSÃO: Não é apenas não realizar uma conduta, mas uma violação geral do dever,
ou seja, não fazer aquilo que é correto.
→ O direito penal não possui compensação de culpa e condenações erradas, ou seja, não é
porque a vítima cometeu um erro, o qual a coloca como culpado exclusivo que o indivíduo
que acometeu determinada ação não é imputado.
IMPUTAÇÃO OBJETIVA
Significa atribuir a alguém a realização de conduta que satisfaz as exigências
objetivas de tipo penal incriminador, ou seja, a causa de pedir a condenação em um
processo criminal material.
Tal teoria deve ser compreendida no contexto de determinada teoria do direito, as
exigências objetivas para a tipificação são estabelecidas pelo módulo de interpretação da
realidade oferecido pela teoria do crime, o que se pauta aqui é que apenas determinadas
ações podem ser valoradas como crime (ação significativa).
Nesse sentido, o que é necessário é uma valoração negativa ou neutra para se
aplicar a teoria do crime, enquanto a positiva, ao menos para o direito penal, não pode ser
valorada como uma conduta indevida perante a juridicidade, o que pode ou não divergir no
campo da moral.
OFENSIVIDADE PENAL
→ DISCURSO LIBERAL: Não há crime sem ofensa a um bem jurídico de terceiros, pois a
necessidade de instituir uma lei incriminadora deriva da lesividade que a conduta proibida
apresenta para terceiros. Em relação ao princípio da separação entre direito e a moral, o
direito penal não pode punir comportamentos imorais, estados de ânimo pervertido, hostis
ou perigosos.
Assim, se a norma não visa a proteção de um bem jurídico, a criminalidade retrata
exercício arbitrário de poder, dado que o crime não pode resultar em mera violação da
norma. Dessa forma, faz-se interessante a definição do que seria o bem jurídico, o qual
pode ser posto como
→BIRNBAUM como um bem material pré jurídico que é atribuído ao homem e constitui o
objeto de proteção jurídica
→ROXIN como circunstâncias reais dadas ou finalidades necessárias para uma vida segura
e livre, que garanta todos os direitos humanos e civis de cada na sociedade, ou para o
funcionamento de um sistema estatal que se baseia nestes objetivos
O que se torna interessante aqui é que como algo so pode ser posto como um ato
criminoso ao ferir um bem jurídico de outrem, o que temos é que em posse de substâncias
e objetos de forma legal, ao sofrer uma conduta que seria, casualmente, imputada como
crime, essa imputação não é válida, pois não existe um bem jurídico envolvido na situação.
Todavia, em casos em que ocorra tal situação, não se impede que ocorra a violação de
outro bens jurídicos, ou seja, como exemplo, temos que em caso de furto de cocaína entre
dois traficantes, não existe nenhum direito a ser resguardado a não ser que se configure
também um atentado a vida, que é um bem jurídico.
CAUSALIDADE NORMATIVA
EX: Um taxista que transporta, conscientemente, uma mulher que fara um aborto
clandestino, ele sera analisado apenas perante uma visão naturalistica, ouseja, tipicidade
formal, mas não sera imputado perante uma analise juridica etico-scocial, a qual
denominamos tipicidade material.
Art 13. 1- A superveniência(existem várias causas, mas se dá enfoque para a que veio
depois) da causa relativamente independente exclui a imputação (da primeira causa)
quando, por si só (a superveniente), produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto,
imputam-se a quem praticou.
● culpa consciente: quando o agente prevê o resultado que podia prever, mas
supõe levianamente que não se realiza ou que poderia evitá-lo.
Outra definição de crime culposo, que pode inclusive ser melhor entendido é a
apresentado pelo código penal militar, a qual consiste em:
Art. 33
II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou diligência ordinária,
ou especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias, não prevê o resultado que podia
prever ou, prevendo-o, supõe levianamente (irresponsavelmente) que não se realizaria ou que
poderia evitá-lo.
A partir disso, é possível elaborar requisitos do fato culposo, sendo eles:
1. conduta humana voluntária
2. desatenção ao dever objetivo de cuidado
3. previsibilidade objetiva
4. resultado (naturalístico) involuntário
5. nexo de causalidade jurídica
6. previsão legal
ERRO DE TIPO
Ocorre quando o que o indivíduo subjetivamente pensa não condiz com o fazer, ou
seja, ocorre um erro de interpretação da realidade, aqui não há dolo de fazer o que foi feito,
possuindo como características:
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Aqui é necessário uma análise crítica
de cada tipo, dado que pode haver um erro que não descaracteriza o tipo, pois se trata de uma
análise pautada sobre tipo incriminador- é necessário um preceito primário e um secundário,
perante a análise de condutas proibidas)
Exemplo(Art. 60): Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer
parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem
licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e
regulamentares pertinentes:
O que se faz interessante nessa análise é a possibilidade de ao realizar a construção,
não se perceber a configuração de um serviço potencialmente poluente; ou o órgão consultado
não se configurar como o órgão realmente competente; ou ainda erros pela abrangência da
legislação, a qual se encontra dispersa.
DESCRIMINANTE PUTATIVA (excluir de ilicitude por uma justificativa aparente e não real)
Art 20. § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (ocorrendo erro de representação e não de
execução, ou seja, erro de portaria).
DESISTÊNCIA / ARREPENDIMENTO
lesão
● P. E OBJETIVO _________________[
morte
P. E SUBJETIVO________________ [ ________________________>[
●
dolo dolo
[ ←—---------------------------- ( ponte de ouro, regresso ao que já foi feito)
Exemplo: Ao realizar uma série de agressões com a finalidade de resultar na morte
da vítima, o indivíduo, após o início das agressões, muda de conduta subjetivamente e
cessar as agressões e presta socorro à vítima, impedindo sua morte, ou seja, houve uma
regressão de dolo, o qual ficou restrito apenas a agressão e não ao homicídio, já que esse
não chegou a ser consumado.
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto (bem jurídico ou material), é impossível consumar-se o crime.
(Os obstáculos que impedem a realização do plano objetivo não permitem a caracterização do
tipo, mesmo que seja possível a identificação de dolo).
Exemplo do meio: ao realizar um assalto com uma arma de brinquedo, não é
possível a imputação por homicídio, já que o meio utilizado impede a realização do ato final
em discussão.
Exemplo do objeto: Não é possível matar quem já está morto, ou seja, o bem
jurídico vida apenas pode ser ferido se ele estiver disponível.
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POSSIBILIDADE DA TENTATIVA
→ Objetivo-Formal: a tentativa tem início com a realização da conduta descrita pelo verbo
núcleo do tipo, sendo o critério mais protetivo ao réu, dado que só é possível a punição em
casos onde a ação já foi iniciado de modo efetivo, como exemplo, é possível listar o caso
em que o indivíduo, na tentativa de furto, é detido subindo por uma escada a varanda que
daria acesso a casa onde praticaram o roubo, entretanto, em sua defesa, o réu alega que
apenas subir a escada não configura sequer invasão de domicílio, muito menos a tentativa
de subtrair algo alheio.
FIM DA EXECUÇÃO
→ Crime omissivo próprio: Aquele que se perfaz pela simples abstenção do agente,
independentemente de um resultado posterior, como maior exemplo temos a omissão de
socorro, onde existe um perigo que exija nossa ação, mas deliberadamente o agente decide
por não agir. A partir disso, a questão aqui é sobre o fato de que só se caracteriza tal crime
quando se deixa passar a última oportunidade de ação, dado que se baseasse nas
anteriores houveram inúmeros crimes, todavia, o crime ainda é observado se o agente atua,
mas contra sua vontade.
Observação
ILICITUDE
Para que seja possível a definição da ilicitude, é necessário a definição de forma
prévio da tipicidade (isso pois a tipicidade é um indício ou razão de ser da ilicitude) , como
esse processo já foi realizado, a ilicitude pode vir a ser definida como a contrariedade
da conduta em relação ao todo do ordenamento jurídico, mas, por vezes, essa
contrariedade pode não ser identificada, dado que o ordenamento contenha permissões a
atos que foram enquadrados na tipicidade.
Esse processo é realizado por meio de identificação de normas, perante uma
ponderação de bens jurídicos no caso concreto, onde um bem menos importante, será
sacrificado em prol do outro, mais importante em conjunto com uma avaliação subjetiva
dos conceitos analticos do crime, perante um cenário no qual as ações ocorrem em
orientação de preceitos permissivo, exemplo, é possível realizar atos em legítimas defesas,
ou seja, não existe aqui uma obrigação, mas apenas uma autorização.
Art. 39. do CPM: Não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de
pessoa a quem está ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo
certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio,
ainda quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era razoavelmente exigível
conduta diversa. (ESTADO DE NECESSIDADE, COM EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE)
Relação de causalidade
§ 2º — A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar
o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
No que tange respeito ao uso moderado dos meios necessários, não é permitido
uma legítima defesa de uma legítima defesa, mas pode haver uma legítima defesa do
excesso de uma legítima defesa, o que vem a ser definido como legítima defesa pendular.
Além disso, pode-se enumerar a legítima defesa predisposta como os atos que
estabelecem um procedimento de defesa de maneira prévia, mas que apenas terá efeito em
caso de agressão, como ocorre com a aplicação de cercas elétricas
Já no que corresponde ao parágrafo único, o que se observa é que o próprio agente
público pode causar as condições para que se tome uma ação em nome da legítima defesa,
o que se quer dizer é que, em casos onde a vítima inicialmente não está sobre ameaça
eminente, o policial pode vir a causar condições que levem essa ameaça, para assim poder
agir de forma a justificar legítima defesa.
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo
excesso doloso ou culposo.
Perante a interpretação desse dispositivo, sobretudo pelo seu parágrafo único, em
casos de excesso que extrapolam o moderado já previsto, independente se ocorrido de
forma dolosa ou culposa, irá acarretar em uma ação típica punível. Nessas condições,
faz-se importante a observação do código penal militar, o qual aborda a temática de modo
distinto
Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, excede culposamente
os limites da necessidade, responde pelo fato, se este é punível, a título de culpa.
Parágrafo único: Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa ou
perturbação de ânimo, em face da situação.
Art. 46 juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por excesso doloso.
A partir da análise do parágrafo único do art.45 e do art.46, é possível ações de
questionamento, dado que essas previsões não estão contidas no código penal comum e,
dessa forma, agentes passariam a ter tratamento privilegiado com a diminuição de penas
em caso em que a violação deixaria de se encontrar dentro do moderado estipulado e modo
esclarecedor no art.25
Exemplo 1: Um pai, que no dever de proteção de seus filhos, impede que eles
saiam de casa para evitar o uso de entorpecentes, como cotidianamente vinha sido
constatado, pode ser entendido, de primeira mão, como uma violação da norma de ir e vir,
mesmo que para o cumprimento de um dever, assim, argumentos devem ser construídos
para desmontar essa tipicidade e apresentar apenas um cumprimento de dever já disposto.
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
Entendido como causas supralegais para excluir a ilicitude, sendo uma atividade
mais recente dentro da teoria do crime. Aqui ocorreria uma renúncia da proteção própria
conferida pelo ordenamento jurídico para casos dolosos e culposos, sendo necessária uma
série de exigências que validem esses consentimento, as quais podem ser entendidas
como:
CULPABILIDADE
Aqui ocorre uma mudança de foco, pois a qualidade da conduta agora é avaliada
perante a capacidade do sujeito de responder juridicamente perante a conduta realizada,
possuindo forte influência de uma racionalidade prática, que procura um juízo de
reprovação. Assim, existem critérios que revelam o indivíduo em seu certo contexto, dessa
forma, só existirá pena se existir culpabilidade, a qual quanto maior for, maior será a pena.
Sua análise pode ocorrer aqui perante três elementos distintos que devem ser
abordados separadamente, sendo eles:
→consciência de ilicitude, passa o foco para análises subjetivas de modo mais centrado,
pois se analisa se o indivíduo tinha consciência de que sua ação era errônea perante o
ordenamento.
→exigibilidade de conduta diversa, sendo juridicamente abrangente e o último momento
da teoria do tipo, orientando que determinada conduta não deve ser realizada, além de
postular suas consequências, o que atua em graus, mas de modo benéfico ao réu; Em
contrapartida, a inexigibilidade de conduta diversa viria a impedir a caracterização de crime.
INIMPUTABILIDADE
É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
A partir disso, é possível entender que tal artigo envolve o que é caracterizado como
critério biopsicológico, ou seja, o problema biológico deve, necessariamente, gerar um
entrave psicológico no momento de realização da ação ou omissão analisada, o que é
observado de maneira individual para cada réu.
Assim, é importante o entendimento do desenvolvimento mental do individuo, o qual
pode ser incompleto (não há evolução do desenvolvimento) ou retardado (há evolução, mas
há um descompasao entre a idade mental e o corpo fisico, como os holigofrenicos), que,
quando completo, juridicamente, aos 18 anos, leva ao pleno entendimento da realidade
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Perante análise do parágrafo único, a pena a ser aplicada ao indivíduo deve ser
reduzida proporcionalmente, quanto maior a incapacidade, o que foi, historicamente,
ampliado, assim, qualquer inquietação que perturbe a saúde do indivíduo, pode vir a ser
entendido como fator de argumentação. (como o estado puerperal, causado pelo parto, o
que pode levar a mãe a assassinar o próprio filho)
A partir do que veio a ser analisado, é importante ressaltar que tais definições
anteriormente postas, não tratam da psicopatia, a qual não é tida como uma doença, mas
sim como um traço de personalidade, que afeta o comportamento social. Nesse sentido,
algumas teses defendem que seria necessário um artigo específico no código, dado que ele
não acaba por ser englobado no artigo 26.
MEDIDAS DE SEGURANÇA
Pode ser aqui entendido como o tratamento a que deve ser submetido o autor de
crime, o qual não pode vir a ser imputado com o fim de curá-lo ou, no caso de tratar-se de
portador de doença mental incurável, de torná-lo apto a conviver em sociedade sem voltar a
delinqüir (cometer crimes).O que retira desses indivíduos o caráter de criminoso, o que vai
na contra mão de manicômios, os quais realizam privação de liberdade dos indivíduos aqui
tratados.
A partir disso, é importante um ressalto sobre a história brasileira, sobretudo, no que
tange respeito ao manicômio de Barbacena-MG, onde se instaurou o chamado holocaustro
brasileiro, onde houveram 60 mil mortos no hospital colônia, que surgiu em 1903, com
máximo de leitos de 200, mas abrigando em seu ápice, durante a ditadura militar,
simultaneamente 5 mil pessoas, às quais estavam lá a força e, majoritariamente, sem
diagnóstico médico devido (idosos, andarilhos, militantes políticos e homossexuais), vivendo
em condições prisionais, inclusive com prisões determinadas por juízes criminais.
Tais condições, foram alteradas de modo contínuo, onde em, 1940, o código penal
passa a apresentar possibilidade de um sistema duplo- binário, ou seja, passou a ser
possível impor ao condenado uma pena, em conjunto com uma medida de segurança, o
que sofre significativos avanços em 1984, com um sistema vicariante, assim, a
culpabilidade levaria a pena e a periculosidade (portador de sofrimento mental),
desencadearia uma medida de segurança.
Durante esse processo, foi posta a lei 10.216/01, a qual dispõe sobre a proteção dos
direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, redirecionando todo o modelo de
amparo, que se aplica a internações voluntárias ou não e compulsórias, tendo como foco a
saúde mental de base comunitária.
Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou
responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste
artigo.
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando
alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua
hospitalização involuntária;
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
§ 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.
Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave
dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será
objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob
responsabilidade da autoridade sanitária competente e supervisão de instância a ser definida pelo
Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário.
Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que
caracterize os seus motivos. (internação será o último recurso a ser aplicado)
Além disso, o próprio código penal aborda a temática de maneira clara por meio dos artigos
aqui dispostos:
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Entretanto, a pena pode vir a ser suspensa por internação (medida de segurança), como posto
a seguir:
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de
especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou
tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e
respectivos
Tal lei, em conjunto com os artigos aqui postados levaram a uma análise mais
detalhada do Art. 97 do próprio código penal, no qual era pautado que os indivíduos
reclusos e com deficiências mentais deveriam ser submetidos a tratamento, tal suspensão
ocorre, pois como já posto, postular pena em conjunto com medida de segurança não é
algo mais viável.
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato
previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.
Prazo
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto
não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser
de 1 (um) a 3 (três) anos.
Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier (vier depois) doença
mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da
Defensoria Pública ou da autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por
medida de segurança. (Assim, a medida de segurança possui preferência em relação a pena, a
qual não pode ser retornada quando substituída pelo tratamento)
Por fim, em virtude de questões práticas, podem ser realizados questionamentos no
que tange respeito a tentativa de simulação de doenças mentais para que ocorrer a
suspensão da pena em prol de medidas de segurança, todavia, além da questão burocrática
e técnica de difícil modo de burlar, é posto o questionamento sobre o fato de que mesmo
com esses avanços, os modelos de tratamento ainda não se encontram de maneira
extremamente humanizados, assim, tal manobra não viria a ser satisfatória para o próprio
réu.
MENORIDADE PENAL
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às
normas estabelecidas na legislação especial (Estatuto da criança e do adolescente).
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e
adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. (Tais critérios são meramente biológicos,
que variam entre os diferentes países)
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas
entre dezoito e vinte e um anos de idade.
IMPUTABILIDADE (Art.28)
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão; (em crimes de modo geral, mas em especial no homicídio, a pena do
crime acometido sobre grave emoção, pode ser reduzida em até ⅔)
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. (tal postura é
tida como de reprovação, onde ocorre uma avaliação da ação livre na causa, ou seja, se
analise o momento anterior, quando o indivíduo começa a beber, assim, sendo prejudicial ao
réu, pois se o réu bebeu por vontade própria ele será plenamente imputado, o que vem a ser
criticado por certo autoritarismo. Mas não existe relação entre o estado de beber com os
tipos do crime, sendo analisado separadamente, ou seja, pode-se observar tanto dolo
quanto a culpa)
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa (o que acaba por se tornar um
conceito vago, podendo se separar em fase do macaco, ou seja, alteração que leva a alegria
e fase do porco, a qual leva a um estado no qual o indivíduo se encontra mais debilitado),
proveniente de caso fortuito ou força maior (a força aqui tratada não precisa, necessariamente,
ser física), era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso
fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (o que novamente se
torna um conceito vago, dado que a diminuição da pena varia conforme o estado de
embriaguez do indivíduo).
Lei nº 11.343 de 23 de Agosto de 2006
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência (não interessa investigar se o
indivíduo chegou a esse estado por culpa ou dolo), ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito
ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração
penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à
época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o
juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado.
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força das circunstâncias
previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
ERRO DE PROIBIÇÃO
Aqui é analisado se o indivíduo possuía capacidade de perceber se o sentido dos
atos cometidos eram ilícitos, perante condições mentais e de saúde que sejam perfeitas,
então o erro se daria aqui pela maneira de percepção. (Pode ocorrer ao mesmo tempo em
que o erro de tipo, que quando desconsiderado leva a uma ação atípica)
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
ESPÉCIES
→ Erro de proibição direto: O sujeito desconhece a lei diretamente aplicada a ele, ou não
conhece adequadamente o âmbito de existência em que se incide a norma.
● Eficácia: Aqui os indivíduos pensam, erroneamente, que as leis não são mais
eficazes, em virtude da disposição e sucessão no tempo, como a questão de
emendas.
→ Erro de proibição indireto: O sujeito erra sobre a existência ou os limites de uma causa
justificante, que são tipos permissivos. Sendo resolvido pelo postulado no art. 21, já
abordado.
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível (moral, pois fisica vem a
descaracterizar a propria ação) ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico (não englobando socios e questões familiares, assim se retendo a
instituições publicas e militares), só é punível o autor da coação ou da ordem.
Como exemplo, na hipótese de um traficante, ao estar em julgamento, obrigar, por
meio de coação, um morador da comunidade a depor em seu favor, as ações do indivíduo
ali obrigado serão entendidas como ilícitas, mas ele não será punido, pois não haverá
culpabilidade e tal pena recairá sobre o próprio traficante.
Já no contexto de ordens claramente ilegais, mas que em virtude do aparato que o
envolve, não seja permitido que o indivíduo não a cumpra, chegamos novamente à coerção
moral.
A partir da análise de situações de tensões entre o ordenamento jurídico e certos
mandamentos, como o que ocorre em instituições religiosas, onde o primeiro recomenda e
o segundo proíbe, é esperado que o indivíduo obedeça o comando de maior valor para o
indivíduo, sendo necessário uma análise do caso concreto, assim, mesmo que o caso seja
típico e ilícito, não ocorre uma reprovação judicial (doação de sangue para testemunha de
jeová e circuncisão feminina para localidades da áfrica saariana).
Por fim, no estado de necessidade exculpante (sacrifício do bem do maior valor),
dependendo das condições do caso concreto, é possível que se exclua a culpabilidade, ou
que ela seja atenuada.