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fundamentais.
Este artigo aborda os conceitos de integridade do Direito e da única resposta correta de Dworkin e avalia
as contribuições desses conceitos para a concretização dos direitos fundamentais, base moral da
comunidade política.
Tal como as regras, os princípios também têm força normativa e podem servir
de base para o reconhecimento de direitos, embora esse direito não esteja totalmente
delineado e definido no texto constitucional, até porque, como sabemos, nenhum
princípio busca controlar previamente sua própria situação de aplicação.
No atual estágio do constitucionalismo, não se pode conceber que a
concretização dos direitos fundamentais fique na dependência apenas da atuação do
legislador, uma vez que, sendo os direitos fundamentais a base moral da comunidade
de princípios referida por Dworkin, a sua concretização é interesse e tarefa de todos os
cidadãos e é dever do Poder Público, aí incluídos a Administração Pública e o Judiciário.
Além disso, se havia alguma dúvida acerca da força normativa dos princípios
em nosso ordenamento jurídico, tal dúvida foi dissipada pelo Constituinte de 1988, que
estabeleceu expressamente que as normas instituidoras de direitos fundamentais tem
aplicabilidade imediata (art. 5, parágrafo 1, CF/88).
Não há que se cogitar que essa postura representaria uma violação ao princípio
da separação de poderes. Esse princípio, inicialmente, foi concebido em termos rígidos
e buscava evitar que o poder se tornasse absoluto. Ao longo da histórica do
constitucionalismo, esse princípio sofreu diversas releituras, sendo que, no Estado
Democrático de Direito, a sua releitura deve ser feita em termos dos discursos postos à
disposição de cada uma das funções estatais envolvidas (execução, legislação e
jurisdição).
(Azevedo (2013, p. 16) tece severas críticas ao uso do princípio da proporcionalidade para solucionar casos
de conflitos entre normas, afirmando que: Se um juiz ou tribunal adota como método essa argumentação
orientada por valores mais desejáveis que outros, ele acaba por impor seus próprios valores à sociedade,
agindo numa espécie de tutela moral, como se sua condição de julgador lhe atribuísse um papel pedagógico
sobe os cidadãos.
Porém, esse mesmo autor adverte que o Estado Democrático de Direito tem como pressuposto
a existência de uma democracia pluralista e a convivência entre diferentes formas de vida sem que seja
necessário sopesar ou estabelecer prioridades entre os diversos valores culturais existentes na sociedade,
não cabendo ao juiz substituir os valores das partes pelos seus próprios ou por aquilo que acredita a melhor
forma de bem-viver (AZEVEDO, 2013, p. 17).
Para não incorrer nesse mesmo erro, é necessário ter em mente a teoria de
Dworkin, a qual defende que o conflito aparente entre princípios é um conflito entre
normas jurídicas e, como tal, deve ser resolvido mediante o reconhecimento do caráter
deontológico dos princípios, tendo em vista o caso concreto e considerando o direito em
sua integridade, como já mencionado acima.
REFERÊNCIAS:
AZEVEDO, Damião Alves de. Ao encontro dos princípios: crítica à proporcionalidade como solução aos
casos de conflito aparente de normas jurídicas. 2008.
DWORKIN, Ronald. As ambições do direito para si próprio. Traduzido por Emílio Peluso Neder Meyer e
Alonso Reis Siqueira Freire. 1984.
HABERMAS, Jürgem. FATICIDADE E VALIDADE: Uma introdução à teoria discursiva do Direito e do Estado
Democrático de Direito. 2003. Tradução: Menelick de Carvalho Netto..
STF, ADI 855 MC/PR-Paraná, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 01/07/1993, Tribunal Pleno, DJ
de 01-10-1993, p. 71.
STF, ADC 9/DF- Distrito Federal, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 13/12/2001, Tribunal Pleno, DJ de
23-04-1993, p. 06.
STF, MI 708/DF- Distrito Federal, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 25/10/2007, Tribunal Pleno, DJE
de 30-10-2008, p. 207.
NOTAS
[1]Apenas a título de exemplo, cite-se o julgamento da ADI 855 MC/PR-Paraná, Rel. Min. Sepúlveda
Pertence, ocorrido em 01/07/1993, Tribunal Pleno, DJ de 01-10-1993, p. 71 e o julgamento da ADC 9/DF- Distrito Federal,
Rel. Min. Ellen Gracie, ocorrido em 13/12/2001, Tribunal Pleno, DJ de 23-04-1993, p. 06. [2]STF, ADI 855 MC/PR-Paraná,
Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 01/07/1993, Tribunal Pleno, DJ de 01-10-1993, p. 71.[3]STF, ADC 9/DF-
Distrito Federal, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 13/12/2001, Tribunal Pleno, DJ de 23-04-1993, p. 06.[4]STF, MI
708/DF- Distrito Federal, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 25/10/2007, Tribunal Pleno, DJE de 30-10-2008, p.
207.
Autor: Jose Domingos Rodrigues Lopes, Graduado em Direito pela Universidade de Brasília - UnB. Pós-Graduado em
Direito Público pela Universidade de Brasília - UnB. Procurador Federal (PGF/AGU) atuante no STJ e STF. In: jus.com.br