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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____VARA CÍVEL DA

COMARCA DE _______________ (Conforme art. 319, I, NCPC e organização judiciária da


UF)

Prioridade de Tramitação por


doença grave

Prioridade de tramitação face ao


Estatuto do Idoso –77 anos

NOME COMPLETO DA PARTE AUTORA, nacionalidade, estado civil (ou a existência


de união estável), profissão, portador da carteira de identidade nº xxxx, inscrita no CPF/MF sob o nº
xxx, endereço eletrônico, residente e domiciliado na xxxx (endereço completo), por seu advogado
abaixo subscrito, conforme procuração anexa (doc. 01), com endereço profissional (completo),
para fins do art. 106, I, do Novo Código de Processo Civil, com fulcro nos Arts. 319, 308 e
seguintes do NCPC, nos artigos úteis do Código de Defesa do Consumidor e artigos 196 e 197 da
CF/88, vem mui respeitosamente a V.Exa., propor a presente:

AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, COM NULIDADE DE CLÁUSULA


CONTRATUAL, COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA, COM
LIMINAR – INAUDITA ALTERA PARTE, nos termos do Art. 300 do NCPC

contra a _____________, localizada na Rua _____________, inscrita no CPNJ sob o nº


_____________, pessoa jurídica de direito privado, com sede na _____________, inscrita no CNPJ
sob o nº  _____________, endereço eletrônico, pelos relevantes motivos de fato e de direito
adiante expostos:

DAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS

- DA PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DE TODOS OS ATOS PROCESSUAIS POR


DOENÇA GRAVE

Em face de a Autor a ser portador de doença grave, vem requerer a Vossa Excelência, que
se digne de conceder prioridade na tramitação de todos os atos processuais e diligências, em
consonância com a redação do Art. 1.048, I do NCPC, in verbis:
  “ Art. 1.048 – Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou
tribunal, os procedimentos judiciais:

I - Os em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou


superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim
compreendida qualquer das enumeradas no art. 6º, inciso XIV, da Lei n
7.713, de 22 de dezembro de 1988;”.

- DA PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DE TODOS OS ATOS PROCESSUAIS

Destarte, a Autora vem requerer o benefício da prioridade acima explicitada, solicitando


que V.Exa., determine que a Secretaria desse cartório tome as medidas necessárias a tal priorização.

Em face da idade avançada, a Autora com 77 (setenta e um) anos requer a Vossa
Excelência, que se digne conceder prioridade na tramitação de todos os atos processuais e
diligências, em consonância com a redação do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03), em seu Art.
71, §1º e com a redação do Art. 1.048, I do NCPC.

Destarte, requer a Autora o benefício da prioridade acima explicitado, solicitando que V.


Exa. determine a Secretaria desse MM Juízo que tome as medidas necessárias a tal priorização.

DOS FATOS

A medida judicial ora impetrada visa a proteger direito inconteste da AUTORA,


consubstanciando-se na utilização de assistência médica - hospitalar e auxiliares de diagnóstico e
terapia, objeto do contrato firmado com a SUL AMÉRICA SAÚDE.

A Autora firmou com a Ré contrato de adesão a Seguro de assistência médica e/ou


hospitalar (doc. 04), com código de identificação n. _______________ (ver doc. 02).

Vale ressaltar que, por se tratar de típico contrato de adesão, suas cláusulas foram
elaboradas unilateralmente pela Operadora Ré, sem que fosse dado a Autora o direito de discuti-las
previamente, como de praxe o são os contratos desta natureza.

Não se pode olvidar que desde o início da vigência do presente contrato em nenhum
momento deixou o Autor de cumprir com a sua parte na avença, pagando os valores cobrados a
título de mensalidade, que alcançam atualmente o valor de R$ _______________, como provam os
últimos boletos anexados (docs. 05/07).

Explica-se que a Autora sofreu vários AVC’s, estando em atendimento de home care, e
vem sofrendo relativa piora no quadro respiratório. A autora faz uso de aparelho BIPAP com
máscara oronasal . Porém desde março tem obsevado quedas da saturação, e dificuldade em respirar
voluntariamente, necessitando de ajuda de aparelhos, conforme relatado pelos médicos assistentes
nos laudo anexo (doc. 08), e transcrito a seguir:

(doc. 08)

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LAUDO MÉDICO

Paciente _______________, 76a, sequelada de AVC, restrita ao leito,


apresentando apneia do sono, em uso de oxmetria de pulso contínuo e BIPAP
intermitente, com ..., em acompanhamento pneumológico e home care SEM
PREVISÃO DE ALTA.

Dr. _______________

Em decorrência do estado de saúde do paciente, o médico assistente solicitou a realização


do exame de POLISSONOGRAFIA, exame que geralmente é realizado anualmente, para
acompanhar o quadro da autora. Entretanto no exame realizado em janeiro desse ano, a
autora já apresentou quadro de apneia grave, por essa razão tem indicação medica para
repetir o exame, sendo este decisivo para investigação e fechamento de diagnose, em caráter
de urgência, exame que deverá ser realizado em duas fases (Polissonografia com EEG +
Oximetria não invasiva e Polissonografia com EEG + uso de equipamento de pressão positiva
para titulção da pressão ideal e aparelho (Bipap OU Cpap)), conforme relatado pela médica
assistente no laudo anexo (doc. 09) e transcrito a seguir.

(doc. 09)

Justificativa:

A paciente _______________, de 76 anos, procurou avaliação pneumológica


para esclarecimento quanto ao uso de BIPAP e Oxigênio. A mesma tem história de
5 episódioas de VC e encontra-se com atendimento tipo “home-care” há 5 anos.
Tem sequela neurológica, é cadeirante, faz uso de marcapasso há 4 anos, em
acompanhamento cardiológico regular. Tem história de ronco, apneias testemunhas
e dessaturação de oxigênio durante o sono. Apesar do uso do BIPAP, com máscara
oro-nasal, apresenta dessaturação da oxi-hemoglobina.
É necessário realizar uma polissonografia basal para rever o diagnostico e a
necessidade de oxigênio. Em seguida, deverá realizar nova polissonografia com
equipamento de pressão positiva ( CPAP ou BIPAP), para adequar a terapêutica
para este caso e verificar a necessiadade ou não de oxigênio durante o sono.

À disposição

Ou seja, resta claro que a autora é sequelada de AVC, faz uso de marcapasso cardíaco há
cerca de cinco anos (doc. 10), atualmente está em uso de BIPAP + Oxigênio sem melhora. Em
decorrência da dessaturação, no período da noite, a médica assistente, Dra.
_______________solicitou a realização do exame de POLISSONOGRAFIA COM ELETRO-
ENCEFALOGRAMA + OXIMETRIA NOTURNA, devido ao quadro de APNEIA GRAVE
que a autora vem apresentando (doc.11).

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Foi requerido a empresa Ré autorização do exame solicitado pela médica assistente de
forma administrativa, porém a ré não atendeu o pedido, em um desrespeito a autora e seus
familiares. O caso da paciente é gravíssimo, e não se pode permitir que seja tratada de forma tão
desrespeitosa a condição de ser humano. O tratamento dado a autora afronta o Estatuto do Idoso e a
relação de consumo.

Afinal, a dignidade é o reconhecimento da condição humana, e o que se observa com a


negativa da empresa em atender a solicitação médica é não valor a pessoa humana e contraria o
objeto do contrato que é de assistência médicas e/ou hospitalares. O laudo médico e a justificativa
para a realização do exame comprovam a urgência e a necessidade da autora de se submeter ao
exame solicitado pelo médico assistente.

Acontece que, devido à gravidade do estado de saúde da paciente, aliado ao risco de


morte súbita que a acomete, além do fato do internamento em sistema de Home Care, faz-se
imperiosa a realização do exame solicitado, já que vem apresentando quadro de APNEIA
GRAVE.

Mesmo após a solicitação do médico assistente, relatando que a autora é acompanhada


com médico pneumologista devido a dificuldade respiratória. Sua capacidade de saturação é
limitada e o que o médico assistente quer é fechar diagnostico para melhorar o déficit respiratória,
promovendo melhor qualidade de vida para a paciente.

Denota-se, então, a suma relevância desses procedimentos para a manutenção da vida da


Autora, com qualidade, sem deixar de enfrentar que a paciente faz uso a quadro anos de
marcapasso, sendo acompanhada por cardiologista. Esse quadro de a apneias testemunhadas e
dessaturação de oxigênio durante o sono, NECESSITA SER INVESTIGADO, ATRAVÉS DA
REALIZAÇÃO DO EXAME DE POLISSONOGRAFIA COM ELETRO-
ENCEFALOGRAMA + OXIMETRIA NOTURNA, nos termos solicitados pelo médico
assistente.

Importante destacar que a Operadora Ré está agindo em total descaso com esse paciente e
seus familiares, haja vista que, mesmo diante de tal situação, extremamente delicada, a mesma não
autoriza o exame de POLISSONOGRAFIA COM ELETRO-ENCEFALOGRAMA +
OXIMETRIA NOTURNA. Ressaltando-se que já foi enviado ofício explicando a situação da
paciente e requerendo a solução do impasse na esfera administrativa, e a ré sequer respondeu,
restando à autora como opção apenas o socorro jurisdicional ora pleiteado.

Ora, Douto Julgador, como pode a Empresa Ré não custear o exame de


POLISSONOGRAFIA COM ELETRO-ENCEFALOGRAMA + OXIMETRIA NOTURNA
tudo conforme laudo do médico assistente, haja vista que esse tipo de exame é o indicado para
melhor administrar o tratamento da autora, de acordo com prescrição do profissional capacitado
para tanto, qual seja, seu médico assistente, visando à preservação da VIDA da paciente com
dignidade, uma vez que, esse é um direito inconteste e constitucional de qualquer ser humano.

Portanto, a DESOLAÇÃO e PREOCUPAÇÃO de familiares com a situação da autora


são DESESPERADORAS, visto que já se paga as mensalidades do plano, além de outras

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despesas e nesse momento crucial da vida da autora, a situação é vexatória, constrangedora e
humilhante, vendo a autora todo seu direito negado pela Empresa Ré, porquanto a VIDA tem que
ser preservada com dignidade até o último momento, além de ser um direito inconteste e
constitucional de qualquer ser humano.

Ressalta-se que, a saúde, como premissa básica no exercício da cidadania do ser humano,
constitui-se de extrema relevância para a sociedade, pois a saúde diz respeito à qualidade de vida,
escopo de todo cidadão, no exercício de seus direitos. Na esfera jurídica, o direito à saúde se
consubstancia como forma indispensável no âmbito dos direitos fundamentais sociais.

Ademais muito menos justo, ainda, é que a Ré, ao seu talante, possa decidir,
unilateralmente, pelo não custeamento das despesas médico-hospitalares da Autora sem
justificativas plausíveis, sem ao menos se embasar em opiniões médicas competentes, no momento
em que mais precisa, encontrando-se em verdadeira situação de emergência, deixando-a ao
desamparo total, uma vez que o Código de Defesa do Consumidor obriga essa cobertura, sendo, de
resto abusiva a conduta da operadora ré que veste-se de inverdades para fundamentar tal negativa,
como adiante melhor se esclarecerá, em conformidade com todo o arcabouço jurídico de que
dispõe.

Assim sendo, a Ré deverá ser compelida a arcar com O EXAME DE


POLISSONOGRAFIA COM ELETRO-ENCEFALOGRAMA + OXIMETRIA NOTURNA,
CONFORME PRESCREVEU O MÉDICO ASSISTENTE, NO SENTIDO DE RESTAURAR
SUA SAÚDE, BEM COMO ELIDIR OS PROBLEMAS QUE A DOENÇA POR SI SÓ JÁ
OCASIONA, além de ser um direito inconteste e constitucional de qualquer ser humano, sem
qualquer limitação, restrição ou exclusão, medida esta que pleiteia junto ao Poder Judiciário
como única via restante, respaldo na garantia digna e integridade do bem maior de todo
ordenamento jurídico que é a VIDA.

DO DIREITO

A Lei 8.078, de 1990 que dispõe sobre a proteção do Consumidor, no art. 83, assegura o
ajuizamento de qualquer tipo de ação, sempre que tiver em jogo e em risco o direito de um
consumidor.

No caso dos autos, que refere-se a uma RELAÇÃO DE CONSUMO, fica a empresa
contratada obrigada a prestar os serviços médicos suficiente à eliminação dos riscos à saúde, ao
passo que o contratante, associado, tem o dever de arcar com pagamento da contraprestação de tais
serviços.

Sabe-se que o consumo depende do desenrolar da economia de mercado, e visto que os


contratos são “instrumentos de circulação de riquezas”, o mundo globalizado não “suportaria” que
todos ensejassem uma discussão prévia entre as partes, motivo pelo que fez com que o mercado
econômico adotasse o CONTRATO DE ADESÃO. Eis que, esses podem proporcionar maior
uniformidade, rapidez, eficiência e dinamismo às relações contratuais, especialmente as de

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Consumo, contudo, em contrapartida, nas entrelinhas possibilitam abusos da parte hipersuficiente
da relação.

Indubitavelmente, denota-se, que o Contrato sob comento é um CONTRATO DE


ADESÃO, cujas cláusulas inseridas não sofrem discussão prévia, pelo simples fato da parte (Autor/
consumidor) não ter acesso a seu conhecimento, ou pelo menos modificá-las às suas necessidades.
Sendo, o referido contrato deliberado de forma UNILATERAL e EXCLUSIVA pela Seguradora
Ré.

Deve, portanto, serem analisados com extremo rigor, de modo a coibir práticas abusivas e
cláusulas iníquas, marginalizadas pela Lei.

- DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL À SAÚDE DO CONSUMIDOR

Os fatos relatados se apresentam como materialização de uma relação jurídica estabelecida


entre as partes a partir do contrato de prestação de serviços de Assistência Médico-Hospitalar, no
qual a Ré está obrigada a prestar os serviços necessários à saúde do usuário, caracterizado como
SERVIÇO ESSENCIAL.

Há de ser ressaltada a importância que se dá à prestação de serviço médico pela


Constituição Federal nos arts. 196 e 197 da CF, donde subsume-se facilmente ser a prestação de
serviços de saúde, uma atividade essencial, devendo obedecer aos princípios constitucionais
inerentes à pessoa. Assim sendo, eventual solução de continuidade ou interrupção da execução em
caso específico deverá atender a critérios puramente técnicos.

Posto isso, não é cabível à Ré limitar o direito quanto à prestação do serviço de saúde, a
Autora. Ou seja, não lhe cabe agir ARBITRARIAMENTE contra a parte mais frágil que é o
consumidor!!!

A Carta Magna estabelece ser a saúde essencial a pessoa humana, cabendo ao Estado ou a
quem lhe substitua a prestação adequada e suficiente à eliminação do risco. Dessa forma, é límpida
a inconstitucionalidade da norma que exclui direitos garantidos constitucionalmente, como in casu
A NEGATIVA DO O EXAME O DE POLISSONOGRAFIA COM ELETRO-
ENCEFALOGRAMA + OXIMETRIA NOTURNA, atingindo diretamente a proteção a sua
vida.

O art. 170 da CF/88, visando impedir desregramento no mercado de consumo, elencou a


defesa do consumidor como um princípio da ordem econômica, intencionando a proteção dos
consumidores ante o “Hércules” da lucratividade.

Portanto, é público e notório que a negativa da Ré, está em confronto com o determinam as
normas fundamentais – Constituição – uma vez que NEGOU DE FORMA ABSURDA O
EXAME O DE DE POLISSONOGRAFIA COM ELETRO-ENCEFALOGRAMA +
OXIMETRIA NOTURNA SEM QUALQUER ALEGAÇÃO PLAUSÍVEL. SALIENTANDO
QUE O DIREITO À VIDA É O MAIS FUNDAMENTAL DE TODOS OS DIREITOS, JÁ QUE

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SE CONSTITUIU UM PRÉ-REQUISITO À EXISTÊNCIA E EXERCÍCIO DE TODOS OS
DEMAIS DIREITO.

- DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ÀS RELAÇÕES


CONTRATUAIS DECORRENTES DE PLANOS E SEGUROS DE SAÚDE

A atual SÚMULA 469 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ratificou o


entendimento de que se aplica o Código de Defesa do Consumidor às relações contratuais de plano
de saúde, veja-se:

“Súmula 469 STJ. Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos


contratos de plano de saúde”.

Assim, o descumprimento de cláusula contratual pela Operadora Ré, prestadora de serviço


essencial e contínuo, por ter como objeto de seu comércio a saúde, fere o princípio da continuidade
do serviço essencial, acarretando danos irreparáveis à parte consumidora, que no caso da Autora
está na negativa de não autorizar o exame necessários e imprescindíveis ao restabelecimento da sua
saúde e vida com qualidade, o que visivelmente mostra que a Autora não tem obrigação de arcar
com o tratamento que é obrigação da Operadora Ré, porquanto corre sérios riscos caso o exame não
seja realizado para assim poder fazer o tratamento mais adequado.

Conforme disposto no art. 6º, do CDC (Lei 8.078/90), são direitos básicos do consumidor à
proteção contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos ou serviços,
e a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

O referido dispositivo garante a proteção dos consumidores de serviços em geral,


particularmente dos serviços públicos latu sensu, abrangendo o respeito e proteção à vida, saúde e
segurança por parte dos prestadores de serviços, assegurando de maneira correlata o direito a
efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais originários das ditas relações
de consumo.

Nesse contexto, o art. 22 do Código de Defesa do Consumidor, alicerçado-se no que dispõe


o § 6º, do art. 37, da CF, determina o fornecimento de serviços adequados, eficientes, seguros
quanto aos essenciais, contínuos, impondo sua responsabilidade, pela má prestação dos ditos
serviços, aos fornecedores e comerciantes do produto ofertado.

Assim, nos termos do dispositivo legal supracitado, o descumprimento de disposição legal


pela empresa Ré, por ter como objeto de seu comércio a saúde, fere o princípio da continuidade do
serviço essencial e contínuo, acarretando danos irreparáveis à parte consumidora, que no caso da
Autora está relacionado a autorização DO EXAME DE POLISSONOGRAFIA COM
ELETRO-ENCEFALOGRAMA + OXIMETRIA NOTURNA, IMPRESCINDÍVEIS PARA A
REALIZAÇÃO DE TRATAMENTO ADEQUADO.

O que se quer afirmar é que, ao prestar serviço de natureza contínua e essencial, na área da
saúde, originalmente de competência do Estado, a empresa deve fazê-lo INTEGRALMENTE, sem

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exclusões ou limitações injustificadas, inclusive temporais, sem que possa submeter ao consumidor
restrições que não encontram fundamento legal, quiçá, de cunho moral ou ético.

Caracterizada a prestação de serviço contínuo cuja natureza é essencial à vida e a saúde


da Autora, bem como a lesão ao direito que lhe assiste, não há como negar a plena incidência do
Código de Defesa do Consumidor à relação contratual em tela.

- DA ABUSIVIDADE DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS ELABORADAS PELA EMPRESA


RÉ EM DESCONFORMIDADE COM O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR -
CDC.

O art. 51, da Lei 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor, é claro ao estabelecer a


nulidade de cláusulas que: “I – Impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do
fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou
disposição de direitos. (...) IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou, sejam incompatíveis com a boa fé ou a
equidade.” Ou ainda a que restrinja direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do
contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou o equilíbrio contratual; se mostra excessivamente
onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e o conteúdo do contrato, o interesse das
partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.

Destarte, em uma interpretação harmônica e coerente dos art. 51 e 54 e seus parágrafos do


CDC, concluímos que é nula de pleno direito qualquer cláusula do contrato que limitem direito do
consumidor de forma UNILATERAL.

Logo, por conclusão óbvia, não pode ficar o consumidor à mercê da Ré para que esta a seu
bel-prazer decida quais eventos cobrir, negando autorização do O EXAME DO
POLISSONOGRAFIA COM ELETRO-ENCEFALOGRAMA + OXIMETRIA
NOTURNA, PARA QUE O AUTOR POSSA REALIZAR A INTERVENÇÃO , SEM
ATENÇÃO AO SEU ESTADO DE SAÚDE, deixando o consumidor sujeito a álea de seu próprio
destino.

Não pode a empresa Ré ignorar o art. 46 da Lei n.º: 8078/90, o qual impõe que “Os
contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhe for dada a
oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos
forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance”.

Outrossim é importante ressaltar, que o Código de Defesa do Consumidor exerce uma


função essencial, tendo em vista os abusos perpetrados pelos contratos de adesão, pois confere a
nulidade de cláusulas que limitam a própria essência do contrato.

Logo, por conclusão óbvia, não pode ficar o consumidor à mercê da Ré para que esta a seu
bel-prazer possa se eximir da obrigação de prestar serviços de saúde usuário, deixando-o sujeito a
álea de seu próprio destino.

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As cláusulas exclusórias contrariam os dispositivos do CDC, porquanto estão em completa
dissonância com as normas constitucionais e estatutárias, e sua regulamentação. Não podendo o
Poder Judiciário se coadunar com este tipo de prática abusiva e contrária ao direito.

A arbitrariedade da Ré provoca danos irreparáveis aos consumidores, como in casu, visto


que quando mais necessitam perdem o direito de serem incluídos no quadro de associados, sem, ao
menos, um motivo justo.

Desta feita, é direito da Autora ter o tratamento adequado ao seu estado de saúde. Todo o
sistema de normas existe para proteger o consumidor, porque este é pequenino diante da força que
tem as companhias, cujo interesse primordial, não é oferecer um serviço de saúde. Mas sim, obter
lucro. Aqui não queremos dizer que somos contra a figura do lucro. Somos contra a forma como ele
é obtido. Não se admite que para benefício de alguns poucos, sejamos nós lesados constantemente e
de forma abusiva.

Em suma, não é possível invocar, pura e simplesmente, a existência de previsão contratual,


seja nos contratos coletivos seja nos individuais, como meio suficiente para por fim à relação
contratual, isto porque, como sabido e com base na vasta jurisprudência nacional, os contratos de
prestação de serviços de saúde sujeitam-se a tratamento peculiar, sob a ótica das normas
consumeirista, de modo a que é ilegal e arbitrária qualquer atitude que permita a negativa dos do
exame que imprescindíveis para a realização de tratamento adequado da Autora, por manifestação
da vontade exclusiva da empresa fornecedora dos serviços, quando o cerne do objeto do contrato é a
prestação de serviço essencial à manutenção da saúde do consumidor. Bem como, por não haver
previsão a respeito das carências.

DO DIREITO À INDENIZAÇÃO PELO DANO MORAL SOFRIDO

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 tornou expresso o direito à honra


e sua proteção, ao dispor, em seu artigo 5º, inciso X:

“X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação; ” (original sem grifos).

Assim, conforme a análise fática narrada está sofrendo a Autora de danos psicológicos
decorrentes dos aborrecimentos enfrentados. Haja vista que está correndo risco de mais dano a sua
saúde e consequentemente a sua vida. A má-fé da Operadora Ré e a ilegalidade de seu ATO
ARBITRÁRIO só podem AGRAVAR ainda mais o estado de saúde da Usuária, ocasionando-lhe
DANOS IRREPARÁVEIS.

Rezam, ainda, os dispositivos 186, 187 e 927 do Código Civil:

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“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.” (g.n.).
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes.” (g.n.).
“Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente
de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.” (g.n.).

Logo, tem-se que o DANO MORAL, no caso em tela, possui CARÁTER PUNITIVO,
ou seja, deve ser imposto como forma de coibir ou limitar qualquer tipo de abuso de direito, apta a
prestar serviços essenciais como são os de saúde, diminuindo com isso, inclusive, a demanda tanto
na esfera administrativa quanto na judicial. Dessa forma, terão que agir com mais decoro e respeito
à Legislação aplicada.

O cerne da questão é a “obrigação do Estado ou de terceiro que suas vezes fizer, de proteger
a saúde do cidadão” por ser um direito constitucional essencial. Vê-se logo que a demanda não
versa sobre valores, dinheiro e interesses financeiros, mas sobre os direitos essenciais “garantidos”
constitucionalmente, ou seja, versa sobre direitos básicos, como a vida, a saúde, a moradia, a
comida, para com isso ter o cidadão direito a uma vida digna.

Assim, aquele que contra tal direito se insurgir deve sofrer consequências no mínimo
gravosas, com punições em forma de sanção, para que se possa coibir atos ilegais e arbitrários
decorrentes de abuso de direito. Talvez, assim, consiga o Judiciário, com todo seu Poder, acabar,
limitar ou diminuir o descaso e abuso sofridos por tantos cidadãos em situações semelhantes.

Ademais, a reparação por dano moral não decorre do simples cancelamento da assistência,
mas da situação de abalo psicológico em que se encontra o paciente, ora Autora, pois conforme
relatório médico o mesmo corre o risco de morte súbita.

Há responsabilidade em indenizar os danos decorrentes da má-prática dos serviços e


percebe-se certo que sua responsabilidade é do tipo objetiva, independendo da configuração de
culpa para fins de indenização, na forma do art. 14 do CDC (Lei 8.078/90).

Neste teor, pode-se afirmar que a responsabilidade civil adotada pelo Direito pátrio baseia-
se na existência do ato ofensivo, do dano experimentado e do nexo causal entre ato e dano.
Como já foi explicitado anteriormente, não resta dúvida que a mera exposição da AUTORA basta
para explicitar seu tormento psíquico, visto que sua saúde e sua vida dependem, tão somente,
de realizar os exames solicitados pelo médico assistente.

Desta feita, está mais do que caracterizado o ato ofensivo com danos psicológicos, cuja
indenização ora se reclama.

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O dano moral, que a doutrina e a jurisprudência já pacificaram independer de prova (prova
in re ipsa, depende apenas da prova do fato) foi bastante claro. Foi o menoscabo ao bem-estar
emocional e à dignidade, gerando angústia, humilhação, verdadeira lesão ao equilíbrio natural do
psiquismo da Autora.

O nexo de causalidade entre o fato e dano moral se comprova a partir do instante em que
toda aflição e humilhação (que se seguiram às negações de direito à assistência, busca da Autora
por esclarecimentos e contratação de advogados) sofridas pelo Autor decorreram única e
exclusivamente por culpa da Operadora Ré que, de forma ilegal e arbitrária, não promove a
AUTORIZAÇÃO DO EXAME DE POLISSONOGRAFIA COM ELETRO-
ENCEFALOGRAMA + OXIMETRIA NOTURNA

A atitude injustificável da Operadora Ré causou desespero, abalo emocional e transtorno


psicológico, fazendo com que só aumentasse a angústia sofrida com a exclusão ilegal. Isso
evidencia nítida má-fé da Operadora Ré, o que, por si só, já é suficiente para comprovar o nexo de
causalidade e ensejar a determinação de indenização por danos morais.

DOS FUNDAMENTOS DO PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

O art. 300, do NCPC, autoriza a concessão da antecipação de tutela, quando houver elementos
que evidenciem a probabilidade do direito e o PERIGO DE DANO OU O RISCO AO RESULTADO ÚTIL
DO PROCESSO.. Dispõe, ainda, o CDC, em seu art. 84, parágrafo 3º, que: o juiz concederá a tutela
específica da obrigação LIMINARMENTE, desde que sendo relevante o fundamento da demanda e
haja justificado receio de ineficácia do provimento final.

Idêntica disposição encontra-se no Código de Processo Civil, Art. 461, parágrafo 3º, que
disciplina de forma idêntica à questão, exigindo apenas, para a concessão da tutela antecipada, a
presença da relevância do fundamento, além de justificado receio de ineficácia do provimento final.

Ademais, impõe-se a concessão da medida liminar, por ser obrigação da ré AUTORIZAR


O EXAME DE Polissonografia com EEG + Oximetria não invasiva + Polissonografia com
EEG + uso de equipamento de pressão positiva para titulção da pressão ideal e aparelho
(Bipap OU Cpap), na forma prescrita pelo médico assistente, além do fato de que a
NEGATIVA do custeamento das despesas pela Seguradora RÉ coloca da AUTORA em humilhante
situação de desamparo total, uma vez que contratou com a Seguradora Ré, para que, se um dia
precisasse, pudesse contar com um tratamento de saúde digno.

Desta forma, não há dúvidas de que presentes, no caso em tela, a fumaça do bom e
cristalino direito e o PERICULUM IN MORA, haja vista a farta documentação comprobatória
anexada pelo Autor que demonstram a existência da NECESSIDADE DE PROCEDER COM O
EXAME O EXAME DO POLISSONOGRAFIA COM ELETRO-ENCEFALOGRAMA +
OXIMETRIA NOTURNA.

Por tudo o exposto, faz-se necessário compelir a RÉ a arcar com todas as despesas
inerentes à AUTORIZAÇÃO O EXAME DE Polissonografia com EEG + Oximetria não

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invasiva + Polissonografia com EEG + uso de equipamento de pressão positiva para titul ação
da pressão ideal e aparelho (Bipap OU Cpap), na forma prescrita pelo médico assistente e de
que A AUTORA necessita em caráter URGENTE, tendo em vista o risco de morte súbita que
a acomete.

DOS PEDIDOS

Ex positis, requer a Autora que Vossa Excelência se digne a:

a) Que seja designada AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO ou MEDIAÇÃO, conforme


previsto no art. 334 do NCPC

b) LIMINARMENTE e sem audição da parte contrária, conceder a TUTELA


PROVISÓRIA DE URGÊNCIA pleiteada, para que a Seguradora Ré seja compelida a arcar com
as despesas inerentes AO EXAME DE POLISSONOGRAFIA COM EEG + OXIMETRIA
NÃO INVASIVA + POLISSONOGRAFIA COM EEG + USO DE EQUIPAMENTO DE
PRESSÃO POSITIVA PARA TITULAÇÃO DA PRESSÃO IDEAL E APARELHO (BIPAP
OU CPAP), NA FORMA PRESCRITA PELO MÉDICO ASSISTENTE, BEM COMO TUDO
O MAIS QUE A AUTORA VIER A NECESSITAR PARA A MANUTENÇÃO DA SUA
VIDA, NA FORMA INDICADA PELO MÉDICO ASSISTENTE, sem nenhuma limitação,
exclusão ou restrição, emitindo as guias autorizativas, desde que seja indicado pelo médico
assistente até o seu completo restabelecimento.

c) Determinar multa diária no valor de R$ 10.000,00 (cinco mil reais) para o caso de não
cumprimento da decisão judicial por parte da Ré;

d) Após a concessão da medida liminar pleiteada, requer a Autora a citação da empresa Ré,
para que, querendo conteste a presente no prazo legal, sob as penas da lei.

e) No Mérito seja julgada inteiramente PROCEDENTE a presente AÇÃO, reconhecendo a


responsabilidade contratual da Empresa Ré para a cobertura do tratamento da AUTORA, sem
nenhuma limitação, exclusão ou restrição.

f) E, ainda, seja a Empresa Ré condenada a indenizar a Autora por danos morais, decorrentes
do ato ilícito perpetrado, de acordo com o Art. 6º, VI e 14 do CDC, e/ou nos termos do art. 186 do
CC, cujo quantum deverá ser arbitrado por V.Exa., e por fim condenando-a, também, nas custas
judiciais e honorários advocatícios, estes a base de 20% (vinte por cento), sobre o valor da
condenação ou causa.

g) Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e
seguintes do NCPC, em especial as provas: documental, pericial, testemunhal e depoimento
pessoal da parte ré.

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Medidas estas que pleiteia a Autor a junto ao Poder Judiciário como única via restante para
garantir a dignidade e integridade do bem maior que é a sua saúde e, consequentemente sua vida !!!

Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Nos termos acima esposados


Pede e Espera Deferimento.
Local, data.

Nome do Advogado - OAB

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