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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA


CÍVEL DA COMARCA DE SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA - RS.

Objeto: Petição Inicial.

R. CAETANO ASSESSORIA, ESPORTIVA LTDA, empresa


privada, inscrita com CNPJ nº 08.738.998/0001-38, com sede na
Rua Sezefredo da Costa Torres, nº 295, Apto 402, Bairro Cidade
Baixa, em Santo Antônio da Patrulha, RS, por seu advogado infra-
assinado - “UT” INSTRUMENTO DE MANDADO nr. 01 -, com
escritório situado na cidade Santo Antônio da Patrulha, Sito na Av.
Francisco J. Lopes, nº 555, sala 404, bairro pitangueiras, cep:
95.500.000, onde recebe intimações e avisos, vem à presença de
Vossa excelência, RESPEITOSAMENTE, propor ...

AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULA CONTRATUAL E COM


PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES PAGOS
INDEVIDAMENTE.

EM DESFAVOR DE BRADESCO SAÚDE S/A, empresa privada,


inscrita com CNPJ: 92.693.118/0001-60, com sede na Avenida Ana
Costa DA, nº 434, em Santos – SP, CEP: 11060-002, Telefone:
(13)3289-3265, pelos fatos e fundamentos que passa a expor:

Avenida Francisco J. Lopes, 555, sala 404, Fones: (51) 3955.0033 / cel.: (51) 9922-7405,
Santo Antônio da Patrulha - RS – Cep:95500-000, e-mail:mateusvillaverde.adv@gmail.com
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I – RESENHA FÁTICA

O autor é usuário dos serviços prestados pela empresa de Assistência á


Saúde, aderindo a plano ofertado pela RÉ denominado Multi Saúde Empresa,
caracterizado por plano empresarial coletivo, com apólice de nº 635508512,
contratando desde 15/03/2016.

Compondo o quadro de segurados pelo Plano de Assistência a Saúde


contratado estão 7 membros, sendo 3 titulares e 4 dependentes, assim
qualificados:

- Rodrigo Villa Verde Caetano


- Maria Izaura Villa Verde Caetano
- Fernanda Villa Verde Telles Caetano
- Martin Caetano
- Levi Caetano
- Bento Caetano
- Luciano Caetano

O autor aderiu ao plano de saúde mediante contraprestação mensal


caracterizada pelo pagamento da quantia de R$ 4.380,56, (QUATRO MIL
TREZENTOS E OITENTA DUZENTOS E QUARENTA E SETE REAIS E SESSENTA
E OITO CENTAVOS), inicialmente fixada entre as partes.

Contudo, exatamente um ano após o inicio da relação contratual,


notadamente em 15/03/2017, houve o primeiro reajuste abusivo praticado
de forma unilateral pela ré, traduzindo-se em um acréscimo de 21,12% no
valor da mensalidade, passando a ré a exigir a quantia de R$ 5.305,72
(CINCO MIL TREZÊNTOS E CINCO REAIS E SETENTA E DOIS CENTAVOS).

Ainda no mesmo ano, em 07/08/2017, outro reajuste foi praticado pela


ré, desta vez passando a exigir a quantia mensal de R$ 5.956,36 (CINCO MIL
NOVECENTOS E CINQUENTA E SEIS REAIS E TRINTA E SEIS CENTAVOS)
caracterizando um aumento de 36% sobre o valor contratado inicialmente.

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Posteriormente, em 15/03/2018, o valor da mensalidade foi


novamente reajustado, passando a ré a exigir a quantia de R$ 7.200,66
(SETE MIL DUZENTOS REAIS E SESSENTA E SEIS CENTAVOS), praticando-se
um aumento de 64,4% de acréscimo.

Por derradeiro, outro aumento fora praticado pela ré, novamente um


ano após, em 15/03/2019, acrescendo a mensalidade exigida para a quantia
de R$ 8.622.36 (oito mil, seiscentos e vinte e dois reais e trinta e seis
centavos), a qual se traduz em um reajuste de 96,83%, veja-se que absurdo.

Frente aos reajustes praticados, a ré foi indagada acerca dos


acréscimos referidos, porém limitou-se a informar que se tratava de
atualização padrão dos valores frente á ampla gama de componentes
segurados pelo plano, bem como às mudanças de faixa etária dos
integrantes, não havendo, entretanto, comprovação da legalidade do referido
aumento por parte da empresa ré.

Nesse passo, não resta outra alternativa ao autor senão recorrer ao


judiciário, haja vista a desídia do réu em esclarecer com clareza os reajustes
operados unilateralmente no plano contratado, e frente a evidente
abusividade praticada.

II – DO DIREITO

À título de informação, o autor está em dia com suas mensalidades, o


contrato entre as partes está em pleno vigor, restando absolutamente
cristalino o prejuízo do autor frente ao reajuste abusivo praticado
unilateralmente pelo réu.

Frisa-se que a aplicação do Código de Defesa do Consumidor no


presente caso é necessária, eis que o referido diploma legal determina que o
consumidor de produtos e serviços deve ser abrigado das condutas abusivas
de todo e qualquer fornecedor nos termos do seu artigo 3º que assim dispõe:

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“Art. 3°. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,


pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como
os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade
de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.”

“§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material


ou imaterial.”

“§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado


de consumo, mediante remuneração, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”

A relação de consumo resta claramente evidenciada no presente caso,


uma vez reconhecido o Autor como destinatário final dos serviços
contratados, e demonstrado sua hipossuficiência técnica, configura-se uma
relação de consumo, conforme entendimento doutrinário sobre o tema:

“Sustentamos, todavia, que o conceito de consumidor


deve ser interpretado a partir de dois elementos: a) a
aplicação do princípio da vulnerabilidade e b) a destinação
econômica não profissional do produto ou do serviço. Ou
seja, em linha de princípio e tendo em vista a teleologia
da legislação protetiva deve-se identificar o consumidor
como destinatário final fático e econômico do produto ou
serviço.” (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do
Consumidor. 6 ed. Editora RT, 2016. Versão ebook. pg.
16).

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Trata-se de conceito inequívoco, consolidado em nossos Tribunais:

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DEFEITO EM MOTOR.


APLICABILIDADE DO CDC. VULNERABILIDADE TÉCNICA.
CONSUMIDOR PESSOA JURÍDICA. A expressão destinatário
final, de que trata o art. 2º, caput, do Código de Defesa do
Consumidor abrange quem adquire produtos e serviços para
fins não econômicos, e também aqueles que, destinando-os a
fins econômicos, enfrentam o mercado de consumo em
condições de vulnerabilidade. A vulnerabilidade referida no
CDC não é apenas a econômica, mas, entre outras,
também a técnica. Hipótese em que a parte autora,
embora pessoa jurídica, é tecnicamente vulnerável
perante a requerida, sendo caso de aplicação do CDC à
espécie. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. DECISÃO
MONOCRÁTICA.(Agravo de Instrumento, Nº 70081360067,
Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Jorge Alberto Schreiner Pestana, Julgado em: 30-04-
2019).(grifei)

Salienta-se que o fato de o autor tratar-se de pessoa jurídica não retira


o per se a qualidade de consumidor, uma vez que enquadrada como
destinatária final dos serviços prestados pela Ré, apresentando-se, na relação
jurídica estabelecia, condição de hipossuficiência técnica.

A Vulnerabilidade se caracteriza na medida em que, mesmo sendo


pessoa jurídica, não dispõe de condições técnicas para fazer oposição aos
argumentos da parte contrária quanto às impropriedades do produto
comprometedores de seu desenho.

Afinal o produto adquirido não faz parte da cadeia de produção do


objeto da empresa Autora, tratando-se de verdadeira DESTINATÁRIA FINAL
do produto, conforme pacificado na jurisprudência específica:

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO


ESPECIFICADO. APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO

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CONSUMIDOR - CDC. FORNECEDOR E CONSUMIDOR. PESSOA
JURIÍDICA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. POSSIBILIDADE.
DISTINÇÃO ENTRE VULNERABILIDADE E HIPOSSUFICIÊNCIA.
TEORIA FINALISTA. REFORMA DA DECISÃO. Consumidor.
Restam caracterizados os conceitos de consumidor e
fornecedor, nos exatos termos dos arts. 2º e 3º da Lei
8078/90, hipótese em que todo o seu sistema principiológico e
todas as questões que permeiam a demanda, sob sua ótica
devem ser tratados. Vulnerabilidade e hipossuficiência. Todo
consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é
hipossuficiente. Isto ocorre porque processualmente o
consumidor pode ou não possuir meios de obtenção de prova.
Se ele já obtiver provas, ou ter realizado protocolos da solução
do litígio pois possui conhecimento razoável do que se deve
fazer, ele não será considerado hipossuficiente, agora, por
outro lado se ele não conseguir prover provas por decorrência
de seu desconhecimento técnico ou informacional que paira na
relação obrigacional e, por muitas vezes, é omitida pelo
fornecedor, então, poderá arguir ante ao juiz a inversão do
ônus da prova. Caso concreto. Considerando a relação
estabelecida entre as partes, sendo a farmácia autora
(pessoa jurídica) destinatária final dos produtos da ré
(peças de automóveis), presumida a vulnerabilidade e
hipossuficiência do usuário, ainda que seja pessoa
jurídica, pelo que necessária a aplicação do CDC ao caso
e a inversão do ônus da prova. Precedentes do STJ.
AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. UNÂNIME.(Agravo de
Instrumento, Nº 70074059023, Décima Sétima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Giovanni Conti, Julgado
em: 31-08-2017).(grifei)

Com efeito, o autor está amplamente amparado pelo CÓDIGO DE


DEFESA DO CONSUMIDOR -, em especial, artigo. 2, artigo 3 e artigo 54, §
2º, bem como, todas as demais leis subjetivas do nosso país, nesse passo
vejamos o que preceitua o artigo 54, em seu §2º, “verbis”:

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Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas
tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou
estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de
produtos ou serviços, sem que o consumidor possa
discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.

§ 1° (...).

§ 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula


resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha
ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do
artigo anterior.

(...).

Ademais, a sujeição das instituições financeiras às disposições do


Código de Defesa do Consumidor foi declarada constitucional pelo Plenário do
Supremo Tribunal Federal no julgamento da ação direta de
inconstitucionalidade 2.591/DF DJU de 13.4.2007, p 83.

Trata-se de redação clara da Súmula 297 do Supremo Tribunal Federal


de Justiça, que assim dispõe:

“O Código de Defesa do consumidor é aplicável ás


instituições financeiras.”

Nessa passo, insta ressaltar ainda o enunciado categórico da Súmula 469


do STJ:

“Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos


contratos de plano de saúde.”

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Em razão deste postulado, o Réu não pode eximir-se das


responsabilidades inerentes à sua atividade, dentre as quais prestar a devida
assistência técnica, visto que se trata de um fornecedor de produtos que,
independentemente de culpa, causou danos efetivos a um de seus
consumidores.

III - DA ILEGALIDADE DE REAJUSTES DE PLANO A IDOSOS ACIMA DE


60 ANOS.

Conforme se verifica da documentação acostada, entre os segurados


pelo plano de saúde contratado pelo autor, figura a Sr. Maria Izaura Villa
Verde Caetano, cujo nascimento remonta a data de 05/07/1947, possuindo a
época da contratação a idade de 68 anos, caracterizando-se como idosa.

A lei nº 9.656/98, que dispõe sobre planos e seguros privados de


assistência à saúde, prevê claramente que:

Art. 15. “A variação das contraprestações pecuniárias


estabelecidas nos contratos de produtos de que tratam o
inciso I e o § 10º do artigo 10 desta Lei, em razão da
idade do consumidor, somente poderá ocorrer caso
estejam previstas no contrato inicial as faixas etárias e
os percentuais de reajustes incidentes em cada uma
delas, conforme normas expedidas pela ANS, ressalvado
o disposto no art. 35-E.”

“Parágrafo único: É vedada a variação a que alude


o caput para consumidores com mais de sessenta
anos de idade, que participarem dos produtos de
que tratam o inciso I e o § 10 do art. 10, ou
sucessores, há mais de dez anos.” (grifei)

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Ou seja, há vedação expressa às variações das contraprestações


pecuniárias estabelecidas nos contratos de planos de saúde em razão da
idade.

E ainda para os contratos celebrados anteriormente à vigência da


referida Lei, qualquer variação na contraprestação pecuniária para
consumidores com mais de 60 anos de idade está sujeita à autorização previa
da ANS, consoante inteligência do artigo 35-E da Lei nº 9.656/98.

Portanto, ainda no período anterior à vigência do Estatuto do Idoso, ou


a partir de sua vigência, notadamente 1º de Janeiro de 2004, o consumidor
que atingiu 60 anos está sempre amparado contra a abusividade de reajustes
de mensalidades por efeito reflexo da Constituição Federal que estabelece a
defesa do idoso no artigo 230.

Este, inclusive, é o entendimento predominante em nossos Tribunais:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. PLANO DE SAÚDE


COLETIVO. REGULAMENTADO. AÇÃO REVISIONAL.
REAJUSTE POR MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA.
ABUSIVIDADE CONFIGURADA. REAJUSTES EM
DESACORDO COM A CONSU Nº 63/2003 DA AGÊNCIA
NACIONAL DE SAÚDE. Trata-sede ação revisional através da
qual a parte autora postula o cancelamento do reajuste da
mensalidade do plano de saúde em função da faixa etária,
julgada parcialmente procedente na origem. Os contratos de
seguro e de planos de assistência à saúde devem se submeter
às disposições do Código de Defesa do Consumidor, na medida
em que tratam sobre relações de consumo, nos termos do
artigo 3º, §2º, da legislação consumerista, bem como em face
do disposto na Súmula 608 do colendo Superior Tribunal de
Justiça. A Lei Federal nº. 9.656/98, especialmente em seu
artigo 35-E, §2º, dispõe que os reajustes dos valores das
mensalidades dos planos de saúde deverão ser realizados de
acordo com as normas da ANS. Contudo, quanto aos contratos
coletivos não há qualquer vinculação aos percentuais fixados
pela ANS, pelo contrário, a própria agência reguladora
estabelece que os reajustes das contraprestações

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estabelecidas nestes contratos podem ser livremente
pactuados entre a operadora e a contratante. Segundo
entendimento firmado no STJ, através do julgamento do RESp
n. 1.280.211/SP, nos contratos de plano de saúde coletivos o
reajuste de mensalidade por mudança de faixa etária de
segurado idoso, não pode, por si só, ser considerado ilegal ou
abusivo, devendo ser avaliado se houve previsão contratual de
alteração, foram aplicados percentuais razoáveis, que não
visem, ao final, a impossibilitar a permanência da filiação, se
houve observância do princípio da boa-fé objetiva, bem como
se foram preenchidos os requisitos estabelecidos na Lei n.
9.656/1998. Consoante os requisitos dispostos na Resolução
Normativa nº 63, de 22/12/2003, exarada pela ANS, aplicáveis
ao caso em concreto, que autoriza reajustes por faixa etária ,
estabelecendo, primeiro, a existência de dez faixas etárias, e a
seguir definindo as condições a serem observadas nos
reajustes: i) “o valor fixado para a última faixa etária não
poderá ser superior a seis vezes o valor da primeira faixa
etária” e ii) “a variação acumulada entre a sétima e décima
faixas não poderá ser superior à variação acumulada entre a
primeira e a sétima faixas.” (art. 2º, caput, e art. 3º, I e II).
Verifica-se que houve um reajuste de 63,46% sobre a
mensalidade do plano de saúde da parte autora ao completar
59 anos, quando da alteração da 9ª faixa etária para a 10ª
faixa etária (fl. 81). No entanto, verifica-se que a variação
acumulada entre a 7ª e 10ª faixas (2,13) é superior à variação
acumulada entre a 1ª e a 7ª faixas (1,84), o que demonstra
que, o reajuste decorrente da alteração da faixa etária da 8ª
para a 9ª (59 anos ou mais) de 63,46% não atende os
requisitos da Resolução Normativa nº 63/2003 da ANS. Assim,
reconheço a abusividade do percentual de reajuste estipulado
para a parte autora, mantendo a r. sentença de origem na
íntegra. APELAÇÃO DESPROVIDA(Apelação Cível, Nº
70081244998, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Niwton Carpes da Silva, Julgado em: 27-06-2019).

Assim sendo, qualquer reajuste decorrente da mudança de faixa etária


de consumidor segurado, após os 60 anos, deve ser declarada nula.

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IV - DA ABUSIVIDADE NO REAJUSTE DO PLANO DE SAÚDE

A previsão contratual da modificação de valores das mensalidades,


conforme o aumento da faixa etária, ou em função de repelir a defasem dos
valores tem plena validade e se justifica pelo aumento da procura dos
serviços médicos prestados.

Contudo, o reajuste deve manter a prestação do equilíbrio da relação


jurídica estabelecida entre os contratantes. Ocorre que no presente caso, o
reajuste aplicado ao Autor superou o percentual de reajuste permitido, em
manifesta abusividade, uma vez que ultrapassa, inclusive o percentual de
reajuste estabelecido em planilha anual pela própria empresa ré, superando
os índices registrados junto a ANS.

Veja-se pelas planilhas acostadas, obtidas junto ao sitio eletrônico da


empresa ré1, e atualizadas anualmente, que os reajustes indicado para
apólice 50815, de titularidade da autora, no período de 2016 a 2017, 2017 a
2018 e 2018 a 2019, foram de 21,12%, 20,89% e 15,76%
respectivamente.

Ao passo que, como fora relatado na síntese dos fatos, e como se


evidencia pelas cópias dos documentos de cobrança mensal emitidos pela ré
e devidamente anexados, os reajustes foram operados na importância de
21,12% acrescido de mais 36% no período compreendido entre 2016 a
2017, (verifica-se dois reajustes no mesmo período anual, sendo o segundo
visivelmente abusivo), 64,4% no período de 2017 a 2018, e 96,83%, no
período de 2018 a 2019.

1
https://www.bradescoseguros.com.br/clientes/produtos/plano-saude/servicos/reajuste-contratos-
coletivos-menos-de-30-pessoas

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Trata-se de variação unilateral do preço (art. 5º, inciso X do CDC), que
coloca o consumidor em desvantagem exagerada (art. 51, inciso IV. Do
CDC), manifestamente abusiva e, portanto, nula.

Tal conduta ofende a Política Nacional de Relaçoes de Consumo, que


tem como objetivo a proteção aos interesses econômicos do fornecedor e a
melhoria da harmonia das relações de consumo.

A majoração da mensalidade na proporção estabelecida pela ré de uma


só vez é pratica abusiva e deve ser coibida, nos termos do artigo 6º, IV e V,
da Lei 8.078/90;

Afinal, a conduta da ré esta inserida no rol das práticas vedadas


estabelecidas no artigo 39, do CDC, que dispõe ser proibido ao fornecedor de
produtos e serviços “exigir do consumidor vantagem manifestamente
excessiva”.(inc. V).

Trata-se de posicionamento firmado em nossos Tribunais:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. CAPEMISA. PECÚLIO. AÇÃO


DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA CONTRATUAL
CUMULADA COM RESTITUIÇÃO DE VALORES. PECÚLIO.
REAJUSTE DAS MENSALIDADES. FAIXA ETÁRIA.
ABUSIVIDADE. RECONHECIDA. APLICABILIDADE DO CDC.
REPETIÇÃO DOS VALORES PAGOS DE FORMA SIMPLES. TEM-
SE QUE A PREVISÃO DE REAJUSTE POR FAIXA ETÁRIA É, DE
FATO, ABUSIVA, FUNCIONANDO COMO CLÁUSULA ONEROSA
AO CONSUMIDOR, COLOCANDO EM RISCO A PERMANÊNCIA
DELE NO PLANO DE SEGURO, EM PREJUÍZO A TODO O TEMPO
EM QUE CONTRIBUIU PARA A DEMANDADA,
DESEQUILIBRANDO, POR ÓBVIO, A RELAÇÃO, CONFERINDO
VANTAGEM MANIFESTAMENTE EXCESSIVA EM DESFAVOR DO
HIPOSUFICIENTE, NA FORMA PREVISTA NO ART. 39, V,
DO CDC. NECESSIDADE DE EQUILÍBRIO ENTRE A
ATUALIZAÇÃO DO PRÊMIO E A COBERTURA
CONTRATADA. PRECEDENTES DESTA CORTE. SENTENÇA
REFORMADA. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO APELO,
UNANIME.(Apelação Cível, Nº 70073237182, Sexta Câmara

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Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luís Augusto Coelho
Braga, Julgado em: 25-05-2017).(GRIFEI)

Tem-se, portanto, cláusula contratual abusiva e consequentemente


nula de pleno direito, nos moldes do artigo 51 do CDC, o qual dispõe sobre a
nulidade das cláusulas que “estabelecem obrigações consideradas iníquas,
abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade”(inciso IV). “estejam em
desacordo com o sistema de proteção ao consumidor” (inciso XV); e
principalmente, “restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à
natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio
contratual” (§1º, incs II e III).

V - DA NECESSIDADE DE PREVISÃO CONTRATUAL DO REAJUSTE

O artigo 15 da Lei nº 9.656/98 previu a variação das contraprestações


pecuniárias estabelecidas nos contratos de planos de saúde em razão da
idade do consumidor. Todavia, esta faculdade deve seguir claramente a
previsão legal:

Art. 15. A variação das contraprestações pecuniárias


estabelecidas nos contratos de produtos de que tratam o
inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em razão da idade
do consumidor, somente poderá ocorrer caso estejam
previstas no contrato inicial as faixas etárias e os
percentuais de reajustes incidentes em cada uma delas,
conforme normas expedidas pela ANS, ressalvado o
disposto no art. 35-E.

Parágrafo único. É vedada a variação a que alude


o caput para consumidores com mais de sessenta anos
de idade, que participarem dos produtos de que tratam o

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inciso I e o § 1o do art. 1o, ou sucessores, há mais de dez
anos.

Com efeito, a empresa ré tinha o dever de informar clara e


objetivamente no contrato original os percentuais que seriam aplicados pelas
mudanças de faixas etárias dos usuários. Caso contrário sua conduta ofende
não só o princípio da boa-fé contratual como também o dever de informar,
regra protetiva prevista no Código de Defesa do Consumidor.

Desta forma, é totalmente nula a estipulação de majorações por faixas


etárias em mensalidades de plano de saúde sem a expressa, prévia e clara
previsão dos percentuais que serão aplicados.

O dever de bem informar o consumidor a respeito do serviço


contratado está delineado no CDC, consumado, de modo compatível com os
preceitos objetivados no inciso III do art. 4º que assim dispõe:

Art. 4º “A Política Nacional das Relações de


Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade
de vida, bem como a transparência e harmonia das
relações de consumo, atendidos os seguintes
princípios:”

(...)

“III - harmonização dos interesses dos participantes


das relações de consumo e compatibilização da
proteção do consumidor com a necessidade de
desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo
a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem

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econômica (art. 170, da Constituição Federal),
sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações
entre consumidores e fornecedores;”

(...)

Assim, ante a ausência expressa da possibilidade de reajustes por faixa


etária, tem-se por imprescindível a nulidade do reajuste aplicado.

VI - DA REPETIÇAO DE INDÉBITO

Conforme todo o exposto, ficou perfeitamente caracterizada a nulidade


do reajuste aplicado. Assim, o reconhecimento da abusividade traz como
consequência a devolução dos valores pagos a maior pelo Autor, a fim de se
evitar enriquecimento sem causa da empresa ré.

Desta forma, a ré devera pagar ao autor os valores cobrados, nos


termos do artigo 42 do CDC, verbis:

Art. 42. “Na cobrança de débitos, o consumidor


inadimplente não será exposto a ridículo, nem será
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou
ameaça.”

“Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia


indevida tem direito à repetição do indébito, por valor
igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de
engano justificável.”

Este, inclusive é o posicionamento de nossos Tribunais acerca do tema:

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Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. PLANO DE
SAÚDE COLETIVO. REGULAMENTADO. AÇÃO REVISIONAL.
REAJUSTE POR MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA. ABUSIVIDADE
CONFIGURADA. REAJUSTES EM DESACORDO COM A CONSU
Nº 63/2003 DA AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE. SENTENÇA
MANTIDA. DANOS MORAIS NÃO EVIDENCIADOS. RESCISÃO
UNILATERAL ABUSIVA. Trata-se de ação revisional de contrato
c/c ação de obrigação de fazer cumulada com repetição de
indébito, bem como indenização a título de danos morais
através da qual a parte autora postula o cancelamento do
reajuste da mensalidade do plano de saúde em função da faixa
etária, julgadas parcialmente procedente na origem. Os
contratos de seguro e de planos de assistência à saúde devem
se submeter às disposições do Código de Defesa do
Consumidor, na medida em que tratam sobre relações de
consumo, nos termos do artigo 3º, §2º, da legislação
consumerista, bem como em face do disposto na Súmula 608
do colendo Superior Tribunal de Justiça. A Lei Federal nº.
9.656/98, especialmente em seu artigo 35-E, §2º, dispõe que
os reajustes dos valores das mensalidades dos planos de
saúde deverão ser realizados de acordo com as normas da
ANS. Contudo, quanto aos contratos coletivos não há qualquer
vinculação aos percentuais fixados pela ANS, pelo contrário, a
própria agência reguladora estabelece que os reajustes das
contraprestações estabelecidas nestes contratos podem ser
livremente pactuados entre a operadora e a contratante.
Segundo entendimento firmado no STJ, através do julgamento
do RESp n. 1.280.211/SP, nos contratos de plano de
saúde coletivos o reajuste de mensalidade por mudança de
faixa etária de segurado idoso, não pode, por si só, ser
considerado ilegal ou abusivo, devendo ser avaliado se houve
previsão contratual de alteração, foram aplicados percentuais
razoáveis, que não visem, ao final, a impossibilitar a
permanência da filiação, se houve observância do princípio da
boa-fé objetiva, bem como se foram preenchidos os requisitos
estabelecidos na Lei n. 9.656/1998. Consoante os requisitos
dispostos na Resolução Normativa nº 63, de 22/12/2003,
exarada pela ANS, aplicáveis ao caso em concreto, que
autoriza reajustes por faixa etária, estabelecendo, primeiro, a
existência de dez faixas etárias, e a seguir definindo as

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condições a serem observadas nos reajustes: i) “o valor fixado
para a última faixa etária não poderá ser superior a seis vezes
o valor da primeira faixa etária” e ii) “a variação acumulada
entre a sétima e décima faixas não poderá ser superior à
variação acumulada entre a primeira e a sétima faixas.” (art.
2º, caput, e art. 3º, I e II). É possível a rescisão do contrato
coletivo de saúde por parte da operadora, ainda que
imotivada, desde que tenha ocorrido a prévia notificação. O
art. 13, II, “b”, da Lei n° 9.656/98, o qual veda a rescisão
unilateral do contrato de plano de saúde, tem aplicação
exclusiva às modalidades individual e familiar. Precedentes do
STJ e deste Grupo Cível. No caso concreto, porém, restou
comprovado que a rescisão do contrato de plano
de saúde ocorreu durante o tratamento médico de uma das
beneficiárias e coautora da demanda, situação que inviabiliza o
seu cancelamento, pois deve ser priorizado o direito à saúde e
à vida em relação ao direito contratual. Inteligência do art. 51,
IV, § 1°, II, e XV, do CDC. Quanto a indenização pleiteada a
título de danos morais, no caso telado, entendo que a situação
narrada nos autos não é suficiente para dar ensejo à reparação
por danos morais, pois não configura situação capaz de romper
com o equilíbrio psicológico ou atingir a honra e imagem da
autora, tratando-se de mero dissabor, aos quais todos estão
sujeitos. Isto porque, não trata de dano in re ipsa, razão pela
qual era ônus da autora demonstrar os prejuízos gerados pela
conduta da ré, na forma do art. 373, I, do CPC/15, do qual não
se desincumbiu. Sentença mantida na íntegra. DUPLA
APELAÇÃO. APELAÇÕES DESPROVIDAS(Apelação Cível, Nº
70081247975, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Niwton Carpes da Silva, Julgado em: 23-05-2019)

Portanto, inequívoca a responsabilidade e dever do réu no pagamento


em dobro dos valores indevidamente descontados, devendo o réu ser
condenado na repetição da quantia cobrada indevidamente.

VII – DA JURISPRUDÊNCIA

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Por ser de extrema relevância, ressalta-se, o aumento da mensalidade


por parte da Ré, é extremamente excessiva, proveniente, somente, tratando-
se de reajuste abusivo, o que é fortemente ILEGAL, bem de acordo com a
JURISPRUDÊNCIA dos nossos Tribunais Pátrios, diga-se, de passagem, com
posição UNÍSSONA sobre o tema “sub judice”, conforme se depreende, in
litteris:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. 1) AÇÃO ORDINÁRIA.


CONTRATO PARTICULAR DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
MÉDICOS, DE DIAGNÓSTICO E TERAPIA HOSPITALARES
UNIMED FÁCIL EMPRESARIAL COM OBSTETRIA EM
ENFERMARIA. PREVISÃO 7 FAIXAS ETÁRIAS.
REDISTRIBUIÇÃO PARA 10 FAIXAS ETÁRIAS.
ALTERAÇÃO UNILATERAL. DESEQUILÍBRIO. 2)
REAJUSTE DE MENSALIDADE CALCADO
EXCLUSIVAMENTE NA IDADE. ABUSIVIDADE.
RECURSO PROVIDO. 1) O superveniente aumento das
mensalidades por transposição da faixa etária, em
percentual não previsto à época da contratação,
especialmente quando realizados de forma unilateral,
surpreende os usuários e pode alterar profundamente a
equação econômica dos contratos, assim provocando um
real desequilíbrio que contraria as expectativas daqueles
que aderiram ao plano de saúde. 2) A redistribuição das
faixas etárias e seus respectivos valores, representa novo
reajuste de mensalidade, calcado única e exclusivamente
na idade, o que é abusivo, conforme entendimento do STJ.
Recurso provido. (Agravo de Instrumento nº
24100920792, 3ª Câmara Cível do TJES, Rel. Eliana
Junqueira Munhos Ferreira. j. 26.04.2011, unânime, DJ
13.05.2011).” ;

“APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO REVISIONAL. PLANO DE


SAÚDE. UNIMED. REAJUSTE ANUAL DA MENSALIDADE.
AUTORIZAÇÃO DA ANS. FAIXA ETÁRIA.
IMPOSSIBILIDADE. RESTITUIÇÃO DOS VALORES

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INDEVIDAMENTE COBRADOS. PRESCRIÇÃO. 1. No
tocante ao pedido de restituição de valores, é aplicável a
prescrição trienal do artigo 206, § 3º, IV, do CC, por se
tratar de pretensão de reparação por enriquecimento sem
causa. 2. Não se mostra abusivo o reajuste anual dos
planos de saúde coletivo em percentual superior ao fixado
pela ANS aos planos de saúde individual ou familiar, pois a
agência reguladora não define teto para os planos
coletivos. Em se tratando de contrato coletivo, o reajuste
deve ser comunicado à ANS. Resolução Normativa
156/2007 da Diretoria Colegiada da ANS e Instrução
Normativa 13/2006 da Diretoria de Normas e Habilitação
dos Produtos da ANS. 3. Conforme jurisprudência pacífica
desta Corte e do e. STJ, a previsão de reajuste em razão
da faixa etária é abusiva, devendo ser declarada nula.
Aplicação do Estatuto do Idoso e do CDC. 4. Uma vez
reconhecida a abusividade da cláusula que prevê o
aumento da mensalidade exclusivamente em razão da
faixa etária, impõe-se a restituição dos valores pagos a
maior, na forma simples. POR MAIORIA, NEGARAM
PROVIMENTO AO APELO DA AUTORA, VENCIDO O
REVISOR QUANTO AO PRAZO PRESCRICIONAL. POR
MAIORIA, DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO APELO DA RÉ,
VENCIDO O VOGAL. (Apelação Cível nº 70045081619, 5ª
Câmara Cível do TJRS, Rel. Isabel Dias Almeida. j.
19.10.2011, DJ 24.10.2011).” ;

“APELAÇÕES CÍVEIS. PLANO DE SAÚDE. UNIMED. AÇÃO


REVISIONAL DE CONTRATO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. MATÉRIA
EMINENTEMENTE DE DIREITO. DESNECESSIDADE DE
PROVA PERICIAL. REAJUSTE EXCESSIVO (100%) NO
VALOR DO PLANO DO AUTOR EM RAZÃO DA FAIXA ETÁRIA
DE 60 (SESSENTA) ANOS. DECISÃO DE QUESTÃO SIMILAR
NOS AUTOS DO APELO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº
2008.038789-6. IRRELEVÂNCIA. DEMANDAS DIVERSAS.
AUMENTO ABUSIVO DAS PARCELAS. CONTRATO

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PROTEGIDO PELO CDC E O ESTATUTO DO IDOSO.
NULIDADE RECONHECIDA. PRECEDENTES DO STJ E DESTA
CORTE. PREVALÊNCIA DA VEDAÇÃO LEGAL SOBRE OS
CÁLCULOS ATUARIAIS GERENCIADOS PELA RÉ.
INCIDÊNCIA, APENAS, DOS REAJUSTES AUTORIZADOS
PELA ANS. REPETIÇÃO EM DOBRO DO INDÉBITO.
IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ. SUCUMBÊNCIA
MÍNIMA DA AUTORA. APLICAÇÃO DO PARÁGRAFO ÚNICO
DO ART. 21 DO CPC. SENTENÇA MANTIDA. RECURSOS
CONHECIDOS E DESPROVIDOS. (APELAÇÃO CÍVEL Nº
2010.043541-7, 2ª CÂMARA DE DIREITO CIVIL DO TJSC,
REL. SÉRGIO IZIDORO HEIL. PUBL. 10.03.2011).” ;

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - REVISÃO DE CONTRATO -


PLANO DE SAÚDE COLETIVO - AUMENTO DA
MENSALIDADE EM DECORRÊNCIA DA MUDANÇA DE
FAIXA ETÁRIA - VEDAÇÃO - COBRANÇA DO FATOR
MODERADOR - VEROSSIMILHANÇA NAS ALEGAÇÕES DOS
AUTORES - TUTELA ANTECIPADA MANTIDA - RECURSO
IMPROVIDO. Mostra-se abusivo reajustar a
mensalidade do plano de saúde, com base no fato do
consumidor ter atingido 60 anos de idade. Incidência
do Estatuto do Idoso (artigo 15, § 3º). Não tendo a
Unimed demonstrado em qual cláusula do contrato há
previsão sobre a cobrança do fator moderador para a
quimioterapia, tem-se por verossímil a alegação dos
autores, ora recorridos, no sentido de que inexiste
autorização para a sua cobrança. (Agravo de
Instrumento nº 98168/2010, 6ª Câmara Cível do TJMT,
Rel. José Ferreira Leite. j. 02.03.2011, unânime, DJe
14.03.2011).” ;

“DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO CONSIGNATÓRIA,


RESTITUTIVA, REVISIONAL. AUMENTO ABUSIVO DE
MENSALIDADE DE PLANO DE SAÚDE. Ação
consignatória, revisional de cláusula contratual e com
pedido de restituição de valores pagos indevidamente.

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Relação contratual de seguro de saúde entre o autor e a
CAARJ. Mudança do contratado, com o ingresso da ré
(UNIMED RIO) na relação contratual. Aumento,
desmesurado, da mensalidade, sob o argumento de que o
autor, ao completar 71 anos, teria mudado de faixa de
cobrança. Direito do consumidor, Estatuto do idoso e
direito fundamental à saúde. Equilíbrio contratual, que
impede o aumento ocorrido, configurado como abusivo e
sem fundamento objetivo. Recurso a que se nega
provimento. (Apelação nº 0368606-24.2008.8.19.0001,
19ª Câmara Cível do TJRJ, Rel. Denise Levy Tredler. j.
12.07.2011).”

“APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO REVISIONAL. PLANO DE


SAÚDE. UNIMED. REAJUSTE ANUAL DA
MENSALIDADE. AUTORIZAÇÃO DA ANS. FAIXA
ETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. RESTITUIÇÃO DOS
VALORES INDEVIDAMENTE COBRADOS.
PRESCRIÇÃO.
1. No tocante ao pedido de restituição de valores, é
aplicável a prescrição trienal do artigo 206, §3º, IV, do CC,
por se tratar de pretensão de reparação por
enriquecimento sem causa.
2. Não se mostra abusivo o reajuste anual dos planos de
saúde coletivo em percentual superior ao fixado pela ANS
aos planos de saúde individual ou familiar, pois a agência
reguladora não define teto para os planos coletivos. Em se
tratando de contrato coletivo, o reajuste deve ser
comunicado à ANS. Resolução Normativa 156/2007 da
Diretoria Colegiada da ANS e Instrução Normativa 13/2006
da Diretoria de Normas e Habilitação dos Produtos da ANS.
3. Conforme jurisprudência pacífica desta Corte e do
e. STJ, a previsão de reajuste em razão da faixa
etária é abusiva, devendo ser declarada nula.
Aplicação do Estatuto do Idoso e do CDC.
4. Uma vez reconhecida a abusividade da cláusula que
prevê o aumento da mensalidade exclusivamente em razão
da faixa etária, impõe-se a restituição dos valores pagos a
maior, na forma simples.

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POR MAIORIA, NEGARAM PROVIMENTO AO APELO DA
AUTORA, VENCIDO O REVISOR QUANTO AO PRAZO
PRESCRICIONAL. POR MAIORIA, DERAM PARCIAL
PROVIMENTO AO APELO DA RÉ, VENCIDO O VOGAL. Apel.
70045081619, 5ª Cam. Cível, Egr. Tribunal de Justiça
do Estado do Rio Grande do sul.”

VIII- DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Frente a existência de verossimilhança nas alegações, com base na


documentação acostada, o que torna inequívoca a existência da relação
contratual conforme narrado na inicial, em razão das normas de experiência,
pede-se a inversão do ônus da prova para determinar que o réu exiba o
contrato de seguro hostilizado.

IX - DOS REQUERIMENTOS

Ex Positis, requer, com o merecido acatamento que se impõe, digne-


se VOSSA EXCELÊNCIA EM DETERMINAR:

a) Que seja recebida e processada a presente demanda, por


consequência, determinando-se a citação da demandada, para, querendo,
conteste o feito, no prazo legal, sob pena de não o fazendo, seja aplicada sua
revelia;

b) O autor, desde já manifesta seu desinteresse em conciliar, nos


termos do artigo 319, VII, DO CPC;

c) No mérito, seja julgada totalmente procedente, declarando-se nulo


de pleno direito todos reajustes aplicados em percentuais não razoáveis, por
abusivos, condenando o Réu à adequar o reajuste ao em padrões que NÃO

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VISEM, AO FINAL, IMPOSSIBILITAR A PERMANÊNCIA DA FILIAÇÃO,
EM OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE AO
CONSUMIDOR.

d) Por consequência da procedência, condenar a demandada na


devolução, na forma dobrada, ao Autor dos valores tidos como abusivos e
cobrados a maior, valores esses devidamente reajustados desde o efetivo
pagamento;

e) A condenação da RÉ às custas judiciais e honorários advocatícios NA


RAZÃO DE 20% (VINTE POR CENTO) SOBRE A CONDENAÇÃO;

f) protesta provar alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, em especial ao depoimento pessoal do representante legal da RÉ;

Dá-se à presente, o valor de alçada R$ 9.532,50.

Termos em que,
PEDE Deferimento.

P.p ( Adv. Mateus Villa Verde – OAB/RS 103.150).

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