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direito II
Primeira Frequência
Vimos que o positivismo legalista atenta a aporias que mesmo o inviabilizam e se deve
considerar concludentemente superado. A redução do direito à lei coloca o jurista
perante um problema.
Na fase pré-positivista o direito encontrava o seu sentido decisivo no ius naturalis, com
o positivismo absolutizou-se o “voluntarismo” na constituição e o “legalismo” na
“objetivação” do direito e por sua vez na superação do positivismo resultam duas
grandes ideias, a recuperação da autonomia de cada um dos termos “lei” e “direito” e
a retomada por parte do direito de uma dimensão material.
A ordem enquanto fenômeno objetivamente imposto não nos garante que o seu
conteúdo seja um conteúdo de direito. Vimos que há varias experiências históricas em
que os ordenamentos vigentes não seriam conhecidos como ordens de direito (ex: os
estados totalitários). Ao direito não basta ser só uma estrutura, é necessário
manifestar um sentido, um conteúdo. Hoje o homem é visto como homem-pessoa que
se empenha em constituir uma ordem de direito em que se reveja como um sujeito
ético.
Ele não traduz a redutiva precipitação de um qualquer absoluto imutável, ele está
originária e continuamente aberto à história, constituindo-se e reconstituindo-se.
Pode-se qualificar ainda o princípio Normativo como um “tertium genus” para além do
jusnaturalismo e do positivismo jurídico, pois colhe no jusnaturalismo a sua intenção
fundamentante e do positivismo, o seu caráter histórico.
Ora, o Princípio Normativo está para o direito assim como a mencionada auto-
transcendência para cada ciclo cultural, razão porque o podemos dizer a fundamental
(e fundamentante) pressuposição normativa que em cada momento temos da nossa
compreensão do direito.
OBS:
Essa ideia de auto transcendentalidade axiológica, resulta do sentido kantiano de
transcendental, as condições de possibilidade para a compreensão desses valores
materiais é a própria comunidade que os cria que os assume como vinculantes.
Responsabiliza todos os membros da comunidade
Dialética: Nós somos muitos no mundo então existe o problema da partilha do mundo,
o direito é só uma resposta possível para esse problema, não há qualquer regulação
que obrigue que os sujeitos optem para que o direito regule as relações, não tem que
ser necessariamente de direito, há outros possíveis, o direito é uma opção cultural. A
emergência do direito como ordem de direito mostra 3 condições, a primeira é a
condição mundanal, a segunda condição atropológico existencial (do mundo ser
apenas um e nós sermos muitos, o problema da partilha) e a condição ética (que faz
com que a ordem seja de direito).
Qual é o papel que afinal resta ao direito? Ao contrario do que vimos no positivismo
que a lei define o direito, o que é igualdade, a superação afirma o contrario, só se nos
reconhecermos uns aos outros com uma certa dignidade ética que implica autonomia
e responsabilidade que conseguiremos representar um sentido autônomo do direito e
isso tem varias projeções (honeste vivere, minimun laedere, suum cuique vivere).
➢ Modalidades de existência
Procuramos determinar o sentido do direito, quer em geral, quer em específico; mas a
normatividade não remete apenas para o sentido, a intencionalidade manifesta-se
como uma realidade, uma objetividade e um ser cultural. Nós não conseguimos
objetivar a cultura porque fazemos parte dela. O sentido faz parte do que nós somos e
o que fazemos para tentar entende-lo, sendo assim, como é que se nos oferece
objetivamente o direito?
OBS:
Dizer que o direito é positivo é a mesma coisa que dizer que o direito é vigente,
positividade = vigência. Ou o direito é positivo (vigente) ou não é, se o direito fosse
uma mera afirmação do dever ser e não fosse efetivo na pratica seria um conjunto de
afirmações apenas morais. O direito ou é positivo ou não é simplesmente direito.
O mesmo se pode dizer quanto à vigência do Direito: o direito diz-se que não é vigente
porque não se afirma como instância reguladora dos problemas juridicamente
relevantes suscitados pelo nosso atual encontro mundanal.
EX: o direito medieval não é hoje vigente porque não se afirma como instância
reguladora dos problemas juridicamente relevantes no nosso atual encontro mundanal.
Sendo assim:
Os princípios normativos só são vigentes quando traduzem uma validade intencional
socialmente encarnada.
A vigência (tanto cultural, como jurídica) identifica a subsistência histórico-social de
uma normatividade. Entendemos por vigência: aquele fenómeno ou modo-de-ser do
normativo que se verifica quando uma validade e um regulativo normativo são
assumidos vinculativamente e informam praticamente, como sua dimensão
culturalmente real, a vida histórica de uma determinada comunidade social”.
A vigência para nos é uma noção temporal que se traduz em validade e eficácia. Mas
para o nosso código, para estar em vigor não é ser valido e sim estar previsto na lei,
tudo o que não foi revogado, sendo assim, nada do que estiver previsto é direito. Pro
Ex: imagine que a norma em causa é uma norma que discrimina o homem em relação
a mulher, uma norma que sobreviveu as alterações normativas. A norma que esta em
vigor trata de maneira diferente o homem e a mulher, de acordo com o CC esta norma
está em vigor e temos que aceitar, quem cria o direito é o legislador e não o juiz. Essa
norma perdeu a vigência como entendemos porque perdeu a validade em função do
recurso do tempo
Existencia do direito como Vigência: é o direito que está em vigor, vigora. No entanto,
há varias noções sobre o tipo de realidade que podemos descrever o direito,
diferentes perspectivas que podem se resumir em 2 grupos:
1- Acham que o direito é um valor ou uma normatividade que não precisa de ter
uma tradução empírica observada, não pode ser apontado ou identificado pelo
homem, existe num plano ideal.
2- O direito existe como um facto social
De um lado normatividade e do outro factualidade.
Ex: uma pessoa mata a outra, como provo que ela fez mal? Se a regra não existe ela
não fez mal nenhum, a menos que eu diga “não, essa regra existe, independente do
fato dele ter violado ou não, ela existe”
O direito objetivo é um direito pensado como um ente fenomênico que vai ser
constituído, pensado em termos objetivos, já o direito subjetivo são poderes ou
faculdades que o direito objetivo confere as pessoas.
EX: se uma pessoa mata outra há abuso do direito? Não, porque ninguém tem direito
de matar.
O abuso do direito vem para mostrar que mesmo que sejam legítimos tem que ser
pensado no horizonte da comunidade e nos valores da comunidade.
• Pensamento Jurídico Romano: O direito era uma ordem objetiva que definia o
estatuto das pessoas e determinava a situação das coisas. A normatividade
jurídica era a res iusta (positivação objetivamente justa) e não tanto a sua
imputação subjetivamente justificada. O que verdadeiramente importava era a
harmoniosa integração das posições na ordem comunitária, porque só em
referência à civitas o homem se compreendia com sentido (por isso não se
preocupou com a distinção entre direito objetivo e subjetivo)
• Idade Média: manifestam-se pela primeira vez sinais de que as coisas estavam a
mudar. As propostas de ANSELMO DE CANTUÁRIA sobre a separação entre a
Igreja e o Século e, ainda, de que Deus e o Homem são ontologicamente distintos
vieram por em causa o paradigma pré disponível ao relativizar a importância da
ordem objetiva. Com efeito, a libertação do homem do cosmos englobante e a
correlativa admissibilidade de que ele pode discutir com a ordem comunitária
são os pressupostos mínimos da emergência de direitos subjetivos.
OBS: os sistemas jurídicos pré-modernos não conheceram direitos subjetivos,
somente estatutos em que os diversos atores sociais se inseriam.
• Idade Moderna: O homem assume plenamente a sua autonomia perante as
ordens comunitárias. O individualismo e o contratualismo vieram então
estabilizar uma compreensão da prática da perspectiva do sujeito, passando a
ordem jurídica a identificar o conjunto dos direitos subjetivamente titulados.
• Jusnaturalismo Moderno: instituiu a criação de sistemas de direito subjetivos.
Com o jusnaturalismo moderno-iluminista, o homem passa a compreender-se
como indivíduo com uma autónoma subjetividade prática juridicamente
projetada nos direitos subjetivos que titulava e a ordem normativa transforma-
se em organização compossibilitadora do referido conjunto.
Com efeito, fruto desta tensão na evolução descrita, pode dizer-se que o século XIX se
apresentou como uma época dualista. Ora, na esteira de LOCKE e KANT, manifestou-se
como uma linha liberal, que acentuou os direitos fundamentais naturais e que se
perfilou como claramente subjetivista. Por outro lado, seguindo a tradição francesa
que entronca em ROUSSEAU e MONTESQUIEU, irrompeu uma linha uma linha de
pendor normativista e legalista, nitidamente, objetivista e os direitos subjetivos eram
os reconhecidos pelo direito objetivo. Esta segunda trincheira foi também a do
sociologismo emergente, a título de exemplo, AUGUSTE COMTE sustentou ter cada
homem apenas um direito – o de cumprir o seu dever social. Mais tarde, LÉON DUGUIT
acentuou o dever prescrito pela sociabilidade e a projetar-se no direito objetivo, em
detrimento do direito individualmente titulado, apagando os direitos subjetivos que
substituiu por funções sociais. Por fim, KELSEN reduziu também o direito subjetivo a
uma das expressões do direito objetivo, compreendido como sistema de normas, em
que se centrou.
Por fim, note-se que as categorias que analisámos de direito subjetivo e direito
objetivo desvelaram-se-nos polos irredutíveis da normatividade jurídica neste tempo
que é o nosso, na medida em que se densificam reciprocamente
Conclusão:
A ordem jurídica é, portanto, de uma ótica material, um sistema. Como todo sistema, a
ordem jurídica tem como notas a unidade e a coerência.
Distinguir consistência e coerência (vamos olhar para sistemas que já são nossos
conhecidos, os grandes sistemas são assentes no direito natural formados por dedução
a partir de um axioma por vezes de um modo mais empírico e outras por modo mais a
priori (ponto de vista kantiano).
A compreensão do direito natural não poderá sofrer o estigma da experiência. Deve
ser determinado de forma pura a priori, deixando de ter um axioma mínimo
observável para termos um axioma racional.
• Sistema jurídico do Positivismo do seculo XVIII (Alemão) – o elemento que
compõem este sistema é a norma. Ser norma tem haver com uma certa
estruturação. A unidade do sistema é de coerência-lógica. Sistema: fechado,
Os princípios normativos não são normas, não é da sua natureza ter a forma/estrutura
lógica de norma embora existam.
Estão sempre presentes estes princípios normativos, quer na sua criação, quer na sua
aplicação prática. O intérprete deve aplicar a norma à luz dos princípios em que esta se
fundamenta.
2) As Normas Legais
Não encontramos só fundamentos aqui, mas sim critérios. As normas são critérios
jurídicos gerais e abstratos que visam solucionar imediatamente um determinado
conjunto de problemas.
Por outras palavras as normas legais são critérios normativo-legais que oferecem um
sentido imediato de resposta para os problemas juridicamente relevantes, isto é,
oferece um sentido de resposta, assim sendo, as normas do ponto de vista do
Pensamento Jurídico como critérios jurídicos conseguimos distinguir ainda
o ratius como lerios e iuri , as normas legais gozam de uma presunção de vigência, de
autoridade, e estas vinculam desde logo pela referência institucional que as estipula e
Estrutura lógica
A norma é constituída por uma hipótese ou previsão, uma estatuição ou consequência
jurídica, articuladas por uma cópula, que traduz sempre, irredutivelmente, um “dever-
ser”.
Posto isto, note-se que a norma pode ser olhada como sociológico-imperativo critério
informativo da ação, ou regra de comportamento. Desta perspetiva, avulta o texto da
norma. No entanto, de uma ótica prático-normativa, é muito mais interessante ver a
norma, complementarmente, como axiológico-normativo critério valorador da ação e
como judicativo-prático critério de decisão de problemas justificadamente qualificados
como juridicamente relevantes. Com efeito, o aproblemático ao nível da informação
orientadora da ação, volve-se em problemático da perspetiva da controvérsia
discursivo-argumentativa aberta pela situação concretamente experienciada e
reclamada pela exigível fundamentação do juízo decisório. Neste sentido, PAWLOWSKI
autonomiza a função normativa das normas jurídicas, considerando crucial a
pressuposição pelo decidente, dos fundamentos que elas objetivam, para que
efetivamente se cumpram.
3) A jurisprudência judicial
Quanto a analise do sistema jurídico vamos encontrar no extrato da jurisprudencial
judicial a experiência judiciativa do direito dos tribunais. São fundamentais no sistema
jurídico.
Se o sistema jurídico era constituído somente por normas, assim o resultado da
aplicação não resultaria. A jurisprudência judicial era conhecida como relevância que
leva a que se reconheça com uma presunção de justeza. Essa justeza tem origem com
sistemas de common law, nos leva a considerar que o jurista convoca pelo menos a
norma e os princípios em que ela se consagra, mas também a jurisprudência judicial,
pois as decisões não são desligadas entre si.
Consiste tanto na realização judicativo-decisória da juridicidade vigente,
reconstituindo-a, como também na participação na tarefa da sua constituição ex novo,
nomeadamente, através de precedentes jurisdicionais.
Mas o corpus iuris não se reduz à soma dos planos mencionados, pois aquela sua
unidade é totalizantemente prático-racional, o que justamente implica um outro
estrato, a dogmática.
4) A dogmática
Importância:
É a reflexão que se encarrega da elaboração das diversas expressões de juridicidade
vigente.
É através desta que o sistema se manifesta em termos suficientemente explicitados.
Denota-se a sua importância na construção e elaboração racional da normatividade
jurídicas (nas sentenças dos juízes, nas peças forenses dos advogados, nos pareceres
dos jurisconsultos, etc.).
Funções
Cumpre à Doutrina desempenhar relevantes tarefas, tais como:
5) A realidade jurídica
6) As regras procedimentais
Vamos encontrar um conjunto de regras que se prendem com o modo operante das
Tipos de fontes:
Perspectiva positivista do século XIX: a fonte de direito era a lei por excelência e as
que a lei admitisse. Se trataria de saber quem teria poder para criar normas jurídicas
obrigatórias no âmbito de um determinado sistema político-constitucional. O
positivismo respondia à pergunta que assim formulava invocando o corpus iuris pré-
constituído. Desta ótica tudo se resumiria à clarificação do sentido dos quatro
primeiros artigos do CC porque não se discutia a exclusiva legitimidade do legislador
para decidir a mencionada questão, identificando as fontes do direito com as suas
Existem três modelos padrão (em todos esses modelos se manifestam os momentos
atrás indicados), ou tipos paradigmáticos, de experiência constitutiva da
normatividade jurídica:
1) Experiência jurídica consuetudinária: reporta-se nas sociedades tradicionais,
pré-modernas, assentas num consenso e na sedimentação lenta dos valores. O
direito nessas sociedades se manifestava como costume jurídico, como um
comportamento comunitariamente estabilizado, reiteradamente observado e
intersubjetivamente vinculante. Uma determinada regra de vida social,
segregada pela própria comunidade e entretecida por pontes, que desse uma
boa prova, deveria continuar a seguir-se, e o “comportamento social
institucionalizado” que assim se menciona, identifica precisamente o costume
jurídico. É uma “índole social”.
Aqui não há distinção entre entidade que cria e a entidade destinatária do
direito, porque é a comunidade que cria e a comunidade que observa.
O costume jurídico é uma prática reiterada, com força vinculante, e que, por
isso mesmo, é observada como norma de comportamento. O próprio
comportamento perfila-se com vinculatividade normativa, apagando-se à
medida que se instaura a tradição, a memória do problema originante da sua
criação.
2) Experiência jurídica legislativa: já é observada no nosso hemisfério jurídico
cultural. Assenta na prescrição de critérios legais, regras ou normas, numa
intenção de regulamentação e programática relativamente à realidade social,
ou político-social, que é o seu objeto e visa projetar-se no tempo futuro.
Notas tipificadoras: o direito destaca-se aqui dos comportamentos,
precipitando-se em normas ou regras. Essas normas e regras pressupõem uma
decisão e a racionalidade que as predica assenta na sua inserção num quadro
sistemático, além de visarem inovar a normatividade jurídica anterior e terem
no texto que as enuncia uma dimensão autenticamente constitutiva. Por fim,
essas normas e regras têm atrás de si um poder que assume uma certa
estratégia e que, concorre para a politização do direito e não podem deixar de
pressupor uma fundamentante intenção de validade material.
Temos a lei como fonte do direito, o direito é criado através da prescrição de
normas que esta determinantemente marcada pela entidade que cria essas
normas. Tem uma relação entre o legislativo e a legitimidade da criação de leis,
quem tem poder para criar direito como forma de lei é o poder legislativo, a
criação de normas implica prescrições para o futuro, a dimensão temporal que
caracteriza a projeção legislativa é o futuro. Outra nota é vermos que quem
cria é o legislador e o destinatário é agora outra entidade, não é como na
consuetudinária, há distinção entre quem cria e os destinatários.
3) Experiência jurídica jurisdicional: centrada na decisão judicial, resolução de
problemas práticos que se apresentam ao direito. Um acervo normativo que
O assento
Entre nós a via escolhida foi, em 1926, a dos assentos. O assento era historicamente o
esclarecimento sobre uma dúvida de interpretação que surgisse em casos concretos.
Essas dúvidas deveriam ser submetidas à Casa da Suplicação em Lisboa que se
encarregaria de esclarecer essas dúvidas e a Lei da Boa Razão de 1796 atribuiu a
natureza e a autoridade de lei, ou seja, confirmou o sentido e vinculatividade dos
assentos para instâncias inferiores.
Entretanto, os assentos foram recentemente revogados.
OBS: com a instauração do supremo tribunal de justiça no sec XIX não se fixou essa
possibilidade de se considerar o assento, em 1926 consagra efetivamente o assento e
o mesmo aconteceu com o código civil de 1939, depois cristalizou essa relevância do
assento. Assim se manteve até a reforma do CPC 1995, em que são estabelecidos os
julgamentos ampliados revogados, e também foi revogado o art. 2 do CC, ficamos com
a jurisprudência resultando do processo ampliado de revista. Já a reforma recuperou 2
artigos agora com o sentido de assento, 698 e 695 do código do processo civil.
Uma realidade cultural e jurídica determinada não se decreta e será a partir dela, sem
a interposição de pré-juízos descaracterizadores, que deverá considerar-se o problema
da constituição da normatividade jurídica vigente, nas suas diversas manifestações,
esse é o problema das fontes do direito.
OBS:
Nos nossos dias a lei é a fonte fundamental, mas não é a única. A lei tem uma
prerrogativa na criação do direito que manifesta-se em muitas referências, como por
exemplo na primazia de lei, há matérias que só podem ser reguladas por lei. A lei tem
por isso uma ampla margem de criação de direito no nosso tempo e no nosso espaço,
há funções que só a lei desempenha na criação do direito:
Funções politico sociais: devemos considerar a lei e a realidade.
Se divide em duas: uma função de ordenação politico ou social e reformadora, e por
outro lado uma função instituinte e planificadora regulamentar (tem a ver com a lei ser
estabelecimento institucional da sociedade)
Funções especificamente jurídicas: tem uma função de integração comunitária, é a lei
que tem capacidade na integração dos sujeitos, quando aparentemente a lei parece
recuar deixando cada vez mais liberdade para o poder, ao mesmo tempo nós vemos,
que muitas vezes é a própria lei que é o único meio social de integração para alguns
sujeitos (discriminação racial e etc). E uma função negativa, nenhuma outra fonte do
direito garante da mesma forma que a lei a possibilidade de prever as consequências
das suas ações, garante certeza e segurança para os destinatários, isso é crucial para a
garantia.
Limites da lei
Limites funcionais: A lei tem funções específicas, tudo que a lei deve ser chamada a
fazer, mas por outro lado há domínios em que a lei não deve tocar, dimensões em que
a lei não pode interferir, como a decisão judicial.
Limites normativos: limites à lei pelo fato de ser lei. Por ser norma legal também tem
limites.
Se dividem em:
Exercício prático:
Tendo bem presentes as considerações acima tecidas, ficam os senhores
estudantes desafiados a justificar, socorrendo-se de exemplos pertinentes,
em que medida o Instituto do Abuso do Direito nos oferece uma exemplar
manifestação da dialéctica que entretece o direito objectivo e o direito
subjectivo.
Nos princípios normativos a presunção que eles mais avultam é a validade, no caso do
principio, embora ele só esteja em vigor se for valido e eficaz, a carga que sobressai é a
validade.
Os princípios são exigências de sentido axiológico normativo em que radica a validade
do sistema e, por isso, conformadores de autênticos princípios de justeza. Carece de
juridicidade e de justiciabilidade.
Só se pode dizer jurídico de for DE direito (estar de acordo com a ideia de direito
histórico culturalmente compartilhada e fornecer uma resposta material adequada a
um problema de fruição inter-subjetiva do mundo. Se está em conformidade com os
fundamentos do direito) e DO direito (pelo pensamento jurídico o afirmar vigente, em
vigor, valido e eficaz no ordenamento).
Princípios e critérios
Entre os princípios e a realidade há um leque de diferenciações enorme. No sistema há
um tratamento distinto dos princípios normativos dos outros estratos. Os princípios
são fundamentos enquanto os outros estratos são critérios. Os princípios oferecem
sobretudo o porque de certas afirmações, transportam o valor e o poder do valor. Os
critérios apresentam muito mais como se resolve. Sendo assim, os princípios são
fundamento de todos os critérios, os critérios são validos se estiverem de acordo com
o valor, e o valor se manifesta nos princípios.
Os princípios, tendo essa carga valorativa enorme, são insuficientemente
determinados. Enquanto os critérios determinam o sentido do direito de uma forma
muito mais precisa. O sistema tenta equilibrar dentro de si a dinâmica entre
estabilidade e mudança, ordem e problema. O próprio sistema no seu interior tem que
gerir essa tensão entre estabilidade e adaptação a realidade, essa gestão é permitida
pelo facto dos princípios no seu potencial normativo serem abertos sempre a
concretizações, normas, abrem-se sempre ao sistema, enquanto os critérios o fecham.
Os critérios apertam o sentido do direito, são cada vez mais específicos, afunilados
para a realidade.
O sentido do direito se manifesta nos critérios de uma perspectiva dogmática e nos
princípios pelo lado problemático. Os critérios são mais precisos, determinados.
Os princípios são a expressão normativa do direito, por isso assumem a presunção de
justeza. Um princípio só o será se for jurídico (quando é um principio de e do direito) e
tiver a característica da justicibilidade (se puder ser mobilizado no âmbito de um
debate judicial).
Classificação: positivos (consagrados expressamente ou implicitamente pelo direito
normalmente em forma de norma legal), trans-positivos (a marca d’agua de uma
determinada área dogmática) e supra positivos (fundamentam todos os outros e sem
os quais o direito deixa também de possuir qualquer sentido, encontrando-se num
plano mais exigente e estando associado ao polo suum e polo commune).
Fontes como equívoco: o problema das fontes tem uma raiz profunda já que na
maioria das vezes resultam no modo como colocar o problema. A divergência vem
desde logo na terminologia (fonte é uma metáfora que transporta uma semântica
muito ampla). A divergência nasce do confronto entre perspectivas.
Dicas exame:
Podemos levantar a questão se achamos que se pode aceitar tal fonte, ou a ideia do
elenco das fontes do CC, que confere maior poder ao legislador.
Tendo em conta os limites da legislação, critique a teoria tradicional das fontes e
relacione com a pluridimensionalidade.