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PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

Tício Guanabara, morador de Brasília, contratou plano de saúde da


operadora SAÚDE NADA LTDA, em 2010. Desde então, vem realizando
normalmente o pagamento de suas mensalidades.
Apesar de vasta gama de médicos credenciados ao plano de saúde, Tício,
em razão de confiança, realiza acompanhamento cardíaco com o Dr. João
Coração, que não é vinculado à rede da SAÚDE NADA LTDA. Ocorre que,
há 7 dias, foi diagnosticado com problema cardíaco, sendo-lhe prescrito
pelo Dr. João, que não é vinculado ao plano de saúde, a realização de
procedimento cirúrgico de emergência, vez que a situação implica em risco
imediato de vida.
Apresentado o pedido de autorização junto à SAÚDE NADA LTDA,
destacando que Tício irá realizar o pagamento dos honorários médicos do
Dr. João, a operadora negou a cobertura para o procedimento cirúrgico,
alegando que o pedido deve ser prescrito por médico credenciado à rede
do plano de saúde. Desesperado, abalado e angustiado, vez que está
correndo risco de morte, Tício lhe contratou como advogado, pontuando
que deseja resolver o problema e indenização de R$ 40.000,00 (quarenta
mil reais) pelos danos morais sofridos.
Considerando que a cirurgia está orçada em R$ 100.000,00 (cem mil reais),
apresente por meio de uma peça processual a solução para o caso de Tício.
COMENTÁRIOS GABARITO

 Cliente: Tício Guanabara

 Objetivo: Realização do procedimento imediatamente e danos


morais.

 Aciono / Contesto / Recorro: Aciono

 Peça: Petição Inicial

o Ação: Ação de Conhecimento - Procedimento Comum


(Obrigação de Fazer C/C Reparação de Danos)
o Endereçamento: Vara Cível da Circunscrição Judiciária de
Brasília
o Preâmbulo: Qualificar (Art. 319, II, CPC)
o Fatos;
o Fundamentos Jurídicos:
▪ Relação de Consumo: Súm. 608 STJ; Art. 2 e 3 do
CDC;
▪ Cláusulas Abusivas: Art. 51, I e IV e § 1º, II e III do CDC
/ CONSU n. 8/98 art. 2º, VI;
▪ Cobertura/Emergência: Lei 9.656/98, Art. 35-C
▪ Cumprimento do Contrato e danos: Art. 475 do CC
▪ Danos: Art. 6º, VI, do CDC; Art. 5, X, CF
▪ Resp. Objetiva: Art. 14, CDC
o Pedido de tutela de urgência (art. 300 do CPC);
o Gratuidade ou pagamento das custas.
o Pedidos:
▪ Tutela de urgência;
▪ Inversão do ônus da prova; (Art. 6, VIII, CDC)
▪ Danos Morais (R$ 40.000,00);
▪ Confirmação da tutela de urgência e procedência,
com extinção;
▪ Honorários e demais ônus da sucumbência;
▪ Audiência de conciliação e mediação.

Provas (listar documentos).

O presente documento é elaborado para fins acadêmicos e constitui modelo que é complementado pelos comentários de sala de aula em
razão da das mais diversas dinâmicas processuais. Portanto, não constitui qualquer vinculação em sua utilização.
Ao Juízo da Vara Cível da Circunscrição Judiciária de Brasília

Tício Guanabara, estado civil..., profissão..., inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas


sob o número..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado no endereço..., vem,
respeitosamente, à ilustre presença de Vossa Excelência, por seu advogado ao final
assinado (procuração anexa), onde consta o endereço em que recebe intimações, propor
Ação de obrigação de fazer c/c reparação de danos
(com pedido de tutela de urgência)
em desfavor de Saúde Nada Ltda, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ sob o número..., com sede no endereço..., pelos fatos e fundamentos jurídicos a
seguir:

I - Do pagamento das custas iniciais


Junta o Autor o respectivo comprovante de pagamento das custas judiciais.

II - Dos Fatos
O Autor contratou plano de saúde da Ré, Saúde Nada Ltda, em 2010,
realizando normalmente o pagamento das mensalidades.
Destaca-se que o Autor realiza acompanhamento cardíaco com o Dr. João
Coração e, há poucos dias, foi diagnosticado com problema cardíaco, sendo-lhe
prescrito pelo médico a realização de procedimento cirúrgico de emergência(orçado em
R$ 100.000,00), vez que a situação implica em risco imediato de morte.
Contudo, apresentado o pedido de autorização junto à Ré para realização do
procedimento, destacando que o Autor irá realizar o pagamento dos honorários
médicos do Dr. João, que não é vinculado à rede de seu plano, a resposta foi negativa
para a cobertura do procedimento cirúrgico, sob a alegação de que o pedido deve ser
prescrito por médico credenciado à rede do plano de saúde.
O ato da Ré em negar o procedimento requerido não possui sustentação
jurídica, estando o Autor em situação preocupante, correndo risco de vida,
encontrando-se desesperado, abalado e angustiado com a ocorrência.

O presente documento é elaborado para fins acadêmicos e constitui modelo que é complementado pelos comentários de sala de aula em
razão da das mais diversas dinâmicas processuais. Portanto, não constitui qualquer vinculação em sua utilização.
Assim, Excelência, não restou alternativa ao Autor a não ser buscar a
presente tutela jurisdicional.

III – Dos Fundamentos Jurídicos


Inicialmente, compete delinear que à relação jurídica estabelecida entre as
partes aplica-se o Código de Defesa do Consumidor, conforme prevê a Súmula
608/STJ.
Portanto, a negativa realizada pela Ré em cobrir o procedimento requerido
claramente se mostra abusiva, ao passo que deixa o consumidor em clara desvantagem
contratual, uma vez que não se discute a competência técnica do subscritor do pedido
médico. Neste sentido é a clara inteligência do art. 51, I e IV e § 1º, II e III do CDC.
Excelência, cabe registrar que o caso do Autor, conforme delineado e provado,
implica em risco imediato de vida, se caracterizando como situação de emergência e,
como não poderia olvidar, a Lei 9.656/98, que regula os planos de saúde, é clara e
não permite tergiversação em seu art. 35-C quanto a obrigatoriedade de assistência
para casos desta natureza.
Corroborando a clara ilicitude do ato da Ré, o Conselho Nacional de Saúde
Suplementar – CONSU editou a Resolução n. 08/98, que de forma expressa, em seu
art. 2º, inciso VI, veda que as operadoras neguem autorização para realização do
procedimento exclusivamente em razão do profissional solicitante não pertencer à
rede própria ou credenciada da operadora.
Desta feita, resta evidente que o ordenamento jurídico não sustenta a
negativa perpetrada pela Ré, sendo crucial a tutela do judiciário determinando a
obrigação de fazer, consistente na autorização e custeio do procedimento requerido e
assistência até o restabelecimento da saúde do Autor, além da reparação pelos danos
causados, conforme faculta o art. 475 do Código Civil.
Portanto, não obstante a obrigatoriedade de se cumprir o contrato (obrigação
de fazer), ainda claramente se vê que o ato praticado pela Ré causou ao Autor abalo
extrapatrimonial, intensificado pelo risco de morte, o que ultrapassa o mero dissabor
do cotidiano, sendo devida a respectiva reparação de danos, consoante inteligência

O presente documento é elaborado para fins acadêmicos e constitui modelo que é complementado pelos comentários de sala de aula em
razão da das mais diversas dinâmicas processuais. Portanto, não constitui qualquer vinculação em sua utilização.
do art. 6º, VI, do CDC, delineando, ainda, que a responsabilidade da Ré se estabelece
independentemente da existência de culpa (resp. objetiva), consoante art. 14 do CDC.

IV – Do Pedido de Tutela de Urgência


Presentes, no caso dos autos, as condições para o deferimento de tutela de
urgência, quais sejam: probabilidade do direito e perigo da demora (art. 300 do CPC).
A probabilidade do direito resta devidamente comprovada diante de toda
argumentação já realizada na presente peça, cabendo destacar o claro confronto às
regras consumeristas e a regra claramente disposta no art. 2º, VI, da Resolução
CONSU n. 8/98.
O perigo da demora encontra-se assentado no risco de vida do Autor,
conforme devidamente aponta a prescrição médica juntada aos autos.

V – Do Pedido
Ante o exposto, requer:
a) O deferimento, imediatamente, da tutela de urgência, no sentido de
determinar à Ré que autorize e arque com a cirurgia cardíaca apontada na prescrição
médica e os demais procedimentos médicos necessários ao restabelecimento da saúde
do Autor, sob pena de multa diária;
b) Que seja realizada a inversão do ônus da prova, diante da inteligência do art.
6º, VIII do CDC;
c) Que seja a Ré condenada ao pagamento de indenização ao Autor no valor de
R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) à título de danos morais;
d) ao final, que seja confirmada a tutela de urgência, julgando procedentes os
pedidos, extinguindo o processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I,
CPC;
e) Que seja o Réu condenado ao pagamento de honorários advocatícios e demais
ônus da sucumbência, conforme artigo do 82, §2 e 85 do CPC;
f) Que seja realizada audiência de conciliação ou mediação.

O presente documento é elaborado para fins acadêmicos e constitui modelo que é complementado pelos comentários de sala de aula em
razão da das mais diversas dinâmicas processuais. Portanto, não constitui qualquer vinculação em sua utilização.
Além da prova documental já acostada à presente peça (procuração,
prescrição médica, negativa), protesta provar o alegado por todos os meios de prova
em direito admitidos.

Dá-se à causa o valor de R$ 140.000,00 (cento quarenta mil reais).

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Município... , data....

Advogado...
OAB...

O presente documento é elaborado para fins acadêmicos e constitui modelo que é complementado pelos comentários de sala de aula em
razão da das mais diversas dinâmicas processuais. Portanto, não constitui qualquer vinculação em sua utilização.

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