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COMARCA DE SALVADOR/BA
MARCIA DERALDO DOS SANTOS, brasileira, professora, casada, inscrita no CPF sob o nº 442.267.055-72,
endereço eletrônico: derabahia@hotmail.com, residente e domiciliada à Rua Rita Nuno, nº 148, bairro
Uruguai, Salvador/BA, CEP 40.450-66 vem, perante Vossa Excelência, através de sua advogada in fine
assinado, com fulcro no art. 14 do Código de Defesa do Consumidor e do art. 303, § 4º, do CPC , propor a
presente:
em face de HAPVIDA ASSISTENCIA MEDICA LTDA, empresa inscrita no CNPJ/MF sob o nº. 63.554.067/0001-
98, com sede na Rua Dr Oswaldo Ribeiro, 1134, Salvador/BA, CEP: 40170-080, pelos motivos de fato e de
direito a seguir expostos.
Ab initio, o Requerente não possui condições de pagar as custas e despesas do processo sem
prejuízo próprio ou de sua família, isto porque, trata-se de uma pessoa de idade avançada, a qual trabalha
como professora do município, sendo que sua renda não é o suficiente para arcar com as custas processuais
e manter sua sobrevivência.
Ademais, há previsão no artigo 5º, incisos XXXIV ; LXXIV e LXXVII da CFRB/88 e art. 98 e 99,
CPC/2015, consoante inteligência do parágrafo único, do artigo 2º da Lei n.º 1.060/50, com as alterações
introduzidas pela Lei n.º 7.510/86, estabelecem normas para a concessão da assistência judiciária aos
legalmente necessitados, recepcionadas por todas as Constituições que lhe sucederam, em seu artigo 4º, §
1º, somado ao art. 1º da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983, que dispõe sobre a prova documental nos
casos que indica, autorizam a concessão do benefício da gratuidade judiciária frente à mera alegação de
necessidade, que goza de presunção – juris tantum – de veracidade, milita em seu favor a presunção de
veracidade da declaração de pobreza por ela firmada.
Cumpre ainda destacar que, a jurisprudência é pacífica no sentido de que, para a concessão
do benefício pretendido é suficiente a afirmação pela parte de não estar em condições de arcar com as
despesas das custas do processo, portanto, de rigor a concessão do dito benefício.
Desse modo, a aparte autora faz jus à concessão da gratuidade de Justiça, portanto, insta
ressaltar que entender de outra forma seria impedir os mais humildes de ter acesso à Justiça, garantia maior
dos cidadãos no Estado Democrático de Direito.
Pelo exposto, com base na garantia jurídica que a lei oferece, postula a Requerente a
concessão do benefício da justiça gratuita, em todos os seus termos, a fim que sejam isentos de quaisquer
ônus decorrentes do presente feito.
A parte Autora possui uma relação contratual com a parte Ré, uma vez que esta é beneficiária
dos seus serviços de saúde, estando adimplente com suas contraprestações mensais.
Sucede que, em 21 de março de 2016, a parte Autora enquanto professora, tentou amparar
a queda de seu aluno e acabou sofrendo um mal jeito na coluna, motivo pelo qual teve que se dirigir até
uma unidade de atendimento da Hapvida.
Após a referida avaliação, a parte Autora fora medicada e liberada. Acontece que, a parte
Autora continuou se queixando de dores na coluna e retornou a uma das unidades do Hapvida, na cidade
Salvador- Ba, por cinco dias consecutivos, sendo informada que mesmo sentindo dores, teria que aguardar
a consulta já agendada com Dra. Célia.
Ao chegar na consultar com a referida médica, esta procurou entender melhor o que havia
com a parte Autora e solicitou exames, sendo estes realizados pela parte Autora de forma particular.
Retornando ao atendimento com a Dr Célia, apresentando os exames que não foram realizados numa
unidade do Hapvida, foi solicitado que refizesse os exames em uma unidade do Hapvida.
Ao apresentar os resultados dos exames, houve divergências nos resultados e, Dra. Célia
suspendeu as atividades de fisioterapia que havia solicitado e encaminhou a Autora para outra
especialidade, a neurocirurgia.
Sendo assim, a parte Autora passou por um novo atendimento, desta vez com o
neurocirurgião Dr. Paulo Miguel e fora indicado que esta fosse fazendo fisioterapia, tratamento este que
alegou ser o suficiente.
Desde então, a parte Requerente vinha fazendo diversas sessões de fisioterapia no mês, mas
suas dores na coluna não passavam, chegando em alguns momentos a piorar. Por conta disto, no final de
2017, a parte Autora retornou a consulta na unidade da Ré com o Dr. Paulo Miguel, momento em que este
solicitou uma Ressonância magnética devido a Autora estar andando com o corpo curvado, por causa das
dores continuas.
Contudo, com o resultado do referido exame, em uma nova consulta com Dr. Paulo Miguel,
ficou constatado que a parte Autora havia sofrido uma lesão na coluna e que com isso lhe ocasionou uma
fibromialgia, o que deveria ter sido identificado desde o primeiro momento em que procurou a Hapvida após
o seu acidente de trabalho.
Diante a isto, a parte Autora solicitou o relatório médico ao Dr. Paulo Miguel, momento em
que, para a sua surpresa, negou emitir o referido documento e ainda a ameaçou. Sendo assim, a Requerente
relatou o ocorrido a parte Ré e esta por sua vez, marcou uma nova consulta com o chefe de neurocirurgia
do Hapvida, o Dr. Pimenta.
Ao ser atendida pelo referido médico, este emitiu um relatório para a parte Autora que não
continham os dados necessários! Por conta disto, a parte Autora vem desde o final de 2017, solicitando a
parte Ré seu prontuário do dia 21 de março de 2016 até o final de 2017, sendo que é direito do paciente ter
integral acesso ao seu prontuário! Contudo, nas poucas vezes que em que a Ré respondia as indagações da
parte Autora, foram para negar acesso da integra do seu prontuário e demais relatórios médicos.
‘’Art. 88. Negar ao paciente ou, na sua impossibilidade, a seu representante legal,
acesso a seu prontuário, deixar de lhe fornecer cópia quando solicitada, bem
como deixar de lhe dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando
ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a terceiros.’’.
O direito do acesso à cópia do prontuário médico está garantido, ainda, pelo Código de Defesa
do Consumidor. Conforme o artigo 72, o prestador de serviço que “impedir ou dificultar o acesso do
consumidor às informações que sobre ele constem em cadastros, banco de dados, fichas e registros” está
sujeito a uma pena de seis meses a um ano de detenção ou multa.
Excelência, a parte Ré vem desde o final de 2017, negando a parte Autora acesso a todos os
seus prontuários e relatórios médicos, conforme se verifica nos protocolos em anexo a esta exordial. Aqui
cumpre mencionar que o plano de saúde Réu, gere seus próprios hospitais e unidades de pronto
atendimento. Ou seja, não há dificuldade na reunião e fornecimentos de todos os prontuários e relatórios
médicos realizados a partir de março de 2016 até o final de 2017.
Sendo assim, diante a clara tentativa de não fornecer os documentos solicitados pela parte
Autora, não restou alternativa que não a propositura da presente ação judicial visando a obtenção dos
documentos mencionados, por ser a mais lídima justiça.
III. DO DIREITO
A recusa, implícita, face ao silêncio, é indevida. Na verdade, não se trata de uma recusa. Ao
invés disso, uma forma reflexa de restringir o sucesso na futura demanda. Uma praxe sórdida adotada por
aqueles que não pretendem produzir provas contra si mesmo.
Contudo, como já mencionado nos fatos, é direito do paciente ter integral acesso ao seu
prontuário e demais documentos médicos, são documentos comuns aos contratantes, in casu Requerente e
Requerida. Essa não pode obstar documentos comprobatórios do tratamento da parte Autora.
No entanto, se levarmos em conta a data do pleito dos prontuários, ocorrido neste mês,
prevalece o que normativa a Legislação Consumerista. (CDC, art. 6º, inc. III, 20, 31, 35 e 54, caput e § 5º)
Assim, inescusável o direito à obtenção dos documentos probatórios almejados.
Ademais, a Postulante assevera que adota o benefício que lhe é conferido pelo art. 303, § 4º,
do CPC. Por isso, na lide principal o Requerente trará mais elementos ao resultado da querela.
De outro turno, a inércia da Requerida, quando fora regularmente cientificada a fornecer os
prontuários e demais relatórios médicos, fez com que surgisse à Requerente o interesse processual para
pleitear judicialmente a solução do óbice (CPC, art. 17).
Defeito, como ação principal futura, a ser ajuizada no trintídio legal do cumprimento da
medida acautelatória almejada (CPC, art. 308, caput), a Requerente, com fulcro nas disposições da
Legislação Adjetiva Civil (CPC, art. 308, § 1º), tendo como fundamento a possibilidade de ter ocorrido um
erro médico.
‘’3. Coisa. O interesse de obter a prova pauta o direito de a parte postular a exibição
de documento ou coisa. Esse ‘interesse’ deve estar kugadi à obrigação de exibir, por
parte do requerido. Os dois unidos formam o interesse de agir, que fundamenta a
procedência do pedido de exibição (Amaral Santos. Prova, p. 460) ...’’.
Portanto, resta cristalino o direito da parte Autora em receber esses documentos, sendo a
dificuldade imposta pelo réu uma clara tentativa de não produzir provas contra si.
IV – DOS PEDIDOS
a) A concessão dos assistência gratuita, tendo em vista o Recorrente não ter condições de arcar com as
custas do processo e honorários advocatícios;
b) Que seja a parte Ré compelida a juntar aos autos todos os prontuários e demais relatórios médicos da
parte Autora do dia 21 de março de 2016 até o final de 2017 ;
c) A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, com fundamento no artigo 6, inciso VIII, do Código de Defesa do
Consumidor, bem como tudo o mais útil ou necessário ao total esclarecimento da verdade;
d) Que seja a parte Re condenada a pagar os honorários de sumbência, a ser arbitrado por este M.M Juízo;
f) Para provar o alegado, requer a utilização de todos os meios de prova necessários, em especial o
depoimento pessoal dos representantes legais das Requeridas, sob pena de confesso, oitiva de testemunhas,
perícias, juntada de novos documentos.
Nestes termos,
Pede deferimento.
SALVADOR – BA, 1 de abril de 2022