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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR.

JUIZ DE DIREITO DA_ VARA CÍVEL DO


FORO CENTRAL DE PORTO ALEGRE-RS.

PEDIDO DE GRATUIDADE JUDICIÁRIA

MARCIANO MARIO MARTINELLI, brasileiro, empresário, portador do RG nº.


1052824479, inscrito no CPF sob o nº. 908.614.500-00, residente e domiciliado na
Avenida Bento Gonçalves, nº. 205, apto. 1302, torre A, Bairro Partenon, em Porto
Alegre/RS, CEP 90.650-002 vem, por sua procuradora firmatária (OAB/RS 56.506), com
instrumento de mandato em anexo (doc. 01), perante vossa excelência, propor:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER c/c DANOS MORAIS


em desfavor da BRADESCO SAÚDE S/A, pessoa jurídica inscrita no CNPJ nº
92.693.118/0001-60, sita à Avenida Rio de Janeiro, nº 555, bairro Caju, Rio de
Janeiro/RJ, CEP 20.931-675, e IRMANDADE SANTA CASA DE MISERICÓRDIA
DE PORTO ALEGRE, pessoa jurídica inscrita no CNPJ nº 92.815.000/0001-68, sita à
Rua Professor Annes Dias, nº 295, Centro, Porto Alegre/RS, CEP: 90020-090, pelos fatos
e fundamentos que passa a expor.

I - PREAMBULARMENTE:

DAS NOTIFICAÇÕES E INTIMAÇÕES

Requer-se a expedição de todas intimações/notificações/citações


atinentes ao presente feito sejam expedidas em nome da advogada LUCIANA
PEREIRA DA COSTA, OAB/RS 56.506, sob pena de nulidade. Tal medida tem
amparo no princípio da economia processual, bem como visa a evitar a sobreposição de
Notas de Expediente.
DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA:

Inicialmente, vem requerer a parte autora a concessão do benefício da


Gratuidade Judiciária, forte no que dispõe o artigo 98 e 99 do CPC, por não ter condições
de arcar com as custas e despesas processuais sem prejuízo de seu próprio sustento,
conforme Declaração de Baixa Renda anexa.

II- DOS FATOS

O autor, ao tempo da solicitação, era beneficiário do plano de saúde


ofertado pelo Bradesco Saúde S/A, nº de cartão 837350900019002.

O requerente apresenta Coxartrose (artose de quadril, CID M16)


sofrendo com dores intensas para deambular ou mesmo em repouso. Em razão da moléstia
apresentada, o médico que assiste o requerente, indicou a realização de procedimento
cirúrgico para a colocação de prótese da marca Zimmer, fornecida pela Protomed –
prótese híbrida, cabeça de cerâmica e acetábulo cross-linked, por ser a prótese indicada
para pacientes jovens, possuindo uma maior durabilidade, melhor adequando-se ao caso
do autor.

O planejamento para a realização do procedimento cirúrgico foi


programado com antecedência, um vez que, o autor é proprietário de uma lancheria
próximo a UFRGS, assim, para que pudesse efetuar o repouso necessário pós-cirúrgico,
o requerente programou-se, no sentido de alterar as férias dos funcionários a fim de
viabilizar a realização da cirurgia ao final de dezembro de 2019, período em que ocorre a
baixa no movimento de seu estabelecimento, justamente por coincidir com o recesso da
universidade. Assim, o requerente poderia realizar o procedimento e recuperar-se
tranquilamente.

O procedimento, ao que parecia, havia sido autorizado pelo plano de


saúde, consoante se denota da correspondência anexa:
No entanto, para a total surpresa do requerente e do médico que lhe
assiste, a prótese Zimmer, indicada pelo profissional da saúde, não foi solicitada ao plano
de saúde pela Santa Casa, tendo sido solicitado material diverso do indicado pelo médico,
razão pela qual, o procedimento teve que ser cancelado.

Consoante se denota da Guia de Solicitação, o material solicitado pelo


médico é da Zimmer-Protomed:
Consoante já noticiado, o material requisitado ao plano é diverso do
indicado pelo médico que acompanha o requerente, conforme se denota de trechos de
diálogo que segue:
O material autorizado, conforme informa o médico, revela-se
inapropriado ao requerente, em razão da controvérsia existente acerca de sua eficácia e
durabilidade, não sendo indicado ao autor.

Vê-se, portanto, que, em razão de suposto acordo existente entre as


requeridas, foi solicitado pelo hospital e autorizado pelo plano de saúde material
diverso do prescrito pelo médico que acompanha o requerente, que é quem possui
capacidade para determinar qual a prótese mais adequada ao seu paciente, com o que,
restou frustrada a realização do procedimento cirúrgico, culminando em danos ao autor,
que não pode submeter-se ao procedimento, bem como, teve prejudicado todo um
planejamento para seu afastamento, além de ter que submeter ao aumento da dosagem
medicamentosa para que pudesse amenizar o quadro álgico.

Estes, os fatos ocorridos, necessários à compreensão da demanda que


se inicia, ante a negativa das requeridas em atender as expectativas do autor, o qual
persegue a melhora de seu quadro, bem como, qualidade de vida, através dos
procedimentos do médico que o acompanha desde o início de sua doença.
III- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A documentação médica carreada ao feito demonstra o cuidado que o


autor vem tendo em busca de uma saúde de qualidade, a indicação médica para a
realização de cirurgia com a utilização da prótese Zimmer, teve como objetivo aplicar,
em prol do autor, o melhor progresso científico em benefício do paciente. O autor,
enquanto segurado, tem direito ao melhor e mais avançado tratamento médico disponível.

Dito isso, eventuais cláusulas restritivas impostas em desfavor de um


contratante – consumidor em contrato de adesão, são tidas por nulas, conforme estabelece
o Código Civil:

Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a
renuncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio

Esse entendimento, que já restava disposto no art. 51 do Código de


Defesa do Consumidor, visa respaldar justamente os atos abusivos praticados pelas
empresas em geral em detrimento de seus consumidores. E, obviamente, a relação entre
o autor e as requeridas é de natureza consumeritsa. O artigo referido possui a seguinte
redação:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor


por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem
renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o
fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser
limitada, em situações justificáveis;

(...)

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o


consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-
fé ou a equidade;

A respeito da análise de tais cláusulas nos contratos de consumo, digna


de referência a lição do eminente Desembargador Sérgio Cavalieri Filho, segundo o qual:
“Rompendo com a clássica noção do contrato, o Código de Consumidor consagrou a
concepção social do contrato, no qual o elemento nuclear não é mais a autonomia de
vontade, mas sim o interesse social. A eficácia jurídica do contrato não depende apenas
da manifestação de vontade, mas também, e principalmente, dos efeitos sociais e das
condições econômicas e sociais das partes que dele participam”.

Em vista da relação consumerista que se estabelece entre as partes, não


cabe às requeridas determinar o material utilizado na realização do procedimento
cirúrgico, vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL. PLANO DE SAÚDE. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER. MATERIAL ESSENCIAL AO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO.
COBERTURA DEVIDA. DANOS MORAIS. OCORRENTES NO CASO. 1.
O contrato em análise foi avençado entre as partes com o objetivo de garantir
o pagamento das despesas médicas e hospitalares para a hipótese de ocorrer a
condição suspensiva prevista naquele pacto, consubstanciada no evento
danoso à saúde. Outro elemento essencial desta espécie contratual é a boa-fé,
na forma do art. 422 do Código Civil, caracterizada pela lealdade e clareza das
informações prestadas pelas partes. 2. Os planos ou seguros de saúde estão
submetidos às disposições do Código de Defesa do Consumidor, enquanto
relação de consumo atinente ao mercado de prestação de serviços médicos.
Isto é o que se extrai da interpretação literal do art. 35 da Lei 9.656/98. Súmula
n. 469 do STJ. 3. Aplicável ao caso em exame o art. 10, inciso VII, da
legislação dos planos de saúde, que veda a exclusão da cobertura securitária o
fornecimento de próteses, órteses e seus acessórios, quando essenciais ao ato
cirúrgico. 4. No caso, o uso de bisturi harmônico Ultracision foi solicitado
pelo médico assistente da parte autora, que consignou que a autora apresenta
diagnóstico de tumor de parede abdominal, necessitando realizar
procedimento cirúrgico com uso de tela separadora de tecidos para
reconstrução da parede abdominal devido ao tamanho da lesão. 5. Não cabe
à demandada determinar o tipo de procedimento que será realizado pela
parte autora, uma vez que esta decisão cabe ao médico que a acompanha,
que possui a capacidade de avaliar os riscos e benefícios para o caso
específico, indicando o procedimento que entende adequado para as
patologias apresentadas, bem como os materiais necessários para a sua
realização. 6. O descumprimento do contrato, sem razão jurídica plausível,
ou mesmo o atendimento do pacto de forma negligente, sequer atentando para
a garantia dada e o bem a ser preservado, importa no dever de reparar o mal
causado. 7. A demandada deve ressarcir os danos morais reconhecidos, na
forma do art. 186 do novo Código Civil, cuja incidência decorre da prática de
conduta ilícita, a qual se configurou no caso em tela. Negado provimento ao
apelo da ré e dado provimento ao recurso do autor.(Apelação Cível, Nº
70080153265, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge
Luiz Lopes do Canto, Julgado em: 27-03-2019)

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO


POR DANOS MORAIS. PLANO DE SAÚDE. DISCECTOMIA MICRO-
CIRÚRGICA CERVICAL. PRÓTESE IMPORTADA. NEGATIVA DE
COBERTURA. DESCABIMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
MAJORAÇÃO. I. Preliminar. Sentença extra petita. Em preliminar na
contestação a requerida já havia alegado a inépcia da petição inicial em razão
da ausência do pedido, o qual fazia menção apenas à procedência da ação. Tal
preliminar foi rejeitada pelo juízo a quo em decisão saneadora disponibilizada
na vigência do CPC/1973, quando era cabível a interposição do agravo retido
ou de instrumento. Assim, não tendo a requerida se insurgido no momento
oportuno, encontra-se preclusa a questão. Por consequência, não prospera a
preliminar de sentença extra petita suscitada no presente recurso, pois embora
nomeada de maneira diferente, trata-se da mesma alegação. Preliminar
rejeitada. II. No caso, a autora é portadora de hérnia discal seguido de
radiculopia em conseqüência de discopatia degenerativa, necessitando
submeter-se à realização do procedimento de discectomia micro-
cirúrgica cervical, com a utilização de prótese importada, a qual foi
negada pela operadora do plano de saúde. III. Entretanto, os contratos
de planos de saúde estão submetidos às normas do Código de Defesa do
Consumidor, na forma da Súmula 469, do STJ, devendo ser interpretados
de maneira mais favorável à parte mais fraca nesta relação. De outro
lado, os planos de saúde apenas podem estabelecer para quais doenças
oferecerão cobertura, não lhes cabendo limitar o tipo de tratamento que
será prescrito, incumbência essa que pertence ao profissional da medicina
que assiste o paciente. Além do mais, deve ser priorizado o direito à saúde
e à vida em relação ao direito contratual. Incidência dos arts. 47 e 51, IV,
§ 1°, II, do CDC. IV. De outro lado, em que pese a operadora do plano de
saúde mencionar a existência de material nacional à disposição, não
comprovou que este oferecia a mesma qualidade e que também era adequado
para o caso da demandante, ônus que lhe incumbia, nos termos do art. 333, II,
do CPC/1972 (art. 373, II, do CPC/2015). Inclusive, de acordo com o art. 10,
VIII, da Lei n° 9.656/98, somente não é obrigatório o fornecimento de
próteses, órteses e seus acessórios quando não ligados ao ato cirúrgico, não
sendo este o caso dos autos. Assim sendo, a operadora do plano de saúde deve
arcar com os custos necessários ao procedimento, incluída a prótese indicada
pelo médico-assistente da parte autora. V. Majoração dos honorários
advocatícios do procurador da ré, observados os limites do art. 85, § 2º do
CPC, e para afastar o aviltamento da atividade da advocacia. PRELIMINAR
REJEITADA. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA.(Apelação Cível,
Nº 70076470681, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Jorge André Pereira Gailhard, Julgado em: 28-03-2018)

Neste sentido, é incontroversa a obrigação da entrega da cirurgia e


material (prótese) nos termos indicados pelo médico que assiste o demandante.

Parte-se agora para a responsabilidade civil das requeridas:

Citando os mestres Eduardo Arruda Alvim e Flávio Cheim: “O Código


de Proteção e Defesa do Consumidor regulamenta a responsabilidade por serviços
fundamentalmente em dois dispositivos: no art. 14, trata da responsabilidade civil pelo
fato do serviço; no art. 20, trata da responsabilidade civil pelo vício do serviço”.

“É mister, pois, que tenha havido evento danoso, decorrente de defeito


no serviço prestado, para que se possa falar em responsabilização nos moldes do art. 14.
Ou, então, que o evento danoso tenha decorrido de informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos, o que se pode chamar de defeito de informação”
(Op. Cit. Pág. 138).
O artigo 14, que diz responder o fornecedor pelo evento danoso,
independentemente de culpa, consagra a sua modalidade objetiva, in verbis:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente, da existência


de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes
ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Estamos diante de flagrante falha na prestação de serviço passível de


responsabilização, vez que as requeridas se sobrepõem a prescrição médica e
solicitam/autorizam material diverso do indicado e formalmente solicitado pelo médico
do requerente, frustrando todo um planejamento para a realização do procedimento
cirúrgico.

Os fatos narrados evidenciam que o requerente sofreu um dano ilícito,


conforme reza o Código Civil no seu artigo 186:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.

Assim, tendo em vista que as requeridas cometeram um ato ilícito,


devem, consequentemente, arcar com os danos suportados pelo requerente, conforme
dispõe o art. 927, CC:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente


de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.

Considerando que a honra e a moral do requerente foram feridas, além


do prejuízo material sofrido pelo mesmo, as requeridas devem indenizá-lo de forma a
compensá-lo pelo dano sofrido, como bem acentua a Constituição Federal no seu artigo
5º, X, in verbis:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;

No caso em comento, não foram poucos os inconvenientes provocados


pelo agir das demandadas. O dano em questão produziu ao requerente não apenas
desconforto e descontentamento de não ter realizado o procedimento cirúrgico, mas
inviabilizou todo um planejamento, que envolveu o remanejo das férias de seus
empregados, bem como, frustrou a realização do procedimento no momento que lhe era
conveniente, visto que, conforme já noticiado, o requerente pretendia valer-se do recesso
universitário, período em que ocorria a baixa de movimento em seu estabelecimento, para
realizar o procedimento e viabilizar a sua plena recuperação. Além disso, o fato de não
ter realizado a cirurgia naquele momento, fez com que, sofresse ainda mais com o quadro
álgico, o que culminou no aumento da dosagem de seus medicamentos.

No que tange a apreciação do dano moral, o doutrinador Caio Mário da


Silva Pereira, explicita que deve o juiz levar em consideração dois princípios a punição
do infrator e a compensação pelos danos suportados. Em suas palavras:

“ [...] o que há de preponderar é um jogo duplo de noções; a) De um lado, a ideia de


punição ao infrator, que não pode ofender em vão a esfera jurídica alheia; não se trata de
imiscuir na reparação uma expressão meramente simbólica [...] b) De outro lado
proporcionar à vítima uma compensação pelo dano suportado, pondo-lhe o ofensor nas
mãos uma soma que não é o pretiumdoloris, porém uma ensancha de reparação da afronta;
[...] c) A essas motivações, acrescenta-se o gesto de solidariedade à vítima, que a
sociedade lhe deve.”1

1
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil, 19. Ed., Rio de Janeiro: Forense, 2000, v.
II, p.218.
Assim, admite-se o arbitramento do quantum indenizatório tomando
por base não somente o constrangimento a que o lesante deu causa, mas também na
punição para o infrator, como forma de desestimulá-lo a práticas futuras da mesma
natureza.

O requerente pretende obter do Judiciário a rápida e eficaz prestação


jurisdicional, no sentido de que seja reparado o dano sofrido em valor não inferior R$
20.000,00 (vinte mil reais), para que as requeridas modifiquem seus atos, de modo a zelar
pela qualidade dos serviços prestados aos seus clientes, de sorte a não expô-los a
constrangimentos desnecessários como os já relatados.

III – DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO


CONSUMIDOR E CONSEQUENTE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Não há dúvidas de que o autor e as requerida se enquadram nos


conceitos de destinatário final e fornecedor, respectivamente, conforme preceitua o CDC.

É importante destacar que o Código de Defesa do Consumidor


expressamente incluiu a atividade securitária para fins de submissão as suas normas no
parágrafo 2° do artigo 3°.

Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.

[...]

§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante


remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Assim, desde já requer a aplicação do CDC para a apreciação da


presente lide, bem como, pelo contexto da demanda, imprescindível a necessidade de
inversão do ônus da prova, conforme disposto no artigo 6º do Código de Defesa do
consumidor, o que desde já requer.

IV - DA CONCESSÃO DE TUTELA DE URGÊNCIA:

A concessão de medida de tutela de urgência deve estar suportada em


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo, conforme disposto no artigo 300 do CPC.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.

O art. 300 do novo CPC faculta às partes o requerimento ao Juiz da


causa para este determinar a antecipação total ou parcial da tutela pretendida no pedido
inicial, desde que existindo probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

O mesmo diploma legal acrescenta a estes requisitos a existência de


fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ou fique caracterizado o abuso
do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.

Todos os requisitos legais pertinentes ao instituto processual


supracitado mostram-se presentes nesta lide e não há nem sombra de perigo de
irreversibilidade, a medida em que o requerente apresenta Coxartrose (artose de quadril,
CID M16) sofrendo com dores intensas para deambular ou mesmo de repouso, sendo os
efeitos de sua enfermidade apenas cessados ou minimizados quando realizado o
procedimento cirúrgico para a colocação de prótese da marca Zimmer, fornecida pela
Protomed – prótese híbrida, cabeça de cerâmica e acetábulo cross-linked, por ser a prótese
indicada para pacientes jovens, possuindo uma maior durabilidade, conforme já
amplamente argumentado ao longo do feito.
A tutela de urgência possui o objetivo de assegurar a integridade do
direito material da parte, bem como a efetividade da prestação jurisdicional, em face da
demora na sua entrega pelo Poder Judiciário. Nesta hipótese, pretende-se a realização
imediata do procedimento cirúrgico para a colocação de prótese da marca Zimmer,
fornecida pela Protomed – prótese híbrida, cabeça de cerâmica e acetábulo cross-linked.

Isto posto, pede seja deferida tutela de urgência para determinar as


instituições demandadas a realizarem o procedimento cirúrgico para a colocação de
prótese da marca Zimmer, fornecida pela Protomed – prótese híbrida, cabeça de cerâmica
e acetábulo cross-linked.

O fundamento para a concessão da tutela de urgência pelas razões


supra apontadas é relevante, haja visto o sério risco que corre o autor de ter seu estado de
saúde ainda mais agravado em caso de não realização de procedimento cirúrgico
imediato.

A omissão das demandadas em adotar medidas efetivas para a


realização do procedimento cirúrgico, poderá inclusive levar a piora no estado de saúde
do autor!

Assim, por todo o exposto, deverá ser CONCEDIDA A TUTELA DE


URGÊNCIA, para determinar as demandadas a realizarem o procedimento cirúrgico para
a colocação de prótese da marca Zimmer, fornecida pela Protomed – prótese híbrida,
cabeça de cerâmica e acetábulo cross-linked.

V-DOS PEDIDOS

Ante o exposto, a parte Autora requer:


Liminarmente:

seja CONCEDIDA A TUTELA DE URGÊNCIA para determinar as


demandadas a realizarem o procedimento cirúrgico para a colocação de prótese da marca
Zimmer, fornecida pela Protomed – prótese híbrida, cabeça de cerâmica e acetábulo
cross-linked;
1) A citação das requeridas, para, querendo, contestar a presente ação,
sob as penas e cominações legais;
2) A procedência dos pedidos para:
a) Condenar as requeridas ao cumprimento da obrigação de fazer,
consubstanciado na entrega e custeio integral da realização do
procedimento cirúrgico e materiais, inclusive a prótese
indicada pelo médico do requerente, da marca ZIMMER-
PROTOMED, nos termos da solicitação anexa;
b) A condenação das requeridas a pagar ao requerente a
indenização por danos morais em quantum reparatório não
inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), não se olvidando,
porém, do duplo caráter – punitivo e compensatório – a ser
respeitado na apreciação do dano moral;

3. A condenação ao pagamento das custas e honorários advocatícios


de 20% sobre o valor da condenação;
4. Conceder a Inversão do Ônus da Prova, em favor do autor;
5. Que todas as intimações/notificações/citações sejam expedidas
para a advogada Luciana Pereira da Costa, OAB RS 56.056, SOB PENA DE
NULIDADE!
6. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos
em direito, principalmente prova documental, testemunhal e pericial.
Dá se o valor da causa o valor de R$ 42.000,00 (quarenta e dois mil

reais) para fins meramente fiscais.

Termos em que pede e espera deferimento.


Porto Alegre, 21 de julho de 2020.

Luciana Pereira da Costa Maria Isabel Pereira da Costa


OAB/RS – 56.506 OAB/RS – 14.504

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