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319, I,
NCPC e organização judiciária da UF)
CLÁUDIO, nacionalidade, estado civil (ou a existência de união estável), profissão, portador
da carteira de identidade n° xxxx, inscrita no CPF/MF sob o n° xxx, endereço eletrônico,
residente e domiciliado na xxxx (endereço completo), por seu advogado abaixo subscrito,
conforme procuração anexa (doc. 01), com endereço profissional (completo), para fins do
art. 106. I, do Novo Código de Processo Civil, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, ajuizar a presente:
contra a Viva Bem Ltda, localizada na Rua xxxxxx, inscrita no CPNJ sob o n° xxxxxx,
pessoa jurídica de direito privado, com sede na xxxxxx inscrita no CNPJ sob o n° xxxxx,
registrada na ANS sob o n° xxxxxxxx, endereço eletrônico, pelos relevantes motivos de fato
e de direito adiante expostos
O autor, que atualmente conta com 85 anos, sempre prezou por uma vida ativa, cuidando
de sua saúde física e mental. A parte autora, no entanto, se encontra debilitada, com sérios
transtornos em seu sistema digestivo. Em virtude de DA NEGATIVA (TÁCITA) E
INFUNDADA DO PROCEDIMENTO URGENTE SOLICITADO PELA AUTORA
Ao contatar sua seguradora, Viva Bem Ltda., para autorização do tratamento, a mesma foi
negada sob a justificativa de que a injeção de toxina botulínica é um tratamento
experimental, violando, por conseguinte, a cláusula 14 do item 5.1 da apólice de seguro,
que exclui da cobertura os tratamentos experimentais. Afirmou, ainda, que se trata de
medicina diagnóstica e, portanto, o plano não cobre.
Como mencionado, o autor é pessoa idosa, sempre prezou por uma vida ativa, cuidando de
sua saúde física e mental. Desta feita, por estar com sua saúde bastante comprometida -
não lhes restou outra opção senão entrar com a presente demanda, a fim de ver garantido o
seu direito à saúde
II - DA NATUREZA DO CONTRATO DE SEGURO: VEDAÇÃO DA TÁCITA NEGATIVA DE
COBERTURA CLÁUSULAS ABUSIVAS
Não restam dúvidas de que os contratos de seguro se enquadram nas relações jurídicas
tuteladas pelo Direito do Consumidor, pois são contratos típicos de adesão, cujas cláusulas
são pré-redigidas pela operadora do plano de saúde, cabendo ao segurado/consumidor
aceitar ou não as regras impostas. Aliás, a caracterização das companhias seguradoras
como fornecedoras" está positivada no § 2°, do art. 3°. do código consumerista, que
menciona expressamente como serviços "qualquer atividade fornecida no mercado de
consumo, mediante remuneração inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes de caráter trabalhista"
Incide, portanto, sobre as relações contratuais como a que se discute nestes autos o Código
de Defesa do Consumidor, devendo os contratos ser interpretados de acordo com aquela
norma e com os dispositivos constitucionais que lhes são aplicáveis, que não permitem
contratações injustas, desproporcionais, iníquas e que venham a desequilibrar a relação
contratual consumerista, acarretando, em qualquer das hipóteses, a possibilidade de
modificação ou revisão do contrato, bem como a decretação de nulidade de cláusula
contratual considerada abusiva.
Assim, é direito básico do consumidor o de não se sujeitar a abusos por parte dos
fornecedores de serviços, lendo-se como nula qualquer cláusula reputada como abusiva e,
assim, mantendo-se perfeitamente equilibrada a relação contratual existente.
Como dito alhures, o autor necessita aplicação de injeções de toxina botulínica no esôfago
para a dilação do esôfago o mais indicado, contudo em razão de sua idade seu médico
recomendou que fizesse tratamento urgente, o procedimento cirúrgico possui um alto risco.
Outrossim, ressalte-se que tal resposta jamais poderia ser negativa. Afinal, não pode a
seguradora se negar a fornecer tratamento com um parecer técnico, alegando que o
procedimento está há muitos anos estabelecido na literatura mundial e vem sendo realizado
com sucesso.
E nem venha a seguradora ré tentar justificar sua conduta negligente com base em uma das
cláusulas restritivas do contrato formuladas unilateralmente por ela.
Isso porque, como já se disse, a cláusula contratual que restringe, em virtude da injeção de
toxina botulínica é um tratamento experimental, de acordo com o entendimento dos réus
Por outro lado, percebe-se que o contrato de seguro de saúde firmado pelas partes é de
ou seja, ainda antes da promulgação da Constituição Federal de 1988, do Código Civil de
2002, e da Lei n° 9.656/98, diplomas legais esses que não mais permitem esses abusos
antes permitidos no Estado Liberal.
Nesse ponto, deve-se observar que a mencionada Lei n° 9.656/98, que dispõe sobre planos
de saúde e seguros privados de assistência à saúde, passou a prever, de maneira
expressa, que somente as próteses e órteses não ligadas ao ato cirúrgico, o que,
absolutamente, não é o caso, podem ser excluídas da cobertura do plano, como se vê:
Art. 10. É instituído o plano-referência de assistência à saúde, com cobertura
assistencial médico-ambulatorial e hospitalar, compreendendo partos e
tratamentos, realizados exclusivamente no Brasil, com padrão de enfermaria,
centro de terapia intensiva, ou similar, quando necessária a internação
hospitalar, das doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial
de Saúde, respeitadas as exigências mínimas estabelecidas no art. 12 desta
Lei, exceto:
VII - fornecimento de próteses, órteses e seus acessórios não ligados ao ato
cirúrgico; (grifou-se)
Neste ponto, destaque-se que, do ponto de vista objetivo, a boa fé assume feição de uma
regra de conduta ética, de modo que dela decorre o dever de lealdade contratual, que não é
observado pelo simples cumprimento do contrato, mas pela efetiva ação das partes de
atingir os objetivos nele contratados, que, na hipótese, é a preservação da saúde e da vida
da autora
Por outro lado, bem se sabe que, nos termos do art. 20. § 2°, do CDC, são impróprios os
serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam,
pelo que é certo que prestar um serviço de forma parcial, incompleta ou imprópria para o
caso é o mesmo que não prestá-lo.
Desta forma, demonstrada a abusividade da conduta da ré, deve esse MM. Juízo declarar
nula a cláusula supra apontada, determinando que a ré arque como o ressarcimento das
lentes intraoculares indicadas pelo médico da autora, bem como com os demais gastos
adiantados pela demandante para a implantação das lentes
A presente lide não trata de uma simples questão econômica de entrave contratual, mas da
busca de uma cidadã debilitada pelos seus direitos garantidos pela Carta Magna. Não há
argumento que se contraponha ao direito liquido e certo à vida.
A atitude de desprezo do plano de saúde réu frente aos apelos e clamores da autora não
pode ser ignorada. Diga-se o que é evidente: a negativa de fornecimento da lente da autora
atenta contra a sua dignidade, debilitando ainda mais seu estado de saúde. Segundo as
sábias palavras da Ministra Nancy Andrighi, "Maior tormento que a dor da doença é o
martírio de ser privado da sua cura"[2].
Por tudo isso, diante da infundada negativa de cobertura da ré, deve a autora ser
indenizada pelos danos morais causados
Não entende de modo diverso o STJ, que vem garantido a possibilidade de ressarcimento
pecuniário pelos danos ocasionados pela recusa injustificado do plano de saúde à cobertura
de tratamento:
Desta feita, devem os danos da autora ser "quantificados" em uma quase impossível
operação do magistrado em "tornar econômica" a dor, uma vez que a reparação pecuniária
é a única forma de reparação pelos exacerbados danos que lhe vêm sendo causados.
Diga-se, a propósito, que em 2016 o mesmo Cláudio veio a fazer esse tratamento, sendo
reembolsado por sua seguradora. Dessa vez, contudo, a situação é mais grave, sendo
necessária a realização do tratamento urgentemente.
Deve, pois, esse MM. Juízo determinar liminarmente que a ré arque com os custos do
procedimento cirúrgico completo, tudo em conformidade com os laudos apresentados
nestes autos (conf. Doc.)
V - DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, requer a autora:
Nesses termos,
P. Deferimento.
Local, data.